- Vó, me responde uma coisa, era só por isso que a senhora falou que quer me levar junto? – Falei olhando fixamente seus olhos azuis, eu precisava saber disso.

–Ah, querida, é complicado, mas uma das razões mais importantes é que eu não aguentaria ficar longe assim de você, eu te amo muito, você sabe disso, queria te levar pois sabia que nós duas sofreríamos com a mudança e Elle também, você gosta muito dela também, então aproveitei e concluí que levaria as duas comigo, fará bem a você, fique tranquila – sorri de orelha a orelha, eu estava muito feliz por ouvir aquilo, eu estava orgulhosa se mim, saber que eu fazia a diferença na vida, de pelo menos, uma pessoa.

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– Vó, eu amo muito você! Eu ainda tenho que pensar, pois é um passo muito grande para se tomar aos 16 anos – falei, fazendo-a rir.

– É claro, minha queria, sem pressa para a sua decisão, mas pense com carinho.

– Pode deixar, vó – ela me deu um beijo na bochecha e voltou para a sala, deixando-me sozinha absorta em pensamentos.

– Oi, e aí? Como você está? – A voz de Elle me fez despertar e encara-la com certa desaprovação, o que fez ela sorrir.

– Elle, estou bem, pensando muito sobre a nossa proposta. E você? – perguntei fazendo um gesto para que ela se sentasse ao meu lado.

Ela puxou uma espreguiçadeira e se acomodou. Estava linda como sempre, usava uma calça jeans escura e um simples salto preto, um sobretudo bege e um cachecol azul turquesa enrolado no pescoço, estava com seu Iphone, com capinha da bandeira do Reino Unido, na sua mão, cobertas por uma luva escura, da cor da sua calça.

– Ah, estou super animada, você sabe né, eu amo a Califórnia, os EUA, tudo. Você não? – ela estava sendo sincera, dava para perceber.

– Eu não sei ainda, é difícil deixar tudo isso para trás, mas ao mesmo tempo não quero deixar você e a vovó irem. É complicado – desviei o olhar antes que eu começasse a chorar novamente, por que eu estava tão sentimental? Que coisa.

– Poxa A. você não pode se sentir assim, sério, pensa no que vai ser melhor pro seu futuro, você não pode se prender ao passado, não faz bem. Pensa com carinho, eu acho que vai valer muito a pena, eu sei que no fundo você quer ir, eu te conheço muito bem, senhorita – largando o celular no colo, ela tentou em vão me fazer cócegas, mas de qualquer jeito eu ri da tentativa.

– Elle – protestei - ... Ok, eu quero ir, mas o que eu faço com o tudo isso? Minha família, amigos, casa?

– Fácil, família: eu e a vovó estaremos lá. Amigos: você fará amigos novos, as vezes é bom conhecer pessoas novas. Casa: sério Alex? Sério mesmo? Você vai ter uma casa ainda melhor na Califórnia, uma casa linda! Não se apegue muito as coisas.

– Você está certa E. eu mereço mais do que isso – disse com convicção, mas logo que me dei conta da minha atitude e comecei a rir, Elle me acompanhou – mas eu acho que eu posso me adaptar.

– Você VAI se adaptar, olha só para você! Desde quando você liga para isso? Para o que os outros pensam? QUEM É VOCÊ, O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA PRIMA? – eu tive que rir com isso.

– Desde que eu percebi que quero mudar de país e começar uma vida totalmente diferente da que eu estou acostumada – me levantei apressadamente e dei um pulo, antes que ela pudesse fazer alguma coisa, puxei o celular da mão dela e caminhei rapidamente até a porta.

– Ei, Alexandra, volta aqui – ela reclamou, então eu comecei a correr.

Quando cheguei perto da porta parei e Elle me alcançou, arrancando o celular da minha mão e me dando um tapa no ombro.

– E aí, preparada para voltar? – ela disse, ajeitando a roupa depois da pequena corrida.

