Mudanças

Capítulo 55


O banho de chuva combinando com o pulo no lago rendeu aos 3 um belo resfriado e se Tony Stark já é manhoso normalmente com uma gripe a manha triplica, Claire e ele faziam tanta coisa pra ter a atenção de Pepper que esta pareceu até ficar melhor mais rápido só pra poder cuidar dos seus doentes e manhosos marido e filha.

— Como estão as coisas por aí, minha filha? Sua voz tá diferente.
— Estão bem, mãe, a voz tá estranha por conta de um resfriado que Tony, Claire e eu pegamos.
— E estão se cuidando direitinho ou melhor você está cuidando deles e de si direitinho?- Pepper riu com a reformulação de sua mãe e ela riu também do outro lado da linha.- Mãe de dois filhos e às vezes do seu pai sei bem como é.- ela riu outra vez.
— Como a senhora sabe a gente não tem direito nem de gripar, mas sim estou cuidando de tudo.
— Tony, já começou os discursos de que esse pode ser o último momento da vida dele?
— Já.- ela riu lembrando de seu pai.- Papai fazia tanto isso. Acho que isso é passado no gene masculino.
— Só pode. E o Theo, como ele está?
— Por enquanto ele não gripou, mas acredito que com o contato ele vá aí tô fazendo de tudo pra prevenir isso.
— E quando vocês voltam? Estamos com saudades.
— Eu sei, mãe, voltaremos em alguns dias só estamos aproveitando mais um pouco.
— Essa viagem fez bem a vocês, não foi?
— A senhora não sabe o quanto.- Pepper ouve sua mãe soltar um suspiro aliviada do outro lado da linha e abre um meio sorriso.
— Estou feliz que esteja encontrando seu rumo de novo, filha, cada vez que ouço você falar tão bem meu coração se enche de felicidade.
— O meu também, mamãe, às vezes parece até que nada aconteceu.
— E eu espero que essa sensação se repita...
— Pepper!- o chamado de Tony a fez olhar na direção do arco da cozinha.- Pepper!- ela rolou os olhos.
— É o Tony que está gritando?
— É, parece que a gripe atacou tudo menos a voz dele, não sei como ele tem a audácia de dizer que está com a garganta doendo, quem tá com a garganta doendo sofre até pra beber água quanto mais pra gritar.- ela reclama e sua mãe gargalha.- Não posso nem conversar com a minha mãe e ter uma gripe em paz.
— Pepper!
— Eu já vou, Tony, eu já vou!- ela berra de volta e sente a garganta arranhar.- Mãe...
— Vá cuidar dos seus adoentados, amanhã ligo pra saber de vocês, amo você, querida.
— Também amo você, mãe, logo mais estamos de volta.
— Tchau, meu anjo, boa noite.
— Tchau, mamãe, boa noite.- Pepper responde e desliga o telefone.
— Mamãe!
— Misericórdia, Jesus! Eu já tô indo esperem!- Pepper diz alto apertando os passos para encontrar os seus adoentados que se encontravam na sala "como se não bastasse ser mãe dos meus filhos agora sou do meu marido também" pensou ela que mesmo estressada deixou um sorriso ganhar os seus lábios "senti saudades disso" reconheceu a si mesma enquanto seguia seu caminho para encontrá-los.

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A gripe deu adeus e pouco tempo depois de estabelecerem a saúde eles deram adeus as férias, elas tinha sido boas, revitalizantes e eles queriam ficar lá para sempre, mas tinham compromisso e graças a isso voltar a seus afazeres.

Um dia antes do retorno, Pepper contou a Marta sobre os álbuns que Claire achou e lhe pediu permissão para levar alguns deles para poder escaneá-las e ter cópias de momentos da família Stark já que tinha notado que nada sobre seu marido e seus sogros tinha em sua casa, com uma risada travessa dada pelo telefone, Marta a confidenciou que estava grata por Claire ser tão inquieta quanto o pai, pois esperava que os álbuns fossem mesmo achados para que Tony ao menos lembrasse de que houve sim momentos em que ele viveu com sua família e também para que Claire e Theo, conforme crescessem, vissem seus avós como família e não como pessoas de eventuais matérias de jornais e parentes distantes como muitas vezes Tony faz parecer, agradecida por Marta ter permitido e por ter o mesmo pensamento que ela, Pepper incluiu na bagagem os álbuns fotográficos e aguardou com um misto de tristeza e ansiedade a chegada do dia seguinte.

