S: Você vem comigo?

N: Não, não quero piorar as coisas pra Sharon. Melhor ir você e Maggie só.

Natasha se aproximou de Steve e o ajudou a terminar de abotoar a camisa.

N: Pensei que eu tinha me livrado de todas essas camisas de botão.

S: Você estava jogando fora? Eu sabia!

N: Elas são horrorosas, Steve. Eu comprei várias novas pra você e você não usa.

S: Você compra sempre o tamanho errado.

N: Não, eu compro do seu tamanho.

S: Elas ficam muito justas.

Natasha deu um pequeno sorriso de canto de boca.

N: Essa é a intenção. Agora vai, antes que o horário de visitas, termine.

S: Você verifica se Maggie está pronta enquanto calço meus sapatos.

Natasha fez positivo com a cabeça, ela deu um selinho em Steve e foi para o quarto de Sara.

N: Meninas?

Sara: Oi mamãe, eu tô pronta.

Natasha olhou para Sara que se arrumou toda, pensando que ia sair junto.

N: Sara, você não vai, é só a Maggie.

Sara: Mas se ela pode, eu também posso passear.

N: Sara, você não se manda ainda, já disse que só a Maggie vai.

Sara puxou um choro, Natasha a olhou seriamente e ela engoliu o choro.

N: Por que não vai por comida pro Sam?

Sara fez um bico e saiu do quarto. Natasha olhou para Maggie, que estava quieta no banquinho do quarto de Sara.

N: Você está pronta?

Maggie a olhou e fez positivo com a cabeça. Natasha podia ver que ela estava preocupada.

N: Achei que ficaria feliz em ver sua mãe... Não está animada?

M: Estou, mas...

Maggie suspirou e fez negativo com a cabeça.

M: Deixa pra lá.

Natasha entrou e fechou a porta do quarto. Ela se aproximou de Maggie e se sentou do lado dela.

N: Você pode me contar.

M: Tenho medo de não poder ficar com ela.

N: Você não tem que pensar nisso agora, vamos manter o pensamento positivo que já já ela volta e você pode ir pra casa com ela.

Maggie não conseguiu sorrir, Natasha estava com pena da dor que Maggie estava sentindo e não sabia mais o que dizer para animá-la. Steve bateu na porta.

S: Pronta?

Maggie se levantou, e segurou na mão de Steve. Os dois desceram as escadas e Natasha os seguiu. Sara estava observando Sam comer e viu o pai com Maggie, indo na direção da porta. Sara levantou correndo.

Sara: Papai, papai, eu tô pronta.

Sara ia correr até Steve, mas Natasha a segurou.

N: O que eu disse?

Sara: Papai?

Sara tentou recorrer ao seu protetor.

S: Princesa, papai está indo levar a Maggie no hospital. Lá não é lugar pra crianças.

Sara: Eu quero ir com você. Por favor.

N: Sara, para de insistir.

Sara puxou um choro novamente e Steve não aguenta vê-la chorando. Ele olhou pra Natasha.

S: Não tem mal em levar ela também.

N: Steve, eu acabei de dizer que não.

S: Eu sei, amor. Mas...

N: Não vem com essa de amor.

S: Só dessa vez...

Steve se aproximou da Natasha, que imediatamente cruzou os braços. Steve beijou a ponta do nariz dela e deu alguns selinhos.

S: Não fique chateada. Voltaremos cedo.

Steve saiu para visitar Sharon no hospital, levando Maggie e Sara junto. A primeira reação de Sharon foi raiva de Steve, por ter levado Maggie até lá. Mas depois ela relaxou, quando Maggie a abraçou forte, ela percebeu que o que mais precisava agora era o amor da filha.

M: Mãe, eu quero ficar com você.

Sharon: Eu não posso sair do hospital.

M: Eu fico aqui com você.

Sharon: Não pode, meu amor. Você tem que ficar com seu pai.

S: Você pode visitar ela todos os dias, eu vou te trazer.

Sharon: Só não pode matar aula. Maggie, seja uma boa menina, tá bom?

