Na Melodia do Amor

Capítulo XVIII


O dia do Show de Talentos chegara.

Eu estava prestes a desistir, pois um frio angustiante percorria o meu estômago.

– Você não vai desistir agora! – contestava Rosalya. – Eu fiz este vestido para você se apresentar.

Nós fizemos, não é mesmo, Rosa? – retrucou Alexy.

– Ok, ok. – concordou com relutância a garota. – Mas você não vai desistir, ainda mais que escutei do Lys maravilhas sobre a sua canção.

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– Ela vai participar sim. – afirmou Alexy. – Nem que a arrastemos pelos cabelos até Sweet Amoris.

Os meus dois teimosos amigos estavam em minha casa, mais exatamente em meu quarto.

Eu estava sentada em minha cama, mas logo fui retirada a força por Rosalya, a qual me pediu... Aliás, mandou eu ir trocar de roupa e depois Alexy e ela fariam um penteado em mim e me maquiariam.

Precisei acatar as ordens, pois Rosalya tem uma forte personalidade de liderança.

Alexy e ela se juntaram para fazerem um desfile de moda com novas coleções para o Verão. Os dois amavam moda e possuíam grandes dons para a costura. Faziam peças maravilhosas.

Eu fui beneficiada por um presente feito pelos dois: um lindo vestido bege com uma fita preta amarrada na cintura.

E os meus queridos amigos ainda me garantiram que eu não faria feio na festa de formatura.

– Você acha que eu deixarei você ir de qualquer jeito acompanhada de meu lindo cunhadinho? – brincou Rosalya. – Nem morta!

– Você vai adorar o vestido que estamos te preparando, Chiara. – garantiu Alexy. – Você vai arrasar.

Enquanto os dois falavam, eu me olhava no espelho trajando o meu novo vestido, gostando do reflexo.

Admirava-me, pois, de fato, estava muito bem vestida para a apresentação.

Se as pessoas não gostassem de minha música ou de minha voz, pelo menos iriam gostar do meu visual.

Escutei batidas em minha porta e logo depois as figuras de meu pai e de meus tios foram materializadas por uma brecha, fazendo apenas suas cabeças aparecerem, uma sobreposta a outra.

Os três entraram em meu aposento, assobiando admirados com minha aparência.

– Você está linda, Jujuba. – falou meu pai, com olhos brilhando.

– Já vai chorar, Bruce? – brincou meu tio Bill.

– Deixe-o chorar, Bill. – retrucou tio Jack, com lágrimas rolando em seu rosto. – Todo mundo chora, ok? Ainda mais com a Jujuba assim, tão linda e tão...

Tio Jack não conseguiu concluir sua frase, pois caiu na choradeira.

– Obrigada, meninos. – sorri para os meus tios. – Obrigada, pai.

Ele me beijou na testa e os três me desejaram sorte em minha apresentação.

Sorte era pouco para o que eu precisava.

Meu desafio maior não era me sair bem para conquistar o prêmio, mas sim, me sair bem para controlar a mim mesma e ter mais confiança em meus atos. Se cantar era realmente o meu talento, eu queria mostrar às outras pessoas sem medo ou receios.

– Então? – perguntou Alexy. – Podemos ir?

Respirei fundo, despedi-me de meus tios e de meu pai, porquanto eles iriam apenas mais tarde para o colégio. Os alunos precisavam chegar antecipadamente, por isso eu não iria acompanhada de meus três homens.

– Vai dar tudo certo, Jujuba. - sussurrou meu pai ao me abraçar. – Eu estarei lá contigo e sua mãe também.

Ao dizer isso, uma carga positiva foi posta em minha alma.

***

As apresentações já haviam começado.

Nathaniel era o apresentador do “Show de Talentos”, enquanto a banca examinadora era composta pela diretora, pelo professor Faraize e mais quatro docentes pertencentes à Sweet Amoris.

Eu já estava atrás do palco, mais exatamente nos bastidores. Havia vários alunos temerosos se arrumando e repassando a coreografia nos últimos minutos.

Eu tentava respirar adequadamente, mas acho que faltava oxigênio naquele local. Estava ofegante, minhas mãos tremiam e suavam, enquanto meu coração batia no compasso do tambor da apresentação de Kim.

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Após minha amiga afrodescendente, haveria mais duas apresentações e, por fim, a minha.

Rosalya e Alexy foram os próximos, mostrando ao público suas maravilhosas criações. Eram roupas lindas que davam gosto de usá-las.

Olhei pela cortina e consegui avistar meu pai e meus tios em uma fileira do fundo do teatro. Havia muitos pais, irmãos e outros parentes dos alunos, o que me fazia entrar no desespero.

A plateia começou a aplaudir o término do desfile.

Só faltava uma apresentação para eu seguir ao campo de concentração.

Fiquei curiosa em saber quem seria o próximo aluno; não sabia ao certo a ordem de apresentações do show.

– Não vai me desejar sorte? – escutei uma voz atrás de mim.

Vejo Castiel sorrindo, vestindo uma linda jaqueta de couro preta e calças jeans escuras e segurando sua guitarra vermelha.

Como ele estava lindo.

– Você vai tocar sozinho?

– Não. – negou o ruivo. – A minha banda veio ao colégio hoje. – ele apontou para dois sujeitos que eu nunca havia visto e para Lysandre. – O pessoal topou tocar aqui.

– Toda a sorte do mundo para você, Castiel.

Meu comentário satisfez o ruivo, o qual entrou no palco com o resto dos integrantes.

A banda era muito boa.

Tocaram três músicas, dentre as quais uma era de autoria de Lysandre.

A plateia foi ao delírio com o Rock dos rapazes. Fez-me até esquecer, por um momento, minhas aflições com a minha própria apresentação.

A banda se despediu do público, fazendo-me despertar de minhas angústias.

Senti o coração acelerar mais ainda, principalmente quando Nathaniel citou o meu nome como a próxima atração.

– E a próxima aluna a se apresentar, - começou o louro. - será a Chiara, que nos encantará com sua música ao piano.

O público aplaudia com fervor, deixando-me sem ar.

– Agora é você, Chiara! – falava-me Rosalya animadamente.

Esperei que colocassem o piano da sala do Clube da Música no palco para depois me dirigir a ele.

Quando Nathaniel me chamou por definitivo, minhas pernas travaram.

Não conseguia sair do lugar, precisando de um empurrãozinho, literalmente.

Rosalya e Alexy me avançaram para o palco, fazendo-me tropeçar levemente.

Ao me ver, a plateia começou a bater palmas.

Fui ao piano com os punhos cerrados, evitando mostrar a tremedeira nas mãos. Tentava respirar com naturalidade e não encarar o público diretamente.

Minha garganta estava seca e fechada, mal conseguia engolir.

Sentei-me ao banco em frente ao piano.

Olhei as teclas, encarei-as, porém, mesmo com as partituras ali, um branco total invadiu meu cérebro, como se eu tivesse esquecido completamente como se lesse as notas musicais.

Comecei a ficar tensa e o público começou a cochichar, se perguntando o que estava acontecendo.

Olhei para o meu pai, o qual estava em pé me observando com apreensão. Seus olhos diziam-me: “Vamos lá, Jujuba. Você consegue!”.

Mas eu acho que não conseguia.