Tell me a lie

Anne POV

-Eles são lindos juntos, não são? – disse ao ver Niall e Sophie.

Achei lindo quando Josh me contou do plano do Niall, muito romântico! Sophie ia ter um treco quando visse. Ok! Eu sei que não faço o tipo ‘romantiquinha’, mas tenho meus momentos! A conversa que tive com Josh ontem me fez refletir um pouco, quem sabe eu não fico um pouco mais flexível daqui pra frente?

Nós saímos de casa logo depois que Niall veio buscar Sophie. Não, ela não notou nada. Acho que ela estava nervosa demais para notar alguma coisa. Josh tinha estacionado de modo que pudéssemos ficar observando o barco. Saí do carro e me sentei no capô, e Josh fez o mesmo. Ele fez uma cara engraçada, como se nunca esperasse ouvir de mim o que eu tinha acabado de dizer.

-Você está doente, por acaso? – Josh riu – Deve estar com febre – ele falou, colocando a mão na minha testa.

- O quê?! Não posso achar o romance deles lindo? Eu, hein!

-Desculpe, só achei estranho... - ele abriu os braços como se estivesse se rendendo.

Os meninos vieram caminhando em direção ao carro, olhando claramente para trás, querendo ver a cena do casal.

-Estavam lindos cantando meninos! – eu disse, com um sorriso de orelha a orelha.

-Obrigado! Tudo pelo nosso pequeno irlandês – Liam se sentou ao meu lado no capô.

Ficamos todos em volta do carro, olhando o iate se distanciar. Os meninos não falavam uma palavra, estavam felizes demais pelo Niall e deixavam isso bem claro pelo brilho em seus olhos.

Comecei a tossir, bobagem, na verdade.

-Vamos pra casa, Anne! Vai pegar um resfriado! – Josh estava bravo.

-O que? Não! Eu quero ficar! E se o barco afundar e nós precisarmos chamar à Guarda costeira? – coloquei um pouco de medo nele - Nunca se sabe!

-Que coisa terrível! –Louis fez uma cara realmente engraçada.

-Ela só esta sendo um pouco exagerada – Zayn colocou.

-Só estou dizendo, que nunca se sabe...

-Nada de ruim vai acontecer... A menos que você não entre nesse carro! Você vai ficar doente!

Sai de cima do capô e olhei pra Josh com uma cara séria. Dei alguns passos até a porta do carro.

-Nos vemos amanhã, meninos! – abri a porta – Aproveitem o resto da noite.

Eu bati a porta com força, e olhei pela janela. Ainda podia ver o iate, mas não conseguia ver Sophie ou Niall. Eu não estava fazendo birra... Certo, eu sei que isso tem cara de birra, mas eu estava com uma sensação estranha. Talvez fosse coisa da minha cabeça, ou quem sabe só paranóia.

-Boa sorte! – Harry bateu em meu ombro.

Os meninos acenaram para se despedir, Lou balançava a mão e sorria como uma criança, o que me fez rir. Josh entrou no carro sério, saímos das docas e partimos em direção à nossa casa.

-O que você tem? – ele perguntou, preocupado.

-Nada – menti. Continuei olhando pela janela e vi as luzes da rua passarem com velocidade, e o tempo, devagar.

Quando chegamos em casa, estava desconfortável, algo fora comum. Sentei no sofá e deixei meu olhar se perder.

-Vai ficar me evitando? – Josh gritou, na porta da cozinha.

-Estou com um mau pressentimento - disse, pensativa. Ele se aproximou de mim e sentou ao meu lado, passando a mão em minha cintura e me abraçando.

-Como assim?! –se mostrou realmente preocupado.

-Não sei... Talvez seja só coisa da minha cabeça, e sinceramente, eu espero que seja. Não gosto disso, me deixa... – senti um arrepio subir pelas minhas costas.

-Isso pareceu coisa de gato! – ele riu.

-O quê?!

-Isso! – ele imitou meu arrepio – Parece um gato se arrepiando!

-To falando sério! - bati em seu braço

-Ei! Não é nada! – me abraçou – Quem sabe não é só fome?

-Eu não sou a Sophie! – ri.

Ficamos sentados no escuro por um bom tempo. Eu me dou bem com o Josh, ele é um doce e um completo cavalheiro. Sophie vive falando de encontrar o príncipe encantado, mas obviamente, eu não acredito nisso. Quem sabe eu não mudo de idéia daqui pra frente... Estou quase achando que tenho um excelente motivo pra isso.