Maggie estava com lágrimas nos olhos e fez positivo com a cabeça. Já tinha acabado a hora de visitas, a enfermeira avisou que deviam ir embora. Maggie sentiu um desespero e agarrou a mãe.

M: Mãe, por favor. Quero ficar com você. Me deixa ficar.

Sharon: Maggie, por favor, não dificulta as coisas. Amanhã a gente se vê.

Steve se aproximou de Maggie.

S: Maggie, tá tudo bem, amanhã a gente volta.

M: Não! Não.

Sharon: Pode pegar ela, Steve. Tira ela daqui.

M: Não! Não! Mãe!

Maggie segurou na mãe como pôde. Steve teve que arrancar ela de Sharon, e a levou pra fora. Sara ainda ficou no quarto, olhando Sharon que estava chorando, mas tentando se conter. Sara subiu na cadeira ao lado da maca de Sharon e a abraçou. Sharon a olhou, um pouco surpresa pela reação dela.

Sara: A Lila me disse que não precisa ter medo.

Sharon franziu a testa, não sabia de quem ela estava falando, deduziu que era coisa de criança.

Sara: Tchau, mãe da Maggie.

Steve chamou o elevador, Sara se juntou a eles, Maggie estava mais calma depois de sair do quarto. O elevador chegou e eles entraram, ao sair do hospital, Sara olhou para Maggie que ainda estava triste. Sara soltou a mão de Steve e deu a mão para Maggie. Maggie a olhou e as duas deram um pequeno sorriso uma pra outra.

...

O fim de semana chegou. Clint se mudou para a cidade, mas nos fins de semana, ele e a família vão para a fazenda. Hoje, Clint e Francis estavam trabalhando. Clint cortava os troncos de madeira e Francis carregava os pedaços cortados para dentro do armazém, com o auxílio de um carrinho-de-mão.

C: Francis, vai pegar duas cervejas pra mim.

Francis revirou os olhos e bufou. Ele foi em casa e buscou 2 cervejas e trouxe de volta pro pai. Clint abriu as duas garrafas, ele entregou uma aberta para Francis que o olhou, perplexo. Ele hesitou antes de pegar na garrafa.

C: Pode pegar, experimenta. Sei que vocês jovens acabam provando uma hora.

Francis pegou a garrafa e deu um gole. Eles cuspiu imediatamente o que bebeu. Cerveja não era o que ele esperava. Clint começou a rir.

F: Tem gosto de mijo.

C: E você já bebeu mijo antes, rapaz?

Clint fez uma piada, porém Francis não riu. A relação entre eles já está fria a ponto de Francis só tolerar a presença de Clint e Clint sabe disso, ele sempre quis se reaproximar, mas não sabia como. Tudo que ele dizia para Francis acabava soando como sermão ou esporro, o que piorava ainda mais a situação. Mas Clint não desistiu do filho.

C: Dizem que o segundo gole é melhor.

Francis o olhou, apesar de estar distante do pai, confia na sabedoria dele e resolveu dar outro gole. Ele ainda sentiu o gosto amargo, mas realmente, é menos pior o segundo gole.

C: Viu só?

Francis deu um pequeno sorriso, mas evitou contato visual com Clint.

C: Você sabe que precisamos trabalhar aqui para manter a fazenda operando normalmente. A gente vive disso, plantamos o que comemos, nos esquentamos com a lenha que cortamos, todos precisam ajudar.

Pronto, Clint iniciou uma conversa para tentar explicar porque é duro com Francis, mas já direcionou para um tom de sermão.

F: Eu sei. Eu sei.

Clint suspirou e olhou para Francis.

C: Filho, eu sei que você é jovem, e que gosta de se divertir, eu já tive sua idade. Eu sinto muito se...

F: Nós vamos voltar ao trabalho? Tenho dever de casa.

Clint o olhou, um pouco decepcionado por Francis não querer nem conversar com ele. Clint apenas concordou com a cabeça e tomou mais golada de cerveja.

Laura apareceu na varanda.

L: Francis! Sua amiga Torunn, está aqui.

Francis franziu a testa, surpreso. Torunn se aproximou de Laura na varanda.

