Namoro por Aluguel

Mini Capítulo - Volte a dormir


— Eu odeio esse filme. — Miguel falou, enxugando uma lágrima do rosto. — Ele me faz chorar feito um panaca.

— Não há nada de errado em chorar por um filme.

— Tem sim, isso faz de mim um trouxa.

— Você não é trouxa, eu sou.

— Agora isso vai virar uma competição de trouxisse?

— Creio que sim. —Respondi. — Qual é o prêmio para o mais trouxa?

— Chocolate.

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— Pode me dar todo o chocolate que encontrar na sua casa nesse exato momento.

— Ana, você não foi trouxa por ter sido enganada, mas sim por não ter me escutado.

— E quem te escuta, Miguel?

Ela escutava. — Ela falou, olhando para a tela da tv.

— Ela quem?

— Ninguém. Preste atenção ao filme.

Virei-me para ele, de forma que não pudesse enxergar a TV.

— Sou curiosa. Quem é ela?

— Ninguém, Ana. Vai ver o filme.

Cruzando os braços, continuei a encará-lo.

— Você não vai desistir, vai?

— Não.

— Olhe, essa é a minha vida, não te devo coisa alguma para que tenha que contar sobre ela.

— Você sabe sobre a minha vida, já não lhe parece um bom motivo?

— Garota. Um Miguel de 15 anos. Paixonite. Meu pai. Desaprovação. Dinheiro. Inglaterra. Adeus, Miguel. Isso é tudo o que eu falarei sobre o assunto.

— Ótimo, é como encontrar uma agulha no palheiro.

— Isso é o que você ganha por desviar a atenção do filme. Agora olhe lá, é um dos momentos tristes.

— Eu já assisti à esse filme umas cem vezes.

— E daí? Ele continua sendo triste.

— Prefiro escutar a história sobre ela.

— E eu prefiro ver o sofrimento do casal do filme.

Percebendo que o assunto se encerrara, continuei a ver o filme.

* * *

Acordei em meio a um assustador silêncio, em um quarto iluminado apenas pelas letrinhas brancas dos créditos do filme.

— Droga. — Murmurei. — Que horas são?

Levantei-me da cama de Miguel e alcancei minha bolsa na poltrona bege. 00:15.

— Já acordou? — Disse uma voz atrás de mim. Assustada, virei-me e me deparei com Miguel. — Francamente, eu vou dormir no chão, deixo a cama só para você e ainda me encara com essa expressão?

— Desculpa, é que você me assustou.

— As garotas costumam dizer o contrário...

Revirei os olhos.

— Ok, vou parar antes que a fase de raiva recomece.

— Dá para parar de falar sobre as fases do desapontamento amoroso?

— Não. Essa foi a minha maior descoberta e o mundo deve saber. Estou pensando em patenteá-la.

— Miguel Belafonte, o novo Einstein.

— Exatamente. Quer um autógrafo?

— Não, só quero que abra a porta para que eu possa ir embora.

Miguel caminhou até onde eu estava, remexendo no cabelo com as mãos.

— Coloque uma coisa na sua cabeça: Você não vai embora agora.

— E desde quando você manda em mim? — Zombei, pegando minha bolsa. — Minha mãe deve estar morrendo de preocupação...

— Não está, não. Pedi para que Melissa ligasse para ela e dissesse que você passaria a noite lá. Sua mãe não gostou muito, mas depois de um tempo aceitou.

— Você mentiu para a minha mãe? — Indaguei, zangada.

Miguel fez cara de deboche.

— Você mente para a minha, não é?

— Mas é diferente! Eu sou “paga” para isso, Miguel.

Ele deu de ombros.

— Volte a dormir, Ana. Se continuar acordada, coloco mais um filme triste.

— Prefiro que me conte sobre a garota.

— Que garota? Eu conheço várias.

Bufei, sem paciência.

— Sério, Miguel, não se faça de burro. Quem era a garota?

— Ana, vou te dar um gato. Quem sabe assim você cuida das sete vidas dele e esquece da minha.

— Tobias tem um gato. — Comentei.

— Tobias é um idiota, tenho pena do gato dele.

— Pois é, eu também tenho.

Miguel sorriu.

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— Agora durma, por favor.

Queixei-me por mais algum tempo, mas acabei dormindo (com a condição de que eu dormisse no chão e a cama ficasse com Miguel, é claro.)