New Girl

Call Me Maybe?


Às exatas 6h40m da manhã, o que antes era silêncio, agora havia sido invadido pelo som de meu despertador. Cocei meus olhos e ajeitei o cabelo com as mãos. A luz já entrava pela fresta da cortina. Sentei-me na cama e me espreguicei por longos minutos. Depois de tentativas inúteis de espantar a preguiça, resolvi me levantar de qualquer maneira, mas logo me dirigi ao meu banho gelado, para que assim eu pudesse despertar. Após um banho não muito longo, saí do banheiro e já pude ouvi a movimentação da minha mãe no andar de baixo, provavelmente batendo alguns pratos ou portas de armários na cozinha. Me arrumei, penteei meus cabelos, peguei um livro e algumas outras coisas que eu precisaria levar para o colégio e finalmente desci, a encontrando na cozinha.

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– Bom dia mãe – Sentei-me à bancada, colocando os livros ao meu lado

– Bom dia Quinnie, dormiu bem?

– Sim… E a senhora?

– Também… O que quer para o café? Nada de bacon por hoje…

– Porque não? – Fiz bico

– Faz mal ficar comigo isso todo dia… Ande escolha outra coisa.

– O que você fizer está bom para mim, mãe.

Ouvi o toque do meu celular soar na cozinha, então eu o peguei em cima dos livros e vi o nome de Rachel.

– Bom dia – Ela disse, alegre

– Bom dia!

– Não te acordei, não é?!

– Não… Claro que não. E mesmo se tivesse não teria problema.

– Ah, menos mal – Ela riu levemente – Então, queria saber se não quer uma carona até o colégio. Meus pais vão sair para trabalhar no mesmo horário que eu, e então me levarão ao colégio.

– Claro, eu adoraria.

– Passaremos aí daqui a cinco minutos, está bem?

– Estarei esperando

– Está bem, beijo.

– Rachel? – Minha mãe perguntou enquanto eu colocava o celular sobre a mesa novamente

– Sim, sim. Me ofereceu carona para o colégio.

– Ela já vai chegar? Porque eu devo demorar um pouco com o café

– Então deixa pra lá… – Peguei uma maçã na fruteira em cima da bancada e dei um beijo rápido em sua bochecha – Tchau mãe.

Saí rapidamente fiquei parada na calçada, bem perto da rua, de maneira que eu pudesse ver quando o carro chegasse. Comecei a morder minha maça e em poucos minutos avistei o carro na esquina. Assim que o mesmo se aproximou, parou ao meu lado e eu entrei pela porta de trás.

– Bom dia – Tentei ser o mais simpática possível

– Bom dia – Os pais de Rachel responderam no mesmo tom enquanto ela simplesmente atacava minha bochecha, me segurando com uma das mãos

Em poucos minutos estávamos no colégio. Seus pais nos deixaram na entrada do estacionamento, e então nós descemos do carro e entramos pelo estacionamento, parando à frente da porta de entrada.

– Pronta? – Ela perguntou

– É claro – Respondi sem dúvida

Com uma das mãos, postei meus livros ao lado do corpo e com a outra, peguei em sua mão e a segurei forte. Ela empurrou a porta e então entramos. O movimento nos corredores já era intenso. Começamos a andar lentamente, passando entre as pessoas. Algumas delas davam alguns olhares bem rudes, outras olhavam e fingiam que não viam, e a grande maioria, não ligava mesmo. Finalmente chegamos ao meu armário. Apoiei-me sobre o mesmo, virada para ela.

– É impressão minha ou tudo está acontecendo de uma boa maneira? Parece que tudo está dando certo! – Ela comentou

– Verdade – Eu apenas sorri, mas estava pensativa

Era muito estranho tudo estar dando certo dessa maneira. Não queria me sentir assim, mas algo que me dizia que alguma coisa ainda daria errado, muito errado. E quando eu pensava nisso, só um nome vinha a minha mente: Megan. Queria muito que essa garota nunca mais aparecesse por aqui, mas algo me diz que isso não acontecerá. Conheço o tipo dela. Se acha auto-suficiente demais para deixar barato desta maneira tudo o que aconteceu na festa.

