No Mundo Das Séries

Posso Entrar?


Respirei fundo. Estava parada em frente aquela porta branca há algum tempo, desejando ter a coragem suficiente para bater e dizer o que deveria dizer. Por que era tão difícil para mim fazer algo? Por que eu não podia simplesmente bater na porta e cuspir as palavras que estavam entaladas na minha garganta? Levantei o punho, mas minha mente me impediu novamente de bater. Olhei para a pulseira que ele havia me dado no meu aniversário.

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— Te comprei isso – ele me entregou uma caixa embrulhada pequena.

Peguei de sua mão, evitando o máximo que nossos olhos se cruzassem.

— Espero que goste – ele olhou para o lado.

— Sei que vou – sorri, olhando para o chão.

Bufei. Havia sido tão estúpida, mas naquela época eu ainda era apaixonada por Steve. Seria possível ser apaixonada por duas pessoas ao mesmo tempo? Se eu pudesse voltar no tempo simplesmente me dizer que o que eu sentia por Steve não era nada comparado ao que eu sentiria por Oliver, eu o faria. Mas não é assim que a vida funciona. Você não pode mudar o passado, mesmo que queira muito faze-lo.

Finalmente, bati na porta. Demorou um pouco, mas quem me atendeu foi Oliver. E quando eu o vi, me senti fora do chão. Senti o impulso de simplesmente me jogar em seus braços e dizer que eu o amava e que queria ele para mim. Seus olhos estavam ainda mais bonitos do que antes, seu rosto estava mais bonito do que antes, tudo nele estava mais bonito do que antes. Deus, como eu queria beijá-lo.

— King — ele disse, um tanto surpreso.

— Queen — eu sorri, controlando meu instinto de abraça-lo ali mesmo.

O silêncio que se fez a seguir não foi incomodo. Eu poderia ficar observando aqueles olhos e aquele sorriso o tempo que fosse preciso. Poderia ficar ali até mesmo se o mundo acabasse. Então ele me abraçou e a sensação de ter seu corpo contra o meu foi... não existem palavras que descrevam a sensação. Eu só queria que o momento nunca acabasse. E, quando ele me soltou, parecia que uma parte de mim havia sumido.

— O que você está fazendo aqui? — O sorriso em meu rosto desapareceu quando eu percebi que estava o olhando como uma louca.

— Eu precisava falar com você — eu disse, colocando o cabelo atrás da orelha.

— Que tipo de problema você se meteu dessa vez?

Ali estava, o meu Oliver. Quer dizer, não meu, o da Felicity. Mas você me entendeu.

— Por que eu tenho que necessariamente estar em algum problema? — Perguntei, cruzando os braços.

— E não está? — Ele arqueou as sobrancelhas.

— Bem... — minhas bochechas coraram.

— Viu? — Ele riu, sarcasticamente. — Eu te conheço King.

Revirei os olhos, bufando. Ele realmente me conhecia.

— Amor? — A voz de Felicity se fez presente de dentro da casa.

Ouvi-la chama-lo de amor definitivamente não foi o ponto alto da minha noite. E quando ela apareceu na porta, com aquele seu sorriso aconchegante e me abraçou, dando gritinhos de felicidade e depois abraçou Oliver, pude constatar o que já sabia: eles dois eram um casal perfeito.

— Antes de tudo, parabéns para vocês — forcei um sorriso. — Mas realmente tenho algumas coisas para contar.

(...)

— Fênix Negra? Acordos de Sokovia? Isso é... — Ele olhou para as suas mãos. — Muito. As coisas mudaram bastante, não é?

— As coisas mudam. Às vezes, tão rápido que você nem percebe — suspirei.

Não pude deixar de pensar em como ele e Felicity pareciam estar felizes. E o modo como ele encarava aqueles suflês... eu havia interrompido um jantar romântico.

— Eu me sinto bem com Felicity... — ele disse. A mesma havia saído para a mercearia, nos deixando a sós.

Algo dentro de mim quebrou.

— Bom, se a sua felicidade é ela, estou feliz por você — sorri, tentando impedir as lágrimas de tomarem conta do meu rosto.

— Mas e como vai o seu Capitão? — Ele perguntou, mudando o rumo da conversa.

