Money Make Her Smile

I just wanna be the girl you like


“Why don’t you love me?

Tell me, baby, why don’t you love me?

When I make me so damn easy to love

I got beauty, I got class

I got style and I got ass!

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But you don’t even care to care…”

– Queria deixar muito claro que eu só estou indo nessa bagaça porque vocês disseram fazer muita questão da minha presença. – Johanna anunciou, enquanto secava os cabelos com o secador de Katniss.

– Johanna, você fez 60 anos e esqueceram de te avisar. – Annie rebateu, mas ela mesma parecia bem desanimada, sentada na cama de Katniss vestindo somente a parte de cima de sua roupa (uma blusa laranja simples, de ombro caído). – Fala sério. O Finnick prometeu um desconto maneiro nas bebidas. Barzinho e música boa. Vai ser ótimo.

Johanna bufou.

– Eu só queria dormir. – Ela reclamou, desligando o secador e enrolando o fio do aparelho para guarda-lo dentro do armário do quarto da amiga.

– E eu queria não ter que encontrar com o Peeta nunca mais. – Annie rebateu, diminuindo o tom de voz para que Katniss, que no momento estava tomando banho no banheiro da suíte que era seu quarto, não escutasse a declaração. – Mas você está me vendo reclamar? Não. Sabe por quê? Porque faz um tempão que a gente não sai e eu valorizo a companhia de vocês.

Apesar do exagero da colocação, Annie não estava dizendo nenhuma mentira. Fazia bastante tempo que elas não saíam juntas, e mais tempo ainda desde a última saída em grupo dos seis. Todos estavam com a vida tão atarefada, preocupados em construir seus futuros e trabalhar e estudar e pagar as contas, que agora que Johanna parara para fazer as contas, ela podia afirmar seguramente que fazia quase um mês que ela não via Gale ou nenhum dos meninos. Suas amigas ela via com um pouco mais de frequência, mas mesmo assim, elas estavam longe de estarem tão próximas como costumavam estar.

Mas o motivo para ela não ver suas amigas era o mesmo que a fazia querer ficar em casa no momento: excesso de trabalho. Depois de sua primeira audiência, Johanna vinha sendo bastante requisitada no escritório, mesmo que não como advogada principal de nenhum processo. Nos fins de semana, tudo que ela queria era deitar em sua cama, se enrolar nas suas cobertas e se fingir de morta até ter que ir pro escritório novamente.

Mas, nesse final de semana, ela não conseguira escapar de ter que viver e cumprir seu papel social como jovem na noite carioca. Como nenhuma saída combinada aos sábados ou domingos incluiria Finnick, devido ao seu emprego, ele resolvera chamar todos os amigos para curtir a noite no Señorita. Mesmo que estivesse trabalhando, pelo menos ele não se sentiria tão excluído da vida social do que antes costumava ser um sexteto unido. Ele até negociara com o Sr. Crane um desconto nas bebidas que os amigos pedissem. Como era um grupo grande, o proprietário do Señorita concordou que eles pagassem apenas 60% de toda a bebida que consumissem.

Parecia ótimo. Muito bom mesmo.

Tirando o fato de que Johanna não tinha a menor ideia de como agir com Gale depois da conversa que tiveram.

Eles não se falaram desde então, e Johanna havia se convencido que o melhor que podia fazer era fingir que aquele dia nunca acontecera. Ela tinha posse de um segredo muito grande e muito importante, que se não fosse guardado podia destruir pra sempre a amizade entre os seis. E não só a amizade recente que unira as garotas com os garotos, mas sim amizades antigas, como a de Peeta e a de Gale. Saber dos sentimentos de Gale por Katniss não era nenhuma vantagem. Agora, além de saber que o cara de quem ela é a fim estica o olho para sua melhor amiga, Johanna ainda sabia de uma bomba que, se explodisse, causaria um estrago semelhante ao desastre atômico no Japão.

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Bom, ninguém mandou perguntar, não é mesmo?

