New Life

I Want To Talk To Her!


Acordei muito cansada. Mas tinha que me levantar, tinha que ir trabalhar. Levantei-me calmamente e fui tomar um banho para ver se acordava. Tomei um banho demorado e depois saí para me vestir. Já estava a ficar atrasada. Vesti-me apressadamente e fui o mais rápido possível para o minimercado. Quando lá cheguei, fui vestir a minha farda e depois fui trabalho. O minimercado de manhã era bem parado. Não havia muito gente. Estava com um sono horrível, só queria dormir e comer. A minha barriga doía-me como tudo a pedir alimento, o pior é que eu não tinha como obter comida para comer.
- Olá, querida. Estás cá de manhã? – Perguntou a Sra. Adams. Esta senhora vinha muitas vezes ao minimercado, mas eu gostava de a ver por cá. Ela falava sempre comigo o que me fazia distrair um bocadinho.
- Sim, esta semana os meus turnos são de manhã. – Disse sorrindo para ele.
- Sentes-te bem, querida? Estás muito pálida. – Disse ela preocupada.
- Estou um pouco cansada, apenas. – Respondi sorrindo um pouco. Eu estava muito cansada. Não sabia o porquê.
- Está bem, querida. – Disse ela. - Como vão as coisas com o Jasper, querida? – Perguntou ele muito curiosa.
- Vão muito bem. Ele ontem declarou-se. – Disse-lhe. Eu não tinha problemas em contar-lhe. Ela ajudou-me muito a perceber o que eu sentia por ele.
- Fico tão feliz por vocês. Que sejam muito felizes e quando casarem quero assistir ao casamento. – Assustei-me com o que ela disse. Casar? Ainda agora começámos a namorar e a Sra. Adams já estava a falar em casamento. Ela era muito apressada.
- Sra. Adams, o casamento ainda vai demorar algum tempo. Nem sei se me vou casar com o Jasper. – Disse para ele.
- Eu sei que sim. Vocês foram feitos um para o outro. Eu fico à espera do convite. – Disse ela pagando e tossindo um pouco. – Esta tosse! Tenho que pedir ao Dr. Cullen para me passar mais uma receita daqueles comprimidos.
- O Dr. Cullen já está cá? – Perguntei admirada. Pensava que só ia voltar amanhã ou depois.
- Sim, chegou hoje mas só começa a dar consultas amanhã. – Disse ela. Ela sabia mesmo tudo o que se passava na cidade. Não sabia como isso era possível. – Bem querida, tenho que ir. – Disse ela.
- Então adeus, Sra. Adams. O resto de um bom dia.
- Para si também, querida.
O meu pai já tinha chegado. Tinha chegado a altura de ir falar com ele. Não poderia esperar mais. Tinha que resolver este assunto rápido, não queria continuar a sofrer por causa disto. Depois do turno acabar, iria a casa pôr a mochila com a farda e depois ia a casa do meu pai. Falar com ele. Estava determinada.
O resto da manhã passou-se normalmente, sem muito movimento. Quando o meu turno acabou, por volta da uma e meia, saí do minimercado e fui a casa deixar a mochila com a farda. Depois segui para casa do meu pai. Como é que ele iria reagir? Era a pergunta que me surgia constantemente na cabeça. À medida que me aproximava da casa dele, o nervosismo ia crescendo. Quando cheguei lá, ouvia risos, muitos risos. Eles estavam a divertir-se. Fui chegando mais perto para ver o que estavam a fazer. Eles estavam todos, no jardim, a conversar animadamente. O meu pai estava abraçado à mulher das fotos e via-se perfeitamente que ele gostava muito dela. Viam-se que eles eram uma família feliz. O ideal de família que eu sempre desejei para mim, o tipo de família que eu sempre quis. A mulher parecia tão bondosa e simpática. Via-se que o Edward e o Emmet a adoravam, bastava olhar para eles e ver a ternura com que eles olhavam para ela. E se eu estragasse esta família com o que eu vinha dizer? E se a Esme não gostasse e deixasse o meu pai? Eles iam deixar de ser tão felizes como aparentavam ser. E eu ia estragar uma família. Ia-me sentir tão culpada se isso acontecesse. Eu não queria que o Edward e o Emmet tivessem uma família desmoronada como eu tive. Que passassem a viver com a mãe e o pai separados. Eu não queria isso para eles. Senti lágrimas a molharem as minhas bochechas. Eu não conseguiria fazer isso com eles. Eu não podia fazer-lhes isso. Virei as costas e fiz o caminho de volta. Não reparava para onde ia, só sentia as lágrimas a escorrerem-me pelas bochechas. Eu tentava incessantemente limpá-las mas vinham outras para as substituir.
