New Legends - Cavaleiros do Zodíaco

O glorioso poder da Corrente de Andrômeda


Isabella e Fernanda alcançaram Betinho. O cavaleiro de Pégaso se virou ao ouvir os passos delas, e ficou aturdido ao vê-las.

– Isabella, Fernanda? O Santuário enviou vocês para cá? – indagou ele.

– O Santuário me enviou para cá, sozinha – frisou Isabella, quando Fernanda fez menção de falar. – Essa daí resolveu me seguir, sabe Deus por que, mas até agora ela tem sido útil. Mas isso não importa, Betinho. O Grande Mestre me disse para trazer a Armadura de Libra, pois só com ela, vocês terão alguma chance de destruir os pilares.

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– E como exatamente a Armadura de Libra vai nos ajudar? – quis saber o garoto, contemplando a urna da armadura depois que Isabella depositou-a no chão.

A garota de Taça o fitou, e em seguida olhou para a urna.

– Melhor deixarmos a própria armadura nos responder isso.

Ao dizer isso, ela pôs a mão sobre a urna e pronunciou um comando em grego. Na mesma hora, a urna se abriu, revelando a sagrada armadura da sétima casa zodiacal.

Então a armadura brilhou intensamente e desprendeu um de seus escudos, que fazia parte do conjunto das Armas de Libra; o escudo voou para a mão direita de Betinho.

– É claro! – exclamou Betinho ao admirar o objeto redondo em seu braço. – As Armas de Libra!

– O que tem de especial nas Armas de Libra? – perguntou Fernanda.

– A armadura de Libra é a única armadura de Ouro que possui armas, mas os Cavaleiros de Atena são proibidos de utilizar armas desde os tempos mitológicos – explicou Isabella, sem demonstrar surpresa pela ignorância da rival. – As Armas de Libra só podem ser utilizadas pelos Cavaleiros se Atena e o próprio Cavaleiro de Libra autorizarem, se for necessário. Como não estamos tencionando usa-las para combate, temos a autorização do Grande Mestre e do Cavaleiro de Libra atual para usa-las contra os pilares de Poseidon. As Armas contam com um poder absurdo, poder esse que é grande o bastante para destruir os Pilares. – Isabella fez uma pausa para que os dois ao seu lado absorvessem as informações. – Foi com elas que Seiya e os demais cavaleiros do passado destruíram os pilares do templo anterior.

– Então é isso – disse Betinho, enquanto Fernanda, impressionada com o discurso da rival, contemplava, abobalhada, a Armadura de Libra, provavelmente sem se lembrar de que ela havia feito parte dos Cavaleiros de Aço que haviam-na roubado e tentado usa-la contra o Santuário; aparentemente nenhum deles fazia ideia, na época, da real dimensão do poder guardado na Armadura de Libra, singular entre seus pares de Ouro. – Tenho que concentrar meu cosmo neste Escudo de Libra para derrubar o pilar. E os outros terão que fazer o mesmo com as outras armas.

– Pelo que o mestre Shion me explicou, as Armas tem uma espécie de tempo de recarga de energia cósmica após serem utilizadas, o que impede que vocês utilizem a mesma arma em dois pilares seguidos – continuou Isabella. – Por isso, você estará usando um dos escudos, enquanto os outros Cavaleiros de Bronze deverão utilizar as outras armas, para não danificar o armamento da Armadura.

Betinho olhou para a garota, espantado.

– Como você ficou sabendo de...

– Ah, andei pesquisando um bocado – respondeu a garota de Taça, antes de Pégaso concluir seu questionamento. – Ser pupila do discípulo do aprendiz do Grande Mestre tem lá suas vantagens.

Betinho coçou a cabeça e fez a relação. Realmente, a menina era aluna de Kiki, que era aluno de Mú, que era aluno de Shion. Ou seja, Isabella era aprendiz direta ou indireta de não uma, mas de três gerações de Cavaleiros de Ouro de Áries. Aquela condição não era comum no Santuário, o que fazia dela uma amazona singular. Talvez fosse uma das muitas qualidades dela que havia feito Matt se encantar por ela.

