No Ritmo

Quase sem querer


— Posso pegar seu skate emprestado?

— N Ã O, você sabe que se der um arranhão nele eu vou brigar com você Maria.

— Mas você não disse que em breve ele poderia ser meu? – Maria choramingou de braços cruzados parada na porta.

— Disse, mas não sei mais ok, não enche – Cebola fechou a porta ouvindo a irmã sair pisando forte no chão.

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Cebola voltou e deitou em sua cama por alguns segundos, olhou o skate suspenso na parede e seu pensamento voou longe, de repente um novo não faria mais tanto sentido assim.

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Alguns dias mais pra frente Cebola teve certeza que a ideia de um skate novo não ser importante, se reforçava a cada dia que passava, os ensaios vinham ficando mais intensos, dedicados, carregados de brincadeiras e risadas, já estavam com toda a primeira parte da nova coreografia pronta e aprovada pelo professor Marcos, Monica já tinha conseguido avisar a equipe de comissão da Le ballet que ia se apresentar em dupla, e tudo fluía bem.

Foi em uma tarde no final de Fevereiro que ela pediu uma pausa no ensaio e deitou no chão da sala cansada.

Cebola deitou ao seu lado e ambos ficaram fitando a janela, estava calor, e a noite começava a cair, os riscos de azul escuro indicando o anoitecer já fluíam calmamente no céu alaranjado dando um por do Sol incrível para os casais apaixonados.

No mesmo compasso que tudo estava bem referente sua coreografia, seus ensaios e passos, tudo o que sentia em relação a ele ia ficando descontrolado, era como se seu lado de dentro estivesse aflito e seu lado de fora transpassasse calma, se concentrava e torcia muito para que ele não percebesse isso.

Estavam muito mais envolvidos um com o outro, ela já tinha decorado todos e exatamente todos os perfumes que ele usava, cada um no seu ponto certo de amadeirado, dando as suas roupas outro cheiro alem do amaciante que a Magali insistia em usar quando as lavava.

Sentiu-se uma boba quando em uma noite dentre tantas que pensava nele, abraçou o moletom que usou enquanto ensaiavam e pegou no sono sentindo o cheiro dele em sua roupa.

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Magali estava um pouco mais calma em questão aos seus sentimentos, conversou com o Cascão no dia seguinte ao beijo quando ele resolveu ligar, ela explicou seus medos e ele escutou pacientemente, Cascão sabia que era verdade o que ela falava, e a conhecia muito bem a ponto de saber que não iria querer que o Quim ou a Cascuda se machucassem caso os vissem juntos, moravam no mesmo bairro e a chance de isso acontecer era grande.

Ele também não desejava mal para nenhum dos dois, tentou argumentar dizendo que eles já estavam em outra, que fazia tempo que estavam solteiros, mas Magali preferiu ir com calma.

O jantar deles ainda estava de pé, e Cascão estava ansioso, preferiu nem prorrogar o assunto para não criar nenhuma possibilidade de discussão, estava decidido a conquista – lá.

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Monica chegou em casa e se jogou no sofá, pegou o celular e começou a falar com sua mãe, uma saudade de sua cidade bateu forte no peito mas ela ignorou, continuou a digitar sem parar para pensar.

Denise ouviu o barulho na sala e correu até lá para ver quem era.

— Eiiii, que susto menina, não avisa que chegou não?! – Denise reclamou quando a viu jogada no sofá.

— Mals De, é que estou muito cansada. – Monica respondeu se sentando um tanto esparramada.

— Ficou fazendo o que até essa hora? São quase oito da noite – Denise riu sentando no braço do sofá.

— Estava ensaiando com o Ce – Monica contou soltando os cabelos.

— Hum, entendi, não está ensaiando muito não dona bonita?! – Denise questionou rindo.

— Estou, mas eu preciso De, minha coreografia está na metade já, tá ficando tão linda amiga, sem contar o Cebola... Ai o Cebola, a cada dia que passa estamos mais próximos, aiiiiiiiiiiii amigaa – Monica gritou a abraçando e rindo.

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Denise tentou a avisar o quanto antes mas devido ao abraço não conseguiu, quando viu Monica já estava falando aos ventos o que sentia.

