Must be love

Better than imagination


TLC - Waterfalls

Capítulo 7 - Better than imagination

Tris [POV]

Abotoo o último botão da camisa flanela e olho pela janela com vista para o quarto de Tobias, que como sempre, desde a quinta-feira, está com as cortinas azuis de veludo fechadas.

Suspiro de irritação, pego minha bolsa transversal e me olho no espelho atrás da porta.

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Agora percebo que a combinação de camisa flanela, saia cotele cinza e botas sem salto de cano curto – com franjas – não são uma boa combinação. Mas quem se importa? É com o Fernando que eu irei sair.

Faço uma trança rapidamente e desço para a sala, onde meu pai está esperando para me levar á pizzaria.

— Está pronta? – ele pergunta pegando as chaves do carro ao lado da TV.

— Uhum. – murmuro e saio de casa me encostando no carro.

— Você está linda, o Fernando é um cara de sorte.

Reviro os olhos quando ele pisca o olho para mim sorrindo e abre o carro.

— Pela milésima vez: eu não tenho nada com o Fernando! – digo irritada e bato a porta ao me sentar.

Quando meu pai percebeu o meu "problema" com Tobias, ele ficou mais, digamos, feliz. E quando soube que eu já estava saindo com Fernando alguém que meu pai sempre gostou –, ele vomitou arco-iris, digo, literalmente. Na noite de quinta quando anunciei que iria sair com Fernando, estávamos todos no sofá assistindo á um documentário sobre baleias depois de termos jantado espaguete de carne especiária da minha mãe e comido muffins coloridos na sobremesa, então meu pai arregalou os olhos e saiu correndo para o banheiro do primeiro andar, cinco minutos depois ele voltou sorrindo com todos os dentes. Detalhe: eu tive que limpar a sujeira do meu pai, já que era o meu dia de lavar o banheiro.

— Já que você diz.

Os fios soltos da minha trança faziam cócegas na pele da minha nuca, era uma das minhas sensações favoritas, fechei os olhos e só abri quando meu pai anunciou que havíamos chegado.

— Vê se não come muito, venho te buscar ás dez.

— Ás nove, por favor pai, ás nove. – imploro exageradamente, se uma hora com Fernando já me custa todo a paciência, não consigo me imaginar passando toda a noite com ele.

— Você marcou com ele até as dez, Tris. Aliás, olha ele ali!

Olho na direção em que meu pai aponta e vejo Fernando parado na entrada da pizzaria vestido com uma blusa preta listrada com branca, uma calça brim bege e um all star preto surrado, pela primeira vez vejo-o sem óculos, admito, ele está muito bonito.

Pelo visto, ele ainda não nos viu, meu pai buzina chamando sua atenção e ele sorri acenando vindo em direção ao nosso carro.

Ele abre a porta do carro para mim, algo que eu nunca esperava dele e beija minha mão quando desço. Olho espantada para ele, que apenas sorri.

Talvez ele não seja de todo ruim.

[...]

— Sabe, seu cabelo ficar melhor assim. - digo, bebendo mais um gole da água com limão que pedi.

— Assim como?

Estico minha mão e mexo em seus cabelos.

— Bagunçado, e não certinho todo penteado do jeito que você costuma usar.

Seu rosto fica em um tom avermelhado enquanto ele abaixa a cabeça mexendo nervosamente nas mãos finas. Sorrio e chego mais perto dele, tão perto que nossos ombros se tocam.

Ao longo da noite, percebi que meu pensamento sobre Fernando estava totalmente errado. Ele, na verdade, é um garoto bastante divertido apaixonado por animes.

O que há de errado, então, em se aproximar mais dele?

— Hmm... então, está rolando alguma coisa entre você e o garoto novo?

Penso um pouco e percebo que o "garoto novo" é Tobias. Coro com a pergunta e me apresso á responder:

— Não! Não! Céus, não! Por que você pensa isso?

— Oh, desculpe se eu te ofendi, Tris. É que, vocês são tão próximos, e são vizinhos.

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Eis um problema da Middle: todos sabem da vida de cada pessoa dentro daquele colégio, uma vez, descobriram que o hobbie favorito do nosso professor de francês que tem oitenta anos e problemas sérios no pulmão, era sair com garotas de programas, desde então, descobrimos o por quê de seus problemas de pulmão e seu apelido agora é "Pegador á 80". Brincadeira que tirou oito pontos de cada aluno na sua matéria, foi a primeira e única vez que eu fiquei na recuperação.

— É, nós somos vizinho, mas isso não quer dizer nada! Jesus! Qual seu problema?

Ele corou violentamente.

— Tris, desculpe-me se te ofendi, n-não era minha intenção, olha, é melhor mudarmos de assunto.

