Naruto - A História Reescrita:

Capítulo I - Os Dois Uzumakis:


~Lembranças~

Ele se lembrava bem daquele dia. Sabe, Naruto era uma criança órfã e sem nenhum parente vivo conhecido, então o comum seria ele estar à mercê do mundo, pobre e marginalizado, como um cachorro doente e abandonado. Olhando pelo lado bom, apesar de Konoha ainda não ter orfanatos oficiais, haviam abrigos; lá, aos cinco anos, Uzumaki Naruto, como era chamado, conheceu o sentido da dor.

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Um abrigo com crianças comuns, que estranhavam as horrendas noites de Naruto: era possível perceber que, enquanto ele dormia, uma concha invisível, ou algo assim, parecia o envolver – quem se aproximasse demais, receberia algumas queimaduras, no melhor dos casos, caso a criança ou adulto fosse inteligente o bastante para não se aproximar demais.

Chakra é a energia espiritual e orgânica que permite que ninjas usem suas técnicas, não é mesmo? Naruto, mesmo aos cinco anos, aliás, desde que nascera, tinha algo horrendo em seu corpo, que lhe dava um chakra anormal, totalmente sobre-humano. Quando essa criança se sentia ameaçada ou furiosa, seus olhos ficavam avermelhados e esse chakra anormal invariavelmente aparecia.

Não demorou muito tempo para que, bem... que Naruto fosse deserdado. Acontece que, cinco anos antes dessa memória, a Vila Oculta de Konoha recebeu um convidado muito especial: ah, sim, ele era lindo! Uma linda raposa gigantesca, com olhos sangrentos e sedenta por agonia, dor e morte. Viu, que elegante?

De qualquer forma, o antigo líder da vila, conhecido como Yondaime Hokage, teve que sacrificar a sua vida, selando o monstro em um bebê sem sorte. Acho que está claro quem é essa criança sem sorte agora – bingo! Naruto.

Assim que o boato de que a besta demoníaca, conhecida como Kyuubi no Yoko, estava em Naruto se espalhou, não demorou quase nada para que ninguém o quisesse. Todos o temiam e alguns o agrediam. Agredir aquela criança normalmente não era uma boa ideia, porque o chakra demoníaco dela reagia e a pessoa recebia queimaduras que, dependendo da intensidade, eram venenosas e letais.

Uzumaki Naruto sofria, pois se sentia um monstro, solitário, que jamais poderia ser amado.

Ainda aos cinco anos, ele caminhava pela vila, sozinho. Seus olhos estavam totalmente entristecidos, após ser atacado e, num ataque de fúria, ter matado um aldeão. De novo.

Próximo a uma loja de flores bastante conhecida, Naruto resolvera descansar, logo voltaria para a casa que o gentil Hokage atual, o Sandaime, lhe conseguira. Bem, pelo menos, Naruto poderia descansar em paz e chorar por um tempo, sem ser chamado de “monstro fingido”. Que triste, não? Ninguém sequer acreditava em suas lágrimas!


Encostado numa parte em que ninguém poderia vê-lo, ele tentava se distrair com fofocas, ouvindo um sussurro estranho:

“Ouvi dizer que o Clã Hyuuga está passando por uma crise interna!”.

“Sim, estão transformando membros da Souke em Bouke!”.

Naruto ficou um pouco mais interessado, porque aquele era um clã famoso. Mas no final, ele apenas soube que era uma crise entre famílias, acontecia às vezes naquele clã tão fechado a novidades. Ele decidiu ignorar e voltar à sua caminhada até o caminho de casa.

Novamente, o céu estava no entardecer. Embora essas memórias sejam de anos antes. Naruto caminhava com as mãos nos bolsos, pensando em mil coisas, tentando se sentir menos triste, até ver um grupo de crianças: pareciam ter a sua idade e estavam fazendo uma pequena roda, era cerca de cinco – ele ficou curioso novamente e decidiu observar, até reparar que aquele era o famoso Ijime: Bullying. Naruto não poderia fazer muita coisa, era um grupo de moleques atormentando uma pequena garota que chorava, encolhida no chão.

