{XI}

JANEIRO DE 1996

REFÚGIO TACCA CHANTRIERI


“Dorme meu pequenino,

Uma história vou lhe contar;

Daquele menino triste

Que não sabia amar.


Feche seus olhos, querido

A serpente vem te ninar

Somente escute a linda voz

E saiba que a sua mãe aqui está.”


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Jasmine Nott cantava a bela canção de ninar que fizera especialmente e somente para seu filho para que este pudesse dormir num sono profundo e não escutasse a discussão entre seu pai, Richard Nott, e um homem que pretendia matar uma certa família de bruxos em troca de míseros galeões.

A mulher de cabelos negros e olhos castanhos era a única esperança que restava da família. Ela era o que sobrou da bondade e da justiça. Durante sua ida á Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, ela fora destinada a ser uma serpente. A ser para sempre uma sonserina. Por sua linhagem sanguínea, quem sabe.

Seu rosto pálido e seu suor frio não escondiam do pequeno e corajoso Theodore que coisas ruins estavam acontecendo. O garotinho de apenas cinco anos não ficara quieto o dia inteiro. Não fez suas refeições devidamente e na hora em que lhe foi determinado a dormir, simplesmente batia os pés e desobedecia as ordens de sua mãe. Por um momento o garoto quietou e se cobriu dos pés á cabeça, ficando apenas com seus olhinhos brilhantes à mostra.

– A mamãe precisa ir agora.

– Para onde a senhora vai? – perguntou o garoto mostrando toda a educação que havia aprendido.

Theodore sempre fora um menino do bem. Claro, como toda e qualquer criança, fazia suas travessuras e aprontava até fazer seu pai arrancar os cabelos. O garoto era curioso, mas nunca em sua pequena vida havia feito nada de mal á ninguém. Sua mãe lhe ensinara a ser assim.

– A mamãe vai para um lugar distante, querido – sua voz adocicada e singela.

Sua intenção não era nada menos do que confortar o pequeno que não parava de fazer perguntas á duas semanas. Também, quem dera não fazer... A casa onde morava foi abandonada pela família depois da notícia de que Lord Voldemort estava com um poder fora do comum.

– Mas você não pode me deixar. – o garoto gritou.

Para um garoto tão pequeno, Theodore já se mostrava ter um nível de inteligência maior do que várias de outras crianças.

– Vai ser melhor assim, Theo. Vai ser melhor para todos nós, está bem? – seu sorriso fez surgir uma pontinha de confiança em seu filho. Ele concordou e a deixou partir.

Jasmine escondia segredos. Segredos obscuros e duvidosos. Ela nunca contou nada a ninguém, mesmo que não tendo feito o voto perpétuo. Mal sabiam os outros que a mulher era nada menos do que irmã mais nova de Tom Riddle Jr. e que este quando soube que seu filho era herdeiro de Salazar Slytherin, buscou-o de ponta a ponta. A Sra. Nott pensava que seu irmão frio estava querendo matar seu bebê e então agarrou seu marido e seu filho e se mudou para um casebre velho nas Ilhas Pitcairn, o qual deu o nome de Refúgio Tacca Chantrieri, o nome da flor que ela mais admirava. A flor que mais se aproximava da cor negra, a flor que parecia não ter vida. Apenas escuridão. Era o que ela sentia por estar ali.

– Sim, mamãe.

Seus cabelos negros e seu vestido longo foram sumindo até que Nott não podia mais vê-los. Sua mãe se foi sem explicações, deixando-o sozinho com seu pai cruel.

14 anos depois

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Bombarda Máxima!

O feitiço lançado da varinha daquele mesmo garoto frágil que todos diziam ser tão inocente e inofensivo avançou por toda Azkaban. Theodore estava tão frio quanto seu pai e tão calculista e obsessivo quanto seu tio.

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Meses depois de ser abandonado pela mãe, o garoto mudara completamente de comportamento. Passou a matar animais, como: gatos e cães, por vontade própria apenas para satisfazer-se. Seis anos depois seu pai o deixou ir para Hogwarts, onde conheceu Draco, Gregório, Vicente, Pansy e mais tarde Blásio; o que ele dizia serem seus “melhores amigos” ou aqueles que lhe davam valor.

Theodore se mostrou capaz para fazer maldades. Passava dias na biblioteca a procura de documentos e livros que chamavam atenção. Todos os alunos se perguntavam o porquê dele estar com livros da seção proibida.

Descobriu cartas que sua mãe mandava à seu pai e uma delas revelava o que o “pequeno” Nott era. O menino não escondeu a felicidade por saber que tinha o que ele chamava de poder sobre os outros. Passou meses planejando ataques e formando um exército. Ele queria ser o grande. O poderoso. Aquele que iria governar o mundo, um dia.

