Never Let Me Go

Herói - Christopher


Eu-Estou-Entediado!, minha mente grita. Rolo de um lado para o outro pela cama observando os desenhos que eu fiz. Meus desenhos de hoje? Um hidrante vermelho, um cachorro, uma árvore... Tudo que consigo ver pela janela do meu quarto. Mas não juntos, a paisagem vista da minha janela foi desmembrada, esquartejada pela minha mente e cada item que a compunha foi desenhado separadamente. Até me dei o trabalho de pintar o hidrante de vermelho! — geralmente gosto mais de meus desenhos em preto-e-branco já que não tenho paciência para pintar bonitinho. Que irônico, não?

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Foi então que uma luzinha se acende em meu celular, seguidos de um bipe para me tirar desse tédio tedioso — redundante, não? — era o alerta de mensagem. Pego celular e abro nas mensagens:

"-Kiara Campbell [13/02] 15h27min-

Hi Hi, Chris!

Eu e uns amigos vamos ao parque de Downton Hill, quer ir com a gente?

P.S: Responda assim que visualizar se não estiver muito ocupado.

Beijos, Kiara"

Interessante. Mas não vou responder agora. Não quero que ela pense que eu estou atoa, que sou um desocupado e que estou em um puro momento tedioso e que assim que responder vou aceitar de imediato, ou melhor, vou fazer-me de difícil! Não, que estupidez. Se fazer de difícil é só para garotas. Eu sou H-O-M-E-M. Fora a chance dela não insistir e eu continuar aqui nesse tédio tedioso sem fim!

Dois minutos se passam.

Não aguento.

Respondo.

"-Christopher Wayans [13/02] 15h29min-

Claro, por que não? Eu estava um pouco ocupado aqui, mas se você vai estar lá, eu estou a caminho. Vão agora? Eu acho que posso sair daqui em cinco minutos."

Envio a mensagem. Acho que mandei bem, não é? Que seja. As vezes é necessário ligar o botão Foda-se para o mundo. Olho para o celular. Isso é O FIM! Christopher Wayans esperando uma mensagem desse jeito! A que ponto chegamos, meu Deus!?A que ponto chegamos?

Objetivo do momento: arrumar alguma coisa para fazer.

Olho para o quarto. Não há absolutamente nada. Bom... As vezes é necessário apertar o botão Off para sua mente e engolir seu orgulho enquanto espera uma mensagem. Começo a apertar teclas do celular — sim, meu celular é antigo e só faz ligações e envia mensagens, já que estou temporariamente sem um celular de verdade como penalidade por ter quebrado o celular de Kylie tacando-o propositalmente na parede para matar um mosquito — enquanto escuto o som daquelas teclas tediosas, com aquele som tedioso, com essa vida tediosa e... bipe. BIPE! M-E-N-S-A-G-E-M finalmente!

"-Kiara Campbell [13/02] 15h31min-

Oh! Que maravilha *0* Sim, vamos agora! Te vejo em cinco minutos na entrada do parque, honey honey ;)

Beijos, amore ♥

Kiara"

Ela demorou só dois minutos para responder? Pareceram séculos! O que o tédio não faz? Começo a me arrumar imediatamente. Tá aí uma coisa que eu podia ter feito antes... Cérebro de merda! Arrumo meus cabelos, agora castanhos claros, no espelho. Eu vestia uma regata preta, com a frase If We Stand Together We Will Be Unbroken estampado na mesma. Sim, eu curto Black Veil Brides... Não são muitos que gostam, mas fazer o quê? Todos tolos, eles são demais!

Assim que termino de me arrumar saio de casa e vou a caminho do tal parque. Assim que chego vejo Kiara, Heather, Craig, Stephan e Ian, um nerd em Trigonometria, mas rebelde e idiota demais para ser esperto em todas as outras matérias. Atrás de mim vejo Ludmilla chegar junto de Margareth, sua quase escrava e fiel adoradora, e Gabriel, o músico da minha sala, como sempre carregava seu violão nas costas, em um case.