– Apresse-se, Betinho – disse Isabella, tirando-o de seus devaneios. – Eu ainda preciso levar a Armadura de Libra para os outros Cavaleiros de Bronze.

Betinho fez que sim com a cabeça. Ele notou que Fernanda ainda olhava de forma estranha para a Armadura de Libra, como se algo nela a incomodasse, mas não deu muita atenção. Ele se virou para o pilar.

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– Queime, meu cosmo. – Ele correu em direção ao pilar. – Conduza esta arma de Libra ao seu objetivo!

Ele arremessou o Escudo de Libra contra a edificação. O objeto dourado voou até se fincar na parede externa do pilar. No mesmo instante, uma enorme rachadura começou a se estender da base até o topo do Pilar do Pacífico Norte, dividindo-o em dois e produzindo um enorme baque no solo do Templo Submarino quando as partes caíram.

– Isso! – exclamou Betinho.

– Muito bom, Betinho – comentou Isabella, enquanto o Escudo de Libra voava de volta para sua armadura. A urna voltou a se fechar. – Agora, temos que...

Ela se interrompeu. A uma pequena distância, ela sentiu dois cosmos entrando em colisão. Um deles era extremamente familiar.

– Rina – exclamou ela.

– Eu senti também – disse Betinho. – Melhor vocês irem até ela.

– E você? – perguntou Fernanda.

– Vou por aquele caminho... como ele segue para o norte, acho que deve levar ao Pilar do Atlântico Norte. Sugiro que vocês duas vão por aquele outro caminho, o do sul, que levará ao Pilar do Pacífico Sul, já que estou sentindo o cosmo da Rina naquela direção.

– Sim, obrigada – disse Isabella, se recuperando da impressão que tivera ao sentir o cosmo da amiga. – Boa sorte, Betinho.

– Para vocês também – disse ele, mas, antes que ele se distanciasse, Fernanda disse:

– Você sabe como o Matt está?

Isabella mordeu o lábio ao perceber a astúcia da rival, que havia perguntado por Matt antes dela. Betinho fitou a amazona de Aço e respondeu:

– Eu ainda não senti o cosmo dele se engajar em alguma batalha, portanto acho que ele está bem. Ainda deve estar percorrendo as trilhas que levam aos pilares... Como vocês duas já perceberam, são bem longas.

– Verdade – cortou Isabella, antes que a rival pudesse agradecer a Betinho. Ela pendurou a urna da Armadura de Libra nas costas novamente e pôs-se a andar depressa. – Por isso, temos que nos apressar. Até mais, Betinho.

– A gente se vê, Pégaso! – exclamou Fernanda, correndo para acompanhar os passos da rival, enquanto o cavaleiro de Bronze respondia com um aceno e se dirigia pelo outro caminho.

...

...

...

...

Io pareceu surpreso por ver Rina, mas seu semblante não demonstrou apreensão.

– Ora, Andrômeda... Você voltou. Já vi que você vai dar trabalho. Pode deixar, não vou deixar você sentir saudades das Bestas de Scylla por mais tempo. Vou atacar você com cada uma delas, e você vai ter a honra de escolher qual besta será a responsável por sua morte!

A garota brandiu sua corrente.

– Pode tentar.

– Aqui vou eu, Andrômeda! – exclamou ele. – Sinta o poder de Io de Scylla! Ferrão da Abelha Rainha!!

Rina observou quando os feixes de luz disparados por Io se transformaram na ilusão de abelhas. Ela se concentrou, e lançou seu comando para a corrente.

– Vai corrente!!! Teia de Aranha de Andrômeda!!

A Corrente de Andrômeda assumiu a forma de uma gigantesca aranha, que envolveu as abelhas de Io e as destroçou. O próprio General Marina sentiu na pele o efeito do golpe, pois teve parte de sua Escama destruída.