- Alice! Alice! O que se passa? – Perguntou o Jasper aparecendo à minha frente. Atirei-me para os braços dele e chorei contra o seu peito. Eu queria tanto conhece-lo, mas sentia que não podia estragar aquela família. Não queria que eles fossem infelizes. – O que se passou? – Perguntou preocupado.
- Eu não consigo. – Disse entre soluços.
- Não consegues o quê, minha pequena? – Perguntou afastando algumas das lágrimas que se encontravam nas minhas bochechas.
- Eu não consigo ir falar com ele. Eu tenho tanto medo de destruir a família. Eles parecem tão felizes. Eu não quero estragar a felicidade deles. – Expliquei-lhe tentando conter os soluços. Ele ficou em silêncio. Percebi que ele não sabia o que dizer. Ele apenas tentava reconfortar-me. Ficámos em silêncio, nenhum de nós falou. Apenas se ouvia os meus soluços. Ele aconchegava-me contra o seu peito e acariciava a minha nuca. Aos poucos fui controlando o choro.
- Mais calma? – Perguntou quando eu parei de chorar. Afirmei com a cabeça. – Tudo se vai resolver, está bem? Tu não vais destruir família nenhuma. O Carlisle não esconde nada da Esme por isso se ele souber que tem uma filha, a Esme também o sabe. Se ele não souber, a Esme vai acreditar nele e vai ajudá-lo a resolver a situação. – Explicou o Jasper. – Eles amam-se e confiam um no outro. É muito difícil separa-los e já houve boatos muito maus, como que o Carlisle dormia com as enfermeiras do hospital e que enganava a Esme a dizer que ia fazer turnos e não os ia, ia ter com outras mulheres. Eles já passaram por isso e não foi isso que os separou.
- A Esme não se vai importar de ele ter uma filha de outra mulher? – Perguntei para ele.
- Não, pelo que eu conheço dela, não. Não me admiraria se ela começasse a tratar de ti como uma filha. É assim que a Esme é. Ela tem um amor incondicional por toda a gente.
- Conheces ela há muito tempo?
- Praticamente desde que nasci. – Respondeu ele sorrindo um pouco.
- Achas que ela irá gostar de mim? – Perguntei preocupada. Eu queria tanto que ela gostasse de mim. Queria que ela me aceitasse.
- Tenho a certeza. – Respondeu ele muito convicto. Sorri fraco com o que ele disse. Eu iria tentar outra vez. Hoje, não. Hoje, já tive emoções suficientes. Mas eu iria falar com o meu pai. Apenas tinha que arranjar coragem.
- Jasper, vou para casa. – Disse. Queria estar sozinha para pensar.
- Queres que eu vá contigo? – Perguntou prontamente.
- Não, Jasper. Desculpa mas preciso de estar sozinha. – Expliquei-lhe. Ele sorriu para mim e acariciou a minha bochecha.
- Eu compreendo. Vemo-nos amanhã?
- Claro. – Respondi sorrindo. – Amo-te tanto. – Disse beijando-o carinhosamente.
- Eu também, minha pequena. – Disse ele sorrindo. – Fica bem.
Sorri para ele e depois andei até casa. Estava muito cansada, tanto fisicamente como emocionalmente. Só queria deitar-me no sofá e ficar ali o resto da tarde. Mal cheguei a casa atirei-me para o sofá e passado um bocado adormeci.

Carlisle
Tinha acabado de chegar a casa com a minha Esme. A viagem tinha sido fantástica. Tinha descansado e relaxado muito. Era uma pena que amanhã já teria que ir trabalhar e tinha que me afastar dela.