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— Ele não é meu Capitão – bufei. – Por que você insiste em dizer que ele é o “meu Capitão”?

— Acho que é porque eu preciso ouvir você dizendo que ele não é o seu Capitão – ele respondeu, sem me olhar.

Não pude deixar de lembrar da conversa que ficou gravada na minha mente. Do nosso primeiro beijo... sorri, tristemente. Ele ainda não sabia sobre o nosso término. Na verdade, eu o havia explicado poucas coisas sobre o que havia acontecido nos meses em que não nos vimos. Apenas as mais relevantes...

— Nós terminamos — suspirei. —Não me pergunte se estou bem, porque não aguento mais ninguém me perguntando isso!

— Eu nunca faria isso — ele sorriu.

— Ótimo! — Eu sorri, aliviada. Não precisava da sua piedade.

— Você está bem? — Ele perguntou, após um tempo, me fazendo revirar os olhos.

— Eu estou ótima. Estou muito cansada, só isso — suspirei.

Oliver tinha esse efeito em mim. Ele me fazia sentir como se eu pudesse contar tudo para ele, mas ao mesmo tempo me fazia sentir vontade de não falar nada, apenas para não o fazer sentir pena de mim.

— Lucy, acho que você está fazendo as escolhas erradas — ele disse, subitamente, me fazendo ficar irritada.

— E desde quando cabe a você decidir isso? — Levantei-me, deixando a raiva que já tentava me consumir, me consumir. — Você não tem o direito de falar isso.

— Ah é? E por que não? — Ele cerrou os punhos. Ele também estava estressado.

— Porque você não estava lá! — Exclamei. — Quando eu precisei, você não estava lá! Você não pode simplesmente desaparecer da minha vida e aparecer quando quiser! Eu precisava de você, mas nem me ligar você pode!

Ele me olhou por um segundo. Talvez tentasse pensar em alguma resposta para aquilo ou só estivesse com raiva demais para falar.

— Você não vê, mas só está fazendo as escolhas erradas — ele disse, calmamente. — Desde que você decidiu entrar nos Vingadores, o namoro com Steve até o encontro com os Winchesters!

— Você é um otário! — Joguei na sua cara.

— É, talvez eu seja – ele deu de ombros. — Mas eu sou o único otário que se importa com você — ele gritou.

— Por que você está gritando comigo?! — Senti as lágrimas começarem a escorrer. Aquele realmente não era como eu esperava que a noite acabasse.

— Porque eu me importo! É isso que gente normal faz quando se ama alguém e esse alguém está agindo como uma idiota!

Gelei. Peguei fogo. Não sei bem como descrever o que senti naquele momento em que Oliver se levantou furiosamente e me agarrou pelos braços, me deixando tão próxima dele que pude ver que havia um pouco de castanho no azul de seus olhos. Mas, por mais que eu quisesse agarrar aqueles lábios e nunca mais soltar, sabia que aquilo não seria certo.

— Você não pode me amar se está morando com a Felicity — eu disse, em um sussurro, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

— Eu gosto dela — ele disse, limpando a lágrima do meu rosto. — Mas eu amo você. Soube no minuto em que te conheci.

“Eu amo você” as palavras ecoaram em minha mente.

— Eu sempre amei você — ele repetiu, alisando minha bochecha. — Mas quando você começou a namorar com o Rogers eu achei que não haveria chance alguma. Então Felicity começou a ter sentimentos por mim e eu realmente não queria ficar sozinho.

— Por que você me ama? — Eu já havia me entregado completamente ao choro. — Eu sou uma confusão. Qualquer relacionamento comigo está fadado a terminar. Eu não sou do tipo que dura.

— Lucy você é irritante — ele tirou uma mecha do meu cabelo do meu rosto. ­— Você deixa tudo uma bagunça, sempre. Você é mais confusa do que eu — ele riu. — Mas o pior de tudo é que você não admite que estamos destinados a passar o resto da vida juntos.

A batida da porta fez com que nos afastássemos rapidamente. Limpei as lágrimas do meu rosto, tentando me recompor. Aquela noite estava se saindo bem diferente do que eu pensava. Felicity entrou na sala de jantar junto de Laurel e Thea, duas pessoas que eu realmente não esperava encontrar.