Para a garota, era difícil: todos que conhecia em casa estavam brigando e o seu pai sempre a olhava com frieza e decepção. Ela se sentia fraca, pois não podia revidar àqueles garotos, que criavam desculpas para agredi-la, por ela não se sentir corajosa o bastante para mostrar a sua kekkei genkai.

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Kekkei genkai... grande maravilha, para ser irônico. Pessoas diferentes sempre eram discriminadas, mesmo tendo essa menina um dom maravilhoso, passado de geração em geração. Ela chorava de medo, de vergonha e de incapacidade para revidar.

Naruto, que olhava ao longe, decidiu se aproximar – não foi uma decisão intencional, ele se aproximava quase sem pensar, se identificando com a tristeza da menina. Ele também se sentia fraco e incapaz de revidar a qualquer coisa. Seus passos eram cada vez mais rápidos, pois mesmo tendo medo, medo de ferir a qualquer um, ele não queria ver aquela garota continuar a chorar.

— Vocês deveriam parar! – Naruto disse, com a voz num tom mediano, mas saindo de maneira grave demais para sua idade. As outras crianças pararam e o olharam.

— Você é... – uma delas balbuciou.

— O garoto da Kyuubi! – um outro deu uns passos para trás, cheio de medo.

Naruto suspirou. Ele queria salvar a garotinha, que pelo visto tinha a mesma idade dele, então...

— Sim, vocês querem morrer? – ele perguntou, simplesmente. Ele não queria matar ninguém ali, apenas queria que eles dessem o fora, rápido... ou ele poderia se irritar e se arrepender depois, tendo mais motivos para querer chorar.

As crianças o olhavam, aterrorizadas, até começarem a correr, gritando sobre como os seus pais lhe dariam uma lição e como ele era um monstro.

A pequena garota, que ainda chorava, levantou a face, querendo ver seu salvador. E ela de fato viu: um garoto de pele morena estava ali! Ela o achou muito bonito, embora o seu olhar possuísse uma enorme melancolia e um sentido imenso de solidão – tal como o dela.

— V-você é o... – ela gaguejava.

— Sim, sou o garoto da Kyuubi – Naruto respondeu, e deu de ombros, começando a andar. – Volte para a sua casa, se não quer morrer – ele queria afastá-la, obviamente.

Ele continuou a andar, até ouvir:

— Muito obrigada! – ela dizia, de uma forma tímida. Ele virou levemente a face, para a olhar.

Naruto ficou surpreso, devo dizer: ela era linda! Suave, de aspecto gentil, mas infelizmente, com uma aura de tristeza e medo em volta. Ele ficou quase apavorado, pois se sentia da mesma forma que ela. Quem era aquela louca, anormal, que por algum motivo insistia em ser como ele?

— Nome? – ele perguntou, buscando parecer enigmático.

— H-Hyuuga Hinata – ela respondeu.

— Clã Hyuuga?! – ele perguntou, preocupado. Ela apenas assentiu com a cabeça. Lembrando do boato por algum motivo, ele perguntou. – Souke ou Bouke? – essa foi a pergunta.

— Souke – Hinata respondeu, abaixando o olhar.

— Então eu vou te dar um conselho – Naruto disse, desviando o olhar e se preparando para andar. – Não vá para casa hoje – ele não sabia a razão desse conselho, mas sentiu que devia dá-lo e o deu.

— Por quê? – ela perguntou. Aquela garota era idiota?! Por que ela não tinha medo dele, como todos os outros?!

— Não sei, mas às vezes acho que sei muita coisa – o menino respondeu, dando uma risada seca. – Bem, tenho um demônio secular dentro de mim, não é algo de se surpreender.

— Eu acredito em você... – ela disse, fracamente. – Naruto-kun – ela disse o seu nome. – Obrigada! – ela sorria, timidamente. Naruto cerrou o punho, surpreso. – A minha família está agindo estranha com a Bouke e até com eles mesmos.

— Hyuuga Hinata, certo? – Naruto perguntou, ela confirmou com a cabeça. – Quer vir comigo? Provavelmente, virão atrás de você, mas eu sei me esconder bem, apesar de ter ouvido falar bem do Algumacoisagan uma vez.

