texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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A CANÇÃO DE NINAR

Várias respirações e expirações curtas e superficiais com grande frequência seguidas de outras tantas com frequência menor e profundas, uma das mãos segurava firme a mão de Logan, enquanto a outra estava presa na grade lateral com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.

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Há meia hora, ela e Logan conversavam, descontraidamente, no deck, enquanto o Sol se punha, sobre o que fazer com a caça que ele trouxe. Haviam decidido realmente dar vazão ao lado selvagem deixando-o caçar livremente na mata próxima e como uma vida se perderia, queriam aproveitá-la ao máximo e todas as partes possíveis. O canadense já havia removido toda a pele – para curtir depois o couro – e os chifres do cervo macho, bem como separado a cabeça e, em seguida, separado as partes, congelando as peças dele, com isso, conversavam.

Wolvie: A gente podia comprar um cachorro, o que acha? Aí dávamos a carne crua pra ele se sentir cachorro de verdade, sem desperdício... Eu até podia descolar um lobo, tem alguns que me conhecem lá pelos lados do Canadá – ele diz tudo isso observando as expressões de Ohana e se divertindo em como elas vão se alterando de uma expressão de algo possível para um descrédito total.

Ohana: Sério?! Eu pensando em um Yorkshire e você vem me falando de lobos?!

Ambos caem na gargalhada e então tudo acontece muito rápido: o canadense ouve um barulho parecido com uma bexiga estourando e sente um cheiro diferente, adocicado, a ruiva apoia a mão no ventre e geme baixinho, enquanto o líquido amniótico escorria pela perna da ex-mutante, atual psiônica. Ela apenas olha para Logan que já sabia o que fazer, pegando-a no colo carinhosa mas urgentemente, eles foram em direção à Mansão.

Logo perto da piscina estavam Warren e Ororo e ao verem o canadense levando a ruiva com urgência entenderam que o grande dia havia chegado! Com um olhar de compreensão, a Deusa dos Ventos voa para dentro da construção enquanto alerta mentalmente Jean de que sua paciente estava indo para o Labmed, em trabalho de parto.

Logan olha rapidamente para Warren, com um misto de alegria e preocupação e passa célere em direção ao Labmed sendo seguido de perto pelo amigo.

Warren: Não se preocupe, amigo. Tudo vai dar certo! Desta vez!— não conseguindo esconder do outro mutante o quanto aquela proximidade também era para garantir a segurança de Ohana caso algum “convidado” indesejado aparecesse...

Numa fração de segundo o canadense agradece a presença de todos ali, dispostos a defender a vida de sua esposa e de seu filho. Nada de mal aconteceria mesmo, e isso o permite sorrir.

Todos os envolvidos no nascimento já sabiam seus papeis e Logan sabia em qual das inúmeras macas depositar levemente Ohana, não sem antes dar um olhar de compreensão e presença para ela, enquanto seus lábios diziam “eu te amo”. Assim que deita inicia os exercícios respiratórios aprendidos, com várias respirações e expirações curtas e superficiais com grande frequência seguidas de outras tantas com frequência menor e profundas; o canadense ia se preparando para sair, mas uma das mãos da ruiva segurou firme a mão de Logan, enquanto a outra estava presa na grade lateral com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos.

Ohana: Não tente perder esse momento por nada desse mundo. Eu te peço: fica comigo, o tempo todo, pra sempre... – e voltou a respirar diferenciadamente.

Wolvie: Tu manda, linda. Não vou pra lugar nenhum. Fico contigo até o fim, podexá...

E nisso entraram Jean e Hank já paramentados para mexer do modo mais asséptico possível na criança que nasceria. A telepata entrou em contato com Ohana para deixá-la mais tranquila e com isso, a mão que forçava a grade deu uma relaxada e a psiônica conseguiu olhar para Logan de modo mais tranquilo. Ele notou a diferença depois da entrada de Jean e, com isso, endereçou um olhar de agradecimento a ela, mesmo sem dizer palavra.