— Bem vindos de volta senhores.- Jarvis saúda assim que a família adentra a mansão.
— Javinho!
— Olá, pequena Stark, devo dizer que meus sensores sentiram falta da sua presença.
— Lar doce lar.- Tony diz ao suspirar.- Também sentiu minha falta, Jarvis?
— Sempre, senhor.
— Assim que eu gosto.
— E quem sentiu a nossa?- pergunta a mãe de Pepper ao surgir na sala acompanhada por Jack e Marta.
— Vovô, vovós!- Claire corre empolgada para eles que dão um jeito de abraçá-la ao mesmo tempo enquanto Pepper observava a cena sorrindo.
— É bom estar de volta.- ela sussurra para Tony.- Vou sentir falta de lá, mas é bom estar de volta.
— Eu sei.- ele sussurrou de volta e lhe deu um beijo casto em sua têmpora.- Hora de acordar os meus garotos. Vamos acordá-los, Theo?- ele bateu palmas empolgado e Tony sorriu.
— Ei, eu também quero ir, papai.- disse Claire soltando os seus avós e correndo em direção ao seu pai que já se encaminhava para a oficina.
— Não está nos vendo aqui, Anthony?- perguntou em tom repreensivo Marta.
— Estou. Oi, Beth, Jack, Marta. Tchau, Beth, Jack, Marta.- respondeu ele fazendo Pepper revirar os olhos enquanto o via sumir ao descer as escadas acompanhado de seus filhos, "estou perdida" pensou ela ao imaginar um futuro não tão distante onde ela terá de tirar os três da oficina.
— Muito engraçado, Anthony.- ela diz alto.
— Eu tento!- ele rebate e ela sacoleja a cabeça.
— Bom, até que foi muito! Imaginei que assim que ele cruzasse essa porta ele correria pra lá.- Pepper comenta fazendo os outros rirem.
— Conte-nos como foi a viagem, Ginny.- pede Jack empolgado sentando-se no sofá e sendo acompanhado pelas mulheres que assim como ele estavam imensamente felizes por ver dentro dos olhos de Pepper um brilho que acharam que jamais tornariam a ver.

Como era esperado o dia passou tendo uma troca de visitas e quando a noite chegou o casal estava reunido na sala bebericando de um vinho tinto acompanhado por amigos e familiares que fizeram questão de visitá-los.