Finalmente o som do sinal se fez ouvir, e para minha alegria, tínhamos Glee Club no primeiro tempo. Entramos juntas na sala e a grande maioria já estava ali. Senti apenas a falta de Puck. Sentamos juntas nas últimas cadeiras, ao lado de Tina e Mike. Pude perceber que Finn estava sentado à primeira fileira, totalmente quieto enquanto todos conversavam. Até quando ele ia ficar assim?! Não que eu me importasse com ele, mas se ele está assim é por causa da minha namorada, e isso me dá muito medo de que por causa disso, ele faça algo para nós.

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Sr. Schue finalmente entrou na sala e nos pediu para fazer silêncio.

– Pessoal, Puck quer falar com vocês.

Nesse momento, Puck entrou na sala e atrás dele, Sam. Droga. Era o loiro com boca grande do dia da festa que quis me beijar.

– A maioria de vocês já conhecem o Sam, mas alguns não então, se apresenta ai Sam – Puck tocou o ombro dele e logo em seguida se sentou, deixando no centro da sala com Will

– Oi, meu nome é Sam – Ele deu um sorriso meio sem-graça – Moro em Ohio desde sempre, mas eu estudava em um internato só para garotos. Meus pais precisaram se mudar para Lima, então como eu já conhecia Puck, ele meio que me convenceu a vir para o Mckinley. É isso – Ele sorriu

– Seja bem vindo Sam – Alguns disseram juntos

– Quantas bolas cabem na sua boca? – Brittany comentou interrompendo o momento “recepção amigável”

– Como? – Ele perguntou sem jeito

– É, quantas bolas de tênis cabem na sua boca. Porque caramba! A última vez que vi uma boca como essa foi quando meu pai pescava trutas.

– É isso ai, Boca de Truta – Santana se juntou a namorada – Bem vindo ao grupo

O pessoal voltou a falar com ele, evitando que ele ficasse sem graça com os comentários de Santana. Eu apenas contive a risada. Até que ela tinha razão sobre os lábios dele.

– Então Sam, gostaria de cantar alguma coisa pra gente? – Will pediu

– Claro, porque não.

Ele se dirigiu a banda e sussurrou algo no ouvido do baterista. Pegou o violão que ali estava encostado e voltou ao centro da sala.


I threw a wish in the well

Don’t ask me I’ll never tell

I looked to you as it fell

And now you’re in my way

I’d trade my soul for a wish

Pennies and dimes for a kiss

I wasn’t looking for this

But now you’re in my way

Todos já haviam reconhecido a música e já estavam animados.

Your stare was holding


Ripped jeans, skin was showin’

Hot night, wind was blowin’

Where you think you’re going baby?

Sam deu alguns passos a frente mas ao invest de cantar para todos como eu pensei que ele fosse fazer, ele veio em minha direção e ficou a me olhar enquanto cantava.


Hey, I just met you and this is crazy

But here’s my number, so call me maybe

It’s hard to look right at you baby

But here’s my number, so call me maybe

Rachel percebeu, é claro. Todos perceberam. Eu não sabia o que fazer. Só dei uma olhada rápida para o lado e vi Rachel me encarando já um pouco irritada, e depois voltando a olhar pra ele. Atrevi-me a olhar para meu outro lado e vi que a maioria tinha a mesma expressão assustada que a minha. Afinal todos ali sabiam que eu estava com Rachel, e eu poderia dizer com quase certeza que ele estava flertando comigo.


Hey I just met you and this is crazy

But here’s my number, so call me maybe

And all the other girls try to chase me

But here’s my number, so call me maybe

Puck percebeu o quão sem graça e se levantou, passando por trás de Sam e pegando a guitarra que estava perto da banda, se juntando a ele, tomando os vocais da música.


You took your time with the call

I took no time with the fall

You gave me nothing at all

But still you’re in my way

I beg and borrow and steal

At first sight and it’s real

I didn’t know I would feel it

But it’s in my way

Agora todos tinham voltado a dar atenção apenas à música, e até se arriscavam a cantar junto com os dois, com uma exceção é claro. Rachel. Ela ainda olhava torto para Sam.


