Modernidade

Maysa


Sempre que fecho meus olhos eu me lembro da cena. Daquele sonho que tenho toda noite.

Estou usando um vestido verde, ele tem duas camadas e um corte que mostra minhas pernas, duas rosas verdes nos meus quadris e alças grossas. Tem uma fita comprida no meu pescoço e um colar. Uso sapatos de salto combinando e com mais duas rosas nos tornozelos. Meu cabelo está preso num rabo de cavalo e amarrado com um laço e uma rosa cor-de-rosa. Estranho, porque eu não gosto muito de verde, mas parece ser a minha cor. Também sou um pouco diferente, no sonho tenho o cabelo loiro morango e olhos verde azulados, já na vida rela eu sou loira.

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Eu estou passando por uma cortina, dos outros dois lados, tem mais cinco pessoas junto comigo. Uma delas parece ser eu mais velha, ela tem um cabelo loiro tão claro que quase se passa por branco. Ela sorri para mim e eu me sinto emocionada. Nunca vi ninguém que está lá, nem a que se parece comigo, mas sinto que as conheci a bastante tempo.

Parece que estou num castelo e no meio de uma festa. Sinto-me feliz e bem nervosa, como se fosse a primeira ou segunda festa que eu vou na vida.

Eu e aquelas pessoas descemos as escadas e eu tento parecer elegante. Quando chego no final dos degraus, sinto uma mão segurando a minha, é um garoto loiro, forte e muito bonito. Bom, eu achei. Ele está todo elegante com uma roupa parecida com aquelas do príncipe encantado, um paletó azul petróleo bem fechado, ombreiras da mesma cor, faixa vermelha na cintura, uma medalha de prata no pescoço e correntes de prata de enfeite, calças e sapatos pretos. Ele me chama para dançar e eu aceito.

A dança é lenta, e aquelas pessoas que desceram as escadas comigo também estão lá com seus pares. Cada um parece feliz. Aquela que se parece comigo está com um homem todo de preto e assustador, mas ela tem um sorriso de apaixonada tão largo que parece que quer saltar de seu rosto. E ele não me ameaça, na verdade eu me sentia feliz por ele estar lá.

Uma hora, eu parei com a dança e fui correndo para o lado de fora, num jardim. Quando eu estava bem longe, aconteceu uma coisa estranha, em mexi as minhas mãos e saíram labaredas, depois flores brilhantes e folhas, era tudo feito de fogo. Joguei para cima e elas estouraram, eram fogos de artifício.

Antes que eu percebesse, pessoas vieram e eu fiz uma apresentação de dança com fogo. Eu fazia movimentos suaves como se fosse uma chama. As pessoas gostavam e me aplaudiam, eu me senti tão bem fazendo as pessoas felizes. Olhei para o lado e vi aquela loira fazendo o mesmo, só que com gelo, e ela estava com aquele cara de preto de antes. A mulher fazia malabares e fazia fogos com esse gelo. Acho que tínhamos combinado porque arremessamos nossos poderes uma para a outra e fizemos uma chuva. Vieram mais aplausos. Virei-me para aquele rapaz loiro e nos beijamos.

O sonho perfeito.

Só que não.

De uma hora para outra, eu sinto um tremor que me faz cair sentada. O chão começa a se abrir, as árvores caem, o castelo desmorona, raios caem do céu e tudo pega fogo. Eu tento controlar as chamas, mas elas são estranhas para mim, como se não fossem um fogo comum. Ao fundo ouço pedidos de ajuda, o garoto loiro corre até lá com o homem de preto, ele está com uma foice gigante na mão. De repente, o loiro se vira para mim e grita cuidado, mas é tarde, sinto uma espada passando pela minha barriga.

A mulher do gelo grita e a vejo ser morta por uma flecha diante dos meus olhos. A última coisa que vejo, é um rapaz ruivo de costeletas e olhos verdes. Por algum motivo, ele era a pior pessoa que eu poderia ver num momento como este, eu sinto raiva e começo a criar chamas, elas vão esfriando até que eu... Eu morro.

***

Acordo no meu quarto assustada. Não sei como ainda tenho medo, sonhei com isso durante anos. Ainda tenho cinco anos e sempre que acordo desse pesadelo eu olho para um canto vazio e imagino uma cama lá. Não sei porque. Meus pais entram e confirmam que foi apenas aquele sonho de novo. Meu pai já chega com a vela que ele diz que vai espantar os pesadelos. Eu me recuso, lá é o único lugar que posso ver aquela mulher e o loirinho.

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Eu quero estar perto deles.

Prazer, sou Maysa.