— Então quer dizer que o homem da casa é a minha irmã?- pergunta Alex com ironia ao saber que Pepper pouco depois de se recuperar da gripe encasquetou de ir pescar no lago enquanto Tony lhe dava apoio mental como ele mesmo disse do lado de fora do lago.
— É o que parece já que foi prover o alimento.- disse Peter.
— Tony, depois que ela pescou o alimento do dia, te arrastou pela caverna puxando pelos seus cabelos?- perguntou Happy que conseguiu arrancar a risada de todos exceto de Tony só olha pra ele e emite um "haha".
— Vocês são tão engraçados, deveriam fazer stand up.- rebate ele sentando-se do lado dela, passando o braço por cima de seu ombro.
— Você ainda não respondeu as perguntas.- lembrou Rhodes.
— Deixem de pegar no pé dele vocês! Agora pescar virou símbolo de virilidade e masculinidade?- perguntou Sara e os homens se entreolharam.
— Foi.- responderam em uníssono.
— Pois a minha masculinidade eu provo de outro jeito, não é, Pepper?- ela ruborizou diante da pergunta maliciosa e todos com exceção de Alex soltaram uma risada discreta.- Além do mais eu sou um homem moderno, se minha mulher quer pescar que pesque, se quer caçar que cace, eu estou aqui para apoiá-la e foi o que eu fiz enquanto ela pescava eu a apoiava sentado na cadeira debaixo da sombra de uma árvore.
— Foi a melhor coisa que ele fez, acreditem.- Pepper afirma.
— É, realmente, Tony é muito inquieto ele seria um péssimo pescador.- pondera Rhodes.
— Iria espantar os peixes.- comentou Jenna.
— Ou criar armaduras pra eles.- disse Peter despertando risos em todos.- Já pensou? Além de termos o Homem de Ferro teríamos também o Peixe de Ferro, o anfíbio vingador.- o comentário fez até o próprio Tony rir e depois disso tudo o que se sucedeu foi conversas sobre o que eles viveram em Vermont e sobre as novidades que perderam por aqui.
— Tony.- Pepper o chama deitada na cama de costas para ele que estava abraçando-a.
— Hum?- ele responde sonolento.
— Você também tá sentindo que está tudo igual ao passo que está tudo diferente?
— Uhum.
— É uma sensação esquisita, mas tão boa.
— Uhum.
— Você nem tá sabendo mais do que eu tô falando, né?
— Uhum.- a resposta a fez sorrir e apertar o braço dele que a cobria em um abraço protetor, não seria o melhor momento para falar sobre o que vem pensando desde cedo, então preferiu deixar ele adormecer para deixá-lo ciente das novidades quando o momento certo chegasse.

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...


— Bom dia, Sr. e Sra. Stark, são 7:10 da manhã horário local, o tempo está nublado com grandes possibilidades de abrir e ficar assim até o fim do dia, as ondas estão propícias para a prática do surf e o melhor horário para pesca são às 18:00 horas da tarde.
— Shiu, Jarvis, nos deixe dormir e feche essas cortinas.- reclama Tony virando o rosto e o cobrindo com o travesseiro.
— Sinto muito, senhor, mas a Sra. Stark me pediu para que os despertasse a essa hora.
— É verdade. A propósito, obrigada Jarvis.
— Disponha.
— Pra quê acordar tão cedo?- ele pergunta com a voz abafada e claramente emburrado.
— Vou trabalhar.- ela responde firme.
— O quê?- ele pergunta levantando o corpo em um sobressalto bem a tempo de vê-la se levantando da cama.- Não!- ele diz alto e ela o encara com os olhos semicerrados.- Quer dizer, tem certeza?- ele pergunta ao ver a expressão dela diante de sua negativa.
— Tenho, uma hora eu iria ter de voltar e essa hora chegou, hoje é segunda, é o primeiro dia da semana de trabalho, primeiro dia de uma nova semana pra essa nova eu depois de termos voltado, é um bom dia pra iniciar um novo ciclo.
— Mas, mas, mas, você não pode decidir isso assim do nada, tem que se planejar, tem que...
— Tudo que eu tenho de fazer é tomar banho, trocar de roupa, tomar café e ir trabalhar, só isso.- ela diz segura e repetindo para si numa tentativa manter a calma e a coragem.

Ir trabalhar não foi fácil depois de enfrentar todos os apelos e argumentos de Tony, ela estava tendo de enfrentar a si mesmo, enquanto Happy a levava ainda conseguiu manter o controle, mas assim que saiu do carro, seu coração começou a bater mais rápido, suas pernas pareciam enfraquecer a cada segundo e sua coragem parecia estar se esvaindo.

— Pepper, tá tudo bem?- Happy pergunta preocupado ao vê-la estática olhando o grande prédio.- Pepper.- ele a toca com cuidado e ela respira fundo.- Tá tudo bem?- ele pergunta novamente ao ter o olhar dela sobre si.- Se quiser podemos voltar.
— Não, se eu não enfrentar isso hoje não enfrento mais nunca... eu só fiquei um pouco vacilante por que afinal de contas tudo começou aqui.
— Eu sei, mas vou estar aqui pra te proteger, chefe, não duvide disso.- ele sorri amigavelmente e Pepper assente e respira fundo mais uma vez.- Pronta?
— Sim.- ela responde tentando parecer mais segura e caminha a passos poucos receosos para o local onde mudou toda a sua vida.


