Sophie's P.O.V.

Voltei de um passeio com minhas amigas. Era domingo, por volta das nove da noite. Abri a porta de casa, ainda sorrindo, quando vi meu irmão sentado no sofá com uma lágrima solitária caindo de seu quiexo. Essa cena fez com que meu sorriso desaparecesse:

-Sophie. - Ian me chamou.

-O que houve? - perguntei, começando a me desesperar.

-Sente-se. - ele me olhou, tentando não mostrar motivos para desespero.

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Obedeci, e ele começou:

-A mamãe, estava voltando do encontro com aquele possível namorado dela e... - Ian hesitou durante uns três segundos. - um carro bateu no dela. Ela ficou muito ferida e não há possibilidades dela sobreviver.

Fiquei estática, eu apenas sentia as lágrimas, quentes, escorrerem por meu rosto. Os braços de meu irmão me envolveram, tentando me amparar:

-Eu tenho que voltar ao hospital. - ele falou, em tom baixo. - Venha comigo.

Não conseguia pronunciar um único som, então assenti com a cabeça.

Fomos até o hospital. Ian dirigia apressadamente, eu não sabia se essa era uma maneira de expressar que estava nervoso, ou se mamãe poderia morrer a qualquer momento. Eu olhava pela janela do carro e não conseguia ver a paisagem lá fora. O que via eram as imagens dos momentos bons com minha mãe e com isso as lágrimas vinham a tona.

Em pouco tempo estávamos no quarto do hospital, onde estava minha mãe. Sua expressão, sempre alegre, na qual eu me inspirava, havia desaparecido. Ela estava pálida, os olhos fechados, já estava morta. Fiquei contemplando-a durante mais ou menos uma hora.

Abracei-a, e disse em seu ouvido algo que ela deveria ter escutado muito mais em sua vida:

-Eu te amo mamãe.

Saí do quarto com a certeza de que, junto com minha mãe, uma parte de mim havia ido também. Mamãe era minha inspiração, era por causa dela que eu sorria a todo momento e, que por pior que as coisas estivessem, eu estava sempre feliz:

-Acalme-se pequena. - Ian sussurrou, me abraçando e afagando meu cabelo. - Ela estará sempre com a gente.

-Co-como, você consegue superar tão rápido? - perguntei entre soluços.

-Eu não superei. Apenas tenho que ser forte para você poder se apoiar em mim.

-Ah Ian, você é tão bom. Mas eu sei que está sofrendo também. Não precisa esconder isso. Eu vou a escola amanhã e vou sorrir, como em todos os outros dias. Não precisarei de você me apoiando, porque, um dia terei de ser independente. - disse, voltando a sorrir.

-Você é igual a mamãe.

-Obrigada. Mas, Ian, posso dar uma volta por aí?

-Para que?

-Espairecer. Processar as informações.

-Não volte tarde tá?

-Claro. - beijei-o na bochecha e saí correndo para fora daquele lugar.

Deixei as lágrimas molharem meu rosto enquanto corria para o único lugar onde poderia ficar sozinha; a praça, no meio do caminho entre a escola e minha casa. Foi quando vi pela primeira vez os olhos dele.