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Jean: Peço licença, Ohana, para instalar um dispositivo, ok? – e recebe um aceno positivo de cabeça – Já está perto de oito centímetros, isso é muito bom. Pode parar com os exercícios respiratórios, você está indo muito bem. Vamos esperar seu corpo dizer que é hora dessa criança nascer, está bem? – e se distancia um pouco para preparar uma mesinha “hightech” com rodas que continha uma espécie de berço e, na lateral, colocou alguns itens indispensáveis ao nascimento, como um clampeador de cordão e, caso precisasse intervir, alguns itens para reanimação. Mas pelo que as duas esperavam, tudo correria bem. O pré-natal tinha sido tranquilizador e tudo estava correndo a contento. Ao que parece, o casal Howlett teria um parto normal, num desses momentos que vários casais esperam durante a vida.

Hank: Computador, como estamos?

Computador: Possibilidade de ocorrência de parto normal em 99,9%. Feto em posição correta e com batimentos cardíacos compatíveis. Previsão para o parto em cerca de 10 horas.

Hank: Muito obrigado. “A procriação e o nascimento são coisas imortais num ser mortal.”– Platão. Vamos nos preparar, então, para receber esta criança. – e dirigiu-se ao lado da tela, onde apareciam os dados de posição, batimentos cardíacos, dilatação entre outros, analisando os gráficos e pensando em possíveis intervenções.

Assim que ouvem o tempo que ainda resta para o parto, ambos arregalam os olhos. Com James tudo correu numa velocidade assustadora. Dessa vez, tudo seria normal. O que denotava esperar, pois o momento de a criança nascer seria lento. Ou melhor, normal.

Jean: Ohana, não se esqueça que eu posso aliviar sua dor a qualquer momento, viu? A vantagem é que não precisaremos usar nenhum medicamento que poderia atuar no bebê. Fica tranquila e vai me contando qualquer alteração que sentir. Estamos aqui por vocês.

Wolvie: Eu li que se ela achar que está incomodando a posição do feto, pode se levantar e caminhar, ou virar-se de lado na maca, especialmente para o lado esquerdo. Isso até ajuda o feto e pode diminuir alguma dor, não é?... – e seu olhar foi das esmeraldas lúcidas de Ohana para as esmeraldas calejadas de Jean, sendo que esta as recebeu como um bálsamo depois de meses sem ter a palavra do canadense dirigida à sua pessoa.

Jean: Ah! Alguém fez o dever de casa, não é? – sorrindo – Isso mesmo, Logan.

Hank: E, no mais, é aguardarmos, meus queridos. Vou pedir à Ororo que traga algumas frutas e um suco para deixar aqui, caso precisemos.

Ao sair para o corredor, onde havia alguns banquinhos de espera, os viu lotados. Ororo ou Warren haviam decidido não guardar a novidade somente para si. Vários olhares curiosos aproveitaram a abertura repentina da porta para espiar, mas não foi possível ver nada além de Logan sentado ao lado da maca e Jean próxima dela.

Hank: Está tudo dentro do esperado, meus queridos. A dilatação está pequena ainda, vamos aguardar cerca de 10 horas até o nascimento, ok? Podem ir descansar, ficamos a postos a partir de agora e, amanhã cedo, poderão visitar os pais e a criança. – e voltando-se para Ororo, pede: poderia, por gentileza, nos trazer algumas frutas e uma garrafa de suco? – Ao que a Deusa dos Ventos não se fez de rogada e alçou voo em direção à cozinha, chegando alguns minutos depois com o pedido e deixando-o sobre uma das inúmeras bancadas que havia no Labmed.

Diante da tranquilidade da situação e do monitoramento tão tecnológico, os quatro envolvidos estavam tranquilos, a não ser pela diminuição do tempo entre uma contração e outra, até o momento em que aqueles exercícios respiratórios pareciam muito bem-vindos. A criança decidiu que 10 horas era muito tempo para ficar longe dos braços dos pais e, especialmente, do leitinho quente da mãe. Mesmo assim, já era madrugada e Logan e Hank estavam próximos à maca, conversando sobre trivialidades, quando rapidamente o canadense deixa o americano falando sozinho, pois ouviu um gemido baixinho da esposa, logo atrás dele.

Wolvie: Cum’é qui ‘tá, gata?! – pegando de leve numa das mãos dela.

A voz saiu bem baixa, mas assertiva:

Ohana: Está pra nascer, amor...