Your stare was holding

Ripped jeans, skin was showin’

Hot night, wind was blowin’

Where you think you’re going baby?

Hey, I just met you and this is crazy

But here’s my number, so call me maybe

It’s hard to look right at you baby

But here’s my number, so call me maybe

Hey I just met you and this is crazy

But here’s my number, so call me maybe

And all the other girls try to chase me

But here’s my number, so call me maybe

Before you came into my life

I missed you so bad

I missed you so bad

I missed you so so bad

Before you came into my life

I missed you so bad

And you should know that

I missed you so so bad

Quando eu pensei que talvez aquilo tudo tivesse sido apenas coisa da minha cabeça, da minha imaginação, ele voltou em minha direção, cantando pra mim novamente.


It’s hard to look right at you baby

But here’s my number, so call me maybe

Hey, I just met you and this is crazy

But here’s my number, so call me maybe

And all the other girls that want my babies,

But here’s my number, so call me maybe

Puck tentou ser o mais delicado possível, mesmo que isso fosse impossível pra ele, e puxou Sam de volta para o centro da sala.


Before you came into my life

I missed you so bad

I missed you so bad

I missed you so so bad

Before you came into my life

I missed you so bad

And you should know that

So call me maybe


Os finalizaram a música e eu ainda estava um pouco desnorteada e ao mesmo tempo, temerosa em relação à reação de Rachel.

– Só tenho a dizer, bem vindo ao Glee Club – Sr. Schue disse, indo até ele e lhe tocando o ombro

Pra minha salvação, o sinal tocou. Todos se levantaram e eu fiz o mesmo. Senti que Sam iria falar comigo e eu já comecei em pensar em alguma coisa para dizer, quando fui bruscamente puxada por Rachel até o lado de fora da sala.

– Que diabos foi aquilo? – Ela me colocou contra a parede

– Aquilo o que?! – Tentei parecer não saber sobre o que ela falava, mas Rachel não era nem um pouco burra, e ainda odiava joguinhos

– Quer parar e me dizer logo?!

– Não sei, oras. Estou tão surpresa quanto você!

– Ah, então o garoto novo começa a flertar com você do nada e você não faz a mínima idéia do por quê?!

– Er.. Mais ou menos isso.

Ela ficou me fitando um pouco irritada, como se soubesse que havia algo a mais, fazendo-me sentir culpada por não ter dito nada ainda.

– Está bem, está bem.

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– Eu sabia! O que foi? Ele já deu em cima de você outras vezes não foi? Ele tentou te beijar?! Quinn, não me diz que ele tentou de beijar?!

– Não Rachel, não viaja, ta?! Calma, eu vou te explicar tudo! Mas não aqui, e não agora. Temos que ir pra aula.

– Não ouse me esconder nada Fabray!

– Ah não, sem isso de me chamar pelo sobrenome, está bem? Preferia mil vezes quando me chamava de amor.

Consegui tirar aquela pose de irritada que ela tinha antes, e arranquei dela um leve sorriso.

– Anda, vamos para a aula. Prometo que te conto tudo depois, está bem? Não tem motivos pra se preocupar.

Peguei sua mão, e puxando outro assunto qualquer, seguimos para sala.

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Depois de dois tempos de aula, o sinal finalmente bateu nos liberando daquela sala. Mal tive tempo de sair e Rachel já se colocou ao meu lado, tomando minha mão.

– Rachel, calma. Eu não vou fugir.

– Só pra garantir – Ela riu

– Venha, vamos até a sala do coral. Está vazia essa hora.

Seguimos até o local em silêncio, e quando lá chegamos, me sentei em uma das cadeiras, quando ela ficou em pé na minha frente, com as mãos nos quadris.

– Rachel, quer sentar, por favor?

Pedi, e mesmo a contra gosto, ela puxou uma das cadeiras e se sentou à minha frente.

– Promete a mim que não vai se exaltar?

– Se não for nada de mais como você mesma disse, não tenho porque me exaltar. Agora conte.

– Está bem. Eu sei que são poucas as coisas das quais você se lembra da festa de Puck, mas pelo menos se lembra de que jogávamos o jogo da garrafa, não é?

