Stay Forever Away

- Sabia que para ciência dois corpos nunca se tocam? - Logan falou rapidamente enquanto passava a mão no meu cabelo.
- Como não? - falei um pouco devagar, mas ainda assim com o tom de indignação.
- Não se tocando. - ele balançou a cabeça devagar como se o que eu tivesse perguntado fosse inútil. - Por exemplo, quando eu “toco” a sua pele, o que você sente, na verdade, não é o meu toque.
- É o que, então? - perguntei olhando pra ele fixamente.
- São os seus átomos se contorcendo para dentro da sua epiderme pela eletricidade dos meus. É como se quanto mais eu quisesse te tocar de verdade, mais o seu corpo iria me repelir, por isso quando eu te toco com uma mão inteira e com vontade... - ele olhou para minha coxa e apertou a mesma fortemente. - você sente mais do que se eu apertasse com um dedo. - então ele trouxe a mão dele até meu rosto e passeou no mesmo com o seu dedo indicador, então ele me deu um beijo rápido e voltou para trás. - Entendeu?

Eu fiz que sim com a cabeça, mas não tinha entendido muita coisa, não. Eu tinha bebido muito na festa - que ainda tava rolando lá embaixo - e isso estava atrapalhando um poucos os meus sentidos. Então eu levantei da cama, peguei minha calça e comecei a colocá-la rapidamente.

- O que você ta fazendo? - Logan perguntou enquanto se sentava na cama.
- Indo embora. - disse secamente. Me sentei na cama para por meu tênis e então ele se aproximou de mim e passou a mão pelas minhas costas.
- Quantas vezes vou ter que te dizer que eu mudei? - ele perguntou com a voz baixa, então eu levantei da cama e comecei a procurar pela minha blusa. - Hay?
- Nenhuma, Logan. Porque eu não vou acreditar em você! - disse sem nem olhar pra ele, enquanto tirava alguns fiapos que estavam dançando na minha blusa.
- Então porque a gente transou hoje? - ele perguntou enquanto eu colocava minha blusa. Então peguei meu celular e saí do quarto sem responde-lo.

Desci as escadas lentamente porque ainda estava me sentindo zonza. Quando cheguei lá embaixo percebi que a festa já estava bem menos cheia e bem menos animada. Tinha algumas pessoas dormindo pelos cantos, então eu andei lentamente cuidando para não pisar em ninguém. Quando cheguei do lado de fora, eu vi Rupert e uns outros garotos fumando, o que eu acho que era maconha. Na mesma hora, bateu um vento frio que até queimou minha pele, o que me fez lembrar que eu tinha esquecido meu casaco.

- Tá com frio, aí? - Ouvi Rupert perguntar ainda sentado na grama. Apenas sorri e continuei andando em direção à calçada.
- Toma. - quando olhei pra trás Rupert estava me oferecendo um casaco. Eu ia recusar, mas outro vento queimou minha pele e me lembrou que estava frio. Então sorrio e deixei Rupert vestir o casaco em mim. - Cadê o Logan? - ele perguntou olhando para trás. Eu dei de ombros e voltei a andar, não queria falar do Logan. - Quer uma carona? - ele disse receoso. E foi aí que eu me toquei que eu não sabia como voltar andando e não tinha dinheiro para um táxi, então sorri novamente e concordei com a cabeça.

Entramos no carro e então dei meu endereço para o Rupert, que concordou com a cabeça e deu partida no carro. Coloquei o cinto e encostei minha cabeça no encosto do banco, enquanto ficava olhando a vista pela janela. Nem eu sabia porque eu tinha ficado com o Logan. De novo. Eu estava me sentindo enjoada, mas não sabia se era das bebidas ou se era nojo do que eu tinha feito. Então apenas fechei os olhos e respirei fundo.

- Tudo bem, Hay? - Rupert disse sem tirar os olhos da rua. Abri os olhos lentamente e concordei com a cabeça. Nem tinha reparado que Rupert não estava mais bêbado, e ele estava sendo tão legal que eu resolvi parar de ser chata.
- E aí, você dá festas assim o tempo todo? - disse me virando na direção dele, para parecer interessada.
- É, o pessoal da república gosta. - Ele riu e deu de ombros.
- Você faz faculdade de quê?
- Direito. Sou da turma do Logan. - No mesmo momento que ouvi o nome do Logan, meu estomago revirou e tive a confirmação que o enjôo que eu estava sentindo era conseqüência do que eu tinha feito. Então coloquei a mão na boca e toquei no braço do Rupert com a outra. Então ele olhou pra mim enquanto eu tirava o cinto e parou o carro na mesma hora, só deu tempo de abrir a porta e virar meu rosto na direção da rua.
- Tudo bem aí? - Rupert perguntou. Apenas levantei a mão e concordei com a cabeça. Então, ele abriu o porta-luvas, pegou um lenço e me deu. Limpei meu rosto e joguei o lenço fora. Respirei fundo e fechei a porta do carro, arrumando meu cabelo em seguida. Rupert não disse nada, apenas deu a partida novamente e continuou dirigindo.

- Não está acostumada a beber, huh? - ele disse em tom brincalhão, então eu apenas sorri de canto. Se ao menos fosse a bebida...

Cinco minutos depois, Rupert estava parando em frente a minha casa, então bati minhas mãos em cima da minha perna e olhei para ele sorrindo.

- Eu moro aqui, sinta-se a vontade de aparecer por aí. - disse tentando ser simpática. Ele apenas concordou com a cabeça, então eu agradeci e saí do carro.

Ele me esperou entrar em casa e depois foi embora. A porta estava aberta, então eu conclui que mamãe não tinha encontrado a chave reserva ainda. Dei de ombros e subi as escadas lentamente, rezando para não acordar McKayla. Então quando cheguei no meu quarto, tranquei a porta e acendi a luz. Meu quarto estava igual, então tirei meu celular do bolso e joguei em cima da cama. Fui até meu CD’s, peguei Shepherd’s Dog do Iron & Wine e coloquei para tocar baixo. Tirei minha roupa rapidamente, entrei no banheiro com as mesmas nas mãos e coloquei-as no cesto de roupa suja. Liguei o chuveiro no quente e me enfiei em baixo daquela chuva de água, cuidando para não molhar o cabelo. Então saí do banho, me sequei e coloquei meu pijama. Escovei meus dentes e então caí na cama. Queria esquecer do que fiz, queria poder apagar Flórida do mapa junto com todos os seus habitantes idiotas. Mas não podia. O que eu podia e devia fazer é pensar no que faria amanhã. A vida não deveria ser assim tão complicada para quem tem 17 anos. Não mesmo!