Ao ouvir isso, Jean aproximou-se da tela de plasma na lateral da maca e apertou alguns botões, verificando que a dilatação estava mesmo acima de 10 centímetros e, com isso e pelas contrações, aproximou-se da amiga e sentenciou:

Jean: Agora vamos trabalhar em conjunto, Ohana. A cada contração, você inspira profundamente e prende o quanto der o ar, ok? Fazendo força por breves períodos e descansando até a próxima contração chegar. Vai dar tudo certo! Vamos lá!

Poderia demorar até duas horas para que a criança nascesse, contudo, depois de quarenta minutos fazendo força, sem exagerar e descansando entre as contrações, Jean avisa que a cabeça havia aparecido e que em alguns minutos ela nasceria. Logan ausenta-se rapidamente do lado de Ohana para ir olhar a cabeça da criança ao que sentencia:

Wolvie: Que louco, Ohana... Isso é mais assustador que qualquer luta que já estive e tão incrível quanto qualquer maravilha que presenciei... – voltando em seguida para manter a mão da esposa entre suas mãos.

Ele é o único a sentir um cheiro com maior precisão o mesmo cheiro doce de quando o líquido amniótico saiu, mas, desta vez, ele conseguiu identificar como algo amendoado, um odor que nunca mais sairia de suas narinas e, em seguida, a criança começa a chorar baixinho, pegando um pouco mais de fôlego conforme o oxigênio queima seus pulmões. Hank posiciona-se ao lado de Ohana e explica que fará uma leve massagem em sua barriga para auxiliar na soltura da placenta e inicia, enquanto Jean usa o clampeador para cortar o cordão umbilical.

Jean: É uma menina! Muito saudável, mas vamos confirmar agora com um rápido exame de sangue, certo? Eu já a levo até vocês, me deem um minuto. – enquanto dizia isso a apoiava telecineticamente no carrinho enquanto um braço mecânico aproximava-se para pegar uma gota de sangue.

Computador: Sexo feminino, quatro quilos e cem gramas, ruiva de olhos azuis e tez branca. O exame de sangue não revela nenhuma anomalia hereditária. Presença de gene X confirmada. Avaliar possibilidades?

Quando Logan ouve que é ruiva e tem olhos azuis ele fica feliz por ela só ter puxado os olhos dele. Desejava que ela fosse tão linda quanto a mãe e Ohana, por seu lado, pensa o quanto é raro uma ruiva de olhos azuis. Jean espera a máquina falar e pergunta aos pais se eles querem saber quais as possíveis mutações que ela poderá desenvolver. Ambos respondem negativamente. Iam deixar o destino seguir seu curso e, por falar em destino, era necessário pensar em algum nome para aquela criatura adorável que nascia em um momento da vida onde a maioria estava livre de tantos medos... O futuro parecia não trazer mais tantas incertezas. A Escola seria reaberta, havia esperança no ar. Esperança com gosto de liberdade...

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Wolvie: Eu ‘tava aqui, pensando com meus botões há alguns dias, sobre o nome da criança. – enquanto isso, Jean a embrulhava cuidadosamente e entregava à Ohana o pequeno pacotinho chorão. E, assim que ela é colocada nos braços da mãe, para de chorar e olha calorosamente para o pai. Este sorri como bobo e solta – “Lliurè” [pronuncia-se Liura] seria um lindo nome, não?

Ohana: Querido, de onde tirou esse nome? É tão diferente que não sei se será uma benção ou um fardo... – e enquanto isso faz carinhos no rostinho corado da criança que tenta coordenar as mãozinhas para pegar aquele objeto que a provocava.

Wolvie: Eu não sei te dizer ao certo, gata... Eu sei que estive na Espanha durante a Guerra Civil e, com certeza, em algum momento eu estive na Catalunha ou estive com algum catalão na tropa, não sei... Só sei que essa palavra significa “livre” nesse idioma e, lindona, eu acho que o nascimento dela representa mesmo essa liberdade, não é? Ao menos, é assim que eu me sinto... Capaz de fazer qualquer coisa, pois tenho total liberdade de ser eu mesmo. O que tu acha?

Ohana: Pondo nesses termos, eu tendo a concordar, meu bem!... Vou precisar de um tempo para me habituar e, no final, vou acabar chamando-a de “Li” ou de “Lili” – ambos riram e concordaram.

