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Chave de nosso futuro


Autocontrole foi o que eu mais precisei ter depois daquele episódio, autocontrole... Que ia além de responder “sim, estou bem” em meio a um caos que se passa. Eu estava lutando contra minha vontade e a razão. Vontade de voltar a me entender com Harry, mas procurá-lo me parecia ser como assinar o atestado de culpa de meu pai, o homem que sempre me ensinou a subir na vida, mas nunca usando as pessoas como seus degraus, o homem que nunca seria capaz de fazer aquilo.

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Depois de pensar muito sobre o que aconteceu, decidi que não devia contar a meu pai sobre a briga com Harry, ele já se sentia culpado o bastante por termos nos mudado e deixado antiga vida, não era certo faze-lo se sentir pior, mas eu iria defende-lo, sempre que pudesse, de todos que acreditassem naquela mentira.

Alguns meses se passaram, um sorriso falso tinha se tornado uma peça indispensável do meu vestuário, mas a cada dia que se passava, se tornava mais difícil manter a minha aparente força, eu fingia, apenas fingia que não percebia os olhares de desprezo que os amigos de Harry lançavam sobre mim, afinal, ninguém iria querer ouvir o meu lado da história, era mais fácil acreditar no que lhes convinha. E que ironia, o baile de máscaras do colégio se aproximava, ironia porque eu já usava minha máscara há um bom tempo, mas ninguém percebia, ou se importava o suficiente para perceber que aquilo estava acabando comigo. Meu refúgio naqueles últimos tempos era a música.

Certo dia, limpando o porão, descobri o melhor lugar para tentar compor, simplesmente porque era lá onde eu conseguia ficar só, e o barulho em minha cabeça parecia fazer sentido, se transformando em música. Sempre que podia, ia até lá, meu universo paralelo a todos os problemas, julgamentos, cobranças... Descobri nele também, o que parecia ter sido parte de vital importância na vida de duas pessoas, transcrita em uma carta antiga, que estava escondida em um livro, igualmente antigo, em um canto afastado do porão. Com todo o cuidado que consegui ter, peguei-a com minhas mãos trêmulas, por causa do medo de estragá-la e li o texto, que estava escrito com uma caligrafia incrivelmente bela, que dizia: “Meu amor, lembro-me ainda daquela noite, aquela estrelada noite surreal, de suas palavras, do momento em que seus lábios tocaram os meus, de sua promessa... Apenas aquele momento me fez mais feliz do que seria em mil anos casada com alguém que não fosses tu. O bondoso Frei Lourenço deu-nos o que pode ser a chave para nosso futuro juntos, portanto nada tema, esperarei sua chegada, estarei adormecida, não ouças o que disserem, apenas confie em mim. Volte logo, Verona não é a mesma sem ti, nem eu.


Julieta.”


Minhas mãos trêmulas ficaram frias como o gelo, eu deveria estar enlouquecendo. Como aquela carta parecia tanto com meu sonho? Tentei me recuperar do espanto e decidi folhear o livro em que a encontrei, em busca de respostas. Mas em uma estranha coincidência, no momento em que eu o peguei, meu celular recebeu uma mensagem, coloquei o então, cuidadosamente no chão e a li: “Por favor, sei que não quer, mas vá ao baile, tenho uma surpresa para você”. Quem a tinha mandado? Eu não fazia ideia, afinal, a pessoa tinha o número desconhecido.