Máscaras...

6º Capítulo - Queijo.


Não morra por mim, sua mente gritava. Não era como se ele estivesse enlouquecendo completamente, até havia conseguido conversar um pouco com Marinette no fim daquela tarde – passaram cerca de vinte minutos enganando um ao outro sobre o motivo de não terem gravado a ação dos heróis, até chegarem a uma desculpa boa o suficiente para permitir que fossem para suas casas – e de certa forma, se culpava por isso. Adrien queria se aproximar mais dela, porém, aquelas palavras apenas o devoravam.

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Existiam diversos motivos para morrer por ela, Ladybug era a única pessoa que poderia purificar as borboletas e era a principal estrategista da dupla, Paris precisava dela – e ele também – além disso, ele tinha o maior dos motivos, embora não conseguisse admitir em voz alta: precisava urgentemente protegê-la. Adrien havia perdido muita coisa ao longo de sua vida, quando sua mãe se foi, ela – indiretamente – levou seu pai e o deixou só, o menino não poderia permitir que a morte tirasse dele mais uma coisa que amava. Recordou-se de Marinette normalmente, como viveria tranquilamente se algo ocorresse com ela? Principalmente, se ele pudesse evitar.

Não poderia negar, havia um instinto protetor atacando-o durante aquela tarde.

A ideia de que Marinette – sua doce e tímida colega de classe – fosse Ladybug o aterrorizou durante aquela batalha, imobilizando seu raciocínio. Só desejava evitar que algo ocorresse com ela, independente do que fosse, para o rapaz, a vida dela valia bem mais que a sua. Marinette possuía amigos e uma família de verdade, a garota poderia construir algo importante para o mundo e seria capaz de lutar sozinha contra os akumas se isso fosse necessário. Ele não.

Estava fadado a ser apenas um inútil modelo – não achava isso ruim, apenas pensava que não era algo capaz de revolucionar o mundo –, sentia que somente Nino se preocupava de verdade com ele – Adrien havia desistido de se iludir, sabia que Gabriel não voltaria a ser seu pai – e até mesmo nas batalhas, Ladybug é que era realmente necessária, pois era ela que possuía o poder de restaurar tudo ao normal.

Protegê-la deveria ser a minha prioridade. Pensava ele.

— Escuta, você sabe que ela tem de certa forma, razão em ficar com raiva, não sabe? — O pequeno kwami falou enquanto voava ao redor do rapaz, segurando um pedaço de queijo quase que de seu tamanho.

— Plagg, é sério que até você vai ficar contra mim?

Adrien não estava irritado ou chateado, pois até ele sabia que Ladybug tinha razão. O menino tinha apenas optado por não acreditar.

— Não estou ficando contra você, mas preciso que não fique bancando o suicida nas batalhas. Eu me importo com você, é a minha reserva de queijo.

— Por um momento, eu até esqueci que estava falando com você e esperava ouvir algo legal. Não é capaz de compreender Plagg, ela é uma garota de verdade, não um estúpido pedaço de queijo.

— Ei! Do que você o chamou? — gritou o kwami, claramente irritado — Como ousa critica-lo na minha frente? Esqueça-o meu doce camembert, ele não sabe o que fala. Irei lhe enviar para um lugar melhor, a minha barriga.

Adrien observou o companheiro engolir o pedaço de queijo rapidamente e então, ir até a pequena vasilha em cima do rack para pegar mais. No fundo, o loiro sabia que tinha que desistir de seus loucos ideais, porém, não podia enxergar as duas garotas sendo uma só. Naquela tarde, Marinette poderia ter sido simpática e até um pouco divertida, porém, estava longe de ser a garota que permaneceu com ele na varanda em plena madrugada.

— Esqueça Plagg, você nunca conseguirá compreender o amor e como ele é melhor que queijo de todas as formas. Posso dizer com toda a certeza, eu daria todos os queijos do mundo em troca de beija-la novamente.

Ele já não caminhava de um lado para o outro, estava apenas jogado em sua cama pensando se valia a pena ir visitá-la novamente, nem que fosse apenas para se retratar pelo seu comportamento na noite anterior, porém, ele sabia que qualquer razão seria apenas uma desculpa para o seu grande desejo de procura-la. Adrien também não tinha tempo para perder, existia o trabalho de Alya, as tarefas para o dia seguinte e todas as outras coisas que ele precisava realizar de forma perfeita. Tentou se focar nas paredes, no barulho que a televisão instalava no cômodo, contudo, as recordações da noite anterior e o desejo de liberdade continuavam a tirar sua atenção e a tenta-lo.

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Não era a garota que o atormentava, era o que ela lhe trazia, estava viciado na sensação que vinha junto com a sua voz.

Costumava pensar que Marinette não gostava de sua companhia e por isso, teve a ideia de se aproximar dela como Chat Noir, porém, tudo acabou se perdendo quando ele cometeu o erro de beija-la e transformar a sua única imagem que ela parecia gostar em um completo estúpido.

— Eu não consigo acreditar que exista algo melhor que queijo.