Hinata riu, Naruto a olhou confuso. A risada dela possuía um som maravilhoso!

— É Byakugan, Naruto-kun! – Hinata falou, risonha, mas depois corou. – Me desculpe por te corrigir assim, é que eu...

Naruto sorriu pela primeira vez naquele dia, embora fracamente, mas Hinata notou.

— Tudo bem, mas você quer vir comigo? Terá que ser breve – Naruto deu isso como resposta.

Hinata assentiu com a cabeça, animada.

Obviamente, a herdeira dos Hyuuga ter desaparecido do nada com o garoto-demônio, foi algo que chamou a atenção da vila. O Clã Hyuuga estava alarmado, exasperado, exigindo mil coisas do pobre Hokage; ninguém ali sabia que aquele fora o melhor fim de semana da então Hyuuga Hinata: conhecer uma floresta tão desconhecida que não constava em mapas, conhecer lagos e cachoeiras de água limpa e cristalina, ver como Naruto fritava um peixe pescado e provar cogumelos que o mesmo coletava, na esperança deles não serem envenenados.

Hinata se sentia feliz e segura. Ela, em nenhum momento, teve medo de Naruto – os dois, aliás, notaram que tinham muita coisa em comum, mesmo tendo vidas tão diferentes: Hinata era vista como totalmente inútil pelo clã, mesmo sendo a herdeira, o que fez Naruto sentir um pouco de medo pela menina. E ao mesmo tempo, Hinata entendeu que Naruto era mesmo um garoto solitário, que apenas queria ter uma vida comum, como a de tantos outros.

Para que Hinata não tivesse medo à noite, os dois acampavam juntos e Naruto descobriu que não sentia medo ou raiva perto dela, então ela podia ficar perto dele dormindo sem ser afetada pelo chakra da Kyuubi.

Quatro dias se passaram, até que, invariavelmente, eles foram achados. Foi tão rápido! Um ninja de olhos perolados simplesmente surgiu em uma certa manhã, após os dois terem se divertido contando histórias no café matinal, e segurou Hinata. Outros ninjas de olhos perolados apareceram. Eram olhos como os de Hinata, logo, eram Hyuugas.

— Sabia que não podíamos confiar nos incompetentes anbus do Hokage-sama – aquele que segurava Hinata e tapava a sua boca, para ela não falar, comentava. – Uzumaki Naruto, certo?

Naruto o olhou, severamente, mas não respondeu.

— Trouxemos alguns dos ninjas mais habilidosos, sob ordens de Hiashi-sama, Hinata! – o homem dizia, num tom doentiamente paternal e sarcástico. – Sabe o que faremos contigo quando retornar?

— Ela não sabe – Naruto respondeu, por ela. – Mas eu posso adivinhar – ele, que estava sentado no chão, começou a se levantar. – Antes de voltarem, para começar, irão me matar e alegarão ao Hokage que eu me descontrolei e os ataquei. Aliás, isso não dará certo, ele sabe de quase tudo que acontece na vila e sabia que eu estava aqui com a Hinata.

— Como disse?! – um outro ninja exclamou, indignado.

— Mas, certamente, irão levar a Hinata com vocês e a transformar numa Bouke – ele já estava de pé, Naruto. – Até porque, a nova herdeira de Hyuuga Hiashi nasceu e Hinata poderia ser facilmente substituída por uma aposta melhor.

Naruto viu o olhar surpreso, mas depois triste, de Hinata; isso o fez cerrar o punho.

— Brilhante decisão, demônio! – o homem principal do grupo respondeu, sorrindo de uma forma absolutamente perversa. Pela primeira vez na vida, Hinata sentiu o sangue ferver.

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“Naruto-kun... demônio?!”, ela perguntou para si mesma, irada, mordendo a mão do homem, que a tirou da boca dela.

— Naruto-kun não é nenhum demônio, como vocês pensam! – Hinata dizia, controlando a raiva. – Eu fui muito boa com vocês a minha vida inteira, mas se vocês xingarem ele mais uma vez, eu vou...