Ela suspirou e sacudiu os cabelos para trás, tentando afastar do rosto a recém aparada franja. Seus cabelos estavam mais curtos, quase na altura dos ombros, e o castanho dos fios parecia mais aberto, quase como se ela tivesse tomado sol, o que era uma ideia ridícula se lembrarmos que ela passa oito horas por dia, cinco vezes na semana, dentro de um escritório onde a única fonte de iluminação é aquele monte de lâmpadas florescentes brancas.

– A Katniss ficou de me emprestar uma roupa. – Ela abriu o armário da amiga, procurando por algo que pudesse vestir. – Você sabe o que ela vai usar?

– Não faço ideia. Na verdade, nem sei se ela já decidiu. – Annie respondeu. – Quer que eu vá perguntar pra ela?

– Faz esse favor pra mim? – Johanna perguntou, seus olhos ainda percorrendo o armário invejável da amiga.

Annie assentiu e saiu do quarto, deixando Johanna sozinha com as peças. Enquanto passava os dedos pelas roupas, ela ouviu o clique da maçaneta indicar que alguém estava entrando no cômodo. Pensou logo em Annie, mas um reflexo de cabelos loiros a informou que estava errada.

– Jo. – Uma Prim de calcinha e sutiã cumprimentou a morena. – Posso chegar no armário da minha irmã um minutinho?

Johanna se afastou do guarda roupa para dar espaço para a loira, que começou a futucar as peças penduradas do cabideiro. A medida que procurava e não achava o que queria, os movimentos de Prim se tornavam mais raivosos, até o ponto em que a loirinha simplesmente abria as gavetas e jogava as roupas da irmã pro alto na busca do que precisava.

– A Katniss vai ficar puta, hein? – Johanna alertou.

– Eu também estou puta. Aquela folgada pegou uma saia minha emprestada e não me devolveu até hoje. Agora eu quero usar a porcaria da saia e não acho de jeito nen... – Ela se interrompeu, os dedos agarrando firmemente alguma coisa que ela acabara de encontrar no fundo da segunda gaveta revirada. Prim ergueu os braços e uma tira de pano listrada entrou no campo de visão de Johanna. – Achei. – A loira sorriu para si mesma.

– Você vai pro Señorita com a gente? – Johanna perguntou, se aproximando do armário novamente agora que Prim terminara a procura.

– A Katniss disse que não tinha problema. Mesmo que eu vá ficar de vela, é melhor do que ficar trancada em casa.

– Você não vai ficar de vela. Tem eu. E a Annie não vai poder ficar exatamente grudada no Finnick, você sabe.

– Ah, você não conta, Johanna. – Prim disse, com uma risadinha. – O Gale vai.

Johanna sentiu seus nervos esticarem à menção do nome de Gale, principalmente à insinuação de que havia algo entre eles dois. Parecia só reforçar o quanto as pessoas achavam que eles estavam fadados a ficar juntos, sendo que claramente ele decidira que essa perspectiva não era boa o bastante para ele. Ela sentia vontade de gritar que não, eles não ia ficar juntos e que tudo tinha dado errado no plano de tirar três casais de seis pessoas.

– A gente não tem nada. – Johanna respondeu, e a mudança em seu tom de voz foi sutil demais para Prim reparar.

– Hoje é um excelente dia para começarem a ter. – Prim rebateu, pegando da bancada a blusa que tinha trazido de seu quarto e sacudindo-a para desamassá-la.

– Não sei se vai rolar. – Johanna disse, enquanto tirava uma batinha rosa da fila de roupas do armário de Katniss. Pronto. Era aquilo. Era só jogar uma calça jeans e uns acessórios, e ela estaria pronta. Não estava com cabeça para se produzir naquele momento.

– Por que não? Ele namora? – Prim perguntou, vestindo sua blusa e esticando-a no corpo. Johanna notou que era um top cropped preto com finas listras brancas, que contrastava de um jeito engraçado com a saia, que era branca com listras pretas. Poucas pessoas ficariam bem com uma combinação daquelas.

Não que isso fosse um problema para Prim. Ela podia usar o que quisesse, sempre. Não havia restrições em relação a cortes ou estampas para valorizar seu corpo. Tudo parecia ter sido feito sob medida para aquela pirralha linda.