– Argh! – praguejou o General, ao ver sua armadura danificada. – Garota insolente! Então você também aprendeu a modificar a forma de sua corrente? Pouco importa! Com o cosmo desta minha nova vida concedida por Hades, vou intensificar o poder das Seis Bestas de Scylla até que você seja exterminada!

– Primeira lição: um golpe nunca funciona duas vezes contra um Cavaleiro. – Rina estendeu sua corrente pelo chão e pelo ar de forma a intimidar o adversário, e exibiu um largo sorriso de confiança. – Segunda: nunca subestime uma garota. Terceira: nunca subestime uma garota de Andrômeda. Quarta... Você ainda não viu um terço do real poder da Corrente de Andrômeda. Venha, Io!

– Vou acabar com essa sua marra e com esse sorriso no seu rostinho, garota! Águia Poderosa!!

– Rede de Andrômeda!!

Assim como no golpe anterior, Rina esperou que os feixes de luz se aproximassem da corrente e tomassem a forma de um dos animais para liberar sua técnica. A águia de luz voou baixo para ataca-la, e a corrente tomou a forma de uma enorme rede de caça, que aprisionou e eletrocutou a ave.

Io berrou de dor ao sentir as asas de sua escama de Scylla se partindo com o impacto do golpe. Mas o General não se deixou abater, e preparou seu ataque seguinte.

– Serpente Assassina!!

Mais uma vez, Rina captou o movimento dos feixes de luz ao se transformarem na gigantesca serpente, que se empinou para dar o bote; ao mesmo tempo a Corrente de Andrômeda assumiu outra forma de defesa...

– Espiral de Andrômeda!!

As correntes adotaram um formato de espiral que foi ao encontro da cobra e a envolveu, esmagando-a. Desta vez, o sangue que saiu da serpente saiu também do corpo de Io, cujos lados do tronco se rasgaram com o impacto do golpe, manchando e tingindo sua escama de vermelho vivo.

O general do Pacífico Sul não se intimidou, e elevou seu cosmo na medida do possível para efetuar o próximo golpe.

– Ataque Vampiro!!

Rina também fez seu cosmo subir, aumentando sua agilidade de observadora para preparar a corrente para deter o novo golpe. Quando os feixes de luz tomaram a forma de morcegos, a corrente tomou a forma de um largo objeto retorcido e triangular.

– Bumerangue de Andrômeda!!!!

Os morcegos foram cortados ao meio pela nova formação ofensivo-defensiva da corrente, e o elmo da escama de Io, que controlava a movimentação dos morcegos, se partiu em dois com o impacto do golpe.

O general tentou sua última cartada, mesmo estando visivelmente com graves ferimentos, e lançou as duas últimas bestas.

– Fúria do Lobo!!

– Armadilha de Andrômeda!!

Mais uma vez, os feixes de luz tomaram traços de animal, desta vez os de um lobo, e avançaram, mas a corrente tomou a forma de uma pisadeira, semelhante a uma ratoeira porém de tamanho maior, e decepou as patas do lobo. O ganido de dor da ilusão foi o mesmo ganido proclamado por Io, que mesmo com dificuldades de se manter em pé, lançou seu último ataque:

– Urso Infernal!!

Os feixes de luz tomaram a forma de um gigantesco urso pardo.

– Grande Captura de Andrômeda!!!

A corrente assumiu a forma de uma rede colossal, quatro vezes maior que a rede produzida pelo golpe “Rede de Andrômeda”, e que se fechou em torno do mamífero e cortou seu corpo em milhões de pedaços.

Com esse golpe, Io desabou de joelhos. Sua escama agora estava rachada em todos os pontos visíveis. Cada uma das bestas representava uma parte vital da escama e, com todas as bestas derrotadas, a escama estava quase sem vida, e provavelmente estaria em pior estado se não estivesse envolvida pelo cosmo de Hades. Rina se deu conta de que o jogo havia virado: assim como Io havia feito ela se sentir um cadáver vivo com a sequência de seus golpes, ela havia reduzido ele a um corpo quase sem vida com seus contra-ataques da Corrente de Andrômeda.