— Isso é porque você nunca a beijou, eu lhe garanto uma coisa: é melhor do que qualquer camembert neste mundo. Não é algo que possa ser descrito, é diferente de qualquer palavra que eu pensar. Eu a amo, gosto dela independente do disfarce que esteja vestindo.

Ele observou o chapéu que ela havia feito para ele no concurso, havia o procurado bastante desde o dia que descobriu a identidade de sua companheira e agora o deixava sempre ao alcance de seus olhos, porque ele de certa forma conseguia transmitir um pouco de sua presença para o quarto frio. Adrien gostava dela e estava decidido a conquistá-la, só precisava descobrir como. Ele não poderia chegar e revelar sua identidade. Tudo que o rapaz sabia é que ela ficaria irritada – afinal, ainda era a sua senhora e o temperamento ainda estava presente em sua mente – e provavelmente guardaria rancor por ele ter mentido para ela, além de tudo, o acusaria de quebrar a promessa de sigilo sobre suas identidades.

E ela estaria totalmente correta em todos os pontos, porque ele era merecedor daquilo.

— Você vai visitá-la essa noite como Chat Noir, não é?

— Eu deveria? Quer dizer, será que ela quer me ver? Estou confuso Plagg, garotas são complicadas e eu também.

— Não pode simplesmente ligar para alguma menina que se confessou recentemente? Olhe, ainda devo ter alguns cartões guardados, ligue e a chame para um encontro, logo você vai esquecer a Joaninha— o kwami voou, pegando um cartão azul aleatório e jogando-o em cima do amigo.

— É claro que não posso fazer isso, my lady não é uma garota qualquer, ela é especial.

Adrien estava confuso, eles tinham tido uma breve discussão durante a batalha e a noite anterior havia revirado tudo em seu interior. Será que ele tinha permissão para reencontrá-la? Ela o permitiria sentar em sua varanda e deixar-se ser incomodada por um gato de rua e seus tontos trocadilhos, como havia feito? Pareceu tão fácil conversar com ela como Chat Noir, desejava sentir aquela mistura de sensações novamente.

Ladybug sempre o entregou o sentimento de reconforto que sua casa nunca mais havia lhe dado. Desde que a sua mãe partiu, Adrien sabia que estava só. Tinha se esforçado para mudar – queria deixar de ser apenas o boneco de modelar de seu pai – e ele tentou de todas as formas se tornar uma pessoa perfeita, até conseguiu permissão para sair da prisão que era suas aulas particulares. Porém, nada além de Joaninha supriu o vazio que se instalou no rapaz.

Quando conheceu Marinette, pensou que a menina apenas estivesse estranhando-o por ser novo e como era um modelo, achou que ela fosse uma fã e que todo seu comportamento era natural. Quando as semanas se tornaram meses, o rapaz se indagou que talvez tivesse feito algo para a menina não conseguir se relacionar com ele. Agora, já não conseguia saber se o problema era com ele ou com a colega de classe.

Ela se dava muito bem com Chat Noir e com todo o resto da turma.

Então, por que Ladybug não conseguia ser Marinette com Chat Noir? E por que Adrien não poderia ser Chat Noir para Marinette?

— Eu não entendo, por que com Adrien ela é tão oposta ao que é com Chat Noir?

— Talvez ela goste de Adrien de uma forma diferente de Chat Noir, ela pode ser tipo aquelas meninas apaixonadas que a gente vê na televisão.

Adrien o encarou perplexo, porque aquilo fazia sentido – fazia todo sentido – e ao mesmo tempo, não tinha lógica nenhuma. Marinette gostava dele, a sua senhora o amava e ele não havia percebido?

— Você acha mesmo que Ladybug gostaria de alguém como Adrien? Quer dizer, se ela gosta de mim, por que nunca deixou uma pista ou algo assim? Ela é Ladybug!

— E ela também é Marinette. Você é muito novo para compreender a ciência do amor.

— Então, o capitão Queijo entende de amor? Eu sempre achei que o único sentimento que você era capaz de sentir fosse fome.

Ele tentou disfarçar o sorriso que quis aparecer em seu rosto, Marinette havia dito para Chat Noir que gostava de um garoto, porém nunca o especificou qual era. Ele tinha uma chance, porque talvez – apenas talvez – ela estivesse se referindo ao rapaz do outro lado da máscara do herói. Contudo, isso significava que ela amava apenas uma parte dele – e infelizmente, não era a mais natural – e que provavelmente a menina iria se decepcionar ao descobrir a real identidade do parceiro. Adrien e Chat Noir eram opostos em quase todos os pontos, não era como Marinette – que preservava sua personalidade mesmo sem sua máscara – e ele já conseguia sentir que isso seria um problema.

Como ser amado por completo, quando se é desejado apenas pela metade?

Precisava conversar com ela, desejava beijá-la novamente e tê-la perto de si, enquanto sentia o doce aroma particular que ela possuía, mas ele teve que lutar contra seus pensamentos insanos e realizar seus afazeres, se dando ao luxo de possuir apenas uma boa noite de sono – em vez dos lábios macios da menina.

Naquela noite, todos os seus pensamentos estavam centrados em uma única decisão:

No dia seguinte, já estava decidido, Adrien iria confrontar seus medos – e Marinette.