Vendo que não iam dar de mamar para ela tão cedo, seu rostinho, antes sorridente, começou a fechar-se numa caretinha e, em alguns segundos, voltou o choro característico que, a princípio, chegou aos ouvidos do canadense com a agudeza de uma soprano, fazendo-o também formar uma careta que apenas faz Ohana dizer:

Ohana: Assim estou perdida! Os dois seres que mais amo fazendo caretas de “limão azedo”!! Dá-me paciência! – e enquanto sorria, deixou a mostra o peito direito para que a pequenina parasse de chorar.

Hank aproxima-se e, vendo aquela cena de uma família feliz, solta:

Hank: “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” – Tolstoi, meus queridos. E é assim que batizamos, então, nossa querida companheira por Lliurè Brownsea Howlett, computador, pode ligar esses dados genéticos a esse nome, sim?

Computador: Nome conectado. Querem que adicione esse nascimento aos bancos de dados oficiais? A data de nascimento é 21 de junho de 2019, às 2h43.

Hank consulta os pais e estes aceitam a adesão, agradecendo ao computador por tamanha presteza.

Jean: Aconselho ficarmos até o início da manhã em observação, mas tudo está dentro dos padrões. Você está com fome, Ohana? Adoraria fazer um café da manhã reforçado, para todos nós.... Foi uma longa noite, o que me dizem?

Wolvie: ‘Tô dentro, mas posso ir ajudar também. Pelo que notei, a competição pela atenção de Ohana vai ser dura... Vou precisar me esforçar e nem tenho como culpar ela, afinal, olha minha filha, que coisa linda!

Ohana apenas sorri, negando com a cabeça enquanto seus olhos não conseguem parar de olhar para Lliurè, enquanto esta se alimenta. Logan apenas estica o braço enquanto comenta:

Wolvie: ‘Taí! Olha que olhar apaixonado... De ruiva pra ruiva... – e os três riem.

Hank: Meu peludo amigo, tenha certeza de que Ohana está sob a influência de muitíssimos hormônios neste momento. Os mesmos estão aí para garantir que nossa pequena Lliurè não sinta frio e seja alimentada de modo abundante com aquilo que mais precisa. Tenho a certeza de que em breve você também só terá olhos para essa ruiva...

Wolvie: Eu já tenho, Hank! Mas não consigo manter a guria alimentada... No mínimo, aquecida... Fazer o quê? – apontando para o tórax e sua ausência de leite – Natureza...

Todos voltam a sorrir e então Wolverine movimenta-se para a porta do Labmed enquanto Jean vai atrás dele, ambos caminhando pelo corredor em silêncio até a cozinha. Nela o canadense vai até a geladeira pegar um suco de laranja enquanto Jean mexe telecineticamente em torradas e bolachas, arranjando-as até que após um suspiro, Logan solta:

Wolvie: Queria agradecer pelo que tu fez lá... A Ohana se sente protegida contigo e isso é tudo que eu quero pra ela... Obrigado, Jean...

A telepata já havia pressentido esse desejo de falar muito antes dele ser verbalizado, mas não se sentia no direito de interferir ou apressar o momento. Ela sorri diante das palavras e para de arrumar os itens para dizer:

Jean: Obrigada a vocês, Logan, por confiarem novamente em mim! Vamos abusar das proteínas, pois ela vai precisar nos próximos meses... – e os utensílios voltam a se mover pelo poder da mente atrás dela, enquanto alguns ovos saem de dentro da geladeira e são levados até uma fritadeira.

Ambos sorriem e ficam focados em fazer o café da manhã para os quatro presentes no Labmed.

Jean: Posso levar as bandejas telecineticamente? Eu tenho conversado com ela e não sinto mais saudade alguma dos antigos poderes... O que me diz?

Wolvie: A Ohana tem o mesmo jeito que eu: se algo acabou, ela não demora muito pra desapegar não! Curto isso – e muito mais – nela. Durante alguns meses pode ser que ela tivesse saudade, mas agora que o poder psiônico está sendo estudado e ampliado é como se ela nunca tivesse sido telecinética na vida, manja? Não tem grilo, pode usar sim.

E assim voltaram para o Labmed com um clima bem descontraído. Cercados de bandejas que volitavam, entraram no local e enquanto Jean apoiava as bandejas, Logan foi sentar-se ao lado de Ohana.