– Não. Mas acho que ele é a fim de outra pessoa. Se não já tinha rolado, né? Eu não estou exatamente bancando a difícil. – Johanna comentou e Prim riu.

– Eu acho que você está, sim. Sem perceber. – Prim comentou. – Você é toda linda, bem sucedida, engraçada. Ele deve te achar tão inalcançável que nunca nem pensou na possibilidade de você dar bola para ele.

Johanna quis dizer que o problema não era exatamente aquele, mas se conteve. Decidiu continuar ouvindo Prim dar seu parecer sobre sua situação, porque pensou que a opinião de alguém de fora podia lhe abrir os olhos para alguma coisa que não a fizesse se sentir tão pra baixo.

Além do mais, Prim talvez tivesse mais experiência com essas coisas do que ela própria. Apesar de ser mais nova, a loira não era exatamente uma garotinha ingênua.

– Ela já reparou em mim, Prim. Ele sabe que eu estou aqui. Ele só não se interessou mesmo. – Johanna disse, vestindo a bata e se examinando no espelho do armário.

– Com essa blusinha sem graça ele vai reparar menos ainda, né, bonita? – Prim perguntou, andando até a morena. – Fala sério. Eu tenho 17 anos e tenho mais atitude que vocês três juntas. – Prim comentou, tocando os ombros de Johanna e direcionando-a até o armário novamente. – Bota uma roupa sexy. Mostra esses peitos. Se exibe por aí. Não para o Gale, mas para mostrar que você é maravilhosa e está 100% segura e pronta para uma aventura com o primeiro gostosão que passar e te olhar duas vezes.

Johanna gargalhou.

– Mas eu não estou! – Johanna disse, ainda gargalhando. – Sério, Prim. Eu não quero me esforçar pra chamar a atenção de ninguém. Não agora.

– Você não vai se esforçar, porque quem vai ter o trabalho de escolher a roupa sou eu. – Prim disse. – Você só vai vestir isso aqui e rir dos caras que vão babar por você nesse bar hoje. Vem. – A loira chamou, e em suas mãos havia um cabide com algo vermelho. – Bota isso aqui.

Johanna tocou a peça com cuidado. Era uma blusinha simples vermelha, mas com um decote ousado e malha fina, daquelas que grudam no corpo e deixam as formas bem delineadas.

– Minha irmã nunca usou essa blusa, logo nota-se porquê. – Prim comentou. – É a minha blusa de guerra. Quando eu quero arrasar, eu coloco isso aí e plau. – Ela estalou os dedos e não completou a frase, deixando Johanna entender aquele “plau” como bem entendesse.

Johanna encarou a blusa, indecisa. Um lado seu rejeitava a ideia de vestir aquela blusa e bancar o papel de mulher fatal, mesmo que só por uma noite. Outro lado seu, porém, queria muito colocar aquela roupa e chutar o balde, porque talvez Prim tivesse mesmo razão e ela, sem perceber, emanasse uma aura de mulher inalcançável. Não que ela pretendesse mudar por atenções masculinas, mas de vez em quando sair da casinha é o melhor que você pode fazer por si mesma.

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Além do mais, não ia doer nada ver a cara de tacho de Gale quando a visse vestida com aquela blusa assassina.

~~

– Acho que eu fiz a maior merda da minha vida chamando vocês para cá. – Finnick confidenciou a Gale, quando os dois estavam sozinhos no bar e Finnick passava um pano úmido no balcão. Os dois esperavam por Peeta, que havia ido buscar as meninas na casa de Katniss e estava a meio caminho do bar.

– Ué, por quê?

– Eu vou colocar a Clove e a Annie no mesmo lugar. – Finnick respondeu, a voz quase num sussurro. Clove tinha uma mania de surgir do nada, silenciosa como um fantasma, e Finnick não queria que ela ficasse ciente da situação delicada em que ele mesmo havia se colocado.

– Você não contou pra Annie da Clove? – Gale sussurrou de volta, e por mais que ele tivesse tentado controlar o tom de voz o cochicho soou bastante exasperado.