– Vagamente, mas lembro.

– Então… Enquanto jogávamos, o tal do Sam, o garoto novo, que é amigo de infância do Puck, apareceu lá e Puck insistiu que ele jogasse. Então, mesmo um pouco receoso, ele girou a garrafa e… Ela parou em mim.

Vi os olhos de Rachel redondos e arregalados devido à surpresa ou medo, não sei. Temi a reação dela diante do que eu havia dito.

– Espera, espera… – Ela levou as duas mãos até as próprias bochechas e as deixou ali – Você o beijou?!

– Não! Não! Claro que não Rachel! Eu jamais trairia você, e você sabe muito bem disso. Deixe-me terminar de contar. Então… A garrafa parou em mim e ele até se inclinou um pouco realmente achando que eu o beijaria. Olhei pro lado procurado por você, mas não te encontrei, já devia estar na cozinha com Santana há essa hora. Confesso que cheguei a pensar: “Ah, é só um jogo”. Mas provavelmente isso já era o pouco álcool que eu havia ingerido fazendo efeito sobre meus neurônios, porque eu jamais faria isso com você. Foi exatamente por isso que voltei a mim e disse que não faria aquilo. Foi quando me levantei e fui até seu encontro na cozinha. Eu não sei se depois disso ele achou que alguma coisa podia acontecer entre a gente e resolveu dar uma de galanteador e cantar pra mim. Mas eu juro que nunca dei a entender que queria alguma coisa com ele, afinal eu só o vi naquele dia, e depois disso, só hoje mesmo.

Depois de dizer tudo que precisava, fiquei quieta, ainda com o coração excessivamente apertado, esperando que Rachel esboçasse qualquer reação.

– Foi só isso mesmo? – Ela perguntou ainda com a mesma expressão fria no rosto

– Mas é claro que foi só isso.

Um doce sorriso se formou em seu rosto e então seus lábios suavemente se colocaram sobre os meus.

– Surtei um pouco. Desculpe-me.

– Esquece isso. Ah, e fique tranqüila. Assim que eu tiver a oportunidade, direi a ele que tenho namorada e faço questão de te apresentar a ele.

– Não precisa Quinn, não vou te forçar a fazer isso.

– Você não está me forçando a nada, oras. Eu quem quero fazer isso, está bem? Agora é melhor irmos, ainda temos mais um tempo de aula antes do almoço e o sinal já vai bater.

Nos levantamos juntas mas assim que saímos da sala, ela se afastou um pouco.

– Eu preciso ir até meu armário, pegar um livro. Te encontro na sala, está bem?

Eu apenas assenti e então ela ofereceu a mim um meio sorriso e sem seguida sumiu entre as pessoas que passavam no corredor. Segui meu caminho até a próxima aula: História. Em minha opinião, uma das melhores aulas. Entrei na sala e encontrei a mesma vazia. Ótima oportunidade para pegar os últimos lugares. Sentei-me na última carteira do canto, e sem cerimônia alguma descansei meus pés na carteira da frente. Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e comecei a mexer em meu celular. Conectei-me a internet e entrei em meu Facebook, e para minha surpresa havia um pedido de amizade. Depois de eu e Rachel finalmente termos assumido que estávamos juntas, pensei até que perderia amigos virtuais, considerando o quão atrasados as pessoas desse colégio podem ser. Cliquei sobre minhas atualizações e não pude crer no que via. Sam Evans era o nome que aparecia no pedido de amizade. Ou ele era muito insistente ou realmente tinha ficado obcecado por mim. Se eu tivesse visto esse pedido antes daquela cena ter acontecido na sala do coral, eu nem ligaria, seria apenas mais um amigo na minha lista de contatos. Mas depois daquilo tudo… Eu precisava descobrir qual era a dele afinal.

– Achei que o uso de celulares durante o período de aulas fosse proibido

Reconheci a voz de imediato. Bem que eu sempre ouvi um ditado popular que dizia que era só pensar no demônio, que ele aparecia. Não o comparando com o demônio, mas essa perseguição estava me assustando um pouco.

