New Life

My First House


Alice
Dormi muito mal de noite. Estava frio e eu estava desconfortável no banco. Tinha que descobrir um sítio mais confortável para dormir, se continuasse a dormir aqui, provavelmente apanharia uma pneumonia. Não queria isso, queria encontrar o meu pai o mais rápido que conseguisse. Já tinha esperado dezassete anos. Já tinha esperado demasiados anos. Sempre senti a falta de ter um pai, mas nunca disse nada para não magoar a minha mãe. Ela já era frágil e não queria que ficasse pior. Ela tinha imenso medo que me tirassem de o pé dela, que me mandassem para uma instituição e me proibissem de vê-la. Mas isso nunca aconteceu, felizmente. Passei estes anos todos, ao lado da minha mãe. Tentei aconchegar-me melhor no banco, mas era impossível arranjar uma posição confortável.
- Menina! – Ouvi uma voz grave a chamar. – Menina, o que fazes aqui? – Perguntou sério. Abri os olhos lentamente e deparei-me com um polícia. Tinha o cabelo castanho, os olhos também e um grande bigode. – O que estás aqui a fazer? Porque não estás em casa? – Perguntou ainda um pouco sério. Estava um pouco assustada. Não respondi, tinha medo que dissesse algo de errado e fosse mandado para um lado qualquer longe de Forks. – Estás bem? – Perguntou agora preocupado visto que eu não respondi. Consegui afirmar com a cabeça e a preocupação desapareceu do ser rosto. – Anda comigo. – Disse ele. Levantei-me do banco, guardei a foto do meu pai que ainda tinha não mão, no bolso, peguei na minha mala e depois, sem outra alternativa segui-o. Ele dirigia-se a um carro da polícia. Fez-me entrar e sentar-me no banco e depois conduziu até à esquadra da polícia. Quando ele estacionou o carro, ajudou-me a sair do carro e fomos até à esquadra.
- O que é que essa fez? – Perguntou um polícia gordinho que estava a comer um donut, quando entrámos dentro da esquadra.
- Nada. Estava a dormir num banco no centro. – Informou o polícia que tinha escrito no casaco Chefe Swan. Devia ser o chefe da polícia aqui em Forks. Fomos até à sua secretária e ele fez sinal para me sentar na cadeira que se situava em frente à sua secretária. Sentei-me calmamente e olhei para as minhas mãos. – Então, o que estavas a fazer deitada naquele banco a estas horas da manhã? – Perguntou ele. Voltei a não responder. O que é que eu iria responder? Dizer a verdade? Mentir? Não sabia o que fazer. – Dormiste lá? Onde moras? Fugiste de casa? – Continuou a perguntar. Eu não respondia a nada. Não sabia o que responder. – Isto não está a dar em nada. – Comentou para ele. - Olha, tens de falar comigo para eu ajudar-te. Não te vou fazer mal nem te vou mandar para lado nenhum, mas quero perceber porque é que estavas naquele banco. Está bem? – Afirmei com a cabeça para ele saber que eu estava a ouvir. – Eu sou o Charlie Swan, chefe da polícia aqui em Forks. E tu, como te chamas?
- Alice. – Respondi baixinho, ainda olhando para as minhas mãos.
- Fugiste de casa? – Perguntou ele ainda um pouco sério. Neguei com a cabeça. – Onde moras? – Perguntou.
- Não tenho casa. – Respondi baixinho. O que será que ele ia fazer? Eu não queria que ele me mandasse para lado nenhum. Não queria sair de Forks.
- Não tens casa? – Perguntou para ver se ouviu bem. Voltei a negar com a cabeça. – Os teus pais? Onde estão? – Perguntou alarmado.
- A minha mãe morreu, ontem e o meu pai, nunca conheci. – Respondi com lágrimas nos olhos. Ainda era difícil pensar que a minha mãe tinha morrido. Sentia a falta dela. Sentia a falta de me sentir segura em algum lugar. Neste momento, sentia-me desamparada, sem ninguém que estivesse lá para me ajudar a continuar. Levei a mão aos meus olhos para não deixar as lágrimas cair.
- Quantos anos tens? – Perguntou um pouco mais amigável.
- Dezassete. – Respondi.
- Está bem. Então não tens sítio para dormir? – Perguntou.
- Não, não tenho.
- Porque não alugas um quarto?
- Não tenho dinheiro para isso. Já arranjei um emprego mas por agora não posso pagar. – Respondi. Ele olhou para mim de uma forma solidária. E ficou calado durante um bocado. Parecia que estava a pensar em algo.
- Eu tenho um anexo, ao lado da minha casa que tem um quarto. É muito pequenino, mas para uma pessoa morar, até é aconchegante. Podes ir para lá. Ninguém o usa.
