My own race

Capítulo 05


My Own Race

Kaline Bogard

Capítulo 05

Então trocar mensagens de textos tornou-se um hábito que Kinjou nunca esperou adquirir. Mas não era ruim, era? Afinal, queria que Fukutomi se tornasse um bom amigo. Amigos trocam SMS entre si. Se bem que ele não enviava mensagens para Makishima ou Tadokoro...

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Analisou o caso por um tempo chegando a conclusão que via os amigos todos os dias na escola! Não havia necessidade de ficar trocando e-mails e outras mensagens eletrônicas.

Já Fukutomi não morava em Chiba, óbvio. O argumento o deixou mais tranquilo e livre para continuar a conversar através de celular.

Engraçado como trocavam poucas palavras, mas pareciam se entender muito bem com tão pouco. Era uma sensação diferente da que acontecia no decorrer com a convivência diária em Sohoku. Não sabia explicar.

Receber o primeiro SMS fora uma surpresa indescritível. Só menor do que o que aconteceu no último sábado do mês.

Kinjou estava na sala do terceiro ano, pouco antes do almoço, repassando Literatura Japonesa com Makishima e Tadokoro. Mais três ou quatro grupos de veteranos se espalhavam por ali, todos concentrados nos estudos que se tornavam mais ferozes.

– Isso ainda vai me matar – Makishima deitou-se sobre a carteira – Primeira fase, chegue logo.

Tadokoro riu do drama. Sabia que o Climber não estava levando os estudos tão a sério quanto deveria e que, se não escolhesse uma faculdade com nota de corte 500 provavelmente não passaria. Situação igual a sua, afinal de contas faculdade não estava no topo de suas prioridades.

Ao contrário de Kinjou, que realmente parecia disposto a passar em uma boa faculdade a ponto de entrar para as estatísticas de alunos que dormem apenas quatro horas por dia, estudando durante o resto. Como era mesmo a frase? “Aluno que dorme cinco horas não passa nos exames.” Aff.

Foi então que uma pequena comoção chamou a atenção do trio. Alguém perguntou o que um aluno do primeiro ano estava fazendo na ala dos veteranos. Quando olharam com atenção perceberam que era Naruko.

– Ray Ban san, digo, Kinjou san... – o garoto chamou alto, sem conseguir evitar ficar nervoso por ser analisado por tantos veteranos.

– Depois a gente continua – o capitão ajeitou os óculos sobre o nariz, fechou o livro e guardou na mochila. Devia ser algo grave, para o companheiro vir até ali. Os outros dois imitaram o gesto pensando em aproveitar a tarde de folga antes que Shingo mudasse de ideia.

– Ano... – Naruko começou quando o mais velho parou na sua frente – Tem um tio lá no clube querendo falar com você. Aquele capitão da Hakone...

– Fukutomi? – o tom de voz denunciava o espanto.

– Esse daí mesmo...

O Az agradeceu o recado e tomou o caminho do clube, sem esperar que o kohai o seguisse. Por que Juichi não avisou que viria ali? Queria surpreendê-lo? O pensamento o deixou envergonhado.

Ao chegar na sala do clube encontrou Onoda bancando o anfitrião para o recém-chegado. O alívio do primeiranista iluminou sua face. Ele parecia um tanto intimidado em frente ao veterano de outro colégio, com quem travara uma “guerra” no intercolegial.

– Fukutomi!

– Aa, Kinjou. Deduzi que estaria na escola. Desculpe atrapalhar seus estudos.

– Imagino que tenha dado uma pausa nos seus também.

– Hn. Podemos dar uma volta de bicicleta?

– Claro – Shingo assentiu. Era o mínimo que faria por alguém que viera até Chiba.

– Domo.

Com o breve agradecimento Shingo emprestou uma das bicicletas de treino do clube para o outro rapaz e pegou a sua própria. Ambos saíram já pedalando, atravessando a área da escola, praticamente vazia de alunos aquela hora.

Saíram na rua pela longa ladeira que às vezes usavam para treino. Dali pedalaram algum tempo até Aobanomori. O parque não era tão longe assim de Sohoku e aquele horário não tinha muita gente. As árvores ainda apresentavam o verde caloroso do verão, mas em pouco tempo aquilo mudaria. O outono se aproximava.

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Kinjou parou a bicicleta em um dos apoios disponíveis e sentou-se no banco ao lado, tirando a mochila das costas e colocando no chão junto ao banco de cimento. Foi imitado pelo outro rapaz.

– Como anda o joelho? – Fukutomi perguntou depois de um curto silêncio.

– Bem melhor. Fui ao médico e estou fazendo sessões de fisioterapia. A pausa no clube vai ajudar bastante.

– Por causa dos estudos. Também precisei fazer essa pausa. Já decidiu pra qual faculdade vai?

