– É difícil cuidar de você se você estiver deitado nesse ângulo. - Catherine reclamou.

Connor estava deitado no banco traseiro do carro de Allec, com a perna direita no encosto do banco do motorista, todo atirado.

– Pelamor, isso tem cheiro de puro álcool. - Connor pediu. Os furos nas costas estavam melhorando, mas ardiam.

– Você não consegue nem usar seu poder pra me tirar daqui. - Catherine riu. Ele estava certo quanto ao cheiro, aquilo era ácool, e ela passava uma compressa na testa de Connor, cuja febre já passara. Assim que as compressas acabaram, ela saiu do carro, deixando Connor ali com o notebook de Hugo assistindo Constantine.

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Já era uma da manhã e os amigos ainda não haviam chegado. Ela já estava preocupada.

– Grim, onde será que eles estão? - Ela perguntou.

– Allec acabou de dizer pelo walkie-talkie que eles estão vindo. - Grim deu de ombros. - Mas eles não estão com Maison e Luke.

Quando eles deram pela falta de Diana, Oliver, Daphne e Calebe, Lilah caiu de quatro no chão tendo espasmos. Disse coisas sinistras e depois acordou como se nada tivesse acontecido. Ela estava descansando no carro de Luke.

Hugo, que tinha ido com Rafael levar o carro para a floresta já que ninguém estava com ânimo para as piadinhas de Rafael, estava prestes a sair correndo atrás de Diana a pé, e ele não era o único, David estava nervoso. Clary calmamente conversava com ele. Pietro ignorava Aaron e estava tentando arranjar sinal no celular pra ligar para Andrômeda.

– Allec está demorando pra trazer eles. - Cath se encostou no capô no capô do carro.

– Ali estão eles. - Grim apontou para os amigos que chegavam. Então ela fraziu a testa. - Eu não sei quem é aquela.

Cath olhou com mais atenção. Allec mantinha uma garota de cabelos roxos amarrada em uma corda. Andrômeda conversava calmamente com ela.

– Ok, agora temos uma prisioneira de guerra? - Cath riu.

– Bonito cabelo. - Mariana sorriu ao ver o cabelo de Cath.

– Obrigada. O seu também, aliás. - Cath tinha que admitir: cabelo roxo combinava com aquela garota.

– Então é aqui que vocês estão? - Mariana olhou para o "acampamento" de carros no canto da estrada. - Original.

– Não por muito tempo, Mariana. - Allec fez questão de puxar a corda apertando a garota só por diversão. Mariana trincou os dentes. - Vou levá-los para Nevada.

Um brilho rápido passou pelos olhos de Mariana.

– Ah... Nevada, é? - Ela sorriu, sarcástica. - Você sabe o que tem lá, não é?

Allec puxou a corda com mais força e Mariana se desequilibrou.

– Um lugar seguro, sim. - Allec respondeu, tentando manter a calma.

– Ah, sim. - Mariana riu.

– Pode me explicar isso, Allec? - Daphne perguntou, confusa.

– Ora, leia a mente dele. - Calebe perdeu a paciência.

– Eu não consigo. - Daphne respondeu, sentindo a dúvida de todos. - A mente é algo complicado. Alguns de vocês têm uma mente... Não se ofendam. Desequilibrada. Seus pensamentos quase berram. Outros têm mentes mais treinadas, e fica meio que difícil lê-la. Allec... Eu não consigo captar quase nenhum pensamento. Já vocês por outro lado... E a coisa fica mais berrante quando estão perto de alguém que gostam. O amor desestabiliza a mente.

– Então como você consegue ler a minha? - Mariana perguntou, curiosa.

– Você provavelmente tem treinamento físico, não mental. - Daphne debochou.

– E eu? - Charlie perguntou. - Consegue ler a minha?

– Você e Andrômeda como têm poderes relacionados à mente tem uma proteçãozinha básica. - Daphne explicou. - Mas sim, eu consigo.

– Como você sabe disso tudo? - Andrômeda perguntou.

– Eu... Ah, tá bem. - Daphne deu de ombros. - Há alguns meses eu comecei a ouvir pessoas falando sem ver a boca delas se mexer. Era sinistro. Pensei que eu estava ficando louca e procurei alguma resposta na internet. Tem muita coisa sobre telepatia, vocês deveriam ler.

– Depois você tem que me mostrar esse site. - Andy pediu, rindo.

Calebe estava tentando fazer o que Daphne disse que poderia impedi-la de acessar seus pensamentos: treinar a mente. Ele não sabia se deveria imaginar um cerebrozinho levantando pesos ou fazendo abdominais, mas parou de pensar nisso quando algo encostou no seu pé.

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– Isso é de alguém... - Ele pegou o pingente do chão. Assim que tocou no objeto, alguma coisa explodiu na sua mente. Eram provavelmente lembranças, mas não eram suas.

Ele viu Grim, no alto de seus sete anos, apenas uma menina de cabelos curtos negros com mechas vermelhas. Ela estava chorando. Ele tinha uma vaga ideia de que aquela seria a primeira e única vez que veria Grim chorando.

– Isso é seu, querida. - Havia uma mulher de cabelos castanhos e olhos bondosos deitada na cama, e parecia doente. Dois meninos estavam sentados ao lado de Grim, um maior que ela e outro, menorzinho, segurando a mão dela. - Quando a adotei isso veio junto.

Um colar passou trêmulo da mão da mulher para Grim, um colar com pingente de triângulo.