- Mas não tenho dinheiro para lhe pagar. – Respondi. Eu queria muito um sítio para dormir. E era muito bom ter aquele anexo. Parecia ideal para mim, mas eu não conseguiria pagar renda por mais baixa que fosse. Simplesmente não tinha dinheiro quase nenhum.
- Fazemos assim. Eu deixo-te usares o anexo pelo tempo que quiseres, se vieres um dia por semana, limpar e arrumar aqui a esquadra. Somos só homens por aqui e é difícil manter isto limpo e arrumado. O que achas? – Perguntou ele sorrindo um pouco. Era uma boa oportunidade. Não tinha de pagar, apenas tinha que vir aqui limpar e arrumar a esquadra uma vez por semana. Isso, eu conseguia fazer, eu trabalhava por turnos no minimercado, por isso, era possível vir cá uma manhã ou uma tarde para limpar. A esquadra também não era muito grande.
- Eu aceito. – Disse sorrindo um pouco.
- Muito bem. – Disse ele sorrindo mais abertamente. – Queres vir conhecer o anexo?
- Sim, se não o incomodar. – Respondi.
- Não incomodas. Vá, vamos, Alice. – Disse ele levantando-se da cadeira onde estava sentado. Levantei-me também e meti a mochila ao ombro. Seguimos os dois para o carro dele. O caminho até casa dele foi num instante. Ele morava perto da esquadra da polícia. – Bem, chegámos. – Disse ele estacionando o carro em frente de uma vivenda. Era bonita. Eu nunca tive uma casa, por isso, gostava de todas. Desde pequenina que queria ter uma casa, nunca gostei muito de viver no hospício. – Eu vivo aqui com a minha filha. Ela chama-se Bella e tem dezasseis anos. – Informou-me ele. – Oh, ela vem aí. Bella! – Chamou ele.
- Olá, pai! O que fazes em casa a esta hora? E quem é ela? – Perguntou a Bella curiosa.
- Esta é a Alice. Vim traze-la para conhecer o anexo. Ela vai morar lá. Não te importas, pois não?
- Claro que não. Não é utilizado há anos. – Respondeu ela sorrindo. – És nova na cidade? – Perguntou-me a Bella. Afirmei com a cabeça.
- A Alice não é de muitas falas. – Disse o Charlie sorrindo. – Vamos ver o anexo por dentro? – Perguntou-me. Voltei a afirmar com a cabeça.
- Pai, vou a casa do Edward. Não sei quando volto. – Disse ela.
- Está bem, Bella. Comporta-te.
- Sempre, pai. – Respondeu ela entrando dentro de uma carrinha já um pouco velha. Mal ela saiu do nosso campo de visão, dirigimo-nos até ao anexo. Ele abriu a porta e entramos. Como ele disse era pequenino. Tinha uma divisão que juntava a sala com a cozinha, onde tinha um pequeno sofá com uma pequena televisão e uma mesa baixa e depois um frigorifico, um forno, um microondas, um lava loiças, um balcão e uma mesa pequena para comer. Essa divisão continha duas portas. Uma que dava para uma pequena casa de banho e outra que dava para um pequeno quarto. O quarto tinha uma cama de casal estreita, duas mesas-de-cabeceira e um armário. E a casa de banho tinha apenas o essencial, sanita, lavatório e uma pequena banheira.
- Como eu disse, é bem pequeno. Ainda aceitas? – Perguntou o Charlie.
- Claro, é perfeito. – Respondi, sorrindo um pouco.
- Então, esta é a chave do anexo. A partir de agora pertence-te. Se precisares de alguma coisa, é só bateres lá em casa. Está bem?
- Está bem, obrigada. Por tudo. – Agradeci.
- De nada. Agora tenho de voltar para a esquadra. Até logo.
- Até logo. – Disse. Ele saiu do anexo e foi em direcção ao carro. Depois ouvi o barulho do carro a ligar e percebi que já se estava a ir embora. Olhei outra vez para a minha nova casa e comecei por abrir as janelas para deixar entrar alguma claridade. Depois fui inspeccioná-la. Era muito aconchegante. Guardei as minhas roupas no armário e os acessórios que trouxe nos seus lugares. Tirei a foto do meu pai do bolso e decidi pô-la na minha mesa-de-cabeceira. Depois de ter tudo arrumado, decidi ir até ao Hospital de Forks, perguntar pelo meu pai. Eu queria vê-lo o mais rápido possível e ele a esta hora devia estar a trabalhar. Saí do anexo e tranquei-o. Depois fui em direcção ao Hospital de Forks. Andei durante um quarto de hora. Quando lá cheguei, entrei no hospital e antes de me dirigir à recepção, parei um bocado para arranjar coragem. E se ele não soubesse que eu existisse e pensasse que eu estava a inventar? Tinha tanto medo que isso acontecesse. Eu queria que ele soubesse da minha existência. Respirei fundo duas vezes e dirigi-me para a recepção.
- Bom dia. – Disse a senhora educadamente.
- Bom dia. – Disse também.