Com a ajuda de seu padrinho, o garoto invadiu Azkaban e libertou todos os prisioneiros, os que ele considerava útil eram levados, os que ele considerava incapaz eram mortos sem dó nem piedade.

Por semanas fingiu que nada havia acontecido. Embarcou no trem que o levaria novamente á escola e se sentou numa cabine com seus amigos sonserinos. Uma garota com o jornal entrou na cabine e mostrou-o á todos, principalmente á Nott que se fez de desentendido e esboçou surpresa. Não até muito tempo.

– Olhem isso – disse a garota com o jornal nas mãos trêmulas.

– O que Jacqueline? Fala de uma vez!

– O que está escrito aí no Profeta Diário?

– Acalmem-se ou me deixaram mais nervosa do que já estou! – ela murmurou – Bom, está escrito aqui que:

Nesta última quinta-feira, Azkaban sofreu um grave atentado. Uma parte dos prisioneiros fora libertada e outros foram encontrados mortos em suas celas. Bruxos relataram ter visto homens com vestes de prisioneiros ás pressas pelas ruas. Outros seguiam um jovem bruxo que ainda não foi identificado. Suponha-se que seja uma revolta, mas os fatos ainda estão apurados.

Theodore fingiu estar preocupado com o ocorrido, mas por dentro a felicidade e o gostinho da vitória permaneciam. Agora está feito, foi o que ele pensou.

{...}

FLORESTA SHERWOOD

Não demorou muito tempo até que Hermione se entregasse ao beijo. Ela realmente estava gostando, mas exigia de si mesma uma explicação óbvia para tudo aquilo. Evitava pensar na possibilidade de ter alguma relação com Draco Malfoy, o que a deixava intrigada. Ela se sentia bem com o contato entre eles mesmo pensando ser um grande erro. Quando finalmente sentiu-se de volta á realidade, se afastou de Draco, olhando-o com um misto de raiva e surpresa. Malfoy continuava com um sorriso no canto dos lábios, malicioso.

– Mas quanta ousadia! Seu pervertido!

– O que? Acha que eu não percebi que você retribuiu ao meu beijo? Mas fazer o que... Ninguém resiste aos lábios de Draco Malfoy. – ele disse num tom zombeteiro.

Hermione apanhou um galho que fez de muleta e saiu andando, deixando Draco parado no mesmo lugar onde a beijou e com aquele sorriso malicioso. Ela continuou a andar e não ouviu os passos do garoto atrás de si.

– Vai ficar aí parado, mesmo? Eu estou com pressa, ande logo! – ela gritou para Malfoy. Ele nem ao menos se preocupou se ela estava ou não com pressa. Além do mais, ela estava com pressa por quê? Para que? Hermione Granger não sabe o que quer. – Vamos, garoto. Antes que eu seja obrigada a voltar e te socar, o que não deixa de ser merecido.

– Sim senhora – ele sorriu.

– E nunca, nunca mais me beije sem permissão, entendeu? Já é a segunda vez que faz isso sem me avisar – ela apontou o dedo para o rosto do garoto. Este soltou uma gargalhada.

– Então quer dizer que para eu poder te beijar terei que pedir antes? Mas que ridículo!

– Ridículo? Isso se chama respeito, está bem?

– Respeito? Isso se chama frescura, isso sim. Fique você sabendo que já beijei e, claro, já fiz muitas outras coisas sem pedir permissão. Não vai ser você quem vai destruir esse meu extinto atrevido. – Draco se segurava para não rir da cara de Hermione. Mas quanta chatice, ele pensou.

– Eu não precisava saber disso.

– Tudo bem, tudo bem. Me desculpe, sangue ruim. Prometo que não lhe beijo mais. A não ser que seja de extrema necessidade... Sei lá, vai que bate uma carência. A Pansy não está aqui, afinal.

– Estúpido – Hermione bufou. Voltou a se concentrar no que estava fazendo anteriormente. Focar no percurso era a única distração. Ela não queria no que havia feito a pouco, o melhor, o que Draco havia feito. A garota pensava no quanto aquilo era desrespeitoso.

Draco seguiu o percurso inteiro enchendo a paciência de Hermione, que ficava furiosa. Ele xingava-a, provocava-a, cutucava-a e ela fingia não lhe dar atenção. Ele continuava com suas pirraças até Hermione perder a razão.

– DRACO CALA ESSA BOCA!

– Sabia que é a segunda vez que você de Draco, Hermione? – Hermione pareceu surpresa, boquiaberta por ter escutado seu nome sair da boca de um Malfoy orgulhoso e preconceituoso.