– Se não percebeu, não estamos em período de aula – Tentei ser fria, e apenas o olhei de relance, vendo-o vindo em minha direção

– Não sabia que era tão receptiva assim – Ele parou ao lado da carteira a minha frente, e ficou a fitar meus pés, como se quisesse que eu os tirasse dali.

Apesar da posição confortável em que eu me encontrava, os tirei dali, pousando-os no chão, mas sem tirar o foco de meu celular.

– Não fomos formalmente apresentados – Ele esticou uma das mãos em minha direção – Eu sou o Sam. Sam Evans.

Como um cara aparentemente tímido se tornou nesse novato galanteador de marca maior?!

– Eu já te conheço. Primeiro a festa, depois o Glee Club. Já ouvi seu nome duas vezes. Além disso, acabei de vê-lo novamente na minha lista de amigos pendentes no Facebook.

– Espero que eu tenha sido aceito.

– Se eu fosse você, não contaria com isso…

– Eu duvido fielmente que você tenha me rejeitado

Precisei tirar o foco do meu celular e finalmente encará-lo. Quem aquele cara pensava que era afinal?

– Antes que você me ataque, porque já percebi a irritação no jeito com que você franziu a testa, saiba que eu vim aqui me pedir desculpas.

Não consegui manter a pose de durona, e uma feição curiosa tomou meu rosto.

– Desculpas?

– Sim. Sei que você percebeu minha reação durante a minha música hoje, e acredite, eu nunca disse tanto através de uma música antes, porque eu realmente queria te dar meu número de celular e pedir pra que você talvez me ligue – Ele deu uma leve risada e depois desse comentário eu meio que fui obrigada a acompanhá-lo – Mas peço desculpas porque eu não sabia de algumas coisas antes, fiquei sabendo apenas a poucos minutos, quando Puck meio que me atacou e acabou contando.

– Contando o que? – Fiquei mais curiosa ainda

– Sobre seu namoro. Puck me disse que você é comprometida. Eu não teria feito nada daquilo se soubesse antes que você tinha namorado.

Namorado? Oi?!

– Namorado?

– Sim, oras. Puck me contou que você está num relacionamento de pouco tempo, mas que está muito apaixonado. E eu sinto muito por ter dado aqueles olhares pra você. Espero que seu namorado não tenha visto – Ele deu uma leve risada

Entendi tudo. Puck provavelmente não se sentiu completamente confortável pra dizer a Sam que eu tinha na verdade uma namorada, sem antes falar comigo e então deve ter omitido esse detalhe.

– Olha Sam, você parece ser um cara legal – Eu acho… – Mas nada vai acontecer entre a gente. Eu realmente estou namorando e estou mais feliz do que nunca com essa pessoa, e sinceramente espero que nossa relação dure muito tempo, mais precisamente, para sempre.

– Uau, você está realmente apaixonada. Eu prometo que não vou mais te importunar, nem cantar pra você e muito menos dar em cima de você. Mas, será que podemos pelo menos ser amigos? Você me parece uma pessoa tão legal, tão confiante, sabe? E como eu sou novo aqui, seria muito bom ter uma amiga aqui dentro.

– Claro, podemos ser amigos. Para isso não há impedimento nenhum… Mas saiba que sou muito exigente com minhas amizades, então não adianta simplesmente pedir para ser meu amigo, tem que fazer por merecer – Eu disse em tom de brincadeira, ganhando em troca um sorriso dele

– Posso te pedir uma coisa?

– Já quer começar com favores? Mal começo, mal começo – Brinquei novamente e ele riu da mesma maneira que antes

– Não é isso. É só um pedido mesmo, não é bem um favor.

– Diga.

– Será que poderia conhecer esse cara de sorte?

O sinal tocou e de repente os alunos começaram a entrar na sala, foi quando eu a avistei entrando e logo vindo em minha direção.

– Bom, o cara de sorte eu não posso te apresentar – Eu disse a ele enquanto me levantava – Mas a garota de sorte, com certeza.

Eu sorri para Rachel assim que ela parou ao meu lado, então Sam se levantou com a cara mais confusa que eu já havia visto.

– Rachel, formalmente te apresento o Sam. Sam Evans. – Ela sorriu para ele – Sam, essa é Rachel Berry. Minha namorada.