Neste momento, estava com ela e com os meus dois filhos no jardim a falar e a rir. Estávamos a contar-lhes sobre a nossa viagem. Durante um momento da conversa, comecei a sentir-me observado, olhei em volta e vi uma rapariga a ir-se embora.
- Está ali uma rapariga. – Disse eu. Eles olharam para onde eu estava a apontar. Ainda se via um pouco dela mas ela já estava muito ao longe.
- Parecia a Alice. – Disse o Emmet.
- Pois parecia. O que será que ela vinha cá fazer?
- Não sei. Se calhar veio à procura do Jasper. – Disse um Emmet. Quem seria essa Alice? Nunca tinha ouvido falar de nenhuma Alice aqui em Forks.
- Quem é essa menina, queridos? – Perguntou a Esme curiosa.
- É nova na cidade. Só a conhecemos há uns dias. Ela mora no anexo da casa da Bella.
- Porque é que ela veio para cá? – Perguntei. Estava intrigada com esta menina.
- Não sabemos. Ela é muito misteriosa. – Disse o Emmet.
- Apenas sabemos que se chama Alice, tem dezassete anos, vem de Seattle, a mãe morreu e nunca conheceu o pai, por isso, vive sozinha. – Explicou o Edward. Olhei instantaneamente para a Esme. Ela também pensou no mesmo que eu porque estava a olhar para mim. Voltámos a olhar para os nossos filhos e eles estão com um olhar cúmplice. Eles sabiam mais qualquer coisa.
- Vocês sabem algo mais, queridos. – Disse a Esme sempre perspicaz. – Porque não nos contam?
- Nós desconfiamos de uma coisa mas não queremos dar esperanças. – Explicou o Edward.
- Contem-nos, queridos. – Insistiu a Esme.
- Quando eu e o Emmet a conhecemos, achamo-la familiar. Como se ela nos lembrasse alguém. O que mais me chamou a atenção foi o sorriso dela e ao Emmet foi a maneira de ela de ser, tímida e reservada. Só que nós não sabíamos de onde achávamos isso familiar. Então não falámos mais nisso. Depois eu acabei por ir ao vosso quarto para ir buscar um livro e vi a foto da mesa-de-cabeceira do pai. Vi a foto da nossa irmã e reparei que ela tinha muitas semelhanças com esta rapariga. A cor dos olhos, o tom da pele, a cor do cabelo. E depois percebi de onde o sorriso era-me familiar. O sorriso dela fazia lembrar-me do teu sorriso pai. – Disse o Edward. – Eu acho que ela é a bebé da foto. Mas nós não temos a certeza, é apenas uma desconfiança. – Acabou de explicar. Fiquei em silêncio por uns minutos a absorver tudo o que o meu filho me tinha dito. Será que era mesmo ela? Será que eu ia encontrá-la finalmente?
- Eu queria ir falar com ela. – Disse calmamente. Eles sabiam o desejo que eu tinha de encontrar a minha filha. Durante todos estes anos, eu tentei descobrir o paradeiro dela, mas não consegui.
- Eu acho que ela trabalha de tarde. – Disse o Emmet.
- Sim e chega tarde a casa.
- Querido, vamos falar com ela amanhã de manhã. Pode ser que a apanhemos em casa. – Disse a minha Esme.
- Está bem. – Eu queria tanto que esta menina fosse a minha filha. Queria tanto ter a minha filha comigo. A Esme percebeu o que eu estava a pensar e afagou-me a mão para me reconfortar. Ela também queria descobrir a minha filha. A Alice para ela era como se já fosse uma filha, eu via isso nos olhos dela.
- Querido, vai correr tudo bem. Amanhã, falamos com ela e esclarecemos tudo. – Disse ela sorrindo para mim. Sorri também para ela.
O resto do dia, foi passado em casa com a companhia da família. Continuamos a conversar sobre como eles passaram a semana e depois acabámos por ir para dentro e enquanto a Esme fazia o jantar, eu e os meus filhos víamos um jogo de basebol na televisão.
Depois de jantar, retirei-me para o meu quarto, onde acabei por adormecer a olhar para a foto da minha filha. Será que era mesmo amanhã que eu a ia conhecer?