...

Nervosa, trêmula, chorosa, era assim que se encontrava Pepper dentro de sua sala, sentada no sofá com as pernas encolhidas, abraçando seu corpo, se sentindo uma criança assustada com as sombras que via graças a luz da janela. Ela sabia que o retorno não seria fácil, mas também não achou que seria tão difícil.

Assim que entrou no prédio e que foi notada pelos funcionários Pepper foi coberta por uma calorosa salva de palmas, surpresa, ansiosa, nervosa e envergonhada ela agradeceu pelo carinho prestado e se dirigiu a sua sala e achou que tivesse conseguido enfrentar os medos até que no fim da manhã veio uma reunião, em uma sala fechada com vários rostos diferentes e até uns estranhos foi onde ela esteve, o nervosismo, o medo estavam tomando conta, o choro vinha no topo da sua garganta e ela teimava em engoli-lo, o tremor já estava dando sinais, ela estava transpirando e começando a sentir formigamento nas pontas dos dedos dos pés e das mãos, ela precisava sair dali, ela tinha de sair dali, percebendo que algo estava errado Maria Hill interrompeu a reunião sob desculpa de uma ligação urgente que Pepper precisava atender em sua sala e a tirou de lá, deixou Pepper em sua sala e saiu sem fazer um comentário sequer sabia que tudo que ela menos precisava era de sua companhia, mas também sabia que ela precisava de alguém.

— Meu Deus, meu Deus, me ajuda.- ela pedia balançando o corpo enquanto chorava copiosamente e pensava em inúmeras formas de fazer a sensação ir embora.- Você tá bem, Pepper, você tá segura.- ela repetia pra si, mas de pouca coisa adiantava o medo ainda era maior, "ele sempre será maior" pensou ela.- Quero ter minha vida de volta, me deixe ter minha vida de volta.- ela murmura como um pedido em meio aquele medo sem sentido.- Por favor.- com uma entrada sem anúncios Happy praticamente corre a sala para alcançá-la e recebe dela um abraço como nunca recebeu na vida.
— Tá tudo bem, Pepper, tá tudo bem, você está bem, está segura, estou aqui, estamos todos aqui.- ele diz em um tom reconfortante enquanto sentia ela trêmula em seus braços.- Não existe ninguém aqui que vá te fazer algum mal.
— Arno era daqui.
— Era, mas ele está morto, chefe, e todos os meios de segurança foram quadruplicados. Sei que está com medo, mas você está segura, eu juro que está.- ele diz em mais uma tentativa de acalmá-la.- Quer que eu chame o Tony?
— Não, não, não precisa, não quero preocupar ele com isso, eu só... só...
— Teve medo.- ela aquiesceu.
— Eu não sei, eu acho que eu pensei que ele apareceria ali, eu tava com a sensação de que ele estava ali no meio daquela gente.- "é compreensível, não se pode ignorar que tudo aconteceu aqui" pensou ele.- Happy, você pode ficar aqui?
— Claro que sim, a essa hora eu já dei bronca e todo mundo a próxima é dentro de algumas horas.- ele brinca e ela esboça um sorriso.- As pessoas ainda não aprenderam a usar crachá.
— Não é todo chefe de segurança que faz as reclamações aumentarem em 400%.- ela relembra enxugando com a mão um pouco trêmula suas lágrimas e ele ri.
— Isso era pelo hábito de realmente não ter ninguém cuidando da segurança.
— Sua namorada você conheceu quebrando o seu protocolo no hospital se bem me lembro.
— Exceções, chefe.
— Você gosta dela?
— Da Nancy? Sim, ela é maravilhosa...- sem sequer perceber apenas conversando, Pepper conseguiu se distrair e vendo que alguém da sua confiança, que certamente a ajudaria em caso de perigo estava do leu lado a permitiu que aos poucos pudesse se acalmar, era óbvio que quem a visse saberia que ela tinha chorado, mas ela já estava totalmente diferente do jeito que ele a encontrou, ele sabia assim como ela que esse era apenas o primeiro dia, que seria difícil a sua readaptação, sabia que ia ter dias com altos e baixos, mas também sabia que ela estava disposta a enfrentar tudo isso.
— Melhor, Pepper?- pergunta Maria ao entrar alguns minutos depois da saída de Happy que teve de atender o celular que tocava incessantemente em seu bolso.
— Sim, obrigada por ter me tirado de lá e por ter chamado o Happy.
— Não foi nada demais.
— Teremos mais alguma reunião hoje?
— Não.- ela responde e Pepper respira aliviada.- Mas ainda temos muita papelada pra lidar.
— Isso eu sou capaz de fazer sem surtar.- ela responde com bom humor e Maria se senta para deixá-la a par do que fariam a seguir.