– Não sei, fica do meu lado, ok? – olhei fixamente para ela, então ela assentiu.

Entramos na sala de jantar e senti todos os olhares pesando para cima de nós. Respirei fundo e Elle agarrou meu pulso me conduzindo pela sala.

– Vai comece a falar – ela sussurrou.

–Ah, com licença, pessoal – Elle me deu uma cotovelada na costela me obrigando a falar mais alto – PESSOAL, eu queria falar cum coisa... Primeiro, eu queria pedir desculpas pela minha atitude mais cedo, segundo, eu e a Elle decidimos o que vamos fazer.

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Todos nos olharam com curiosidade, meus olhos se encontraram com os de minha avó, ela estava ansiosa pela resposta, então me apressei em dá-la.

– Nós decidimos que vamos para Califórnia com a vovó – suspiros de alívio ecoaram pela sala e minha querida Annie veio apressadamente ao nosso encontro e nos abraçou com força.

O resto do almoço foi tranquilo, mas todos vinham e davam dicas, opinavam e até parabenizavam, o que eu achei estranho, mas fazer o que...

Conversamos animadamente sobre o que poderia acontecer na viagem, sobre a escola, as amizades, a casa que iriamos morar, tudo, o que me incentivou ainda mais e até agravou minha decisão.

A minha última semana em Londres passou voando e eu mal consegui me concentrar em nada além da viagem, eu estava muito apreensiva, quem poderia sabe o que aconteceria?

Quando me dei conta do que estava acontecendo, me vi no aeroporto fazendo o check-in para embarcar as 10 da manhã. A despedida foi difícil, mas como a Elle, eu tentei não me apegar ao passado e seguir em frente. Quase a família inteira estava no aeroporto para dizer tchau, entre eles estavam meus pais e meus dois irmãos mais novos, os pais da Elle e sua irmãzinha de 2 aos e Joseph, o mordomo. Abracei todos com força, dois anos era muita coisa longe de todos aqueles seres humanos ali presentes, todos diziam palavras incentivadoras e de amor, estava indo tudo tranquilo, até eu chegar na primeira classe do avião. Por quê? Ah, simplesmente porque eu tenho medo de avião, odeio voar. Mas como minha vó estava do meu lado e minha prima na minha frente, o voo foi mais tranquilo, eu só quase quebrei a mão da Annie quando decolávamos e Elle ria de tudo com satisfação, deixando-me ainda mais nervosa.

Quando o comandante anunciou a nossa entrada nos EUA, o meu alívio me dominou e eu dei um suspiro alto e exagerado, até que ele falou que para chegar até a Califórnia ainda demoraria 3 horas, fiquei tensa novamente.

Dormi durante esse tempo, quando estávamos prestes a aterrissar minha avó me acordou com a janta posta a minha frente. Terminei a minha refeição e trinta minutos depois chegamos ao aeroporto de Los Angeles, Califórnia. Comecei a ficar apreensiva e Elle falou palavras de incentivo me ajudando a reaprender a respirar.

De táxi fomos para a casa da minha avó, em Beverly Hills, tipo assim, só eu não sabia desse detalhe? A casa era enorme e maravilhosa, um sonho. Por fora era branca e meio rústica, o que me lembrava muito arquitetura grega e romana, por dentro, era um sucesso, a casa era muito moderna e os cômodos lindos. Surpreendi-me com o gosto da minha avó, até ela me dizer que quem tinha decorado a casa foi uma mulher especializada em decoração de ambientes, bufei.

Ok, eu não estava acostumada com esse tipo de vida, sempre fui de uma família simples, não simples, mas classe média alta, nunca pensei em ser rica nem nada, não ligo para essas coisa, mas, que acho que posso me adaptar muito bem com esse novo estilo.

Depois que nos acomodamos e deixamos o resto para os empregados ajustarem, minha avó disse:

– Ok, agora, mãos a obra, vamos as compras.

*-*