Sentei na areia da praia observando o mar, ouvi Edward se aproximando lentamente sem saber se sentava ao meu lado ou não.

–pode vir Edward.

Olhei seu rosto antes de contar que não voltarei.

–sabe Edward... Tem uma coisa que eu não te contei ainda, eu não vou voltar pra Forks...

–como assim? Por quê?

–não sei se você sabe, mas fui expulsa de casa... Eles não me querem lá.

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–você não pode ir embora assim.

–nós podemos nos ver.

–eu quero ver você todo dia! Quero ir à sua casa, quero poder te encontrar todo o instante. Você pode morar lá em casa.

–ah claro, vai ser muito interessante viver sobre o mesmo teto que Tânia.

–esqueci-me dela... Nós podemos...

–não, Edward esqueça todas as ideias que possa ter, não vai dar certo eu e Tânia debaixo do mesmo teto, você sabe disso.

Pensou em ir comigo e antes que falasse eu tampei sua boca.

–nem pense nisso.

–mas Bella...

–não, não vai atrás de mim.

Ficamos nos debatendo por horas, e ele conseguiu me convencer a voltar pra Forks e conversar com meus pais. Para acabar com sua ansiedade sobre o que eles iam falar ou não, decidimos voltar antes do programado. Sentei na varanda observando o mar agitado.

–que carinha é essa?

Olhei mais uma vez o mar antes de virar e encará-lo.

–não quero ir embora... Aqui é tão tranquilo, parece que nada podemos nos atingir aqui.

Passou o braço pelo meu ombro e sorriu olhando o mar.

–se quiser... Quando as coisas parecerem difíceis, e você achar que não tem pra onde ir e como suportar, nós podemos fugir pra cá. Combinado?

–combinado.

Subimos na lancha, sentei no canto Não quero voltar, não quero ter que pedir aos meus pais para voltar pra casa. Mas onde ficarei? Sem chance de ficar nos Cullen's, Tânia estará lá e não vai ser muito legal.

–desfaça essa cara.

Passou a mão no meu rosto e eu sorri para acalmá-lo. Saímos da lancha entrando no táxi, olhei as ruas iluminadas pelas luzes e a lua, tão linda. Chegamos com chuva forte em Forks, vi Alice nos aguardando no aeroporto toda sorridente, ao seu lado Charlie.

–olá

Fiquei sem graça com sua presença, não esperava um confronto tão cedo, mas para minha surpresa ele me abraçou.

–perdoe-me filha, perdoe-me.

Não tive reação nenhuma, só percebi que não tinha abraçado-o de volta quando Edward soltou minha mão e a colocou em volta dele, só então fui abraçá-lo de volta.

–eu não estou entendendo...

–só me perdoe por todos esses anos, pelas vezes que achando que te mandar embora era a escolha certa a se fazer, por ouvir calado as broncas que sua mãe te dava, me perdoe por nunca ter mostrado estar ao seu lado... Mas agora as coisas mudaram filha.

Segurei seu ombro afastando-o confusa.

–como assim mudaram?

–nós temos muito que conversar.

–então vamos logo.

Olhei para Edward num pedido mudo que ele fosse pra sua casa, assentiu indo com Alice.

–vamos num restaurante.

–por que não vamos pra casa?

–porque faz parte das novas mudanças.

–e por que um restaurante?

–quer ir a outro lugar?

Neguei o seguindo, escolheu o restaurante do aeroporto, sentamos o mais afastado possível de todos, escolhemos um suco apenas para disfarçar.

–o que quer falar? – perguntei depois de o garçom nos servir.

–há muito tempo atrás fiz coisas das quais me arrependo... Mas um dos maiores erros que cometi foi... Continuar casado com sua mãe.

Levei mais de um segundo pra processar tudo o que acabou de dizer.

–como assim?

–o que estou querendo dizer é que não vou mais mentir pra você... Não amo sua mãe a muito tempo, e ela também não sente o mesmo por mim.

–mas vocês parecem tão perfeitos juntos... Não entendo.

–o que nós mostrávamos pra você... É foi um falso casamento, queríamos que você tivesse um lar pra voltar e que nossa “felicidade” influenciasse você na escolha de um amor, nós queríamos que você visse que podemos ser feliz mesmo sendo o que somos.

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Foi tudo falso? Por isso não sinto o mesmo com eles o que sinto com os Cullen's.

–por isso não sinto o mesmo laço de amor que sinto nos Cullen's, várias vezes comparei nossa família com eles... Era tudo uma farsa, o amor nunca existiu entre nós.