-Anne - Josh estava tenso -, preciso te contar uma coisa. E eu não sei como dizer isso - Meu coração parou por um momento. Não lido bem com noticias repentinas, elas me assustam. Sempre me pegam desprevenida - Amanhã ... – parou, respirou, e continuou - Vou para os EUA com os meninos, e... Eu pensei umas mil maneiras de te dizer isso, mas... Vou sentir sua falta! Quer dizer... Claro que vou sentir falta da Sophie também, mas ela é minha irmã, e é diferente e... – tampei a boca dele com a mão.

-Josh, você é muito fofo! Já te falaram isso? – falei sorrindo. Estava escuro, mas acho que ele corou – Também vou sentir sua falta, é bom ter você por perto – ele me olhava nos olhos, nunca senti tanta serenidade quando estava com uma pessoa – Não quero estragar esse momento lindo, mas... Sophie não vai gostar disso, você sabe, não sabe? – Ok, eu já tinha estragado tudo.

-Não precisa se preocupar, vou deixar você e Sophie em boas mãos.

-Mas... – dessa vez, ele tapou minha boca, fazendo uma cara que dizia claramente ‘Acho melhor você parar de falar’.

-Anne, você fala demais! – ele riu.

Seu braço estava em volta da minha cintura, o que fez ele me puxar para mais perto. Acomodei minha cabeça em seu ombro e passei meu braço por seu peito. Não me incomodaria em dormir na sala de novo, enquanto Josh fosse meu travesseiro.

Sophie POV

Eu estava realmente apaixonada pelo Niall, e o que ele fez foi a melhor surpresa da minha vida, apesar de que o final não foi o esperado: eu nunca ia imaginar que ele poderia fazer uma coisa dessas, me mandar manter para mim o ocorrido, mesmo depois de todo seu trabalho. Não sabia de mais nada, só que não queria mais olhar para ele.

- Barnet Friern, por favor – disse, ao entrar no taxi – o mais rápido possível.

- Pode deixar! – afirmou o motorista

Londres agora passava tão rápido quanto minhas lágrimas caíam. Estava doendo, mas eu não conseguia parar de pensar no que havia ocorrido. Realmente estava apaixonada por Niall, mas ele esperou pelo momento em que nós beijássemos, em que estivesse tudo perfeito para jogar essa bomba em cima de mim: me explodiu em tantos pedaços que eu acho que eu deixei uns para trás, como o meu coração.

- São 20 libras – avisou o taxista – moça?

- Ah, oi, desculpa, quanto ficou mesmo? – perguntei, distraidamente

- 20 libras .

- Obrigada – agradeci, saindo.

Fiquei olhando a porta de entrada de casa e lembrando do dia em que conheci Niall: quase nos beijamos, mas entrei correndo em casa morrendo de vergonha, semelhante ao que fiz hoje. Entrei correndo em casa, chorando, querendo chegar o mais rápido possível no meu quarto sem que ninguém venha me interrogar.

- Sophie? – perguntou Josh.

- Estou cansada, me deixa! – estourei, nervosa.

Joguei no chão tudo que tinha nas mãos, tirei a roupa e entrei no banho. Ainda estava com o cheiro de Niall em mim, e eu não queria ir dormir assim. Coloquei o pijama e deitei na cama, mesmo de cabelo molhado. Demorei para cair no sono, eu só pensava no conto de fadas que eu achava que estava tendo, e que havia desmoronado de uma vez só.

- Bom dia, meu raio de sol! – Josh chegou todo feliz em meu quarto, beijando minha testa.

- Bom dia, gordinho – penteei os cabelos com as mãos e me sentei, ao lado dele.

- Eu quero te falar uma coisa.

- Pode falar – ele me preocupou.

- Eu não sou o seu único irmão!

- Josh, isso é sério? Porque o pai não disse na carta? Nossa que legal! Onde ele está? Quando eu vou conhecê-lo? – parecia uma metralhadora com as perguntas.

- Calma! – riu – Ele não contou nada porque ele não sabe que você existe: morava com a mãe, mas está vindo para cá hoje mesmo. Eu vou ter que partir para os EUA hoje mesmo, por causa de uma turnê. Desculpa te avisar em cima da hora. – me abraçou – Ben vai cuidar muito bem de você, eu tenho certeza.

- O nome dele é Ben? – ri

- Benjamin.

- Quero conhecê-lo logo!

- Então se arruma, que daqui a pouco ele está chegando!

- Pode deixar gordinho, já estou indo. Anne já está acordada? – perguntei.

- Não, eu ainda vou acordá-la. Vá se arrumar, nosso cheff está preparando um maravilhoso café da manhã para nós o recebermos bem.