– Não! A gente está tão bem que ninguém teve coragem de comentar nada sobre o tempo que a gente passou separado.

– E aí você convida ela pra cá? Pra dar de cara com a garota que você beijou enquanto vocês estavam brigados? – Gale perguntou, deixando os cochichos de lado e elevando a voz. – Você perdeu a noção mesmo.

– Você acha que tem muita chance de dar alguma merda? – Finnick perguntou, passando as mãos pela testa nervosamente.

– Sei lá, cara. Do jeito que a Clove é, eu não duvido nada que ela te mande um beijo durante o show. – Gale comentou. – E não acho que vá adiantar muito pedir para ela se controlar porque a Annie vai estar aqui, porque é a cara dela te provocar ainda mais justamente porque a sua namorada está perto.

– É verdade. – Finnick concordou. – Ela adora bagunçar as coisas.

– Não reclama, porque foi justamente por isso que você ficou com ela. – Gale acusou, e Finnick revirou os olhos, mas acabou sorrindo. – Mas eu não acho que ela vá chegar e contar pra Annie o que aconteceu entre vocês se por acaso elas começarem a conversar durante a noite, sabe? Ela não é má desse jeito. Ela não quer te separar da Annie. Ela só gosta de brincar com os caras com quem ela fica.

– Elas não vão conversar durante a noite. – Finnick disse, fazendo um som de descrença logo em seguida. – A Clove fica trancada ensaiando até o show. Aí ela faz o show e depois fica direto bebendo com as meninas da banda.

– Então não vai acontecer nada. – Gale disse, tranquilizando o amigo.

Um grupo de pessoas dobrou o corredor que ligava o hall de entrada do Señorita até o grande salão onde aconteciam os shows da Rota 66. Gale apertou os olhos e reconheceu Katniss e Prim, que entraram primeiro em seu campo de visão, ambas segurando suas comandas. Finnick acenou para as garotas, que cochicharam com o resto do grupo, que vinha logo atrás, e apontaram na direção dos dois que já estavam ali.

– Acho que a gente chegou cedo demais. – Katniss comentou, sorrindo, enquanto cumprimentava Gale com um abraço e beijava seu rosto.

– Não, vocês chegaram bem na hora. – Eles respondeu, sorrindo também. – Quanto mais cedo a gente chega, mais a gente bebe.

– Alcoólatra. – Peeta comentou, socando o ombro do amigo.

Enquanto isso, no fundo do grupo, Prim cutucava as costelas de Johanna. A morena estava quase arrependida de ter aceitado a sugestão de se enfiar naquela blusa, porque a questão acabava se tornando maior do que a maldita roupa. Ao vesti-la, Johanna se comprometera consigo mesma que assumiria uma posição agressiva naquela noite, e agora que ela estava ali, diante de Gale e de todos os seus amigos, ela duvidava que seria capaz de aloprar como aquela blusa sugeria que ela deveria.

– Finnick, me vê um refrigerante, por favor? – Prim pediu.

Katniss soltou uma risada.

– Não acredito que você vai ser legal e não vai beber enquanto estiver comigo.

– Eu vou beber, sim. – Prim respondeu, enquanto Finnick esvaziava uma lata de guaraná em um copo cheio de gelo. – Obrigada, Finn. – Ela disse ao loiro e levou o copo à boca. – Eu só não vou começar agora. – Ela piscou para a irmã.

– Eu não sirvo bebida para menor. – Finnick disse, rindo para a loirinha.

– Eu peço pros outros caras do bar. – Ela respondeu, dando de ombros. – Fala sério, gente, eu me passo por maior muito fácil. Além do mais, você – Ela apontou para a irmã. – devia agradecer. É melhor eu beber na sua frente do que me embebedar e perder a linha nas suas costas.

– Como se você não fizesse as duas coisas. – Katniss sacudiu a cabeça. – Bom, você não vai beber, mas eu vou. Finn, me fala o que tem de bom aí.