–não Bella... Não fale assim, nosso amor por você sempre foi verdadeiro.

Neguei querendo dizer o que penso de verdade.

–nunca senti esse amor... Vocês sempre parecem distante, vou se franca... Posso amar mais os Cullen's do que vocês dois.

Olhei seu rosto e ele ficou arrasado, mas não me sinto mal por isso, falei a verdade.

–sinto muito.

–não sinta Charlie, eu também não fiz nada pra mudar isso... Com os anos nós fomos nos afastando, passei mais tempo procurando evitá-los do que querendo consertar nossa relação. Sei que também tenho culpa nisso.

–me perdoe filha... Mas quero que saiba que vou reverter nossa situação, quero melhorar nosso relacionamento.

Levantei abraçando-o.

–me perdoe também.

–eu te amo Bella.

Sorri abraçando-o mais forte.

–vamos pra casa?

–casa? Mas vocês...

–consegui um teto pra nós... É pequena, mas acho que passamos muito tempo em casas grandes que só nos ajudou a nos afastarmos... Aceita uma casa que talvez é do tamanho da nossa sala?

–é perfeita.

Sorri segurando no seu braço e saindo do aeroporto. Talvez seja o recomeço de alguma coisa.

–e Renée?

–não sei. Saí de lá no dia seguinte que você, segui seu cheiro, mas não levava a lugar algum até que encontrei Alice, contei o que tinha acontecido e expliquei o quanto estava preocupado com você, quando me disse que sabia onde você estava... Fiquei tão aliviado.

–Edward me levou pra ilha de Esme, precisávamos conversar.

–conseguiram se resolver?

–perfeitamente... Foi bom pra resolvermos nosso problema chamado Tânia.

Entramos no seu carro e a garoa aumentou.

–e Forks como sempre chovendo.

–até que ontem não choveu.

Pensei que fosse pra autoestrada, mas começou a ir para a área urbana.

–a casa fica numa rua habitada, teremos bastante contato com humanos.

–isso é um pouco ruim... Teremos que ser muito mais cautelosos.

–verdade... Teremos que ter lixos no dia da coleta, ir a supermercados, sair um pouco para verem que estamos em casa, deixar as janelas abertas, deixar às luzes acesas a noite... Teremos que ser os mais humanos possíveis.

–isso vai ser complicado... Mas adoro desafios.

–vai ser bom, te ajudará no seu controle de raiva, não poderá explodir como fazia na outra casa, não vai poder bater a porta a ponto de rachá-la, nem poderá quebrar nada... Pode assustá-los e eles vão chamar a polícia.

–tudo bem... Conseguirei me controlar.

Parou numa rua cheia de casas pequenas e simples, vi algumas cortinas se mexendo e humanos nos espiando. Olhei a casa onde será meu lar, pequena, branca, mas aparentemente aconchegante. A chuva tinha cessado, mas ainda é suficiente para nos molhar.

–o que achou?

Olhei pela janela do carro e suspirei.

–é bonita, mas eles sempre vão nos espiar por trás das cortinas?

–acredito que sim... Parece que todos na cidade já sabem que me separei da sua mãe, se prepare pros comentários na escola amanhã.

–isso eu consigo lidar.

Saí do carro parando para olhar a casa, ele veio colocando o braço envolto do meu ombro.

–seremos felizes.

–seremos – concordei dando o primeiro passos em direção a casa.

A sala é aconchegante e bem decorada, na verdade muito bem decorada.

–Alice cuidou da decoração.

Sorri sabendo que deveria agradecê-la por isso.

–vai conhecer a casa, vou pegar sua mala no carro.

–espera... Edward levou minhas malas.

–pro carro, Alice ia colocá-las lá para podermos conversar.

Pensaram em tudo, fiz um tour pela casa e é bonita, simples e pequena como Charlie disse que seria, realmente somos muito parecidos, Renée sempre gostou de casas grandes com muito luxo, mas eu e Charlie nunca fizemos questão.

–deixei o quarto que fica de frente pra rua pra você, espero que tenha gostado Alice que decorou.

Sentei na cama de casal olhando em volta, já morei em muitas casas e quartos, mas nenhum é igual a este, nesse minúsculo quarto Alice conseguiu transformá-lo num pedacinho do céu, cortinas de luzes davam um charme ao quarto, prateleira de livros e inúmeras fotos minha que guardei no fundo do closet estavam num mural na parede.

–tenho que buscar o restante das minhas roupas.