Ohana: Ela está dormindo, querido. Você quer pegá-la? Acho que será mais tranquilo do que quando ela acordar... Pelo que Hank falou ela vai mamar de hora em hora!

Wolvie: Eu adoraria, quando estiver perto da hora dela acordar, pode colocar ela no meu colo sim. Enquanto isso, vamos aproveitar que ela dorme para alimentar essa super mãe. O que me diz?

Ohana: Diria que você leu meus pensamentos?! Estou com muita fome sim! O que temos?

E Wolverine a ajuda a se levantar, lentamente, da maca até próximo de uma das bandejas com suco de laranja, frutas e ovos mexidos com bacon e torradas. Ela foi com tanta pressa que sentiu uma leve tontura e ao se apoiar mais fortemente o canadense a pega pela cintura e a aninha em seu abraço.

Wolvie: Ei, gatinha! Cuidado aí! Não precisa ir com tanta sede ao pote, vamos ficar mais algumas horas aqui ainda... – e aproveita para enchê-la de beijos.

Ambos sorriem abobalhados pelo momento e por, finalmente, o estresse maior ter passado.

Wolvie: A guria nasceu saudável, Ana... Vamos aproveitar esse momento de família com tudo que temos direito, né?

Ohana: Com certeza! Mas antes, deixa eu fazer uma boquinha aqui, gatão... – e se desvencilha do abraço para atacar a bandeja, começando pelos ovos e bacon.

Wolverine sorri e olha para Hank e Jean encolhendo os ombros, como quem diz “entrego os pontos, essa batalha está perdida”.

Pela fome que estava, Ohana não demorou muito a comer e então o casal caminhou até o bercinho ao lado da maca onde estava Lliurè, ainda dormindo.

Ohana: Jean, você pode nos dar uma ajudinha aqui? Eu tenho receio de mexer na bebê e ela acordar... Você pode colocá-la no colo de Logan?

Jean: Claro, Ohana. Mas acho que isso não fará diferença, hein? Ao sentir que não é seu colo ela pode chorar... – mas não esperou nenhuma reação dos dois, apenas movendo o pequenino pacote até os braços inquietos do canadense.

E, realmente, assim que sentiu a quentura diferente e entrou em contato com os peludos braços de Logan, a primeira impressão foi mesmo de chorar. A pequenina franziu o cenho e quando ia preparar o maior berreiro, Logan começou a cantarolar baixinho uma música de ninar que cantava todas as noites antes de dormirem. E foi então que aconteceu algo incrível. A menininha desfez o rostinho de choro e o trocou por um largo sorriso, aninhando-se um pouco mais no colo dele, em seguida.

Hank: Mas que atitude mais interessante! Eu poderia jurar que ela sorriu para você, Logan...

Wolvie: Ué, azulão, o que há de tão estranho nisso? Ela tá mais que acostumada com a minha voz, foram vários meses ouvindo essa música, lá de dentro da barriga da Ohana. Eu acho que ela me reconheceu, né não?

Hank: Isso é plausível sim... Já li algumas coisas, mas nunca tinha presenciado! É divino!

Wolvie: É que a gente, aqui na Mansão, ‘tá com escassez de criança, né? Se a Ohana topar, eu pretendo dar um jeito nisso... – e pisca sorrateiro para a ruiva que faz “não” com o dedo indicador enquanto aproveita para tirar uma foto com o celular de Jean.

Ohana: Essa vai ser ampliada e colocada no nosso deck, hein?

Wolvie: Mas falta você, garota... Vem aqui que a Jean tira outra foto, vai?...

E nisso, o rostinho que antes estava sorrindo passa a se alterar para carinha de choro, pois a comichão no estômago de fome era maior do que a ótima sensação de estar naquele abraço. E a primeira foto em família teve que ser adiada para saciar aquela fome.

Quando a manhã finalmente se firmou e Jean e Hank fizeram os últimos exames em Lliurè, constatando que ela estava saudável e bem, a família Howlett foi dispensada para voltar para casa. Assim que saíram do Labmed o casal Ororo e Warren estavam lá, aguardando. A africana aproximou-se de Ohana e esta descobriu a manta para expor todo o rostinho da menina que dormia.

Falando baixo para não a acordar, ela sentencia:

Ororo: Então, temos mais uma ruiva nesta Mansão? Olha que rostinho angelical, Ohana. Vocês capricharam nela, hein?