Os seis entraram em uma discussão sobre o que deveriam beber e Johanna permaneceu calada o tempo todo, encarando o cardápio. Ela estava em dúvida entre começar com uma cerveja ou já pular para um drink forte logo agora.

– Não decidiu nada? – Ela ouviu uma voz grave acima de sua cabeça e ergueu o rosto, mesmo que já soubesse quem se dirigia a ela.

– Cerveja ou vodka? – Ela perguntou.

Gale ia responder que era sempre a favor da cerveja, mas no momento em que os olhos de Johanna se ergueram e encontraram os seus ele reparou que havia algo diferente. Seus cabelos estavam mais curtos, e essa era a mudança mais óbvia, mas seu olhar parecia mais grave. Mais perigoso.

O que uma sombra esfumada não faz, não é mesmo?

Ele escorregou o olhar para sua boca, colorida com um discreto batom alaranjado. Seus olhos desceram mais, e catalogaram o cordão com pingente de pimenta que ornava o pescoço. Desceram um pouco mais, até chegar no decote...

– Cerveja ou vodka, Gale? – Ela perguntou de novo, sorrindo de lado. É, Prim tinha razão. Dava para se divertir um pouco com aquela blusa.

– Cerveja. Cerveja, claro. Cerveja, sempre. – Ele respondeu, erguendo o olhar rapidamente e parecendo envergonhado. Qual é, ele gostava de Katniss, mas não estava morto.

Gale sabia que seu olhar tinha descido para o decote de Johanna por apenas um segundo, mas se sentia tão envergonhado que era quase como se ele a tivesse visto nua. Ele não era esse tipo de cara. Ele era o tipo de cara que sabia reconhecer quando uma mulher estava bonita, mas não a tratava como um objeto. Ele não era o tipo de cara que agia como se todas as mulheres do mundo não passassem de um par de peitos e uma bunda. Ele não era o tipo de cara que perdia a compostura, nem por um segundo, por causa de um decote.

Mas era tão inesperado ver aquilo partindo de Johanna que ele se desconcentrou. E, enquanto tentava se decidir se tinha ficado apenas surpreso ou se dentro dele cutucava também um pouquinho de atração, Johanna se levantou.

– Você quer dividir uma breja comigo? – Ela perguntou, o corpo meio virado na direção do bar.

– Sempre. – Ele respondeu, e ela sorriu.

– Finnick, manda descer uma Original, então. – Johanna pediu, batendo com o cardápio no balcão do bar e sorrindo para o loiro.

Tinha que se lembrar de depois agradecer a Prim por não deixa-la sair com a bata rosa.

~~

– Ui, me desculpa! – Annie disse, quando esbarrou em alguém ao abrir a porta do banheiro do bar.

A morena de cabelos curtos sorriu de lado.

– Fica tranquila, estou acostumada a levar porrada dessas portas. Esse banheiro é um cubículo.

– É. – Annie concordou. – Aqui é ótimo, mas esse banheiro minúsculo realmente enfraquece.

– Já falei com o Seneca pra deixar de ser pão duro e fazer uma obra aqui um milhão de vezes. Já até ameacei não tocar mais aqui se ele não quebrasse essas paredes, mas não adiantou.

– Ah, você é da banda? – Annie perguntou e a morena assentiu.

– Sou guitarrista.

– Meu namorado disse que vocês são ótimas. – Annie comentou sorrindo. – E eu achei sensacional uma banda só de mulheres.

A morena estreitou os olhos e pendeu a cabeça para o lado, encarando Annie curiosamente. Suas íris cor de âmbar subiam e desciam pelo corpo de Annie, e ela ficou em silêncio por tanto tempo que Annie começou a se perguntar se havia falado algo errado.

– Seu namorado costumar vir aqui? – Ela perguntou, mas já quase sabia a resposta que sairia da boca de Annie.

– Não, ele trabalha aqui. – Annie respondeu. – É o Finnick, conhece?

Clove abriu um sorriso tão largo que chegou a ser assustador. Depois, soltou uma gargalhada discreta.