–não se preocupe, trouxe tudo que é nosso pra cá.

Esperei ele falar algo referente às noticias coladas no fundo do closet referente a James, mas aparentemente não sabe ou não quis comentar nada. Ouvi o volvo virar a rua, Alice também estava com ele.

–temos visita.

Desci para recebê-los na porta, peguei o guarda-chuva na porta e esperei na varanda para o caso deles não terem um, mas Alice é sempre Alice, e tinha um guarda-chuva.

–gostou da decoração?

Beijou meu rosto sorrindo.

–amei. É perfeita.

Dei passagem para eles entrar.

–fique a vontade, tenho que ir ao hospital. Volto ao amanhecer Bella.

Beijou minha testa, sorri com esse pequeno gesto de carinho.

–eu também vou indo.

–mas você acabou de chegar Edward, por que já vai?

–só vim deixar Alice, vou sair pra caçar com Jasper e Carlisle... Alice passo aqui para te pegar mais tarde.

Assenti sentando no sofá, beijou-me rapidamente e saiu atrás de Charlie.

–conta... Como foi? – perguntou depois que estavam longe para ouvir.

–foi mágico. Não queria ter voltado.

–mas vocês podem ir pra lá quando quiserem.

–Edward disse a mesma coisa. Tem visto minha mãe?

–quando saí, estava lá em casa conversando com Esme. Você precisa ir falar com ela.

–eu vou amanhã depois da escola.

–ela está muito triste com tudo isso.

–é por que finalmente se deu conta que está sozinha, ou por motivos que não nos envolvam.

–eu acredito que ela está sentindo sua falta e de Charlie.

Ficamos conversando por horas, até que ela resolveu querer me arrumar, pra escapar resolvi tomar banho e fomos pra casa dela. Antes me certifiquei que Renée não estaria lá, quero adiar essa conversa ao máximo que conseguir.

–Bella fico tão feliz que você voltou!

Abracei Esme que sorria calorosamente na entrada.

–gostou da ilha?

–é linda, muito linda. Obrigada.

–venha, entre.

Tânia ainda estava aqui, mas graças não estava na sala com os outros.

–está radiante Bella, Edward deve ter feito maravilhas... Ouvi dizer que vocês quebram algumas coisas.

Rose jogou a almofada no Emmett, mas infelizmente a pegou antes que atingisse seu rosto.

–isso é coisa pra se falar Emmett? Deixe a intimidade deles em paz – pediu Rose. – Gostou da viajem?

–amei, foi muito bom pra relaxar os pensamentos e repensar as atitudes.

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–pela sua cara você relaxou muito – avisou Emmett rindo.

–vejo que você chegou Bella.

Meu sorriso desapareceu quando ela começou a descer as escadas, notei todos ficarem tensos e em alerta, para acalmá-los eu ri.

–se não visse... Estaria cega querida.

Também riu sentando-se no sofá a minha frente, cruzou as pernas sorrindo.

–Edward te levou pra nada? Porque ele me levou para nadar, é incrível como ele nada bem.

–não só nadar que ele faz bem, né? Ah que pena que você só viu o lado nadador dele, não pode ver o que ele faz numa cama... Que pena.

Dessa vez foi minha vez de sorrir quando seu sorriso sumiu, mas logo tratei de dar minha atenção aos Cullen's.

–eles foram caçar muito longe?

–foram aqui perto – respondeu Esme aliviada pela minha mudança repentina de atenção. – Vai pra escola amanhã?

–sim.

–gostou da casa?

–gostei Rose, achei incrível a decoração, muito linda.

–Rose e Esme também ajudaram na escolha dos moveis – confessou Alice.

–é perfeita, bem a minha cara e a do Charlie.

Conversamos sobre coisas banais, Tânia se manteve quieta pintando as unhas das mãos. Sorri quando ouvi eles chegando correndo.

–chegamos – anunciou Jasper.

Edward correu beijando-me rapidamente e subindo pra trocar de roupa.

–vocês demoraram – comentou Esme.

–nós paramos pra conversar. Você gostou da casa?

–é linda Jass, obrigada.

Edward voltou sentando no chão entre as minhas pernas, começou alisar minha perna enquanto eu tentava conversar com Alice, mas suas carícias começaram a me distrair.

Meus olhos saíram de foco, vi minha mãe correndo pra cá querendo falar comigo. Pisquei voltando a ver os Cullen's olhando-me ansiosos.

–minha mãe está a caminho.

Levantei indo encontrá-la, Edward não veio e é melhor assim. Encostei-me à árvore onde sei que ela vai passar e aguardei.