Wolvie: Nada que uma lua-de-mel não seja capaz de produzir, né? – e não esperando resposta, lança enquanto movimenta o corpo: vou na frente pra prepara o bercinho e também a cama da Ororo. Nosso acordo ‘tá de pé?

Ororo: Palavra dita é palavra dada, meu amigo! – enquanto o via se movimentar célere para a casa.

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Apesar de a construção ser nos moldes antigos, muita tecnologia havia sido colocada no local para garantir que mesmo estando do lado de fora da Mansão, não fosse facilmente invadida. A “conversa” entre as duas construções ocorria de forma “wireless” e todas as partes táteis eram possíveis locais de confirmação da personalidade que estava ali dentro. Várias invenções de Arnold estavam presentes. Isso deixava a todos mais seguros e, até mesmo, relaxados!...

Warren: Mas, peraí, como eu fico nessa história? Que acordo foi esse? – totalmente perdido e seguindo Logan, que explica rapidamente o fato de ter pedido ajuda a Ororo, no caso do lado furioso dele aparecesse.

Wolvie: Eu não ‘tava falando com a Jean na época e tenho total confiança na Ororo pra proteger aquilo que eu amo, saca?

Warren: Saquei que eu ‘tô ferrado... Acabei de perder algumas noites no aconchego da minha deusa... – ao que Wolverine lança um olhar maroto – Mas é bom uma boa causa, então eu te perdoo.

Wolvie: Ah! Claro, agora eu entendi tua preocupação, Anjo! Mas eu voltei a falar com a Jean, ‘cê pode convencê-la a vir no lugar da Ororo, se ela também fizer tanta questão do teu “aconchego”. – e sai dando risada.

Abriram o shoji (portas de correr) que dava para a genkan (aquela área onde os sapatos são depositados e trocados por chinelos) e desta para o grande salão principal, entrando pelo engawa (deck) e, dele, caminharam para o interior, passando por duas fusuma (portas) até o heya (quarto), lá Warren seguiu as diretrizes de Logan sobre onde estavam o outro shikibuton e o bercinho. Estavam muito entretidos, conversando sobre a beleza da bebê, sobre o quanto seu choro é agudo, sobre o quanto ela come e o que esperar dali para frente quando ouvem as vozes das mulheres chegando e abrem uma shoji mais próxima ao quarto para que elas entrassem por lá.

Lliurè já estava mamando novamente e, além de Ororo, Jean, Jubilee e Kitty também tinham vindo para paparicar as duas e, por que não, Logan também.

Jubileu: E então, Wolvie? Que ‘tá achando disso tudo? – indo para o lado daquele que ela considerava mais que um pai.

Wolvie: ‘Tô ficando velho e sentimental, Jubs... Eu quase posso dizer, cá entre nós, que se eu morresse agora, ia ser feliz, viu?... Saca quando tudo o que se quis acontece? ‘Cê fica com aquela pulga atrás da orelha, querendo entender se você merece e se não é um sonho. Me belisca, gatinha?

Jubileu: Faço melhor que isso, seu pamonha! – e solta uma rajadinha de plasma direcionada para ele – Vê se um momento como esses é hora de falar em morte! Sai pra lá, Wolvie!!

Depois de perder momentaneamente a visão, o rosto de Logan se altera e, lentamente, as garras começam a fazer o conhecido som de *snikt* ao sair dos vales entre os dedos.

Jubileu: Ei! Calma aí, Wolvie... Não é pra tanto... Guarda essas garras, vai?

Wolvie: O problema não é você, Jubi... Tem alguém na sala do lado! E faz muito tempo que eu não sinto esse cheiro, por isso não sei se veio como amigo ou inimigo... *grrrr* – ele diz isso ainda sem estar com a visão totalmente boa.

Os outros ficam alertas com toda essa conversa e, sem querer esperar mais, Kitty vai até a divisória e a desliza, expondo o visitante vestido todo de vermelho com duas katanas nas costas e um presente nas mãos.

Visitante: Ei! Eu sabia que vocês eram um grupinho exclusivista, mas daí a receber tão mal as visitas, fala sério, pessoal?! – e mostrando uma caixinha quadrada ele diz: Deadpool veio em paz!! ‘Cês não vão acreditar como eu soube que ela nasceu!...