O sorriso de Rachel permaneceu, mas Sam foi corando cada vez mais enquanto balbuciava algumas palavras, mas nada com nexo saía.

– Prazer Sam – Rachel estendeu uma das mãos para ele, que agarrou um pouco receoso

– Prazer – Ele disse um pouco baixo

– Sentem-se alunos! Temos muito que fazer hoje – A Sr. Hoffman entrou em sala, interrompendo todas as conversas paralelas, inclusive a nossa

Sam apenas se sentou novamente e rapidamente se virou para frente. Rachel sentou-se ao meu lado, logo se inclinando em minha direção, parando seus lábios perto de meu ouvido e sussurrando suas palavras.

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– O que foi isso?

– Nada, ele só ficou um pouco espantado. Puck disse a ele que eu namorava, mas não mencionou que…

– Que era uma garota.

– Exato.

– Bom. Pelos menos agora ele sabe a quem você pertence – Ela lançou um sorriso maroto e voltou à posição em sua carteira, e a professora então começou a aula.

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Um mês depois


Era até meio estranho quando eu parava e percebi como o tempo tinha passado rápido. Até um mês de namoro e eu Rachel já havíamos comemorado. Tá, a primeira parte não foi bem uma comemoração, pois aproveitamos que seus pais comemoravam bodas de alguma coisa lá, porque estavam juntos por vinte anos, e saímos para jantar com eles. Não digo que foi ruim, mas não foi uma coisa só nossa. Mas é claro que tivemos nossa própria comemoração depois. Rachel dormiu em minha casa. Filmes, pipoca, muito riso e é claro, muitos e muitos beijos. Meu relacionamento com ela tinha sido ótimo nesse tempo. Tivemos algumas discussões idiotas ao longo desse mês, como por exemplo, o que assistiríamos sempre que íamos ao cinema. Era quase uma guerra pra decidir. Romance contra comédia. E acreditem se quiserem, era ela quem brigava para assistir comédia. Mas no final, acabávamos por decidir assistir uma comédia romântica, união ótima das nossas duas opiniões. Ao longo desse tempo, o que mais me encantava em nosso namoro, era a intimidade que tínhamos. A antes tímida Rachel Berry, agora de tímida não tinha nada. Nos tornamos mais que namoradas, nos tornamos confidentes, melhores amigas.

Falando em amiga, um fato deprimente foi que Rachel se aproximou de Santana mais do que deveria. Até um “no me gusta” já ouvi sair de sua boca. Mas até que Santana, mesmo tento odiado a idéia do nosso namoro no início, nos apoiava muito agora. E ainda tinha o Sam, que havia se tornado um verdadeiro amigo para mim. Me lembro como se fosse hoje o dia em que o apresentei à Rachel e a reação dele. Hoje ele é um grande amigo, e Rachel se dá muito bem como ele. Mas algumas vezes e me sentia insegura em relação a algumas amizades que tínhamos em comum. Sentia como se ela estivesse largando a vida dela pela minha, seus amigos pelos meus. Foi por isso que passei a incentivar bastante que ela saísse com Kurt e Blaine. Mas isso trouxe uma conseqüência não muito boa. Finn Hudson. Do nada, Finn pareceu ter esquecido tudo que tinha acontecido e voltou a ser simpático e cavalheiro com Rachel, e ela é claro, doce e gentil como é, não o rejeitou, e voltou a tratá-lo como antes. Eu não tinha direito nenhum de interferir. Ele não dava em cima dela como antes, eram apenas bons amigos. Pelo menos era o que ele me passava agora, então desde que não tentasse interferir em meu namoro, eu só podia mesmo era concordar com a reaproximação dos dois.