T: Posso ir até lá?

L: Claro, meu bem.

Torunn desceu as escadas e caminhava na direção de Francis e Clint. Francis estava imóvel, observando Torunn caminhar, com o vento desarrumando as longas madeixas loiras de Torunn. Clint observou o modo como Francis a olhava e sorriu consigo mesmo.

T: Oi Francis.

F: Oi Torunn. O que está fazendo aqui?

T: Estava entediada e pedi pro motorista me trazer. Sua mãe disse que não tinha problema em ficar aqui o fim de semana.

F: Vo-você vai dormir aqui?

Torunn fez positivo com a cabeça.

T: Olá, Sr. Barton.

C: Oi, Toto.

T: Então, o que tem pra gente fazer aqui?

Francis desmanchou o sorriso.

F: Nada, tenho que ajudar meu pai.

C: Ah, pode ir, Francis, eu termino sozinho. Falta pouco mesmo. Por que não dão um passeio a cavalo?

T: Cavalo? Sim, por favor, vamos!

Francis agradeceu ao Clint e caminhou com Torunn até o estábulo.

T: Nossa, eles são lindos. Quantos machos e quantas fêmeas?

F: Temos 1 fêmea e 4 machos. A outra fêmea que tinha, morreu semana passada.

T: Bem, eu quero a fêmea.

F: Não, ela é muito agitada.

T: É essa?

Torunn se aproximou de um cavalo que era todo preto, tão preto que o pelo reluzia de tão belo.

F: É sim.

T: Quero ela.

F: Torunn...

T: Eu não sou mortal como você, eu consigo domar ela.

F: Não, melhor você ficar com o Trovão.

Francis se virou para pegar as celas de montaria, quando ele se virou novamente, Torunn tinha aberto a porta de onde a égua estava. Francis quase infartou. A égua ficou sobre as patas traseiras e relinchava.

F: Torunn, não se mexa.

Torunn olhava pra ela, encantada, nem sentiu medo da égua estar prestes a atacar ela.

T: Qual o nome dela?

F: Ela ainda não tem nome.

T: Ela devia se chamar Selvagem! Sim, sim! Esse é o nome dela.

Torunn deu mais um passo na direção da Selvagem e ela ergueu as patas dianteiras no ar novamente e chegou pra trás.

F: Torunn, tá doida? Sai daí.

T: Calma, menina. Calma...

F: Torunn, vem pra cá, correndo. Anda.

Torunn ignorou Francis e se aproximou de Selvagem, que aos poucos foi ficando menos agitada, até Torunn conseguir encostar nela. Torunn finalmente acalmou a fera e estava acariciando ela. Francis estava incrédulo.

F: Como?

T: Não sou mortal como você. Você não entende.

Francis revirou os olhos.

F: Bla, bla, bla.

Torunn pediu a cela para Francis, que reclamou muito antes de entregar, mas Torunn ameaçou dar uma surra nele na frente de toda a escola. Torunn prendeu a sela na Selvagem e montou nela.

T: E aí, você vem?

Torunn chutou de leve Selvagem que bateu em disparada com ela.

F: TORUNN!

Francis montou no Trovão e cavalgou rápido atrás dela. Torunn passou por Clint, que a olhou e levou um tempo para assimilar o cavalo que ela estava montando. Francis vinha logo atrás.

F: Pai, a Torunn montou a Selvagem, ela domou ela. Olha lá.

Clint observava Torunn cavalgando livre com a Selvagem.

C: Ou a Selvagem domou a Torunn.

Clint disse para si mesmo. Torunn e Francis cavalgaram até os limites da fazenda. Francis a levou ao seu lugar favorito da fazenda, aonde corria um riacho. Os dois desceram do cavalo e amarram os mesmos numa árvore.

T: Esse lugar é incrível, Francis.

F: Eu sei. É meu lugar favorito, ninguém me incomoda aqui. Ninguém me acha.

T: Não acha mesmo não, foi um labirinto para chegar aqui.

Francis se sentou em uma das rochas, apoiou um pé sobre a rocha e abraçou o joelho. Ele catou algumas pedrinhas e tacou no riacho. A pedrinha quicou três vezes antes de afundar.

