Não lembro quanto tempo demorou aquela viagem. Encostei a cabeça na janela assistindo o por do sol que vagarosamente tingia as nuvens de laranja e dava ao céu uma tonalidade cor de rosa. Por vezes balançava a cabeça fingindo concordar com algo que Angie havia me dito quando na verdade não havia prestado atenção em uma palavra sequer, meus olhos vidrados no poente.

- Chegamos! – Angie praticamente gritou no meu ouvido.

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Eu tentei forçar um sorriso, mas tudo que consegui foi uma careta de pânico. Respirei fundo e me recompus sem deixar o medo transparecer. Ou pelo menos essa fora a minha intenção.

Um mar de alunos aguardavam os professores e monitores na estação de Hogsmead todos animados ou brincalhões. Conversando sobre suas férias e a volta as aulas ou até mesmo, como muitos da corvinal, praticando feitiços.

Aquela esfera de excitação me cansava? Por que todos estavam tão ansiosos para ir para a escola? Até mesmo Angie, que eu conhecia a anos e sabia que odiava todo e qualquer tipo de aula, parecia anormalmente feliz...

- Alunos do primeiro ano, por aqui! – Um homem extraordinariamente alto gritou para que todos ouvissem. Não que ouvi-lo fosse necessário. Sua altura já era suficiente para todos os alunos, incluindo os que se encontravam lá atrás o verem.

Guiados por um cara enorme (se é que a palavra certa não era gigantesco) a massa de alunos rumava para frente, no caminho que as levaria para o castelo-sonho de todo trouxa. Paramos finalmente a frente de um lago que parecia não ter fim de tão profundo. Suas suaves ondas negras deslizavam em calmaria refletindo o céu estrelado recortado pelas imensas e magníficas torres de Hogwarts. E então pela primeira vez desde que cheguei à plataforma, eu sorri.

A viagem de barco pareceu não ser nada enquanto meus pensamentos estavam a quilômetros dali. Na morte de minha mãe. No meu pai foragido e na minha irmã mais velha que segundo Angie eu veria pela primeira vez depois de o que eu acho que foram 4 anos. Elle (minha irmã) lecionava agora em Hogwarts e seria minha professora de História da Magia. Respirei fundo novamente, o sorriso desaparecendo lentamente de meu rosto.

Não chore. Gritei em pensamento. Chorar é para os fracos, e eu não sou fraca, não posso ser. Fechei os olhos lentamente deixando minhas pálpebras apagarem suavemente as lágrimas que ameaçavam se derramar sobre minha bochecha gelada.

No lago negro meu rosto se refletiu. Meus cabelos negros e cacheados caindo em cascatas até minha cintura, a minha pele extremamente branca reluzindo ao luar e meus olhos verdes revelando a represa que eram contra o mar de minha tristeza interna.