Comparando os meses anteriores deste mesmo ano, acho que aquele tinha sido o melhor. Mas apesar de todo o lado maravilhoso da história, tinha um lado que me preocupava. Estávamos nos aproximando do final do semestre. Em breve as provas finais estariam chegando. Mas o que me deixava aflita, era a universidade. Várias me interessavam, mas minha preferida, a que mais me chamava atenção era sem dúvidas Yale, em New Haven, mas eu também já tinha considerado outras opções. Independente de qual eu escolhesse e passasse, minha vida mudaria muito. Sendo que, mesmo com toda essa incerteza e pressa porque o final do semestre se aproximava e com isso a graduação também, minha única certeza era que eu não queria me separar de Rachel, de maneira alguma. Mas eu ainda teria tempo para resolver isso tudo com ela, até porque ela mesma não tinha idéia de para qual faculdade se aplicaria, no entanto, ainda tínhamos algum tempinho para fazermos essas decisões.

Até porque, naquele exato momento, essas preocupações estavam fora de minha mente. Era noite das garotas. Resumindo… Uma sexta à noite, todas as meninas do Glee Club na casa de Santana, jogos, filmes e é claro, muita risada. Eu me encontrada deitada sobre as pernas de Rachel, com a cabeça recostada em baixo da sua enquanto seus braços me envolviam. Estávamos no chão, assim como todas as meninas. A única diferença era que estávamos quietas, apenas olhando a discussão.

– Nada disso asiática! Nós não vamos ver esses filmes de terror malucos que você trouxe! – Santana gritava, escondendo os DVDs que tinha trazido atrás do corpo.

– Eu já disse que voto por vemos desenho animado – Brittany se pronunciou

– Nada de desenho! O que acham de uma comédia romântica? – Mercedes sugeriu, e como virou alguns sorrisos, achou que sua idéia tinha sido aceita

– Não, não! Chega desses filmes mentirosos. São todos iguais! O casal se apaixona, algo dá errado então eles brigam. O cara vai, faz de tudo e acaba reconquistando a garota e então eles vivem felizes para sempre. Nunca vi coisinha mais clichê!

– Ei, ei! – Rachel disse em tom mais alto – Dá pra vocês colocarem logo algum filme?! Coloquem logo alguma comédia, seilá. Pelo menos é algo neutro, e não vai ter briga.

– Até que é idéia é boa, Berry.

Santana acabou escolhendo uma comédia qualquer lá e a colocou no aparelho. Todas elas finalmente se ajeitaram ao chão e fizeram silêncio para que pudéssemos assistir. Logo que o filme começou, dei-me conta de que já havia assistido, e sem intenção alguma, acabei cochilando no colo de Rachel, afinal já eram mais de duas da manhã e ainda estávamos ali, desde as nove da noite rindo e falando besteiras.

Acordei sentindo um pouco de frio. Pisquei meus olhos e finalmente percebi que ainda estava no colo de Rachel. Sem me mexer, olhei em volta e vi as meninas jogadas pelo quarto. Eu, Rachel, Tina e Mercedes tínhamos improvisado algumas camas ao chão, mas parecia que Santana e Brittany tinham tomado nosso lugar. Me mexi um pouco e então ouvi a voz de Rachel sussurrar.

– Me perdoa, não queria te acordar – Ela disse

– Não, eu que peço desculpas. Deve estar com o corpo doendo de agüentar meu peso por tanto tempo. Aliás, que horas são?

– Três e quarenta da manhã. – Ela se virou para o relógio na parada e me respondeu em seguida

– Minha nossa. É melhor deitarmos na cama, já que Santana e Britt pegaram nossos lugares. E também não há condições de dormirmos nesse chão puro.

– Claro, claro.

Levantei-me e estendi minha mão, ajudando-a a levantar. A conduzi até a cama e então nos deitamos. Apaguei a luz do pequeno abajur sobre a mesinha de cabeceira, e então me virei para ela, que sorria para mim. Rachel abriu seus braços convidativamente e eu me encaixei em seu corpo sem cerimônia. Aconcheguei meu rosto em seu pescoço, enquanto sentia seus pés brincarem com os meus.

– Boa noite – Eu desejei a ela, mas minha resposta não veio pois o sono já havia lhe tomado.

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– Acorda meu amor

Ouvi uma voz fina soar em meu ouvido, mas o sono só me deixou dar um leve sorriso

– Vamos Quinn, levanta meu amor. Fiz um café bem gostoso pra você – Ouvi a mesma voz novamente.

Rachel tinha feito café para mim? Que coisa linda.

