Capítulo XI

Capítulo XI

Pov Bella’s

Desacelerei minha corrida para tentar me acalmar, correr não estava ajudando. Eu estava com muita raiva. E não era um tipo natural de raiva, aquela que impulsionava a dilacerar e matar, era um tipo muito pior porque não se sabia o que fazer. Além de fugir.

Engraçado como os únicos capazes de te fazer se sentir assim são as pessoas que você realmente ama e confia. Por isso que muitos vampiros preferem viver sozinhos, com apenas alguns amigos distantes, era bem mais fácil e livre de decepções.

Decepções são uma droga.

Não demorou muito e percebi “alguém” me seguindo. Admito que fiquei tentada a ir embora sem contar a ninguém, mas logo mudei de ideia, eu não iria sem falar com Edward. Não depois de tudo que aconteceu hoje.

Porque eu não vou negar: ele estava mexendo comigo, e eu estava gostando, tanto que me preocupava. Eu simplesmente não conseguia agir naturalmente com ele, sempre falando mais do que o costume ou rindo e brincando... Era como uma versão humana de mim, sem toda essa pressão de ser uma vampira e viver constantemente alerta, esperando um ataque.

Eu só estava cansada desse clima, são muitas décadas vivendo da mesma forma.

O que eu preciso é de uma libertação.

Virei-me para Edward agora me sentindo um pouco idiota por ter saído de lá daquele jeito.

– Ei...

Ele avaliou-me e pareceu satisfeito com o que via. O que será que ele está pensando?

– Oi, tudo bem?

Dei de ombros.

– Onde pensa que está indo?

Ele pareceu ver a duvida em meu olhar porque de repente ficou com muita raiva.

– Sério?? Vai fugir assim? É dessa forma que pretende resolver as coisas? Não está parecendo uma atitude que a Bella que chegou aqui procurando a irmã tomaria.

Eu não estava ouvindo aquilo. Ele estava mesmo jogando na minha cara que eu era uma covarde?

– Você só pode estar brincando comigo! Acha mesmo que eu estou só tentando salvar minha pele, Edward? – perguntei magoada, mas ao que parece isso ele não notou.

– Não, para mim você está agindo muito pior. Você está usando o fato de Nessie não ter confiado em você para “bancar a heroína” e fugir com a ideia de que está salvando todo mundo, mas na verdade você está fugindo é do que minha família pode representar para você!

– Eu... NÃO HÁ NADA QUE ME PRENDA AQUI, EDWARD! NÃO EXISTE NENHUM MOTIVO...

– EU SOU O MOTIVO, CARAMBA! VOCÊ TEM QUE FICAR POR MINHA CAUSA!

Edward não me deu tempo para reagir as suas palavras porque o mesmo me puxou com força para os seus braços e me beijou. Seus lábios pressionavam os meus de forma possessiva como se dissessem que não adiantava lutar, que eu não iria embora... Por ser meu primeiro beijo demorei um pouco para reagir, mas logo estava correspondendo à altura, ou pelo menos tentando, e me derreti em seus braços. A sensação era maravilhosa.

Eu sentia-me diferente, alguma coisa tinha mudado em mim, minhas sensações estavam renovadas e, principalmente, eu perdi a vontade de lutar ou de fazer justiça. De repente comecei a analisar a vida vazia que eu tinha. Tudo que passei sem por fim conquistar nada. Essa foi a mudança. Eu não sou mais a mesma desde que cheguei a Forks porque minhas vontades mudaram e novas necessidades surgiram.

Eu necessitava da minha irmã, necessitava de uma família. E de repente necessitava de Edward.

Quando ele interrompeu nosso beijo eu estava respirando em arquejos, totalmente sem controle. Isso era... Incrível!

– O que foi isso? – perguntei meio feliz. Mais para mim do que para ele.

– Acho que eu literalmente perdi a razão com a ideia de que você pudesse se afastar de nós – disse olhando-me profundamente.

Era esse olhar que me derrubava. Porque ele tinha que estar sempre o usando contra mim?

– Por favor, não vá embora. – seu olhar demonstrava a angustia que ele sentia.

– Eu não vou – prometi.

Mesmo porque eu não conseguiria.

Pov Carlisle’s

O olhar de Eleazar dizia tudo: ele estava certo. Ao ouvir a história de Renesmee, Alice e Jasper sobre a aparição de um dos Volturi era perceptível no ar sua advertência. Mas ele estava errado no outro ponto, eu não iria forçar minha família a recuar por uma simples ameaça.

– Onde está Bella agora? – perguntou Eleazar.

– Eu não sei... Ela saiu muito nervosa e eu não consigo ver nada sobre ela, como naquele dia em que ela chegou aqui. Edward foi atrás dela para convencê-la a voltar – disse Alice olhando-me angustiada.

– Ela quer ir embora? – tornou a perguntar Eleazar, erguendo as sobrancelhas.

– Não... Não sei... – murmurou Alice abaixando a cabeça.

– Vai ver ela está certa, é o melhor a se fazer.