– Claro que eu conheço. – Ela respondeu, e Annie entendeu que havia algo nas entrelinhas daquela frase curta, mas não conseguiu captar exatamente a mensagem. Clove tinha esse poder de não deixar dúvidas quanto a sua malícia, mas nunca dar brecha para que descobrissem de fato o que ela estava pensando. Você só sabia que ela estava pensando em algo, mas era capaz de passar a vida quebrando a cabeça para desvendar o que. – Então você é a Annie.

– Sou. – Ela respondeu, desconfiada.

Clove estreitou os olhos e seus lábios se franziram em um sorriso irônico.

– Desculpa, eu estou te assustando, não é? Eu sou a Clove. E eu sei quem você é porque o Finnick fala muuuuuito sobre você. – Ela exagerou as sílabas do muito, se divertindo com a situação. Estava mais do que claro que Finnick não contara a Annie sobre ela, e que naquele instante, ela tinha um poder absurdo nas mãos. Não que ela fosse bancar a venenosa e contar tudo, mas era divertido ver que Finnick havia mantido a aventura deles dois em segredo. Talvez ela fosse um perigo maior do que pensava ser.

– Fala, é? – Annie franziu o cenho.

– Fala, sim. – Clove confirmou. – Eu estava até ansiosa para te conhecer. – Clove ironizou, porém com um sorriso doce nos lábios.

– Bom, acabou de conhecer, não é? Mesmo que tenho sido por meio de uma portada na cara. – Annie brincou, mas seus instintos lhe gritavam que havia algo errado ali.

– É assim que as melhores amizades começam. – Clove comentou. Dava quase para sentir o veneno escorrer do canto da boca. – Olha, Annie, eu preciso ir porque o show vai começar a qualquer momento. Espero que você goste.

– Tenho certeza que vai ser ótimo. Bom show. – Annie desejou e Clove sorriu novamente.

– Para você também. – Ela retribuiu, fechando a porta do banheiro e soltando uma gargalhada ruidosa ao colocar os pés no corredor escuro da boate.

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~~

– Elas são muito boas!! – Prim gritou para a irmã, enquanto se sacudia de cima abaixo com o cover da Rota 66 de “Hit me With Your Best Shot”.

– Eu sei! – Katniss respondeu, enquanto jogava os ombros pra frente e pra trás no ritmo da música. – Ai. – Katniss gemeu, quando reconheceu os primeiros acordes de “Barracuda”, que as meninas emendaram no final da música anterior. – Se elas continuarem revivendo as músicas do Guitar Hero eu vou começar a chorar de nostalgia.

– Você jogava Guitar Hero? – Peeta chegou e abraçou a morena por trás, movendo seu corpo junto com o dela. – Bom saber. Vou te desafiar qualquer dia desses.

– Desafio aceito. – Ela respondeu, inclinando a cabeça para trás, lhe dando um selinho. – Eu era mestre nesse jogo.

Enquanto isso, Johanna dançava em outro canto com Annie, as duas tocando guitarras imaginárias enquanto acompanhavam os acordes da música. Elas também tinham lembranças das tardes duelando no Guitar Hero.

Johanna balançou a cabeça para frente e para trás, acompanhando o solo da música. Enquanto ela dançava como se estivesse possuída pelo capeta – o rock tem esse poder sobre as pessoas, não tem? – Gale chegava no bar e pedia mais uma cerveja à Finnick.

Enquanto esperava, encostou-se no balcão e observou Katniss dançando com Peeta. Viu Prim, que conseguia rebolar com ritmo até dançando rock. Seus olhos passearam pela multidão e ele encontrou Johanna batendo os cabelos com Annie. Quando as duas ficaram de costas uma para a outra e começaram a tocar suas guitarras imaginárias, ele riu e sacudiu a cabeça.

– Só te entrego essa cerveja se você chamar ela para dançar. – Finnick sentenciou, olhando na mesma direção do amigo.

– Ela está dançando com a Annie. – Ele justificou.

– Melhor ainda. Você dança com a Johanna, a Annie fica sozinha e volta a ficar perto de mim. – Finnick disse, e os dois riram. – Sério agora, Gale. Para de ser cuzão. Olha como ela está linda. Não acredito que você vai deixar essa oportunidade passar.