– Anda amor, levanta e me dá um beijo vai?

Tá, agora a voz estava um pouco estranha. Apertei meus olhos e em seguida os abri, e não vi Rachel ao meu lado. Virei meu corpo e dei de cara com Sam e Puck de pé ao lado da minha cama, vermelhos de tanto rir.

– O que vocês estão fazendo aqui? – Foi a única frase sensata que consegui formar

– Nada meu amor, nada – Puck disse, fazendo a mesma voz fina que eu havia ouvido antes e que meu sono havia me feito pensar que era realmente Rachel

– Seus idiotas!

Levantei-me da cama rapidamente e ataquei Sam que estava à frente. Tentei dar algunas tapas nele, mas ele segurou-me pelos braços.

– Shhh, faz silêncio – Ele disse baixinho – As meninas ainda estão dormindo!

– E cadê a Rachel? – Perguntei, olhando em volta e vendo todas ainda jogadas pelo quarto

– Está lá em baixo tomando café da manhã com a mãe da Santana. Se arrume e desça, vocês duas vão sair com a gente.

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RACHEL’S POV


– Tudo certo, ela já vai descer – Sam disse enquanto os dois desciam as escadas

– E as outras meninas? – Sra. Lopez perguntou

– Achamos melhor deixá-las dormindo, já que elas não vão querer ir com a gente.

Os dois se sentaram à mesa comigo e começaram a comer também. Passados alguns minutos, Quinn desceu as escadas.

– Vocês são uns abusados – Disse para os meninos, que ainda comiam

– Somos convidados, está bem? – Sam disse

– Não necessariamente – Sra. Lopez brincou e eu não contive a leve risada

Quinn se sentou ao meu lado, e me deu um beijo na bochecha, então eu apenas sorri para ela.

– Anda Quinn, pega só uma maça e vem com a gente!

Puck se levantou, e logo Sam fez o mesmo.

– Posso saber pelo menos aonde iremos? – Ela perguntou, enquanto já era puxada por Puck e Sam já havia me feito levantar

– Jogo de Baseball.

– Ah, está brincando, não é? Nos acordou pra ir ver um jogo de baseball?! – Ela disse, se soltando

– Não é um jogo qualquer, nós vamos jogar. A cada dois meses, nós montamos um time de alunos do Mckinley e jogamos contra os alunos do Carmel, mas nada oficial. Só por diversão mesmo – Puck explicou

– E o que te faz pensar que nós queremos ir a esse jogo?!

– Quinn, qual o problema de irmos? Não teríamos nada pra fazer mesmo. Além disso, já estamos aqui mesmo – Eu disse, me aproximando dela

Vi quando ela virou o olhar e então fitou os meninos, que olhavam para ela quase que implorando.

– Está bem, está bem! Vamos então.

Agradecemos e nos despedimos da Sra. Lopez e então saímos, entrando no carro de Puck e seguindo para o tal lugar onde seria o jogo. Alguns poucos minutos depois, chegamos a um pequeno campo de baseball, localizado em algum lugar a oeste do parque de Lima. Descemos do carro e seguimos até o local, onde já havia algumas pessoas. Alguns aparentemente jogadores, e outros curiosos ou apenas alguns grupos de amigos como nós.

– Nós vamos falar com o pessoal e já voltamos – Puck disse e então os dois se afastaram

Quinn e eu nos sentamos no último degrau da pequena arquibancada. Eu apenas apreciava a linda paisagem do parque quando fui cutucada por ela.

– O que foi? – Perguntei

– Olhe aquilo – Ela apontou para um lugar

Perto do carro de Puck, um carro havia acabado de estacionar. Um carro que por sinal eu conhecia. Era Finn. Ele saiu do carro e jogou a alça de sua mochila sobre um dos ombros. De repente, a porta do carona se abriu, e uma menina morena dali saiu. Era impossível reconhecê-la de costas. Finn passou um dos braços pela cintura dela e os dois começaram a andar juntos. Finalmente consegui ver quem era a tal menina, e sinceramente, preferia não ter visto. Aquela visão era bizarra demais. Era ela. Finn estava agarrado à Megan.