A cena mudou e ele viu um bebê, de talvez um ano, com olhos avermelhados, mordendo a mão sendo carregado dentro de uma cesta por uma pessoa que Grim não conseguiu ver.

A pessoa parou na frente de uma espécie de igreja e colocou a cesta no chão. Se inclinando para a criança que estava ali, passou a mão na bochecha do bebê.

– Isso aqui é para você, 1. - Disse. Colocou um pingente no pescoço da criança. - Boa sorte, número 1.

A sombra tocou a campainha da igreja e saiu correndo, deixando o bebê para trás. Dois minutos depois uma freira abriu a porta, e encontrou a criança chorando dentro da cesta. Olhou para todos os lados e não encontrou ninguém. Pegando a criança, ela disse, horrorizada:

– Ai meu santo deus. Suas mãos, pequena. - A freira chorou. - Por quantos horrores você não deve ter passado? - Então ela olhou o pingente no pescoço da bebê Grim. - O que é isso? O que você tem aí, menina?

Fechando a porta da igreja, a lembrança queimou na cabeça de Calebe e ele abriu os olhos, no presente. Daphne estava debruçada sobre ele, os olhos verdes em pânico.

– Sai, ruivinha. - Ele rolou os olhos. - Eu tô bem.

– Você caiu de cara no chão. - Diana riu.

Daphne não ligou para a grosseria de Calebe e o ajudou a se levantar.

– Desmaiou do nada. - A ruiva concluiu.

Calebe viu que ainda segurava o pingente de Grim firmemente na mão. Ele abriu a mão e o analisou. Parecia tão inofensivo.

– Creio que isso seja seu. - Ele entregou o colar para Grim.

– Obrigada. - Grim agradeceu, colocando o colar no pescoço. - O fecho está estragado.

– Suas mãos... - Ele franziu a testa.

Grim ficou branca. Ela deu as costas à eles e saiu andando. Finalmente ele tinha entendido o porque dela sempre usar luvas compridas.

– Ah Calebe... - Daphne fez uma cara triste, mas um pouco irritada. Com certeza ela tinha lido a mente dele. Era a primeira vez que ele não se sentia incomodado com isso.

De repente ele sentiu sua cabeça ser sugada. Suas lembranças, as más, as boas, absolutamente todas, estavam sendo puxadas. Ele caiu de joelhos. Sabia o que estava acontecendo. Isso era Charlotte pondo seus poderes em ação.

– Calebe, que falta de educação. - Charlie piscou, tentando se libertar das lembranças de Calebe que agora rolavam por sua cabeça. - Você foi completamente insensível.

– Dá pra parar de sugar minha mente? - Calebe pediu. - E Andrômeda, por favor, vaza daqui com o que pode fazer.

– Ah é? - A ruiva se irritou. - Vai falando, Calebe. O que você viu de tão horrível?

Calebe não queria contar. Mas quando viu, já estava dizendo tudo. Quando terminou, todos, exceto Daphne e Charlie ficaram brancos.

– Grim é a número 1? - Andy perguntou.

– O que isso significa? - Diana questionou, confusa.

– Quer dizer que ela foi a primeira criança modificada. - Mariana respondeu. - A número 1 é a Grim. Por isso ela tem aquelas marcas na mão, as que você disse, ou sei lá. Os primeiros modificados têm algumas sequelas por causa da implantação do chip no cérebro.

– E como você sabe de tudo isso? - Allec perguntou, desconfiado.

– Do mesmo jeito que você, Campbell. - Mariana respondeu.

– Como sabe o meu sobrenome? - Allec arregalou os olhos.

– Há muito mais entre os Campbell's que você saiba. - Mariana sorriu, sabendo que pegara o garoto no ponto fraco: a família.

– Esquece isso. - Oliver cruzou os braços. - Onde estão Maison e Luke?

– Provavelmente se pegando em algum lado. - Diana rolou os olhos.

– Mas e se não estiverem? - Oliver teimou.

– Aí eles provavelmente estão mortos. - Diana sentiu a tensão. - Ai meu deus. E se eles estiverem mortos mesmo?

– Eu acabei de salvar vocês dois. - Allec disse, ainda olhando ameaçador para Mariana, que sentada em uma pedra parecia apenas uma garota normal, mas qualquer um veria que ela estava sentada como uma pantera, pronta para mostrar as garras. - Agora é a vez dos que ficaram sentados aí.

– Opa. - David ouviu, se metendo na conversa. - Por que nós? São duas da madrugada e eu estou morrendo de sono.

– Pelo menos você não teve que brigar com ela. - Diana apontou para Mariana. - Sua vez de salvar a galera irmãozinho.

– Quem vai comigo? - David deu de ombros, finalmente concordando com ideia. Era legal ser o herói vez ou outra.

– Eu. Maison é minha amiga. Se ela estiver em apuros quero ajudá-la. - Clary se voluntariou. Rafael e Hugo se levantaram também. Grim se levantou por último, mas porque não estava certa de ir ou não ir. Se ficasse teria que dar explicações.

– Vamos de uma vez. - Ela suspirou.

Rafael jogou a chave da moto para David, Hugo pegou o carro que viera para o Acampamento e os amigos entraram, menos Grim, que preferiu pegar a Ferrari de Maison.

– Sobe na garupa, ruiva. - David sorriu. Clary com muita hesitação subiu na moto atrás dele, tendo o cuidado de não se segurar nele. Ela pressionou o chapéu na cabeça pra evitar que caísse. David deu a partida na moto seguido por Hugo no carro e lá foram eles salvar Maison e Luke de o que quer que fosse.