O homem riu.

— Oh, o que vai fazer?! Você não tem mais poder, inútil! – ele zombava.

— Hinata – Naruto a chamou. Ela o olhou, atenta para o que ele iria dizer. – Você confia em mim, mesmo nos conhecendo tão pouco? – ele perguntou.

Ela sorriu.

— Sim, Naruto-kun! – era a primeira vez que ela falava em um tom totalmente audível e sem timidez alguma.

— Eu não vou deixar eles fazerem nada de ruim com você, porque à partir de hoje, você não é uma Hyuuga! – Naruto dizia, com absoluta convicção. Antes que qualquer um ali pudesse dizer qualquer coisa, uma mão de chakra demoníaco saiu de Naruto, indo de encontro ao quase-sequestrador de Hinata e o jogando numa árvore, o estrangulando cada vez mais.

Naruto formava, pela primeira vez, um manto de chakra demoníaco, que com apenas um braço, esmagou os outros ninjas ao redor, que sequer puderam fugir. O olhar de Naruto era vermelho como sangue e ele estava prestes a perder a consciência, mas o que o impedia disso era pensar repetidamente:

“Salvar a Hinata... tenho que salvar a Hinata!”.

Ele conseguiu soltar o homem estrangulado antes que o mesmo morresse, ele apenas desmaiou. Os homens esmagados ainda não estavam mortos, também.

Hinata olhava, naquele momento, para um Naruto cansado, sentado no chão e de cabeça baixa.

— Hinata... – ele disse. – Fuja do Clã Hyuuga.

Hinata conseguia perceber a total preocupação do pequeno por ela e ficou ali, o olhando, por diversos instantes demorados. Ela então sorriu, ao mesmo tempo que deixava lágrimas escorrerem por sua pálida face.

Ela correu para ele e o abraçou.

— Eu sei que você nunca vai me ferir, Naruto-kun – ela dizia, com a face pequenina repousada no tórax dele. – Por isso, quero estar com você, sempre. Eu entendi que a minha alma é a sua alma.

— H-Hinata! – Naruto gaguejou, surpreso. Seus olhos agora eram azuis novamente, mas estavam arregalados.

Ela o fitou nos olhos, segurando sua face.

— Quero ser forte como você, quero estar ao seu lado e passar os meus dias com você! – ela dizia, com um aspecto gentil na face. – Você me aceita ao seu lado, sempre e para sempre?

Naruto, abismado, tentava dizer algo, pois pela primeira vez, estava sendo aceito. Pela primeira vez, havia alguém que queria estar com ele sempre e para sempre!

Ele primeiro apenas assentiu bobamente com a cabeça e depois respondeu:

— Sim – foi apenas o que ele disse, para em seguida sorrir e deixar cair algumas lágrimas.

— O meu destino é o seu destino, temos o mesmo coração e a mesma alma à partir de hoje – ela dizia.

— Então você agora se chama Uzumaki Hinata! – Naruto disse de volta, recebendo um concordar da cabeça de Hinata.

— Bem – os dois, somente então, perceberam uma voz. – Isso terá que ser visto no papel – os jovens abraçados foram ver quem era, se tratava do Sandaime e seus conselheiros. – Eu, particularmente, proibi o Clã Hyuuga de transformar Soukes em Boukes por temer ser essa uma estratégia.

— Não temos oposição com o deserdamento da até então Hyuuga Hinata – disse Homura, um dos conselheiros.

— Há algumas condições, no entanto – disse Koharu, a conselheira.

...

Uzumaki Naruto e Uzumaki Hinata cresceram, desde então. Inseparáveis, em alegrias, tristezas e qualquer coisa. Uma família, unidos de uma maneira singular e, ao mesmo tempo, bela. Claro que Hinata não teria coragem de dizer, em plena infância, se sentia apaixonada por Uzumaki Naruto, até porquê, uma das condições do Hoka

ge era:

Uzumaki Hinata seria noiva de Uzumaki Naruto quando este se tornasse chuunin.

Eles teriam tempo para conversar sobre o assunto.