- O que deseja? – Perguntou, sendo simpática.
- Queria falar com o Dr. Cullen. – Disse à senhora.
- Desculpe, querida, mas o Dr. Cullen está de férias. Só vem para a semana. Passe cá para a semana que ele fala consigo. – Informou-me ela. Boa! O meu pai não estava cá durante uma semana. Será que ele ia ficar por cá ou ia para algum lado. Eu nem sabia onde era a casa dele.
- Não me pode dizer onde ele mora? – Perguntei. – Eu podia passar lá por casa dele. É que eu não estou doente. O que eu tenho para falar com ele é pessoal. – Expliquei a senhora.
- Está bem. Se tu continuares em frente, depois há uma saída para a direita. Parece que não vai dar a lado nenhum mas é o caminho até à casa do Dr. Cullen. Ele vive, perto da floresta. Segues sempre em frente e avistas logo a casa. É uma vivenda branca. Não há nada que enganar. – Explicou ela.
- Muito obrigada. – Agradeci pela ajuda.
- De nada. Tenha um resto de um bom dia.
- A senhora também.
Saí do hospital e segui pelo caminho que a senhora da recepção me indicou. Ainda tive que andar um pouco. Quando comecei a aproximar-me da casa comecei a ouvir vozes. Avancei mais um pouco mas deixei-me estar escondida. Olhar para o que parecia ser a entrada da casa e estavam lá dois rapazes e duas raparigas. Uma delas era a Bella.
- Os pais já foram? – Perguntou o rapaz maior e mais musculado.
- Sim. Foram bem cedo. Já devem estar no avião. – Disse o outro rapaz.
- O Dr. Carlisle Cullen vai entrar em acção! – Disse o Emmet sorrindo abertamente. A rapariga loira bateu-lhe na cabeça.
- Emmet, como consegues dizer isso dos nossos pais? Como consegues sequer pensar nos pais a fazer isso! – Disse o outro rapaz que devia ser o Edward, pois a Bella disse que vinha ter com o Edward.
- Ó Edward deixa de ser assim. Até parece que nunca o fizeste com a Bella. – Disse ele. A Bella ficou muito corada e o Edward envergonhado.
- Emmet, deixa de pôr as pessoas constrangidas. Vá, vamos entrar. – Disse a rapariga loira. Eles concordaram e seguiram para dentro de casa.
O meu pai não estaria em cá durante uma semana. Tinha que esperar até que ele voltasse para falar com ele. Ele tinha dois filhos, isso queria dizer que eu tinha dois irmãos. Sorri com a ideia. Será que eles iam reagir bem? E a mulher dele? Como também iria reagir? Voltei para o anexo. Não tinha nada para fazer ali.
Em meia hora cheguei ao anexo, abri a porta e deitei-me no sofá para descansar um pouco. Estava cansada, tinha dormido pouco de noite. Passados uns minutos, acabei por adormecer no sofá. Ainda tinha algumas horas para dormir, antes de ir trabalhar.
Acordei, horas depois, muito mais descansada. Olhei para o relógio que existia na sala e vi que eram duas da tarde. Levantei-me calmamente e fui até à casa de banho. Decidi passar o meu corpo por água e depois vestir uma roupa lavada. Quando estava pronta, calcei-me e fui até ao minimercado. Estava quase na hora do meu turno. Quando entrei no minimercado, o Sr. Erikson estava à porta.
- Boa tarde, Sr. Erikson. – Disse quando o vi.
- Boa tarde, Alice. Vieste cedo. – Disse ele. – Vamos. Quero dar-te algumas informações.
- Ok. – Respondi simplesmente. Fomos até ao seu escritório e lá ele deu-me a folha com os meus turnos e os dias em que tinha folga. Nesta semana tinha sexta-feira. Também me disse que tinha que vestir uma farda para ir trabalhar. Ia trabalhar na caixa do minimercado. Depois de eu vestir a farda, ele levou-me ao meu posto de trabalho e ensinou-me a mexer na máquina que registava as compras, depois de eu ter percebido tudo, ele voltou para o seu escritório e eu comecei a trabalhar.
A tarde até se passou rápido. Era agradável trabalhar ali. Não tive grandes dificuldades com a máquina e até trabalhei bem para um primeiro dia. Quando o meu turno acabou, às oito da noite, antes de ir para casa, fui comprar algumas coisas que precisava mesmo. Como um champô para o cabelo, pão para comer e comprei um pacote de manteiga para comer com o pão. Não poderia comprar muito mais, pois já não tinha dinheiro quase nenhum. O dinheiro que eu tinha já não dava para comprar mais nada. Tinha que comer o pão e depois tinha que me desenrascar para conseguir comer. Ia ser difícil. Quando paguei as compras, fui até casa. Em casa, comi um pouco de pão e depois pus-me a ver televisão, mas não estava a dar nada de jeito. Acabei por ir para a cama cedo e adormeci.