Suspiro pesadamente e percebo o quão estúpida fui por despejar minha raiva por Tobias em Fernando, que não tem nada a ver com isso. Aperto a ponte do nariz e respondo:

— Tudo bem, desculpe por ter sido tão explosiva, eu não estou me sentindo muito bem nesses últimos dias.

— Olha, se você quiser, eu posso servir de consolo. Eu não sou a melhor pessoa pra isso, mas se você quiser alguém pra desabafar, sinta-se á vontade.

Bebo mais um gole da minha água e rejeito sua proposta, eu posso estar sofrendo, mas não chegarei ao ponto de precisar de alguém para desabafar. Essa não sou eu.

— Não, tá tudo bem, obrigada.

Ele assente e com duas mordidas termina o último pedaço de pizza.

— Quer outra pizza? Eu posso pedir outra.

— Quero, de bacon.

— Pode ser metade calabresa?

Rio e assinto.

Dez minutos mais tarde, nossa pizza chega e acabamos com ela em minutos.

— Que horas deve ser? – Fernando pergunta dando o último gole na sua coca.

— Nove e vinte e dois. – respondo visualizando o relógio do outro lado da pizzaria.

Ele se levanta e me estende a mão.

— Para onde vamos? – pergunto aceitando sua mão estendida.

— Você vai ver.

Fernando paga a conta e saímos em direção ao seu chrysler vision azul fosco estacionado á uma quadra de distância.

Ele abre a porta do passageiro para mim e depois entra ligando a rádio.

— Uau! Eu amo essa música! – Fernando grita aumentando o volume.

Rio e procuro meu celular para poder gravar ele cantando.

— Don't go chasing waterfalls, please stick to the rivers and the lakes that you're used to.

Começo á cantar junto e logo estamos atravessando a ponte da Michigan Avenue.

— I know that your gonna have it your way or nothing at all but I think your'e moving too fast.

Fernando pigarreia e rapidamente, começa á cantar apressado o rap da música:

"I seen a rainbow yesterday

But too many storms have come and gone

Leavin' a trace of not one God given ray

Is it because my life is ten shades of gray

I pray all ten fade away

Seldom praise Him for the sunny days

You claim the insane

And name this day in time

For fallin' prey to crime

I say the system got you victim to your own mind

Dreams and hopeless aspirations

In hopes of comin' true

Believe in yourself

The rest is up to me and you!"

Olho boquiaberta para ele que continua cantando e caio na gargalhada.

— Tris, você tem certeza que aquilo era água com limão e não vodca? – Fernando pergunta rindo.

— Onde você aprendeu á cantar essa música? Nunca havia visto ninguém além da cantora cantar isso.

Ele apenas ri e continua a dirigir.

— Você não vai mesmo me dizer aonde estamos indo?

— Não.

Grunho e enfio meu rosto no apoio de cabeça da cadeira.

Quinze minutos se passam até Fernando dizer chegamos. Olho em volta e me encanto com o lugar. Estamos em alguma espécie de jardim, palmeiras enormes se espalham pelo lugar encobertando lírios, rosas e diversas outras flores. No meio do recinto há um chafariz enorme com três plataformas que esguicha água colorida pela luz fraca ao redor.

Saio do carro e respiro profundamente esperando o doce cheiro de um jardim bem cuidado e me surpreendo ao perceber que o cheiro é exatamente como pensei que deveria ser o cheiro de um lugar como esse: mel, limão e açúcar.

Fernando para ao meu lado e entrelaça nossos dedos.

— É lindo, não é? – ele pergunta, olho para seu rosto e percebo o quão pacífico ele está, sem aquela ruga na testa que está presente toda vez que ele se irrita ou questiona algo, ao invés, está um pele lisa e macia com um fio de cabelo caindo sobre os olhos. Minhas mãos coçam para retirar aquele fio da sua testa, e assim o faço, atraindo seu olhar para mim.

Nunca havia percebido como os seus olhos são bonitos, castanhos, mas castanhos claros, delicados, que brilham com a luz do chafariz. Seu nariz é fino e arrebitado como daquelas modelos que posam para capas de revistas e abusam do photoshop. Sua boca fina e rosada que costuma ficar sempre crispada, agora está entreaberta, como se esperasse um beijo.

Um beijo.

Se fosse uma daquelas novelas românticas, o momento perfeito para um beijo seria esse.

Aproximo-me nervosa e selo nossos lábios. Ele fica paralisado. Não corresponde, mas não me afasta. Separo-me dele e sinto meu rosto esquentar e as lágrimas ardendo no fundo dos meus olhos.

— Desc...

Fernando me puxa e junta nossas bocas em um beijo calmo. Ele coloca uma das mãos na minha cintura e a outra no meu rosto. Entrelaço meus braços no seu pescoço e brinco com seus fios.