– Eleazar. – adverti silenciosamente.

– Carlisle, você acha mesmo que vale a pena entrar numa briga que não é sua?

– Eu acho que, como acabou de ouvir, a briga se tornou minha. Aro, sem razão alguma, está tentando interferir na minha família.

Ele me encarou como se estivesse tentando encontrar uma confirmação do que eu dizia. Depois suspirou claramente estressado.

– Se você já consegue ver as coisas dessa forma... Tudo bem, eu entendo, você tem o meu apoio.

Sorri de pura alegria. Apesar de não ser o certo, essa era a atitude que eu estava esperando do meu amigo.

– O que isso significa? – perguntou Tanya erguendo as sobrancelhas, Kate e Irina que estavam ao seu lado também pareciam compartilhar da mesma duvida.

– Isso significa Tanya que, independente do que aconteça, eu estarei ao lado de Carlisle. É claro que estou falando por mim.

Carmem, ao seu lado, bufou olhando para seu parceiro.

– Como se eu tivesse uma opinião diferente. – ele sorriu para ela segurando sua mão.

– Carlisle, desculpe me meter, mas... – disse Kate – Sinceramente, como pode ter certeza de que essa é uma boa razão para arranjar uma briga com Aro?

Quando ela terminou de falar todos nós ouvimos a corrida lá fora de quem quer que esteja chegando, logo a porta se abriu e por ela entrou Edward segurando firmemente a mão de Bella, que parecia envergonhada de nos encontrar todos reunidos.

Eu não precisava responder a pergunta de Kate, porque todos pareceram vê-la no olhar determinado de Edward.

Pov Edward’s

Ignorei todos os pensamentos que me cercavam, eu não precisava ouvir a opinião de ninguém. Arrastando Bella comigo fui em direção a Carlisle.

– O que nós vamos fazer?

Ele suspirou ainda olhando para mim e Bella.

Por enquanto... Acredito que a nossa melhor reação seria não reagir.

– Nada.

A incredulidade foi geral, mas eu particularmente já esperava. Carlisle não iria querer começar essa briga, enquanto Aro não fizesse nada ele também não faria.

– Como assim nada?? – perguntou Emmett incrédulo.

– Tecnicamente eles não nos fizeram nada. Seria totalmente errado agir contra eles. A única coisa feita foi um pedido à Bella, impróprio sim, mas não deixou de ser um pedido. Aro não a ameaçou nem chantageou. Minha opinião é essa, a não ser que... Bella, você tem uma opinião diferente? – ele estava sinceramente considerando a opinião dela.

Bella olhou-me surpresa, sem duvida ela não esperava por isso.

– Eu não sei Carlisle... Acredito que ficarmos parados esperando uma ação dos Volturi não é uma boa ideia. Enquanto corria até aqui eu estava pensando... Em eu mesma ir visitá-los.

– O que?? – perguntei sem acreditar – Nem pensar!

– Edward...

– Não, você não vai até eles sozinha!

– É o melhor que eu posso fazer. Sua família não pode viver assim, a espera de um ataque.

– Não é seguro, eles poderiam fazer alguma coisa contra você.

Bella só podia estar brincando. Pensar em ir até lá praticamente entregando-se ao poder deles era como um suicídio.

Minha família compartilhava a mesma opinião, embora ficar parados impotentes também não os agradava. Para Tanya e Kate Bella estava certa, minha vontade era de mandá-las para o inferno, elas não se importavam com o bem estar de Bella. Já Eleazar estava num dilema entre concordar ou não.

Mas a opinião que me surpreendeu foi sem duvida a de Carlisle.

– Você concorda? – perguntei incrédulo.

– Ela está certa, Edward. Ela precisa saber o que Aro quer de verdade.

– Carlisle... – murmurei sem acreditar.

– Eu vou com ela.

Esme logo reagiu, se colocando ao lado dele.

– Como ir com ela poderia ajudar?

– Acredito que minha presença mude tudo, Aro entenderá que estou do lado dela e controlará suas ideias pelo menos no inicio. Será suficiente para sairmos de Volterra ilesos.

Eu não acreditava que seria tão fácil.

– Simplesmente assim! Moleza! – gritei com raiva.

– Carlisle está certo, Edward – disse Bella firmemente, encarando-me.

Saí da sala com raiva, disposto a derrubar tudo que estivesse em minha frente. Ela não podia fazer isso comigo, não depois de eu ter descoberto o quanto ela é importante para mim. Não podia ser o certo.

Arranquei uma árvore da raiz e a lancei contra as pedras altas, apenas para extravazar.

– Esme não vai ficar nada feliz se você começar a derrubar todas as árvores próximas à casa.

Virei-me para ela sem cair na conversa relaxada. Ela suspirou.

– Vai ser rápido, Edward. Em pouco tempo estarei aqui e você nem mesmo sentirá minha falta.

Era demais para mim.

– Será mesmo? Você pode garantir com toda certeza?

– Posso! Você está esquecendo-se do que eu sou capaz de fazer? Não será diretamente que Aro conseguirá me derrubar. Eu literalmente posso brincar com a defesa dele, Edward.