T: Como fez isso?

F: Meu pai me ensinou quando eu era pequeno.

T: Viu, Clint é legal.

F: Com os outros...

Torunn se aproximou e pegou uma pedrinha da mão dele, ela arremessou na água, mas a pedra afundou logo.

F: Não é assim.

Francis levantou e se posicionou atrás de Torunn. Torunn o olhou de lado, Francis apoiou uma mão na cintura dela e entregou a pedrinha na mão de Torunn, ele encostou a outra mão na dela e a ensinou a segurar a pedra corretamente. Francis precisou encostar o corpo contra o de Torunn, para movimentá-la da maneira correta. Ele falava como fazer, mas Torunn não ouviu nada do que ele disse, ela apenas o observava e pensava que quando ele não está ocupado sendo um idiota, ele até que é legal. Torunn sorriu e Francis a olhou confuso. Depois Francis ficou encabulado, porque ela estava olhando demais e ela estava muito perto dele. Torunn virou mais o rosto para vê-lo melhor. Francis não conseguia desviar o olhar, ele olhou nos olhos e brevemente para a boca dela. Ela tinha uma forma de sorrir que era única e muito hipnotizante. Francis aproximou os lábios de Torunn, lentamente. Ele fechou os olhos, mas Torunn ainda o observava e achou graça no jeito dele. Ela permitiu que ele a beijasse, mas ela não deixou o beijo ser mais que um longo selinho, quando Francis ameaçou colocar a língua na boca dela, ela afastou os lábios e arremessou a pedra que quicou 3 vezes, antes de afundar.

T: Ganhei de você!

F: Eu estava ajudando!

T: Você estava distraído com minha beleza.

F: Que beleza? Se toca, menina.

T: Eu sei que sou irresistível.

Disse Torunn, estufando o peito.

F: Você é muito cheia de si, isso sim. Vamos voltar que está anoitecendo.

Os dois retornaram para a fazenda, na hora da janta, Torunn fez mil perguntas sobre o pai dela, Clint contou todas as histórias que Torunn estava cansada de ouvir.

T: O meu pai era o mais poderoso dos Vingadores.

Francis franziu a testa.

F: Claro que não. Era o Hulk.

T: Hulk não é páreo pro meu pai.

F: Claro que é, acaba com ele em dois tempos.

T: Não acaba nada! Meu pai é um Deus! Não pode morrer.

F: Você não sabe disso.

C: Calma, gente, tanto Thor, quanto Hulk são muito poderosos e fortes.

L: Okay, chega de falar dos Vingadores, agora que terminaram a sobremesa, vão escovar os dentes e dormir.

T: Vou dormir no quarto de Francis.

L: Mas é claro que não, moçinha.

T: A gente vai jogar videogame, tia. Não faremos nada. Somos amigos.

L: Sei... Mas mesmo assim, não vai dormir lá. Vai ficar no quarto de hóspedes.

Torunn ainda tentou mais uma vez, mas sem sucesso. Laura acha Torunn muito pra frente, e ela é mesmo. Depois de jogar videogame os dois foram dormir.

...

Na madrugada de domingo, o telefone na casa dos Rogers tocava sem parar. Natasha e Steve despertaram. Steve pegou o telefone e era do hospital de Sharon, avisando que ela não aguentou a última sessão de quimio e faleceu. Steve sentou na cama e pôs o telefone de lado. Ele passou a mão na testa, em sinal de tristeza. Natasha logo deduziu.

N: Sharon?

Steve fez positivo com a cabeça.

S: Preciso ir no hospital, a mãe dela está lá e não tinha sido avisada antes da doença de Sharon.

Steve e Natasha ouviram um barulho de maçaneta abrindo, os dois olharam para a porta se abrindo. Era a pequena Maggie. Steve ficou paralisado, não sabia o que dizer, não sabia como dizer a ela que a mãe dela não vai voltar mais. Algo dizia a Natasha que Maggie já sabia. Maggie apenas desmaiou no chão do quarto de Steve e Natasha.