— Oliver... não sabia que você era amigo de uma vingadora — Laurel franziu o cenho, rindo.

— Precisamos da sua ajuda — Thea disse, colocando as mãos no bolso.

(...)

— Eles são chamados de Fantasmas porque desaparecem e aparecem como nada — Thea explicava para nós. — Nós achávamos que estávamos lidando bem com eles, mas aparentemente não estamos.

A televisão estava ligada no canal de notícias que transmitia as últimas informações sobre os tais fantasmas que atacavam a cidade. Felicity segurava a mão de Oliver, enquanto as garotas tentavam convence-lo a voltar a ser o Arqueiro.

Mas eu não estava prestando atenção naquilo. Eu só conseguia pensar nas palavras anteriores de Oliver. Eu amo você. Droga, por que eu não havia dito de volta? Por que ele não podia simplesmente terminar com a Felicity antes de me dizer aquilo? Não era justo com ela. Não era justo comigo. Não era justo nem com ele mesmo.

Quando elas foram embora, decidi acompanha-las. Felicity e Oliver precisavam conversar, precisavam mesmo. Ou talvez nós dois precisássemos. Ele me acompanhou até a porta. Eu aproveitei para sussurrar algo em seu ouvido quando nos abraçamos em despedida:

— Resolva as coisas com a Felicity, Queen. Assim que fizer, nós podemos conversar.

Eu ia ficar em um hotel ali perto, por isso apenas lhe dei um breve aceno e o nome do hotel em que eu estava. Andei até o hotel, desejando aos céus que as coisas começassem a melhorar. Não pude deixar de me sentir maravilhosamente bem por saber que ele me amava. Queria apenas ter dito de volta.

(...)

Estava deitada, observando o teto do quarto quando ele bateu na minha porta. Eu a abri e notei que ele trazia um sorriso consigo.

— Eu... — ele começou.

— Deixe eu falar — o interrompi. — Oliver, olhe... não sei porque perdi tanto tempo fingindo que não me importava. Eu acho que não queria me sentir assim. Dói. Mas eu te amo. Estou completamente apaixonada por você.

Ele sorriu e a vontade de beijá-lo se tornou ainda maior. Se tornou tão intensa que quase não consegui resistir à vontade, mas ainda havia um assunto inacabado. Eu ainda precisava saber se ele estava disposto a perder seu relacionamento com Felicity.

— Mas não posso dividir você com outra pessoa — eu disse, segurando a porta.

— Eu terminei com a Felicity — ele disse, adentrando o quarto. — Tudo o que eu quero é você.

Ele fechou a porta atrás de si e pegou em minha cintura. Tocou meu rosto devagar e sorriu. Eu devolvi o sorriso. Então selamos nossos lábios em um beijo. Foi um beijo desesperado, um beijo de necessidade. Estávamos esperando por aquilo há tanto tempo. Ele me empurrou contra a parede e eu elevei minhas pernas até seu quadril, as prendendo ao seu redor.

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A noite foi maravilhosa. Definitivamente não como eu esperava, mas melhor. Ele tirou minha roupa e eu fui sua. Ele foi meu primeiro. E cada toque, cada olhar me fez sentir como se eu fosse a pessoa mais linda do mundo. De todos os mundos. Apesar da dor, não pude deixar de me sentir bem. Era ele quem eu queria, valia a pena sentir aquela dor apenas pelo fato de ser ele. O homem com quem eu queria passar o resto da minha vida, com quem eu sabia que seria feliz.

(...)

Acordei com o sol que se fazia presente através da janela. Abri os braços para me espreguiçar e percebi que Oliver não estava ali. Levantei-me da cama, colocando minha roupa. Notei que suas roupas também não estavam ali. Nem mesmo um bilhete. Estava ficando preocupada quando um toque se fez na porta.

Sorri, indo até lá. Ele havia saído para comprar café, é claro.

Mas não era ele. Definitivamente era a última pessoa que eu esperava encontrar naquele momento. A última pessoa que eu queria encontrar naquele momento.

— Olá Lucy — ele sorriu de lado, como sempre fazia. — Posso entrar?

Fiquei sem fala. Eu deveria deixar Damon Salvatore entrar?