Moonlight

A luz de seus olhos


Aquele olhar... Enquanto eu tinha os lindos olhos dela nos meus, aqueles poucos minutos pareciam durar horas. O tempo parou por um instante enquanto eu a olhava. E milhões de coisas se passavam na minha mente, coisas felizes, foi a primeira vez que senti a sensação de felicidade. E foi a melhor sensação de minha vida. Eu só sabia que precisava estar ao lado dela pelo resto da minha vida. Eu estava vivo. Eu finalmente cheguei a viver de verdade. Apenas pelo brilho intenso de seus maravilhosos olhos, que pareciam duas grandes luas cheias, brilhantes.

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– Quem é você? - disse ela após aqueles longos minutos.

Demorei para me dar conta de que ela estava falando comigo e fiquei mais uns dez segundos sobre o efeito da beleza de seu olhar. Quando finalmente percebi a voz dela... Oh, que voz divina! Soava tão bela como a harmoniosa sinfonia de pássaros em uma manhã ensolarada, algo que raramente se via nesta cidade.

Ao perceber que eu não a respondia e nem iria responder tão facilmente, ela foi embora sem dizer mais nada. Acho que ela notou o quanto fiquei impressionado com sua beleza. Fiquei triste por não poder falar com ela, mas em compensação, apenas o seu olhar já havia cativado minha alma. Apenas por ver aquele belo olhar, já pude me sentir vivo. Vivo como eu jamais fui em toda minha vida.

...

Eu nunca saía de casa, sequer abria as janelas pelas manhãs para entrar sol em casa. Sempre estava trancado lá dentro com portas e janelas fechadas, geralmente dormindo. Eu odiava a luz solar. Mas desde a noite passada, tudo estava diferente pra mim. A primeira coisa que fiz ao acordar foi abrir a janela. O céu parecia estar mais claro, e o dia mais belo. Talvez sempre foi assim... Quem sabe fui eu que nunca quis olhar... Mas agora que eu tinha ela em minha vida, o mundo inteiro mudou, o mundo inteiro se embelezou. Não eram só as noites que me encantavam agora. O mundo todo estava maravilhoso agora! Eu pude ver os pássaros cantando, pude ver a beleza das árvores, pude enxergar o céu azul de verdade, e não mais um céu escuro e acinzentado...

Quis ir até a praça para ver se ela estava lá. Então me arrumei, troquei de roupa e fui. Ainda tive um pouco de dificuldade de sair com aquele sol, sendo que eu nunca saía de casa e raramente via a luz solar. Mas mesmo assim, meu desejo de vê-la de novo era maior que qualquer coisa. Eram sete horas da manhã, eu mal dormi direito aquela noite, dormi menos de cinco horas, pois cheguei em casa mais ou menos uma hora e meia da manhã e demorei mais de uma hora para conseguir dormir... Mas não me importava! Eu precisava vê-la!

Chegando na praça, não a vi, mas pude ouvir música vindo da enorme mansão que ficava ao lado da praça... Era um casarão muito lindo, as paredes eram verde claro com alguns detalhes brancos. O portão era branco também. E logo a frente, um belo jardim cheio de orquídeas brancas. Acho que era a casa dela. Eu quis espiar pelo muro, mas era muito alto e eu não pude alcançar... Fui no portão da entrada e toquei a campainha.

Logo, uma senhorinha de uns setenta e poucos anos me atendeu, seu cabelo era grisalho, ela tinha suas costas um pouco encurvadas e usava uma bengala. Mas sua aparência era de total simpatia. Ela me perguntou em um tom de bondade e doçura:

- Belo rapaz, como vai você? O que queres aqui?

Em resposta, eu disse um pouco envergonhado:

- Olá, minha senhora! É aqui que mora uma bela jovem de cabelos negros e compridos que toca violino?

Ela deu uma leve risada e disse:

- Ah, ela é uma de minhas alunas! Aqui é como uma escola de música. Mas não é nada profissional, apenas ensino minhas netas e suas amigas.

Assim que ela falou que a garota dos olhos de lua era sua aluna, eu fiquei eufórico e pedi para chamá-la. A doce senhora parecia não entender muito bem o motivo de minha ida até lá, até porque ela nunca me vira antes. Eu pude ver a expressão de confusão em seu rosto. Mas mesmo assim, ela assentiu e foi até lá chamar a bela garota. Ao voltar, pude ver a senhorinha andando pelo imenso corredor que ficava no canto da casa vindo em direção ao portão, e atrás dela, sorridente e saltitante, muito linda, a garota dos olhos de lua.

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Ao me ver, ela pediu gentilmente para a senhora se retirar e depois murmurou:

– Você é o garoto de ontem a noite?

Gaguejei que sim. E logo perguntei porque ela falava naquele tom, como se fosse um segredo. E ela disse:

– Ninguém pode saber que eu fico lá na praça tocando durante a noite.

E eu, com uma expressão de perplexidade, retruquei:

– Como assim?! Você tocou tão alto que até eu pude ouvir! E eu moro a três quarteirões daqui!

Ela pareceu atônita e disse:

– Isso não é possível! Como?! Ninguém mais ouve!

– Eu não sei... Parecia um som tão nítido e alto ontem a noite... - Ela fez um olhar de mistério e permaneceu em silêncio.

Eu perguntei se ela gostaria e poderia sair pra dar uma volta por aí. Ela falou que sim, e logo afirmou:

– Mas antes, - estendeu a mão - Me chamo Lunae Lumen, mas as pessoas me chamam de Luna, apenas.

Minha mão tremia e eu soava frio, mas estendi minha mão também e a cumprimentei, logo em seguida dizendo meu nome. Então saímos por aí, o dia estava tão lindo, mas não tão lindo como Luna...