Motivos para mudar

Capítulo 2 - Solução à Vista!


Toris ficou ali, parado, a olhar para o nada. Claro, aquela não era a primeira vez que a bielorrussa o tratava daquela maneira, mas, embora até achasse que já se tinha habituado àquilo, ainda lhe doía no coração aquele comportamento hostil que a jovem insistia em ter com ele.

A uns 2 ou 3 metros dali, Luísa, que estava sentada e a tamborilar na superfície da grande mesa com as unhas enquanto tentava acalmar-se um pouco depois da discussão que tivera com alguns dos países pertencentes à União Europeia momentos antes, parou com tudo isso quando aquela cena lhe chamou a atenção. A portuguesa, apesar da imagem de mulher rígida que tentava sempre passar aos outros, tinha um coração mole para situações como aquela. Era uma verdadeira tsundere*, como se diria na língua de Kiku, mas ela nunca o admitiria e era melhor que os outros também não tocassem nesse termo para se referir a ela.

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Apesar de já ter ouvido algumas nações comentar que a forma como Toris era tratado por Natália era para lá de desumana e que o pobre rapaz tinha sorte em não ser humano, (caso contrário, talvez já não estivesse ali por tantas vezes que já tinha sido deixado às portas da morte), aquela era a primeira vez que via uma cena de violência como aquela por parte da bielorrussa. Claro, ela mal lhe tinha encostado um dedo para o agredir fisicamente, mas as suas palavras foram tão frias e maldosas que, se até Luísa ficara incomodada, nem queria pensar no que elas podiam ter feito ao coração apaixonado do lituano. Com esse pensamento, levantou-se da cadeira onde estava sentada e dirigiu-se a ele.

— Toris, estás bem? – perguntou-lhe ao colocar a mão no ombro dele.

— Ah, Luísa, és tu! Hum… Sim, está tudo bem, não te preocupes. – disse, primeiro surpreendido por vê-la ali, mas logo tentou forçar um sorriso.

— Hum… Com a cena que acabei de ver, não me parece que esteja lá muito bem! – contestou a lusa.

— Oh, não foi nada de especial, está sempre a acontecer! – disse, ainda forçando o sorriso.

— Mas isso não pode ser! Sei que gostas dela, Toris, mas não é por isso que tens que deixar que ela te trate assim!

— Sim, tens razão… Mas o que posso eu fazer? É a única maneira que tenho de me aproximar dela, nem que seja só um pouco… Se ao menos eu fosse mais como o Ivan… – murmurou, cabisbaixo.

— Hum… Talvez até possas ser!

— Obrigado por tentares fazer-me sentir melhor, Luísa, mas acho que isso é impossível... – disse, ainda com os olhos no chão e um leve sorriso irónico com rosto.

— Não, a sério, Toris! Podes ser como ele! Aliás, até melhor, porque vais estar lá para ela enquanto o Ivan tenta nem ficar por perto. – disse, entusiasmada.

— E como é que eu ia conseguir fazer isso? – perguntou, intrigado.

A portuguesa ia responder quando foi interrompida pelo americano, que entregou pela porta adentro e disse, ainda a mastigar metade de um hambúrguer, que a reunião ia recomeçar.

— Nós continuamos esta conversa depois, está bem? – disse Luísa, piscando o olho ao lituano.

— Sim! – concordou Toris, um pouco mais animado.

Todas as personificações voltaram para a sala e retornaram aos seus respetivos lugares. Abel, representação dos Países Baixos, sentou-se ao lado da portuguesa.

— Então? Não sabia desse teu interesse em homens do leste. – disse o holandês, cruzando os braços com um sorriso irónico nos lábios.

— Não tenho interesse algum. Pelo menos, não pelas razões que tu, com essa tua mente poluída, possas estar a pensar. – disse a lusa, cruzando os braços e as pernas ao mesmo tempo.

— Hum… Se é assim, por que é que estavas a falar com aquele báltico ainda há pouco? Parecias estar a achar a conversa muito interessante para quem não tinha segundas intenções. – disse ele, com os olhos semifechados virados para a figura ao seu lado. Já Luísa revirou os dela, perante aquela atitude do loiro.

— E? O que é que tem de mal eu ter demonstrado interesse na conversa que tive com ele? Aliás, mesmo que eu até pudesse ter essas segundas intenções de que falas, o que é que tu tinhas a ver com isso? – disse Luísa, já começando a ficar irritada com aquela conversa.

— Estava apenas a fazer o papel de bom amigo e a tentar prevenir-te de te meteres numa situação perigosa, minha cara. – disse em tom de gozo.

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— Dispenso essa tua falsa preocupação. Até porque não sei que tipo de perigo eu poderia correr por conviver um pouco com o Toris.

— Bem, acho que é óbvio, não? – disse Abel, sorrindo de forma sarcástica e com uma sobrancelha erguida.

— Se estou a perguntar, talvez não seja assim tão óbvio, não achas? – protestou revirando os olhos pela segunda vez naquele dia.

— Ou talvez sejas tu que não tens capacidade para veres a resposta…

— O que é que disseste?! Repete lá isso! – a portuguesa não berrou, por razões óbvias, mas podia sentir-se a raiva nas suas palavras, enquanto cravava as unhas no braço do holandês.

— Ai, ai, ai! Calma! Será que podes parar?!

— Hum… - ela acabou por lhe fazer a vontade, mas ainda o olhava com cara de poucos amigos.

«Esta mulher é mesmo problemática…», pensou Abel.

— O Ivan! Ele pode tentar eliminar-te se te aproximares demasiado daquele báltico! – disse enquanto esfregava, com a mão, o sítio onde antes estavam as unhas de Luísa.

— O Ivan? – pestanejou sem entender – Porque é que ele iria tentar fazer isso? A União Soviética já nem existe!

— Sim, mas é que… Ah… – o holandês parou de falar quando sentiu uma aura maligna por perto. Era Ivan, que conseguiu perceber que estavam a falar de si.

— Ah… Nós continuamos esta conversa mais tarde! – arrepiado, tentou voltar a sua atenção para o que os restantes países na sala discutiam naquele momento.

— Hum? – Luísa levantou uma sobrancelha, em sinal de confusão – Bom, se tu o dizes… – e decidiu seguir o exemplo do loiro. Sinceramente? Não entendia aquela atitude estranha que Abel tinha consigo. Parecia sempre algo como querer saber cada passo que ela dava com «Eu não te perguntei nada.». Era uma verdadeira contradição. Homens… E ainda diziam que as mulheres é que eram as complicadas!