A castanha estava vermelha de raiva. Passou a caminhar lentamente e se virou para encarar os olhos cinzentos. Castanho no cinza. Cinza no castanho. Ela tomou coragem para protestar e dizer barbaridades e absurdos, palavras de baixo calão. Palavrões sem fim. Mas acabaram ouvindo passos apressados e logo se assustaram. Sequestradores.

– Vamos, inúteis. Estou com pressa.

– Viu? Aquele ali até se parece com você, estressado e chato – Draco disse a Hermione. Ela lhe lançou um olhar raivoso. Com certeza estavam á procura da castanha e do loiro a mando de Nott. Como ele conseguiu se tornar tão poderoso era a perguntar que pairava na cabeça de todos.

– Estão sentindo o cheiro de perfume de jasmim?

– Mas que porra! Você ainda não se livrou desse perfume, Granger? – Draco sussurrou.

– Eu paguei caro demais para deixá-lo jogado por aí. E eu gosto de perfumes de jasmim. – ela sussurrou de volta. Era tarde demais para se esconder, os sequestrados já sabiam da presença dos dois bruxos. Malfoy agarrou a mão da castanha e correu o mais rápido que podia. A cada passo a castanha tropeçava. Não sabia se mancava ou se corria.

Assustados e cansados. Ofegantes e desesperados. Com frio e com fome.

– Rápido, Granger.

– Se você ainda não percebeu eu estou com a perna totalmente desfigurada e sentindo uma dor enorme por correr numa velocidade como essa.

– Precisamos pegá-la, receberemos recompensas!

– Mais rápido, Granger! – Draco gritava de desespero mesmo sabendo que não iria adiantar.

– Eu estou indo o mais rápido que eu posso, Malfoy!

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– Então vai mais rápido ainda – ele gritou e assustou a garota.

Por mais que ela quisesse dizer que não conseguia, o garoto não deixava. Ele queria que ela fosse. Queria que ela corresse. Queria que ela se salvasse. O desespero falava mais alto que a consciência sã de Hermione, ela pensou em se entregar por mais que aquilo lhe custasse o pior. Estava decidida de que seria melhor para todos que ela se entregasse. Ninguém mais precisaria se machucar. Não era ela que Nott queria? Pois ele iria ter se dependesse de Hermione. Mas a persistência de Malfoy fez com que ela tivesse vontade de correr mais rápido mesmo não tendo condições o suficiente para isto. Um “monte” de pensamentos embaralhados se formava na cabeça da castanha.

Os sequestradores estavam mais perto agora. Por várias vezes tentaram jogar feitiços nos dois jovens bruxos que ofegavam cansados, por sorte eles desviavam ou os sequestradores erravam.

– Acho – que – não – consigo – correr - mais.

Hermione estava a procura de sua varinha, mas ela estava com Draco, ele pedira para guardar para ela se sentir segura. Era tarde demais para parar e pegar a varinha. Os fujões de Azkaban estavam quase tocando nos fios castanhos de Hermione. Tão perto que o casal conseguia sentir as pisadas próximas e a neve sendo afundada. Era isso que estava dificultando-a. A Granger não conseguia se movimentar por causa da grande quantidade de neve, mas isso a afetava mais do que aos outros.

Estavam perdendo as esperanças e achavam que iriam ser entregues á Nott. Duas mãozinhas os puxaram para um lugar que antes julgavam não existir. Não viram nada em meio aquele neve toda. A luz amarela esvoaçou e atingiu vários dos sequestradores que perseguiam a dupla, outros aparataram com medo do desconhecido. Eles apenas sentiam, não viam.

Quando Hermione e Draco abriram os olhos estavam numa casinha pequena. O bule fazia um barulho alto e o vapor subia. Tudo era simples, mas ajeitado, cada coisa em seu devido lugar. A estrutura não era das melhores. Casa de tijolos, parede mal acabada, piso de madeira, móveis rústicos. Uma mulher que julgaram ser a mais linda que já viram saiu de trás da cortina que cobria uma janela pequenina, mas suficientemente boa, além do mais foi de lá que ela lançou seus feitiços depois que puxou os dois para dentro de sua casa.

Quando ela abriu sua boca para falar os dois bruxos puderam ver seus dentes brancos como pérolas e bem definidos. Seus lábios bem desenhados chamaram a atenção de Draco que não tirou o olho da bela mulher. Seus fios de cabelos negros e sua pele branca como neve. Seus olhos castanhos claros brilhavam. Notaram seu sotaque mexicano quando esta pronunciou:

– Lhena D’Elmo, muito prazer.