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– Assim, você aprende a não desrespeitar a Corrente de Andrômeda mais uma vez. – Ela olhou para o homem cabisbaixo uma última vez, e em seguida se voltou para o Pilar. – Agora, com você fora de combate, posso planejar uma forma de destruir o pilar sem interrupções.

Ela deu dois passos em direção ao pilar, mas parou ao ouvir a voz de Io.

– Hi, hi... Derrotado duas vezes, em vinte anos, pela mesma combinação de técnicas. Quem diria? Mesmo protegido pelo cosmo de Hades... É, como você disse, você é bem diferente do seu mestre na atitude, mas é bem semelhante a ele em muitas coisas, por exemplo, no que concerne ao poder de batalha de ambos. Mas... Isso não basta para me vencer, Andrômeda.

– É mesmo? Olhe para o seu estado! – alertou Rina. – Você mal se consegue manter em pé. Não me obrigue a te ferir ainda mais, porque se eu tiver que fazê-lo, não hesitarei.

– Isso não é problema. – Io se levantou e encarou-a. – O cosmo de Hades ainda me sustenta, Andrômeda. Se quer uma luta justa, eu te proporcionarei uma.

– Como queira! Corrente de Andrômeda!! – exclamou Rina.

Subitamente, quando parecia que a corrente iria trespassá-lo, Io saltou para o alto, se esquivando do ataque e planando no ar como uma ave imponente.

– Você me subestimou, Andrômeda! A regra de que não adianta usar o mesmo golpe duas vezes contra o mesmo oponente também vale para nós, os Marinas! Agora vai sentir na pele, o verdadeiro poder de Io de Scylla!! Tornado Violento!!

Io ergueu os braços e evocou um ciclone, lançando-o contra a amazona. Ela, que estava com a corrente em modo ofensivo, não teve tempo de montar defesa; porém, devido à intensidade do golpe, ela imaginou que nenhuma defesa sua teria sido útil contra aquela técnica.

Rina gritou; ela foi lançada pelos ares novamente, mas, ao invés de ser arremessada para o alto como da primeira vez, ela se viu jogada em várias direções até ser lançada fortemente contra o chão. Ela sentiu o sangue escorrer de seu nariz por causa do impacto contra o solo.

– Mesmo que destrua todas as minhas bestas, ainda tenho o poder de evocar as terríveis tempestades que afetam as áreas banhadas pelo Oceano Pacífico Sul! – bradou Io. – Assim, Andrômeda, fica claro que a diferença abissal entre nossos poderes faz com que sua corrente, com todas as suas variações, se torne inútil na atual situa...

Ele se interrompeu. Rina estava se erguendo e, quando usou as mãos para se apoiar no solo como um impulso para se levantar, começou a rir levemente.

– Uma técnica de vento? Sério? – ela se levantou totalmente, encarando o General com escárnio no olhar e com um sorriso confiante. – Vento? Logo vento? Saiba, General de Scylla... Nós, Cavaleiros de Atena, evoluímos muito desde a última guerra entre Atena e Poseidon. Agora, cada Cavaleiro possui o domínio sobre um dos elementos básicos da natureza em seus cosmos e em suas técnicas secretas. Às vezes, dependendo de quão forte é o Cavaleiro ou Amazona, ele ou ela pode controlar mais de um elemento. E eu e meus amigos Cavaleiros de Bronze somos assim. Eu uso minhas correntes na maior parte do tempo para não esgotar meu cosmo rapidamente em combate, como acontece com muitos Cavaleiros que precisam da energia cósmica para manipular os elementos. Você disse que enfrentou meu mestre Shun... Pois bem, meu elemento principal é o mesmo que o dele! Então, General de Scylla... Você sabe QUAL é o meu elemento? E sabe, agora, porque é inútil utilizar tal elemento contra mim??