Josh saiu do quarto e eu fui me arrumar. Por alguns momentos, eu pude esquecer Niall, mas quando Josh disse turnê, o meu pesadelo começou novamente. Meu cabelo estava ondulado, já que havia dormido com ele molhado, mas estava lindo. Eu joguei uma água no corpo e me sequei. Fiquei olhando o closet por alguns minutos: a minha vontade era de colocar um jeans velho, um suéter largo rasgado e um all star, mas eu ia conhecer meu irmão, então não tive escolha, tive que por algo mais apresentável. Coloquei uma saia florida, uma blusa lisa com rendas por baixo da saia, um blazer azul marinho e o meu bom e velho coturno bege. Passei um pouco de rímel em meus cílios, um blush pêssego, um perfume e já estava ótimo. Não quero nada de mais, só queria ficar em casa hoje, olhando para o teto.

- Bom dia amiga, você está linda. – Anne comentou, ao entrar.

- Obrigada amiga, você também está!

- O que houve ontem? – perguntou, desconfiada de algo.

- Não houve nada de mais, só passeamos mesmo.

- Entendo. E aí, ansiosa para conhecer Ben?

- Aham...Sim – estava distraída.

- Venha, vamos descer. Josh está nos esperando lá em baixo.

Peguei a minha bolsa e meu celular, tinha varias mensagens de Niall, pedindo perdão por ter feito o que fez, mas eu não respondi, não ia perdoá-lo. Mesmo tendo agido para querer me ‘proteger’, ele não pensou que talvez eu não quisesse ser protegida. Eu queria ele, só desse jeito ia me sentir protegida e ele não estava entendendo isso. Estava fazendo o possível para tirá-lo da minha cabeça e também do meu coração, mas estava tendo dificuldades.

- Você está linda, minha pequena – Josh me abraçou.

- Obrigada – o abracei mais forte.

- O que houve, bebê?

- Nada... Eu só... Vou sentir a sua falta – disse, deixando cair uma lágrima de meu rosto. A verdade era que eu precisava daquele abraço desde ontem.

-

Eu te amo – secou minhas lágrimas.

- Eu também te amo, gordinho.

Eu tinha visto no canto da sala, as malas de Josh, o que me partiu o coração. Eu não queria ver Niall hoje, mas não tinha como eu falar não para Josh, já que eu ia ficaria alguns meses sem vê-lo, e eu ia me sentir culpada se não fosse me despedir dele.

O interfone tocou, o mordomo atendeu e anunciou a chegada de Bem. Abrimos a porta, e Josh ajudou o mordomo a trazer suas coisas para dentro. Ele era lindo, muito parecido com Josh. Abri um sorriso em meu rosto: sempre quis ter irmãos, e agora eu tenho, na falta de um, dois, sem contar com Anne, que ficou ao meu lado o tempo todo.

- Ben, eu quero te apresentar uma pessoa que é e vai ser muito importante em nossas vidas. Você não sabia da existência dela, mas eu sabia. Desculpa esconder de você, mas o pai pediu para não contar, e eu espero que você aceite ela como eu a aceitei. Ben, essa é Sophie, nossa irmã mais nova. – Josh apontou para mim.

- Irmã? Sério? Isso é demais! – Ben me abraçou, exatamente como Josh.

Eu não tive reação, apenas o abracei forte e como havia feito com Josh anteriormente. Lágrimas começaram a cair dos meus olhos, fiquei feliz em ser aceita por ele: estava com medo de que ele questionasse algo.

- Você é linda Sophie! Sabe, acho que é de família – Ben me abraçou de um lado e Josh do outro.

- Realmente, vocês três são lindos! – Anne.

- Vamos comer? Estou com fome. – foi minha vez de comentar.

- Sophie, você sempre está com fome! – Anne e Josh falaram em coro.

- A culpa não é minha, desculpa se eu sou gorda! – ri

Ben e eu ficamos amigos logo de cara, foi como com Josh. Nosso amor um pelo outro cresceu rapidamente, acho que gostar de alguém facilmente era realmente de família. Tomamos café e jogamos conversa fora, Ben contou um pouco sobre a vida dele para nós e eu contei um pouco da minha: mostrei a carta que nosso pai tinha escrito para mim no dia em que morreu e ele chorou, Ben era um fofo.

Josh olhou em seu relógio e já estava atrasado. Pegamos suas malas e saímos correndo para o aeroporto, fiquei abraçada à Bem o caminho inteiro. Não sei ao certo, mas acho que ele sentiu que eu estava mal, porque também não me soltava por nada, e não demorou muito à perguntar o que eu tinha.

- Pequenina, está tudo bem com você? – sussurrou em meu ouvido.

- Está... está sim – menti.