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...


— Toc toc toc.- fala Tony ao abrir a porta da sala surpreendendo-a.
— Mamãe!- Claire a chama empolgada correndo pela sala e contornando a mesa para lhe dar o buquê de rosas vermelhas.- Pra você, mamãe, é meu, do Theo e do papai.
— Obrigada, minha princesa.- ela agradece e a abraça apertado.
— Eu que escolhi!
— Foi?- ela assentiu repetidamente.- São lindas e cheirosas, muito obrigada.- ela sorriu.- Vou falar com seu pai e seu irmãozinho, tá?
— Tá, posso jogar?
— Tem jogos aqui?
— Eu botei uns pra ela.- diz Tony.
— Então pode jogar. E você, meu pequeno, e você.- ela diz para o menino que com alegria a chama e já inclina o corpo para ir para os braços dela.- Sentiu falta da mamãe, não foi? Mamãe também sentiu falta de você, muita!- ela fala enquanto brinca com ele já em seu colo.
— E de mim, ninguém sente falta?- Tony reclama e ela lhe dá um selinho.- Bom, não era o que eu esperava, né, mas dadas as circunstâncias eu aceito.- ele brinca e os três vão para o sofá
— Obrigada pelas flores.
— Hoje é seu primeiro dia, achei que merecia algo pra simbolizar. Parabéns por ter vencido seus temores e ter vindo trabalhar, amor.- ela lhe dá outro selinho.- Como foi hoje?
— Diferente.
— Diferente bom ou diferente ruim?
— Um pouco dos dois.- ele estreitou os olhos.- Eu te explico quando chegar em casa. Mas o que vieram fazer aqui?
— Achei que seria bom te fazer uma surpresa e vir te buscar com eles no fim de um dia de trabalho.
— Devo dizer que você acertou, senhor meu marido.
— Eu sei, sempre acerto.- ele brinca e ela ri.- Ainda tem alguma coisa pra fazer ou já terminou?
— Só estava revisando alguns contratos, mas posso fazer isso em casa.
— Ah, que ótimo então vamos logo que eu já estou ficando com urticária.
— Alergia a sala da presidência?
— E a escritórios de governo, agentes do governo, que me entreguem coisas.- ele saiu enumerando nos dedos.- Essas coisas.- Pepper riu.- Meu ambiente é outro aí quando mudo assim bruscamente o meu corpo sente.
— Já entendi, Tony.- responde ela com graça recolhendo suas coisas para poder irem embora dali.

O retorno da Pepper ao comando das empresas virou assunto, pois desde todo o acontecimento a única vez que ela foi vista em público foi em Vermont em um dos raros passeios em que ela e Tony deram pela cidade, temerosa por achar que havia comentários sobre a crise que teve mais cedo, Pepper se viu aliviada ao ver que tudo o que tinha sobre ela era apenas que ela havia dado a volta por cima.