–filha.

Parou de correr vindo ao meu encontro caminhando tranquilamente.

–olá.

Ficou me analisando com receio, tentei mostrar que não estou furiosa e nem magoada, quero saber o que ouve na curta viajem que fiz, quero entender os dois lados.

–eu não sei... Eu não sei o que sei pai lhe disse, mas saiba que foi...

–ele não me disse nada.

Pareceu aliviada, mas tratou de disfarçar.

–senti seu cheiro, imaginei que estaria com os Cullen's... Vai voltar pra casa?

Segurei o riso, acho que ela esqueceu que me expulsou de casa.

–não.

–vai morar com Edward, claro.

–não. Vou morar com Charlie.

Olhou-me espantada.

–por quê? Você pode ficar lá em casa... Filha me desculpe por tudo o que disse, estava fora de mim, me perdoe, eu te amo. Não me deixe sozinha naquela casa, lá é tão grande e você tem seu quarto e...

–o problema não é meu quarto ou não, mas no momento morar com Charlie me parece a melhor opção... Tantas vezes você já me disse a mesma coisa, vamos dar um tempo mãe, você sabe que não nos damos bem morando de baixo do mesmo teto e sem alguém pra apaziguar...

–eu sei, mas e se nós tentarmos?

–e o que temos feito durante esse ano?

–você não vai mesmo voltar?

–não.

–se eu quiser te ver você vai em casa ou terei que vê-la nos Cullen's?

–não sei.

Assentiu magoada virando as costas indo embora. Fui pra casa e Edward estava deitado na minha cama, deitei do seu lado aninhando-me ao seu peito.

–como foi?

–ela achou que eu fosse voltar pra casa, deve ter se esquecido de que ela me expulsou de casa.

–e o que você disse?

–que não iria voltar, que estou morando com Charlie... Agora chega de falar nela.

–do que quer falar então?

–não sei.

Tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e sorriu beijando-me.

–o que quer fazer?

Sorriu com malícia alisando meu rosto.

–isso não... Charlie está pra chegar.

–você pode fazer o que sempre faz lá em casa pra que ele não escute.

–não Edward, eu não quero... Só quero ficar aqui deitada com você. Podemos?

Me abraçou mais forte e não demorou muito pro Charlie, nos chamou batendo na porta.

–entre pai.

–desculpe atrapalhá-los.

–não está atrapalhando Charlie.

Sentei ansiosa pra saber o que tinha a dizer, ele nunca veio conversar comigo quando estou namorando.

–encontrei sua mãe, ela me contou que viu você e que conversaram... Ela pediu que você voltasse pra casa.

–não vou voltar.

–ela me fez prometer que convenceria você a voltar.

–você não vai fazer isso, vai?

–vai fazê-la mudar de ideia?

–você sabe que não.

Assentiu colocando a mão na cintura e apoiando o peso do corpo na perna direita em sinal de rendição.

–você é adulta e sabe o que faz, só não se esqueça de que ela é sua mãe.

–eu sei disso.

–muito bem, podem continuar fazendo o que estavam fazendo – pediu sem jeito e envergonhado.

Rimos voltando a deitar enquanto ele fechava a porta. Ouvi a TV sendo ligada, Charlie colocou no canal do jogo de beisebol.

–Jasper deve estar assistindo, ele gosta de beisebol.

–eu e Charlie também somos loucos por beisebol.

–é o jogo da temporada, os convidei pra assistirem aqui em casa – informou Charlie da sala.

Não demorou muito pro jipe do Emmett parar na entrada, corri pra janela e vi os três descendo com camisetas de beisebol, Emmett falava alto com Jasper e os três riam chamando atenção da vizinhança que espiava pela janela.

–deixe Edward sair do quarto Bella – pediu Jasper da escada.

Ri abrindo a porta do quarto minutos antes de Emmett entrar correndo e pegar Edward que estava deitado.

–vamos assistir.

Desceram rindo, arrumei a cama antes de ir tomar banho, deixei meus cabelos molhados e desci para assistir com eles, as meninas chegaram rindo alto, Tânia e Esme tinham ido pra casa de Renée.

–como está o jogo?

–estamos cinco pontos à frente – respondeu Charlie com entusiasmo.

Sentei no braço do sofá ao lado do Edward, colocou o braço envolto da minha cintura e sorriu pra mim antes de voltar a assistir. Olhei a sala cheia só faltando Esme e Renée pra ter todos que amo aqui ao meu lado.