Ele se separa rindo, olhando nos fundos dos meus olhos. Olho para seus sapatos e encosto minha testa no seu peito. Sinto-o me abraçar e sorrio.

— Vem, tenho mais uma coisa pra te mostrar. – ele diz segurando minha mão novamente.

Beijo-o na bochecha e o acompanho por um caminho estreito de pedras com flores brancas e delicadas ao redor.

O caminho estreito se abre em um pátio com bancos de madeiras ao redor do círculo e uma árvore nasce no meio do pátio, tão grande e alta que as pontas de suas folhas redondas batem nas palmeiras ao redor e cobrem os bancos.

Nos sentamos em um banco perto de uma mini-ponte que atravessa um pequeno e estreito lago.

— Que lugar é esse, hein? – pergunto encostando minha cabeça no seu ombro.

— Minha casa.

Arregalo os olhos para ele e levanto as sobrancelhas em questionamento.

— Sua casa? Você só pode estar brincando!

— Não, eu não estou brincando, esse jardim é da minha mãe na verdade. A minha casa tá atrás dessas palmeiras se você quiser ver. – ele aponta para as palmeiras do meu lado direito e eu levanto de supetão indo atrás das palmeiras.

Fernando se levanta e me segue, logo depois de três fileiras de palmeiras, vejo uma mansão branca de dois andares, grande e larga, que tem uma enorme varanda no segundo andar que ocupa todo o patamar. Na minha frente, uma piscina se estende com espreguiçadeiras ao redor dela.

Assovio e me repreendo mentalmente por ter escolhido essa roupa para sair com ele.

— Olha, você mora em um palácio, e me desculpa dizer, tem uma lata velha daquela?

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Ele gargalha sonoramente e responde:

— Eu gosto da Melissa, era do meu avô e quando ele morreu há dois anos, deixou ela pra mim, meus pais queriam me dar outro carro, mas eu quis esse.

Assinto e pego meu celular.

— Qual é, Tris, gostou tanto assim da minha casa que vai tirar uma foto de lembrança? – ele brinca.

Dou língua de um modo bastante infantil e mando um SMS para meu pai dizendo em qual endereço me buscar. Instantes depois, recebo uma mensagem resposta dizendo que ele já estava vindo me buscar.

— Meu pai já está vindo me buscar. – digo, guardando meu celular na bolsa novamente.

— Já?

— Uhum.

Ele molha os lábios com a língua e pergunta:

— Quer ir conhecer meus pais?

Assinto e o sigo.

A sala de sua casa é maior que a minha casa inteira, contando com o primeiro e o segundo andar. Sua mãe estava na cozinha preparando uma salada tropical.

— Então você é a Beatrice? – ela perguntou chupando um pedaço de manga ruidosamente.

— Sou, prazer. – digo, estendendo minha mão. Ela apenas lança um olhar repugnante e continua com sua atenção na manga.

Fernando se mexe desconfortável ao meu lado e bufa.

— Vem, Tris. – ele pega na minha mão e me conduz ás escadas. – Desculpe pela minha mãe, ela é meio, hum, complicada.

— Entendo.

— Gostaria que você conhecesse meu pai, sabe, ele é mais legal do que ela.

Assinto.

Percorremos um longo corredor e ele abre a última porta, dando espaço para eu entrar.

Seu quarto não é nada diferente do que eu imaginei que fosse. Pôsteres de Star Wars ocupavam as paredes e a cortina escura estava fechada deixando o quarto escuro, já que as luzes dos holofotes da frente da casa estavam ofuscadas.

Ele ligou as luzes, me fazendo piscar enquanto meus olhos se acostumavam com a luz.

Sento-me na cama e ele se senta ao meu lado, segurando minha mão entre as suas.

— Tris.

Olho para cima e ele está me encarando de volta. Ele cola nossos lábios rapidamente e sorri, na mesma hora, a mãe dele entra.

— Seu pai chegou.

Ela anuncia e fecha a porta.

Levanto-me e ele me segue até a porta da frente, dando-me um selinho de despedida. Sorrio e entro no carro, onde meu pai procura alguma música na rádio e parece não ter visto nosso beijo.

Aceno em despedida á Fernando e meu pai, que parece que achou uma música á seu gosto e buzina para Fernando.

— Essa é a casa do Fernando? Uau! Como foi o encontro?

Penso um pouco e respondo:

— Melhor do que eu esperava.

Ele sorri e continuamos a viagem em silêncio, apenas com a voz de John Lenon cantando Imagine.

Meu pai encosta o carro e eu desço, subindo direto para meu quarto. Jogo-me na cama e grito com o travesseiro contra o rosto.

Sorrio ao lembrar dos lábios de Fernando pressionando os meus, suas mãos quentes e macias no meu rosto e nas minhas mãos.

Pela primeira vez, não olho pela janela com vista ao quarto de Tobias.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.