Enquanto ela terminava de pronunciar essas palavras, dois estranhos fenômenos aconteceram no local. O ar que cercava o Pilar do Pacífico Sul se condensou em torno da garota, indo ao encontro dela e se curvando, como um servo que vai ao encontro de seu senhor. Ao mesmo tempo, a armadura de Andrômeda começou a emitir um forte brilho, que assumiu uma coloração dourada, como se a armadura de Bronze tivesse se transformado em uma Armadura de Ouro.

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No Santuário, os Cavaleiros de Ouro do passado estavam reunidos às portas da Sala do Mestre, contemplando o clima torrencial que havia se abatido sobre a Grécia e sobre o Mediterrâneo. As chuvas intensas estavam fazendo o nível do mar subir na encosta da região, mas a oração constante de Atena fazia o cosmo dela envolver o Santuário e as cidades vizinhas, impedindo-as de serem atingidas pelas chuvas.

– É impressionante – comentou Mú de Áries.

– Sim, essas chuvas estão se abatendo sobre toda a costa do Mediterrâneo, ao mesmo tempo! – exclamou Aldebaran de Touro, espantado. – E não é só aqui...

– Não é isso – cortou o ariano. – Estou me referindo ao cosmo de Atena. O mestre Shion uma vez me contou que durante a guerra santa do século XVIII o cosmo dela foi capaz de englobar todo o Santuário em uma barreira protetora. Agora, no entanto, o cosmo de Atena está se estendendo até às cidades da região metropolitana de Atenas, o que implica dizer que Atena conseguiu erguer uma barreira pelo menos três vezes maior do que a barreira de trezentos anos atrás. – Mú se voltou para a Estátua de Atena, onde Saori estava parada, de olhos fechados e com as mãos estendidas, uma delas segurando seu cetro, concentrando seu cosmo para retardar a grande inundação provocada pelo poder liberado de Poseidon no Grande Suporte Principal, controlado por Hades. – Só posso concluir que o cosmo de Atena aumentou espantosamente sua capacidade nas últimas décadas.

– Mú está certo – disse Saga de Gêmeos, também contemplando a barreira de Atena se intensificando. – Mesmo já com esse esforço para manter a barreira, Atena também tenta expandi-la. Quer impedir a todo custo que os inocentes sofram com as consequências das inundações.

– Mas, ainda assim, não é o bastante. – Camus de Aquário se adiantou, com um semblante sério e sereno, e contemplou seus colegas. – Para tentar se proteger de Hades, que tenciona destruir seu hospedeiro, o cosmo de Poseidon está, inadvertidamente, liberando toda a força do imperador dos oceanos contra a população da Terra. Alguns países já estão sentindo os efeitos... Recebi uma carta de Asgard hoje cedo, deve ter sido endereçada ao Hyoga e veio parar no Santuário por engano. Os habitantes de lá estão apavorados, pois as geleiras, mesmo com as orações de Hilda de Polaris, continuam desmoronando e provocando a devastação da costa setentrional.

– E pelo que os jornais noticiam, os países que estão abaixo do nível do mar, os arquipélagos oceânicos... Todos estão sofrendo os mesmos danos. – Milo de Escorpião postou-se ao lado de seu melhor amigo, que no passado enfrentou um Titã ao seu lado e guardava a terceira casa zodiacal depois da sua. – Holanda, Bélgica, Irlanda, Inglaterra, Austrália, Indonésia... até mesmo o Japão está sendo afetado.

– Seria bom se os Cavaleiros de Ouro atuais retornassem logo de suas expedições. – Aiolia de Leão cruzou os braços ao dizer isso. – Seiya... Torço para que você e os demais obtenham sucesso em mobilizar todos os cavaleiros espalhados pelo mundo. Se a ordem de eventos da guerra santa na qual lutamos da última vez se repetir, sabemos muito bem o mal que pode se abater sobre o Santuário. E sobre o mundo.