Kinjou balançou a cabeça.

– Tenho duas ou três em mente. E você?

– Eu também. Estou focado em fazer pelo menos 850 pontos na primeira fase do exame.

O capitão da Sohoku sorriu.

– Dormindo quatro horas por dia?

Fukutomi concordou com a cabeça.

– Das dez da noite às duas da manhã – suspirou.

– Hn. Prefiro da meia noite às quatro horas – Kinjou ficou em pé – Permita-me retribuir a sua gentileza e pagar uma Bepsi.

– Tudo bem.

O rapaz reverenciou de leve e afastou-se atrás de uma máquina que vendesse refrigerantes. Voltou pouco tempo depois com duas garrafinhas bem geladas.

– Aqui está – arremessou para ele.

– Aa. Domo. Eu trouxe isso, um pedido de desculpas pelo incomodo – estendeu uma embalagem de macarrons coloridos. Pareciam ótimos.

– Não precisa. Um amigo pode visitar o outro sem precisar de obrigações – Kinjou falou com sinceridade. Não viu a sombra que passou pelos olhos de Juichi quando ele mencionou a palavra “amigo”.

– Então vamos dividir – ele ofereceu com um humor melhor. Aquela sugestão Shingo aceitou, acenando com a cabeça.

– Tudo bem. É bom dar uma pausa nos livros. Literatura Japonesa é o que está me pegando – revelou antes de dar uma mordida em um dos doces de cor esverdeada.

– Hn. Não sou bom com contas, exatas no geral – Fukutomi pegou um macarron amarelo e mordeu – Vai continuar com o ciclismo na faculdade?

Kinjou ajeitou os óculos com a palma da mão antes de responder.

– Provavelmente. Não pretendo preencher todas as matérias para ter mais tempo pro clube.

Na faculdade, as atividades extras, eram mais ou menos como no colegial. Porém não eram obrigatórias, o contrário das modalidades anteriores. No Fundamental e Colegial os alunos eram obrigados a participar de algum clube. Na faculdade era opcional.

– Eu também vou me inscrever – falou depois de beber um pouco da Bepsi – Talvez Hayato e Arakita também. Já Toudou eu não sei. Ele não parece muito animado com seguir os estudos.

– Digo o mesmo com Tadokoro e Makishima.

O silêncio caiu entre eles por alguns segundos. Até Juichi virar-se par o outro rapaz e o encarar com seriedade.

– Tem certeza de que eu não estou atrapalhando? Sei que cada hora de estudo é importante. Vou entender se precisar voltar agora.

Kinjou deu um gole no refrigerante e pensou no argumento rapidamente.

– Tem razão, cada hora é importante para decidir o nosso futuro. Mas não podemos esquecer do presente. Não vejo problema em dividir um pouco do presente com um amigo. Principalmente um que veio de longe.

Juichi coçou a nuca, bagunçando um pouco os fios de cabelo loiro.

– Hn. E será que... você pode dividir esse presente com um amigo uma vez por mês?

O Az da Sohoku ergueu as sobrancelhas por trás dos óculos. Lembrou-se que aquelas visitas tinham um objetivo bem especifico: Fukutomi queria conquistar seu afeto de um modo romântico. E queria que se conhecessem melhor.

Já Kinjou pensava que uma amizade profunda podia surgir daquela convivência. Não necessariamente uma relação amorosa. Algumas horas por mês não afetariam tanto assim seus estudos, por isso não viu motivos para negar o pedido.

– Tudo bem. Mas não precisa trazer nada – Kinjou brincou – Não vai me conquistar pelo estomago.

– Hn. E como vou conquistá-lo? – Juichi perguntou com aquela expressão sempre séria. Mostrou-se tão interessado na resposta que deixou o outro sem jeito.

– Oe, não diga esse tipo de coisa – desviou os olhos, pegando um macarron vermelho e enfiando na boca.

Fukutomi sorriu e balançou a cabeça.

– Suman. Vou tentar não fazer isso.

Para disfarçar o constrangimento Shingo virou o resto da bebida e ficou em pé.

– Já que está aqui vamos dar uma volta pelos arredores. Aobanomori não é a única área bonita das redondezas.

– Aa. Eu adoraria isso – concordou já finalizando seu próprio refrigerante. Não esperara que o dia caminhasse tão bem. Em sua mente Kinjou lhe daria alguns minutos de seu tempo, lá em Sohoku mesmo. Todavia, ali estavam eles, fazendo turismo por Chiba, dando uma pausa nas tensões do dia a dia, no período pré exames. Não podia estar mais feliz.

Ou melhor, podia sim. Quando conquistasse um lugar no coração do antigo rival e não fosse mais chamado de amigo.

continua...