My Friend, My Love

Eu te amo. Simplesmente te amo.


- Como... Como assim quem sou... Eu? - tive que lutar para que as palavras saíssem juntas, em uma mesma frase. O esforço não adiantou nada.



- Eu... Eu não consigo me lembrar o teu nome e quem é você. Eu não sei... Não sei aonde estou. - Eduardo murmurou aos prantos.



- Você... Você está... Está... - então eu comecei a chorar também.



O loiro me olhava assustado. Parecia que toda a tensão e o nervosismo tomaram-no conta.

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Ele havia perdido a memória.



Então eu comecei a chegar mais perto do seu rosto. Tentei não tremer. Não consegui. Toquei a pele quente do meu amigo. A face molhada pelas lágrimas aflitas. Os olhos verdes arregalados me fitando. Um arrepio me pegou de surpresa e eu oscilei. Depois olhei sua boca. O desejo de beijá-lo agora era mais forte do que nunca. Quem sabe se eu o beijasse a memória voltasse.



Somente uma tola como eu para pensar nisso.



Minha boca estava quase na sua quando ele me empurrou.



- Não faça isso! - sua voz me impedia de continuar. - Eu nem te conheço. Eu... Eu quero sair daqui.



Não consegui falar mais nada. Não era capaz de pronunciar qualquer palavra que fosse.

This is what i look like today
And i\'m trying not to pull out my hair
I\'m trying not to show it cause i\'m far too shy to grow.

Isso é como eu estou hoje
E eu estou tentando não ajeitar meu cabelo
Eu estou tentando não mostrar isso porque eu estou longe tão tímido para crescer.

Me virei para ir embora dali. Sozinha. Sem ninguém. Quem sabe eu encontrasse minha mãe no meio do caminho para casa.



- Me perdoe. - me virei para o loiro que falou quando eu estava saindo de seu quarto - Talvez... Talvez você tenha me confundido com alguém.



Segurei as próximas lágrimas e meu coração se apertou.



- Talvez. - eu repeti e fui embora.



Confundi-lo com alguém.



Como se eu fosse cega.



Cega.



Como eu queria ter sido cega naquele momento. Como eu queria que aquilo fosse mentira.



Mas não era. Tudo, toda aquela situação constrangedora estava acontecendo. Estava acontecendo de verdade. E eu não podia fazer nada para melhorar, para reverter.



- Inútil, inútil, inútil. - eu repeti a mim mesma aos sussurros.



Meus passos eram lentos. Eu tinha que forçar meus pés a andarem. O vento havia deixado de ser brando. Ele soprava em meu corpo com uma intensidade avassaladora. Olhei para o céu. Meus cabelos encobriam os meus olhos. O céu cinza era riscado por raios ferozes e, em seguida, os trovões trovejavam bravos, furiosos.



A chuva caiu em cima de mim. Gelada. Valente.



E eu estava vazia. Encoberta de solidão, pena, arrependimento, culpa.



Eu era como um espelho sem reflexo. Eu me via sem reflexo. Minha imagem não era refletida, pois faltava algo, faltava alguém. Era como um instrumento sem um musico para tocá-lo. Não reproduzia som algum. Era frio, quieto.

I wrote this for my prettiest friend
Who while trying not to prove that i care
Trying not to make all my moves in one motion and scare her away.

Eu escrevi isso para minha amiga mais bonita
Que estava tentando nao provar que eu me importo
Tentando não fazer todos os meus filmes em movimento e assustar ela para longe.

Apertei os passos. E então eu me vi correndo para longe, mas eu não sabia o destino.



De repente parei de correr. Minhas pernas doíam. Olhei para o lado. Minha casa estava a alguns metros. Em minha frente havia outra casa. A casa do meu vizinho. A casa do Eduardo.



Olhei para a porta da frente, mas eu sabia que se tentasse abri-la não iria adiantar nada, pois ela estaria trancada. Corri para os fundos e tentei pular a cerca. Não foi na primeira tentativa, mas eu consegui.

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Para minha sorte a porta de trás estava aberta. Entrei e encontrei a casa impecavelmente arrumada. Fechei os olhos, inalando o cheiro de lavanda que possuía o ambiente. Eu não estava preocupada em ter simplesmente invadido a casa do meu amigo. Queria ficar ali o tempo que me fosse possível.



Depois subi as escadas. Os meus pés provocando um gostoso som no assoalho. Parei no último degrau. Fechei os olhos mais uma vez. Desta vez ouvindo uma melodia. Uma música maravilhosa. Uma voz cantava ao fundo. E ela era familiar para mim. Era a voz do Eduardo.



Senti outras lágrimas lamberem minha face robusta. Tocaram meus lábios. Sequei-as com o dedo indicador. Essas eram lágrimas de felicidade, pois, no fundo, eu estava feliz. Meu melhor amigo estava vivo. Só não se lembrava de mim.



Só.



Somente isso.



Mas ele estava vivo. E isso era maravilhoso. Não perfeito.



Corri até seu quarto. Abri a porta. Mesmo tendo saído da cidade e depois voltado, seus móveis estavam no mesmo lugar. Do jeito que eu me lembrava. O cômodo estava escuro, mas eu preferi assim, com apenas a luz da lua iluminando.

Well she can\'t see she\'s making me crazy now
I don\'t believe she knows she\'s amazing how
She has me holding my breathe
So i\'d never guess that i\'m a none such unsuitable, suitable for her.

Bem, ela não pode ver que ela está me deixando doido agora
Eu não acredito que ela sabe como ela é maravilhosa
Ela tem segurado minha respiração
Então eu nunca pensaria que eu nao sou nenhum tão impróprio, próprio para ela.

Sentei em sua cama. Meus olhos estavam fitando o nada, o vazio. Então eu vi um papel em sua escrivaninha. Acendi o abajur para poder ler o que estava escrito ali.



Os olhos não corriam pelas linhas. As liam atentamente. Com calma. A letra era do Edu.



“É assim que estou hoje. Obcecado, louco, irrevogavelmente apaixonado por você. Mas se você me perguntar o sentimento que estou sentindo, direi que é esmagador. Esmagador na medida do impossível. Esmagador quando não estou com você. Eu sei que eu não posso esperar até o dia que nós finalmente aprendemos como nos achar. Mas se você, agora, me perguntar o sentimento que estou sentindo, eu direi que é eufórico. Porque eu te amo. Simplesmente te amo.”



Apertei o papel em meu peito e chorei. Chorei sem vergonha.



De repente o chão pareceu desaparecer e eu deitei na cama. Apagando. Me entregando a exaustão.



Agora eu era o pão sem o fermento.



Fim do 23º capítulo.

Espero que tenham gostado deste capítulo! Espero também ter passado todos os sentimentos que a Marcela sentiu no capítulo. Me digam se eu consegui.
Na \"cartinha\" que o Eduardo escreveu existem alguns trechos dessa música que eu coloquei para acompanhar o capítulo. Achei perfeita! Comentem! Beijos.