– Ela vai se repetir – proclamou Dohko de Libra. – Está mais do que claro. O esforço de Atena não é à toa. Ela também está se preparando para uma próxima batalha, ao mesmo tempo em que faz o possível para retardar as inundações de agora. Como bem disse o Mú, o cosmo dela se tornou tão poderoso a ponto de se desdobrar em inúmeras funções ao mesmo tempo. Estou agoniado só de sentir o cosmo daqueles meninos Cavaleiros de Bronze lá, no Templo de Poseidon, arriscando suas vidas para encerrar a inundação enquanto nós temos que ficar aqui, plantados no Santuário. Se ao menos eu tentar conversar com o Shion, talvez ele...

– Com todo o respeito, Mestre Ancião, e meus colegas Cavaleiros de Ouro... Vocês estão sendo pessimistas demais. – Aiolos de Sagitário andou até ficar um pouco distante do grupo, e em seguida os olhou nos olhos, um por um, com ar de reprovação: Mú, Saga, Dohko, Milo, Camus... até seu próprio irmão. – Depositem pelo menos um pouco de sua fé nesses Cavaleiros de Bronze. Pra começo de conversa, eles aprenderam a ser persistentes com seus mestres, os Cavaleiros de Bronze da nossa época. E depois, eles tiveram coragem e determinação para peitar até mesmo os poderosos Cavaleiros de Ouro, tanto a geração de vocês quanto a geração atual. Poder não lhes falta, sabedoria muito menos, bravura idem. Ou já se esqueceram de quando eles os enfrentaram? O que você me diz... Saga!

Ele incitou o geminiano a falar, no que o outro cedeu.

– Verdade. Os moleques elevaram seu cosmo ao máximo quando me enfrentaram, mesmo que tenham tido ajuda do Leandro. Conseguiram até fazer frente ao meu próprio irmão.

– O Fênix me derrotou com meus próprios golpes – recordou-se Camus. – E o Cisne atual é discípulo do Hyoga. Também sinto um pragmatismo e uma ousadia singulares nele... Mais até do que sentia no Hyoga quando ele era um Cavaleiro de Bronze. Eles também fizeram um grande esforço ao vencer os Cavaleiros Negros e recuperar minha armadura.

– Eles cinco conseguiram resgatar minha armadura daquele ladrãozinho – falou Máscara da Morte, que estivera quieto até então. – E o garoto de Dragão me venceu bonito.

– Rina... Ela é uma menina especial. Uma guerreira singular e destemida. – Afrodite de Peixes estava com os olhos marejados. – Tive a honra de ser purificado após ser derrotado por ela. Minhas preces estão com ela e seus companheiros. A Liège, minha sucessora, também reconheceu o valor e o caráter dela em batalha.

– A Isabella está com eles, e vejo nela uma tenacidade tão grande quanto a do Kiki quando lutou na guerra contra Marte. – Mú de Áries fitou o céu. – Fico mais tranquilo ao me lembrar de que ela os está auxiliando.

– Hey, os guris também resgataram minha armadura. E o Gustavo me faz lembrar muito o Shiryu... Não dá pra não se afeiçoar ao menino – admitiu Dohko. – Que ele e seus amigos tenham sucesso nessa empreitada, e em todas pelas quais tiverem de se empenhar.

– Betinho é um grande guerreiro. Acho que é o mais cabeça-dura e o mais determinado dos cinco... Heh, esse assim dá gosto de chamar de aliado! – exclamou Aldebaran. – O mesmo vale para os outros quatro.

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– Minha irmã Rina a cada dia cresce como amazona. Ela é digna de ser a primeira mulher a ser a guerreira de Andrômeda... Ela é quase como se fosse uma reencarnação da própria princesa da Etiópia. – Milo de Escorpião tirou um cisco do olho. – E eu senti o cosmo do Thiago se erguer maravilhosamente quando ele enfrentou o Koji. Os outros não ficam atrás!