— Gabriel! — Heather o cumprimenta. — Miguel não vem?

— Sim ele vem! — responde o ruivo. — Só está com uma amiga.

Heather abre a boca em um grande "O".

~~'~~'~~'~~'~~

Lá estávamos nós. Eu poderia dizer que estávamos no tédio, mas tédio com mais de uma pessoa não é mais tédio, é falta do que fazer em grupo. Gabriel, o músico, tocava Come As You Are do Nirvana. Stephan fumava algo que eu acreditava ser cigarro — não entendo de drogas — e eu observava o parque junto de Kiara que tagarelava algo sobre... Sapatos? Não... Cabelo? Sim, cabelo de uma menininha loira de cabelos cacheados que se recusava a brincar do que as outras crianças brincavam.

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— Ela deve ser minha gêmea de outra época! Uma gêmea que esqueceu de reencarnar!

Ela observa a menina com emoção. Até a menina se misturar a todos e começar a se divertir. Kiara parece desapontada.

— Que decepção. Acho que ela não era minha gêmea... Uma irmã mais nova, quem sabe?

Dou uma risada baixa. Mal sabe ela que eu nem estou prestando muita atenção. E então olho para o lado. Noah está aqui. Noah está aqui? Se ele está aqui... Pietra! Não! Por que, meu Deus? Por quê? O jovem vem em nossa direção e senta-se quase que ao meu lado.

— Oi. — ele diz.

— Oi. — digo.

— Oi — Stephan diz.

— Oi — ... Bom... Quase todos dizem, para resumir!

— O que faz aqui? — pergunto. Bem ousado ele. — Veio sozinho?

— Estou atoa. Vim com meu pai, minha madrasta, a filha dela e a Pietra. E lá está um tédio, meu pai está cheio de agarra-agarra com a minha madrasta e acabou que eu vim para cá. Qualquer coisa é melhor que estar lá. — diz ele indiferente. Bem aberto ele, não?

— Oh, sim, você é o Noah, não é? Irmão da Pietra? — pergunta Craig. Ele me irrita. Craig parece ser um idiota do pior tipo, mas eu o aturo, e conversamos numa boa na maior parte do tempo. Se não fosse a Pietra, poderíamos ser amigos... Opa! Como é que é? Pietra? Esqueça isso. Estou estranho ultimamente.

Noah assenti com a cabeça.

Então todos começam a buscá-la com olhares, inclusive eu. Não a encontro, mas quando me viro para Craig e vejo seus olhos piscarem como uma luzinha de natal, sei que ele a encontrou, mas finjo não notar. Um minuto depois, viro-me e olho para onde ele olhava. E lá está ela, um pontinho azul com mechas pretas, que seria sua roupa. Ele estava em cima de uma árvore se remexendo no galho.

O galho balança mais do que deveria. Puta que pariu! Essa merda vai cair! Por que essa louca não para de se arriscar tanto?

— Já volto. — digo a Kiara e levanto-me abruptamente.

Corro em direção a árvore onde ela se encontra. Ao aproximar-me vejo-a tentando descer, mas ela nota o mesmo que eu... O galho vai cair, e ela vai junto. E então ele quebra, cai e junto com ele cai o seu pontinho azul. Cai em meus braços. Mas não foi como nos filmes, com o impacto caio junto. Eu pelo menos amorteci a queda, não? Quanto cavalheirismo, não? Talvez eu fosse o seu herói. O herói da vida real, menos forte, mas ainda tão heroico quanto os personagens da Marvel.

Eu podia ser o herói de alguém. Talvez gostar dela não seja tão ruim... Pera! Psicopata! Stalker! Maníaca! Ou será que não? Poderia isso tudo ter sido uma defesa que eu mesmo criei para afastá-la?