Meu pai não se importou com Santana ficando conosco. Entendeu a situação e recebeu ela de braços abertos. Santie foi na casa da avó no mesmo dia para buscar o resto de suas coisas, e sua avó ignorou totalmente a presença dela. Preciso dizer que estou com o coração apertado em relação a isso. Santana é tão nova, e tendo que passar por tudo isso. Vocês podem pensar que ela é durona e tudo mais, ela é do tipo de pessoa que apenas precisa de uma amiga, uma pessoa que ela possa confiar, aí ela sai desse “casulo” que ela cria em volta de si, e se revela uma garota bem frágil. Santie ficou no meu quarto pelos primeiros dias, e até Kurt e Marley dormiram lá por um final de semana, pra dar uma ajuda, mas depois de um tempo ela já foi dormir no quarto de hóspedes.

Já havia se passado alguns dias e as coisas estavam indo muito bem. É claro que uma vez ou outra, eu voltava pra casa com uma camiseta manchada de slushie, pois até as minhas roupas reservas eram alvo da bomba gelada e colorida, mas tirando isso, tudo estava indo bem.

– Santie, vai falar com ela. – Eu dizia, colocando o livro de geografia no armário, e logo depois, olhando pra Brittany, que estava parada a alguns metros de nós, conversando com algumas cheerios.

– Eu não posso. – Ela me respondeu, ainda olhando pra mesma direção que eu olhava. – Isso não é tão fácil quanto parece.

– Entendo... mas pelo menos pensa sobre isso, tá bom? Preciso ir pra sala. Vai ficar bem? – Eu a encarava.

– Vou sim, brigada. Por tudo. – Ela apertou minha mão e saiu pelo corredor.

Assim que fechei meu armário, olhei pro lado bem na hora que Santana foi atingida por uma slushie. “Essa aí só tá precisando de um homem como eu pra consertar ela”, disse o idiota que a atingiu. Dei um empurrão nele.

– Idiota, ela não precisa de conserto!!!!! Você que precisa!!! – Gritei, enquanto saía correndo atrás de Santana, que ia em direção ao banheiro.

– Santie? – Abri a porta e me deparei com ela lavando o rosto.

– Eu tô bem. – Ela disse, friamente.

– Não tá não. Vem cá, vou te ajudar a se limpar.

– Você tem que ir pra sua aula, hobbit. Vai.

– Que se dane a minha aula.

Marley entrou no banheiro e disse que tinha visto tudo. Deu um sinal pra Kurt entrar, dizendo que o banheiro tava vazio, e os dois entraram e se juntaram a mim para limpar Santana.

– Mas então Rachel, como estão as coisas com o Finn? – Marley perguntou, enquanto nós quatro íamos em direção ao refeitório, depois de limpar Santana e correr para a próxima aula.

– Ahh, ele vive piscando pra mim quando passo no corredor, algo assim, mas não passou disso desde quando nos beijamos.

– Ele não comentou nada com o Jake não Marley? Vocês dois estão tão próximos esses dias, ele deve ter te falado alguma coisa. – Kurt disse, sendo irônico na parte do “tão próximos”. Marley apenas revirou os olhos e respondeu.

– Então, por isso mesmo eu toquei no assunto. Ele disse pro Jake que ia gostar se você fosse no parque com a gente hoje a noite.

Os três fizeram aquele som de “hhmmmm” e olharam pra mim com uma cara safada. Não consegui conter o riso.

– Gente, mas vocês não acham que se ele quisesse algo comigo, ele já não tinha feito algo? Além disso, que história é essa de parque?

– A galera do Glee Club vai toda pro parque hoje. Eu comentei isso com você, não? – Santana franziu o cenho.

– Não.

– Então, é isso... você vai com a gente. Ainda mais agora. – Sanata disse, decidida, se sentando na mesa que já tava com a maioria do Glee Club sentados, inclusive Finn, que me encarava de uma forma estranha.

Não estava muito animada em relação a hoje a noite, mas Santana me encheu tanto o saco que tive que pelo menos fingir animação. Foi apenas até chegarmos lá e eu ir no primeiro brinquedo. Havia bastante tempo que não ia em um parque de diversões. Primeiro fomos no carrinho de bate-bate, e descobri que Santana dirigia muito mal. Até pra um carrinho daqueles. A todo momento ela era atingida e xingava palavrões em espanhol. Todos rimos da situação.

Kurt, Marley e Santana queriam ir na roda gigante, mas eu queria algo com mais adrenalina, então resolvi ir no Kamikaze, aquele brinquedo parecido uma barca, só que dá uma volta completa.

Sentei em um lugar qualquer e coloquei a proteção. Olhei pro lado e levei um susto, ao ver Finn se sentando do meu lado. Ai meu Deus, o que eu faço agora? Não dá pra sair correndo. Ai meu Deus! Rachel Berry, fica calma, é só um garoto. Ele não vai te matar. Relaxa.

– Oi. – eu disse, quando ele terminou de colocar a sua proteção.

– Oi. – Ele disse, sorrindo. – Tá se divertindo?

– Claro! E você? -Tentei ser simpática.

– Também.

Bem na hora que o clima começou a ficar estranho, o brinquedo começou a funcionar. Balançava de um lado pra outro, e eu já sentia aquele frio na barriga.

Finn gritava como um louco, me fazendo rir. Meu Deus, como esse garoto é lindo! Tudo nele parece ser desenhado. Os braços musculosos, o peitoral e abdome definidos, os olhinhos meio puxados e escuros, uma boca que me fazia querer beijá-lo a todo momento. Finn percebeu que eu o encarava e virou-se pra me olhar. Surpreendentemente eu não me esquivei. O olhar dele me trazia uma certa... segurança.

Nos encaramos por um tempo, sempre sorrindo um pro outro, até o brinquedo dar a primeira volta e nós dois gritarmos como loucos e logo após cair na gargalhada. Isso se repetiu em todas as voltas, até ficarmos parados, de cabeça pra baixo. Nós dois voltamos a nos encarar, ainda rindo, até que Finn tomou meu rosto em suas mãos, me puxando pra um beijo pra lá de maravilhoso. Meu coração pulava e dava cambalhotas de tanta felicidade. Tomei seu rosto em minhas mãos e aprofundei o beijo. Ficamos nos beijando até o brinquedo descer bruscamente, assustando nós dois. Apenas rimos e continuamos a gritar e gargalhar, porém dessa vez, de mãos dadas.