– Senti o poder do Dragão pelo cosmo do Javier, quando ele o enfrentou, e quando emprestei a ele minha armadura para enfrentar o Máscara da Morte. – Shura de Capricórnio sorriu aliviado e retribuiu o olhar de Aiolos, seu antigo amigo, que desta vez o olhava com gratidão. – E o Fênix também foi esplêndido ao me enfrentar.

– Perdoe a dureza de nossos corações, irmão. – Aiolia de Leão se adiantou e ficou de frente para o Cavaleiro de Sagitário, que, outrora, tinha sido o herdeiro legítimo do cargo de Grande Mestre. – Talvez por estarmos nessa situação de pós-vida, em que não passamos de meros espectadores desta guerra santa... Talvez tenhamos ficado mais céticos. Mas você e suas palavras nos fizeram abrir os olhos. Obrigado.

– Sim, sim... Ouçam as palavras de Aiolos, Cavaleiros de Ouro. – Shaka de Virgem, que até então não havia se manifestado, voltou-se para a direção de Atena. – Que nossos cosmos possam orientar sabiamente os Cavaleiros de Bronze desta geração, para que superem os Generais Marinas. Não será em vão. Como evidência... – ele se virou para o lado onde seus companheiros estavam e, mesmo sem abrir os olhos, apontou para os céus. – Vejam!

Os outros onze Cavaleiros de Ouro do século XX olharam para onde o virginiano apontava. Por um momento fugaz, a chuva torrencial do lado de fora da barreira cessou de castigar a costa grega. Ao longe, no horizonte, eles podiam ver ainda as nuvens de chuva, mas uma faixa do céu a noroeste da Grécia ficou límpida. A chuva retornou a cair depois de alguns instantes, mas aquela visão tinha sido o suficiente para que os Cavaleiros compreendessem o que havia acabado de acontecer.

– A chuva cessou em um dos lados do globo – intuiu Shaka. – Os Cavaleiros de Bronze devem ter conseguido destruir o primeiro dos sete pilares.

– Com isso derrotaram o primeiro dos Generais Marinas – acrescentou Saga. – Com Sorento ao nosso lado, restam ainda cinco Generais.

– Eles são mesmo os discípulos de Seiya e dos outros. – Aiolia estava orgulhoso. – Agora sim, temos certeza de que eles são as pessoas certas para confiarmos a defesa do Santuário e da humanidade!

– Aquele lado do globo, por estar a noroeste daqui, e por estar tão longínquo... Deve ser a área do Oceano Pacífico Norte – deduziu Mú. – Eles acabam de fazer as chuvas cessarem sobre os países banhados por aquelas águas.

– Milhões de pessoas de pelo menos uns vinte países acabam de ser salvas por eles – afirmou Milo. – E eles nem fazem ideia disso.

– Mas ainda restam sete bilhões a serem salvos, Milo, meu amigo. – Camus ainda estava sério, mas parecia tranquilizado com as palavras do Cavaleiro de Escorpião, e pôs a mão no ombro deste. – Vamos seguir o conselho de Shaka e Aiolos. Vamos depositar nossa fé e nossa confiança nesses Cavaleiros.

Milo e os outros Cavaleiros concordaram com ele, e se puseram a concentrar seus cosmos na luta que se estendia pelo Templo Submarino. Aiolos, satisfeito e tranquilizado com a mudança de postura dos Cavaleiros de Ouro, postou-se ao lado do irmão e fez uma prece em seus pensamentos, direcionada aos Cavaleiros de Bronze e, ao mesmo tempo, ao grupo de Seiya, que estava espalhado pelo mundo.

Continuem firmes, jovens Cavaleiros da Esperança de ontem e de hoje. Nosso cosmo e nossa esperança estão com vocês!

Nenhum deles notou, mas nesse momento, Saori, que estivera ouvindo toda a conversa despercebida, sorriu levemente ao ouvir a prece de Aiolos.