— Ainda bem que ninguém percebeu.
— Quem não percebeu o quê?- perguntou Tony ao surgir na sala.
— Ham... nada não. Já jantou?
— Já, acabei de voltar da cozinha, mas pelo visto você estava tão entretida nesse tablet que nem me viu passar.
— Você sabe que quando mergulho no trabalho vou a fundo. Cadê a Marta?
— Já foi, disse que tinha de ficar um pouco em casa também.
— Você não brigou com ela por conta do Xerife, né.
— Não, nós ainda vamos falar melhor sobre esse romance da terceira idade.- Pepper revirou os olhos.- E nem venha me repreender.
— E adianta? Só vou gastar saliva.
— Ainda bem que sabe disso.
— Às vezes você é tão infantil, Tony.
— É, já me disseram isso. Espera aí, a gente tá discutindo?
— É o que parece.
— Primeira discussão desde que voltamos.
— É verdade.- reconheceu Pepper acompanhando com o olhar ele se movimentar para sentar-se perto dela.- Como foi seu dia hoje?
— Ah, vendo onde foi que eu parei, fazendo umas atualizações, nada demais e o seu, o que foi um diferente bom e ruim?
— Ah, é que tipo eu tava morta e agora tô viva e voltei ao trabalho como se nada tivesse acontecido, aí achei um diferente bom por que eu tô viva e voltei a trabalhar com as pessoas que eu conheço e ruim por que parece que eu tô meio deslocada.- disse ela desistindo de contar sobre a crise que teve.
— Alguém te olhou estranho?
— Não, sou só eu que tô me acostumando com tudo outra vez.
— Ah!- ele exclama e se cala esperando ela falar mais alguma coisa e passa a bater o indicador em sua perna ao perceber que não iria.- E a sua crise de pânico quando é que você ia falar?- ela bateu a mão na testa.
— Não acredito que Happy te disse.
— Ele nem precisou, eu estava com ele no telefone quando a Hill chegou dizendo que você estava no meio de uma crise e que precisava dele.
— Foi você quem tava ligando incessantemente pro celular dele, não foi?
— É claro que foi! Você não estranhou eu ter ficado muito quieto o dia todo sem ter te ligado ou tentado qualquer tipo de contato?
— Bastante.
— Acredite, eu lutei muito contra isso. Eu... eu não queria que você tivesse ido trabalhar, Pepper, por que dá última vez que você foi a gente sabe como terminou, por uma porção de vezes eu cheguei pegar o telefone pra te ligar e até mesmo a abrir a porta do carro pra ir a empresa te buscar, no entanto, eu me continha pra dar teu espaço pra você voltar a sua rotina, quando eu soube dessa crise eu fiquei maluco aqui só não fui atrás de você por que Marta impediu minha passagem parando em frente a garagem, segundo ela eu tinha de te deixar livre, de te deixar enfrentar as coisas e que se algo de ruim tivesse acontecido Happy já teria me informado, mas você sabe eu não sou um grande adepto da...
— Paciência.
— E fiquei ligando, ligando e ligando, até ele me atender e me falar sobre você, depois disso fiquei contando os minutos pra ir te buscar por que eu não ia deixar que você viesse só como fiz da última vez, eu não ia vacilar como fiz antes.
— Tony...
— E eu sei que nada do que eu faça hoje vai mudar o que aconteceu no passado, mas pode muito bem prevenir para o futuro.
— O que você quis dizer com isso?- em silêncio ele a tomou pela mão e a levou para baixo, parando diante da mesa ele pegou uma caixinha de metal, a abriu e tirou de dentro um bracelete prateado que tinha de largura, o que a olho nu parece ser, uma pedra retangular azul.
— Eu já tava trabalhando nela há algum tempo.
— No quê? O que é isso, Tony?- ela pergunta ao vê-lo esticando seu braço para colocar o acessório.
— Meu jeito de te proteger mesmo quando não estiver por perto.- sem explicação ele colocou o bracelete no braço dela que assim que entrou em contato com sua pele a espetou simultaneamente em cima e embaixo do seu braço.
— Au! Mas o que é isso?
— Isso é isso.- do meio da plataforma de onde já surgiu tantas armaduras, mais uma foi surgindo diante dos olhos deles. "Meu Deus, ele fez uma armadura pra mim", pensou ela que estava em silêncio e estática encarando uma armadura feita especialmente para uma mulher.