- Narração Off -

A garota morena chorava debruçada no leito de uma mulher. Era sua mãe, dona Lili. Os sentimentos dela estavam a mil, agora teria que estudar, cuidar do irmão bebe e ajudar o pai em casa. Mas Magali é uma garota forte e decidida, e ainda conseguiria um tempo para visitar sua mãe. Seu pai, seu Carlito, se esforçava mais. Havia tirado um turno de licença do trabalho para ficar com Henrique enquanto Magali estudava. Ele tambem faria o almoço. As coisas estavam dificeis, e Magali ainda não tinha o apoio da pessoa que mais gostava: Cascão. Eles haviam dado um tempo e até agora não voltaram, e não sabiam se isso iria acontecer. Então as portas se abrem e uma enfermeira chega perto dela e põe a mão no seu ombro, tentando consola-la.

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_Os médicos fizeram o possível, ela vai ficar bem. – Mas a garota não sabia se acreditava, só queria o ombro de sua melhor amiga, de quem sentira muita falta nas ultimas semanas. Ela não queria admitir, mas era verdade. – Agora você precisa ir pra casa, ir pra escola, voltar à vida normal.

- Narração Magali –

Voltar à vida normal?! Minha mãe é minha vida e não posso fazer isso, não pra minha vida normal. Sei que a enfermeira não tem culpa, mas ela falando assim, eu quase estourei. Quase comecei a gritar, mas meu autocontrole foi maior. Limpei algumas lágrimas, mas elas não ajudavam, não paravam de cair. Dei um beijo na testa da minha mãe e sai do quarto. Tinha algumas pessoas na sala de espera, esperando a mim. Não reconheci muitos rostos, apenas da Denise. E não era o dela que eu queria ver... PARA MAGALI! Força é tudo que você precisa. Sabe, estou pensando em até pedir desculpas para a Mônica. Sinto que estou precisando muito dela. E acredito que ela também está sentindo minha falta. Ou não, não sei. Denise logo veio me falar algo.

_Amiga. O Cebola terminou com a Mônica.

_Nossa. Não queria saber, mas a informação é boa, obrigada.

_Desculpe, abraço? – Ela perguntou e eu a abracei em resposta. Estou tendo um péssimo dia, mas sei que não posso descontar em todos a minha volta. Tenho que me remontar, pegar os pedaços que sobraram de mim e tentar cola-los com super bonder. Pode não dar certo, mas não significa que eu não posso tentar. Superação é a palavra chave. É disso que eu preciso só que sei que não vou conseguir alcançar sozinha, sei que preciso de um apoio agora, pra que eu possa superar. Por mais que eu negue, eu preciso de alguém. Daria uma música. Uma música em que o ritmo é lento e triste, a letra envolve superação e um pouco de tristeza. Me lembra Alice da Avril. Pedi desculpas pra Denise, peguei minha mochila e segui em direção a minha casa. O dia estava lindo, sol brilhante, sem nuvens. Não dava pra acreditar que um dos piores dias da minha vida era tão bonito, era uma coisa tão contraditória. O único pingo que cairá naquele dia era uma lágrima que pegou na ponta do meu all star. Entrei em casa e meu pai veio me abraçar, só olhei dentro de seus olhos e lá tinha uma mistura de desespero e tristeza. Nunca havia visto ninguém em tal situação. Eu precisava do Cascão, do abraço dele. Parece que se tornar popular foi a pior coisa que me aconteceu, ia tudo tão bem, porque eu tinha que inventar moda e estragar tudo? Agora, todos os dias eu teria que ir a escola com uma máscara, dizer um “obrigada” falso pra todos que me dessem um tapinha nas costas e um pequeno consolo. Não sei se aguento tudo isso, a escola com esses “amigos” temporariamente indesejáveis, a pressão de cuidar do Henrique, ajudar a limpar a casa, e ainda ter que arranjar um tempo pra ajudar. Perdi todos os que realmente me ajudariam, ou você acha mesmo que a Denise viria aqui em casa pra dar uma mão? Eu duvido muito, mas estou começando a acreditar em milagres. Minha vida está um grande e incompreensível ponto de interrogação (?). Entrei em meu quarto, joguei minha mochila no chão, sai e fui ao banheiro. Tomei um longo banho, tentando fazer com que esse banho me ajudasse a limpar a consciência, a superar. Mas a água morna corria por minhas curvas e seus pingos não faziam sentido. Não tinha me ajudado, mas ao menos parecia ter me relaxado. Haha, relaxar nessa situação é difícil. Papai está com o Henrique, e ele me disse pra descansar um pouco, talvez dormir me ajude um pouco. Voltei ao meu quarto, me vesti e me joguei na cama, estava tão cansada que não demorei pra adormecer.

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- Narração Cascão –

Estou com pena da Magali, a situação que ela ta é muito complicada, não me imagino passando por isso. Hoje ainda é quarta feira e se eu não tivesse pegado detenção, iria agora à casa da Magali reatar. Mas não, o idiota aqui pegou detenção. Fui até a sala de detenção e hoje havia pouca gente. Na verdade, só havia eu e mais uma garota, Mônica. Não sei o que ela fez e nem me interesso. O professor deu um sermão e saiu da sala, foi pra sala dos professores, provavelmente assistir algum canal educativo. Mônica veio se aproximando de mim lentamente, eu estou meio confuso perante á essa situação. A sim, Marina também pegou detenção, mas ainda não entrou na sala.

_O que você aprontou dessa vez? – Disse Mônica, com um sorriso malicioso na face.

_Nada que lhe diga respeito. – Disse cortando-a visivelmente.

_Calma garoto, foi só uma perguntinha. – Ela levantou-se da cadeira onde estava, que era longe da minha, e sentou na cadeira que tinha ao meu lado. Eu estava relaxado, olhando pra frente e ela se aproximou e virou meu rosto com a ponta das unhas. Estávamos frente a frente, com os rostos bem próximos. Onde estou com a cabeça?! Então desviei a rota do meu rosto e fui em direção ao ouvido dela, ela abriu um sorriso vitorioso, então eu cochichei:

_Você está... – Ela deve ter imaginado que eu ia dizer algo como “bonita” ou “linda”. – Parecendo uma prostituta desesperada. – Seu semblante mudou completamente e quem abriu um sorriso vitorioso fui eu. Eu sabia que a Marina estava na porta e que tinha ouvido (e visto) tudo, sabia por que ela esperaria o professor dar o sermão para entrar na sala, nem que lhe custasse meia hora a mais no final. Ela contaria tudo pra Denise, assim que a visse. Eu tinha a impressão que Mônica tentaria algo. Peguei minha mochila largada e coloquei-a num ombro só, Mônica ficou paralisada, frustrada. Levantei e fui até a porta, abrindo-a. Virei pra trás e dei um sorriso vitorioso. Sai da sala e fui para casa.