- Eu sei que não está, mas não tem problema se você não quiser me contar, só me abraça que melhora – reforçou o abraço.

Chegando ao aeroporto, Ben pegou em minha mão e disse que ia ficar tudo bem, o olhei e abracei. Eu realmente não queria ver Niall, mas naquele momento eu precisava ser forte. Eu já via uma multidão de fãs à frente, o segurança dos meninos nos puxou para a área vip, onde eles estavam esperando o vôo ser chamado. Apertei a mão de Bem com uma mão e segurei a de Josh com a outra, os dois me deram um beijo na bochecha e continuamos andando até chegarmos aos meninos.

- Sophie! – exclamou Liam, me abraçando.

- Oi Liam, como você está? – perguntei.

- Ótimo – sorriu.

Abracei todos e na vez de Niall eu não sabia o que fazer. Ele me abraçou e sussurrou ao meu ouvido.

- Porque você não responde as minhas mensagens?

- Niall, me larga, eu não quero que tirem fotos de nós dois. Não quero que nossas vidas virem um inferno, se é que já não são. – afirmei afastando-o de mim

Meus olhos se encheram d’água. Queria chorar rios naquele momento, mas a única coisa que eu fiz foi voltar aos braços de Ben, ainda que Josh me tirou deles..

- O que houve ontem entre você e Niall? – Josh me puxou e perguntou.

- Nada gordinho, por favor, esqueça isso. – o abracei...

- O clima entre vocês dois está péssimo, não era assim antes. Porque você não quer me contar, Sophie? Eu sei que tem algo errado!

-Josh, por favor, não insista, não ocorreu nada.

- Eu não acredito muito nisso, mas tudo bem – disse, me abraçando

Voltamos para perto dos meninos, estávamos conversando normalmente quando Niall desapareceu com Liam. Eu não tinha ideia do local para qual eles foram, mas também não estava curiosa para saber. Até gostei do fato de ele não estar mais lá: o clima estava pesado e eu estava com vontade de chorar.

Josh foi se despedir de Anne e eles estavam lindos: Josh fazia carinhos em Anne e ela retribuía com sorrisos. Eles não chegavam a se beijar, mas quase. Espero que os dois fiquem juntos, eles não mereciam a minha vida. Louis e Zayn ficaram conversando com Ben e eu fiquei na janela, olhando os aviões decolarem.

- Ei moçinha, está tudo bem com você? – perguntou Harry, me abraçando pela cintura.

- Aham, está sim! – sorri para Harry.

- Eu amo seu sorriso – ele arrumou meu cabelo.

- Obrigada, o seu é maravilhoso também – sorri, timidamente.

- Sabe Sophie, eu não paro de pensar em você desde o dia do show, você é realmente linda, mas não quero estragar nada entre você e Niall.

- Não precisa,ele já estragou. – falei distraidamente, sem perceber o tamanho da burrada.

- O que? O que aconteceu? – Harry me abraçou.

- Não foi nada, desculpa. Eu não podia nem falar isso, esquece o que eu falei, por favor, e não conta pra ninguém! – entrei em desespero.

- Tudo bem Sophie, eu não vou comentar nada, prometo. E não vou te forçar a dizer nada também. – me abraçou mais forte.

- Obrigada Harry – o soltei .

Ficamos nos olhando por alguns segundos, cara a cara, e naquele momento eu pude perceber que Harry também poderia estar gostando de mim. Desviei o olhar para a janela, quando Harry segurou minha mão e a beijou, e para nossa sorte, ou azar, Niall e Liam apareceram, o chamando para embarcar.

- Eu já estou indo, podem ir na frente. – falou Harry, gesticulando.

- Sophie, por favor, fica bem. – Harry parecia estar preocupado pelo tom de sua voz.

Não falei nada, só o abracei. Harry segurou a minha mão e me levou até a sala onde estavam todos. Os meninos nos olharam estanho, Harry se despediu de mim me dando um beijo na testa e logo entrou no avião. Os outros meninos se despediram também, mas não permiti que Niall o fizesse, me esquivando para abraçar Josh.

- Sophie, por favor, não chore. Eu vou te ligar todo dia. Estou preocupado com você. Te amo. – Josh deu o seu último adeus e logo entrou no avião.

Ben e Anne me abraçaram, e nós vimos os meninos partirem. Lágrimas começaram a cair de meus olhos. Ambos, Anne e Ben perceberam que eu não estava bem e me abraçaram.

- Eu já sei o que pode te animar amiga, um sorvete bem grande, topa? – perguntou Anne.

- Topo! Vamos! – exclamou Ben, me guiando até o carro.