— Amiga, ele é fofo, paciente, não é esse cara mau que ele aparenta sabe?! Ele me escuta, a gente ri muito junto, ele se preocupa comigo, é super carinhoso... Acho que estou apaixo... – Monica foi parando de falar ao ver que a Denise fazia um sinal de não com a cabeça. – O que foi?!

— O Xaveco... – Denise começou a falar, mas foi interrompida pelo mesmo que apareceu no corredor sorrindo.

- Oi Monica – Xaveco a cumprimentou e voltou para o lado da Denise.

— O...i... – Monica respondeu sentindo um desespero invadir seu estomago, isso não era bom, nada bom... Um grande amigo dele ouvir exatamente o que ela sentia em relação a ele.

— Sobre o que falavam? – Xaveco perguntou as olhando com atenção.

— Nada hehe, eu vou pro banho, beijinhos – Monica voou para o quarto fechando a porta assim que entrou.

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— Que? – Cebola questionou rindo enquanto amarrava a chuteira.

— To te falando velho, ta apaixonada – Xaveco contou levantando o meião.

— Mas perai ela te falou assim, na caruda? – Cascão perguntou colocando a camiseta do time.

— Não, ela estava conversando com a Denise, não me viu lá no quarto, gritou aos sete ventos que, aiiii ele é fofo, ai ele se preocupa comigo, mimimi – Xaveco imitou rindo.

— E careca, bem que você falou ein, pelo jeito já temos que ir fazendo a vaquinha do skate – Ricardo reclamou guardando seu tênis na bolsa.

— Vocês não acreditaram em mim hahaha – Cebola comentou sentindo uma animação invadir seu corpo... Então ela gostava dele.

— Mas não é fácil assim não ein, a gente tem que ver vocês juntos, senão nada feito – Cascão falou saindo do vestiário.

— É... Ela pode até estar apaixonada, mas, daí pra você beijar ela é outra coisa, temos que ver, boa Cascão – Ricardo concluiu.

— Relaxa... Sei o que to fazendo – Cebola saiu logo atrás dos amigos.

— Ah e para de ser carinhoso assim, isso não é o seu jeito normal hahahaha – Xaveco pediu rindo.

— Se não te conhecesse diria até que está apaixonado hahaha... Mass como te conheço bem – Cascão o provocou.

— Apaixonado velho?! Eu?! Faz parte do meu show – Cebola riu junto com os amigos tentando agir o mais naturalmente possível.

— Uiiii Cebolinhaaa seu lindo, me beija – Cascão brincou abraçando o Ricardo.

— Aiii ele é um fofinhooooo – Xaveco entrou na brincadeira.

— Cala boca haha – Cebola pediu entrando na quadra.

— Ai só tem a cara de mau mas é um docinhooo – Ricardo passou por ele bagunçando seus cabelos.

— Não ferra cara – Cebola sentiu suas bochechas queimarem.

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Ele chegou em casa depois do futebol totalmente exausto, seu corpo pedia descanso e foi exatamente isso que ele fez após o banho.

Se jogou na cama e pegou o celular pensando nela, lembrou do que o Xaveco contou mais cedo e abriu um sorriso, será que ela estava mesmo gostando dele?!

“Ta apaixonada”...

Essas palavras rondaram sua cabeça o restante da noite inteira, não era fácil lidar com o que estava sentindo, sempre foi o mais desapegado da turma, os meninos sempre namoraram, estavam afim de alguma menina, mas ele não, ele fugia de relacionamentos e tinha que manter essa postura diante dos amigos.

Pensou no ensaio mais cedo e em quanto ele gostava de te lá em seus braços durante os passos, tinha um dos momentos em que ele a jogava para cima e asuspendia, ela o olhava e então seus olhares se cruzavam na descida, era um dos seus passos preferidos da coreografia, tinha se acostumado com seu cheirinho doce, sua risada, até mesmo com as broncas quando ele atrasava, foi imerso em seus pensamentos que levou um susto quando seu celular tocou em sua mão.

Viu com um certo incomodo que era a Camila, pensou um pouco e desligou a chamada, pousou o celular sobre seu criado mudo e virou para a parede tentando dormir e sonhar com sua bailarina.