Bella tinha um ponto. Seus poderes provavelmente poderiam garantir que nenhum dos Volturi a machucasse, mas ainda assim... Esperá-la aqui seria uma tortura.

– Deixe-me pelo menos esperá-los em Florença? – perguntei derrotado.

Por um segundo ela hesitou, mas depois sorriu para mim.

– Claro, assim a ideia de viajar para visitar aquele clã terrível torna-se mais suportável – disse passando os braços ao redor do meu pescoço. Era visível que ela tentava me agradar.

Eu a puxei pela cintura, prendendo-a em meus braços.

– Não vou ter que esperar tanto para vê-la, você quer dizer.

~~*~~

Nossa viagem foi marcada para uma semana depois daquele dia. Os Denali continuaram em Forks, o que acalmava Carlisle, que estava preocupado em deixar nossa família sozinha.

A despedida foi tensa. Esme estava muito infeliz, ela não queria que nós fossemos e não parava de imaginar nos três diante dos Volturi com apreensão. Bem que eu queria está lá com eles.

Esse foi outro ponto de discussão. Como eu consegui o direito de ficar em Florença esperando por eles, porque eu não poderia ir logo para Volterra? Mas não adiantou: Bella e Carlisle juntaram-se contra mim dizendo que meu gênio poderia estragar tudo. Não poderia dizer que eles estavam totalmente errados, mas não daria o braço a torcer. Podem chamar de teimosia.

– Vocês estão enlouquecendo-me, não vai dar certo – resmunguei no banco da primeira classe do avião. Bella estava sentada ao meu lado e me lançou um olhar profundo já tão conhecido nesses últimos dias. Carlisle estava estado atrás de nós e divertia-se com a nossa “briga”.

– Não comece Edward...

– Não comece? Coloque-se no meu lugar, você gostaria de ficar nos bastidores sem fazer nada enquanto coisas ruins acontecem com as pessoas... Que você tanto gosta?

Ela suspirou, tentando se acalmar ou me acalmar.

– Percebe que mal estamos juntos e já discutimos mais do que muitos casais durante todo um ano de relacionamento? – perguntou meio triste.

Sua pergunta me desarmou. Desde o nosso primeiro beijo estávamos juntos, mas eu sinceramente não tive cabeça para me dedicar a ela. Tudo que fizemos até agora foi discutir e debater sobre essa droga de viagem.

– Desculpe – murmurei.

– Não estou reclamando ou querendo fazer você se sentir culpado, eu só... Se você quiser ir conosco tudo bem, eu não me importo, na verdade eu quero isso, quero que você vá. Eu só fiquei preocupada com o que pudesse acontecer, mas isso não é motivo para um desentendimento nosso.

– Tem toda razão – disse sorrindo e segurando sua mão para depois beijá-la – Prometo me comportar – completei fazendo-a rir.

– Do jeito que você fala parece que sou são mãe!

– Nem brinque com isso – murmurei ao abraçá-la e trazê-la para mais perto de mim. Nossos olhares se encontraram e eu não resisti em puxá-la para um beijo.

Apesar de que chega a ser inconveniente a minha falta de experiência em qualquer tipo de contato físico, as coisas com Bella fluíam naturalmente. Descobrir como fazer não parecia necessário, o que sem duvida era revigorante, então simplesmente aprofundei o beijo deliciando-me com as sensações que ele me trazia.

Pov Bella’s

Ao desembarcarmos em Florença, Carlisle nos encarou seriamente.

– E então, vamos os três?

Olhei para Edward e ele ainda parecia manter sua opinião.

– Sim – respondeu.

Pai e filho passaram um tempo se observando.

– Está em suas mãos, Edward.

– Eu sei – concordou ele polidamente.

Carlisle sorriu fracamente com a atitude do filho.

– Vamos.

Antes de sairmos do aeroporto fomos alugar um carro, a partir daqui a viagem seria pela estrada.

– Tanta burocracia desnecessária... – resmungou Edward enquanto observava a Mercedes Benz que iríamos alugar.

– Como assim? – perguntei confusa enquanto Carlisle parecia divertir-se com a reclamação de Edward. E foi ele quem respondeu.

– Edward e os irmãos tem a péssima mania de roubar carros Sport enquanto viajam – disse baixo o suficiente para o funcionário que nos acompanhava não ouvir.

Olhei indignada para Edward.

– Ei, é bem mais prático – defendeu-se, mas ao notar que minha expressão não estava nada boa aproximou-se de mim mais contido.

– Ora, vamos lá! Nós estamos sempre nos contendo e tentando manter-se na linha... Qual é o problema de quebrarmos uma regrazinha de vez em quando?

Com essa eu tive que rir.

Logo estávamos a caminho de Volterra. Com o tempo o clima descontraído foi sumindo e a tensão do que estava por vir tomou lugar, tanto que ninguém disse uma palavra. Eu só esperava que fosse rápido, assim poderíamos voltar para casa.