Gale olhou para baixo. Ele até podia chamar Johanna para dançar, mas as coisas não iam caminhar como Finnick achava que caminhariam. Como todos achavam que caminhariam. Principalmente agora que ele tinha revelado seu segredo para Johanna. Ele não tinha como chegar nela com segundas intenções depois de dizer que gostava de outra, e nem queria. Mesmo que Johanna estivesse particularmente irresistível naquela noite.

Enquanto Gale fazia essa constatação, Johanna virou-se na direção dele. Os olhos se encontraram e ela ergueu uma sobrancelha, dublando a música cantada pela vocalista da Rota 66.

“And if the real thing don't do the trick

You better make up something quick

You gonna burn, burn, burn it out to the wick

Ohhh, barracuda?”

Ela piscou e o chamou com o indicador. Ele ergueu os dois copos que Finnick acabara de encher de cerveja e ela o chamou mais uma vez, fazendo uma expressão de aprovação diante das cervejas.

– Ela tem aproximadamente oitocentas vezes mais atitude que você. – Finnick comentou, e Gale só não deu o dedo do meio para o amigo porque estava ocupado com as cervejas.

O moreno caminhou até chegar a Johanna, que tinha o rosto vermelho e respirava rápido por conta do esforço da dança. Johanna pegou um dos copos e deu um gole grande.

– Ai, me dá um gole disso aqui. – Annie pediu para a amiga. – Estou morrendo de sede.

Johanna entregou seu copo para Annie sem tirar os olhos de Gale. Assim que a amiga lhe entregou o copo novamente, ela voltou a dançar, jogando os cabelos para um lado e para o outro como se Gale não estivesse ali. Depois de alguns instantes de cabeças batendo e guitarras imaginárias sendo tocadas, Johanna se virou diretamente para o moreno. Não por acaso, o mesmo trecho da música se repetia.

“And if the real thing don't do the trick

You better make up something quick

You gonna burn, burn, burn it out to the wick

Ohhh, barracuda?”

You better make up something quick. Ela cantou, aproximando o corpo do dele. You gonna burn, burn, burn it out to the wick. Ela continuou, movendo-se junto com ele, que pegou sua mão e a fez girar graciosamente demais para os padrões do rock. Em seguida, ela girou por dentro de seu braço, enrolando-o em seu corpo até ficar muito perto de Gale e dar aquela clássica caidinha para trás no final.

Ohhhh, barra, barracuda... Johanna terminou, apertando o rosto de Gale entre o polegar e o indicador.

As luzes, que até então se moviam freneticamente no recinto, pararam subitamente, junto com os instrumentos. Depois do primeiro segundo de surpresa, o público reconheceu que a música havia acabado, e o silêncio deu lugar a uma explosão de palmas e assobios.

Eles sorriram um para o outro e Johanna puxou os cabelos para trás, prendendo-os em um nó para aliviar o calor que a dança – e a proximidade com Gale – lhe proporcionara.

– Agora a gente vai mandar uma música que a gente não costuma cantar. – A vocalista loira começou, sorrindo. – Mas quando a gente canta é pra vocês quebrarem o chão de tanto pularem. Não decepcionem a gente. – Ela alargou o sorriso, e as luzes se apagaram novamente, só a bateria tocando.

Por um segundo, ninguém reconheceu a canção. Mas quando Clove começou a acompanhar o ritmo da bateria, a plateia toda gritou junta.

Johanna começou a pular como uma louca, porque é esse o efeito que “Rock n Roll All Night” causa em qualquer ser humano normal.

You drive us wild

And we’ll drive you crazy!

Ela dublou, rindo consigo mesma de como todas as músicas até agora tinham algo a ver com como ela se sentia em relação a Gale. No mínimo, davam umas frases bem sugestivas. E ela estava adorando ver a cara de surpresa em seu rosto enquanto ela rebolava e sacudia o cabelo ao som daqueles clássicos.

Nada como um bom rock e uma blusa vermelha para liberar nossos demônios mais bem trancafiados.