Mit Dir

Capítulo 19 O Plano


Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

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MIT DIR

Chiisana Hana

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Capítulo 19 – O Plano

Em casa, Grethe estoura um champanhe.

– Deu tudo certo! – ela diz, erguendo a taça num brinde consigo mesma. – Aquele Alberich é mesmo um gênio! Um gênio!

Ela sorve lentamente um gole da bebida, saboreando-a.

– Bem que ele disse que era o cérebro de Asgard! – ela continua. – Foi fenomenal dar sumiço no Linus e matar Lars! E eu ainda dei meu toque com as "provas" que plantei! Oh, a pobre doutora Ann esqueceu o jaleco com sangue do Lars. Que conveniente! Então estou livre do Linus, do Lars e da cadeia, enquanto a vadia da Ann está vendo o sol nascer quadrado. Pobrezinha!

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Asgard.

Hilda chama Judith para uma conversa.

– Judith – a princesa começa, em tom solene –, levando em conta o que você fez por mim, por Freya e, principalmente, por Siegfried, resolvi chamá-la aqui. Gostaria de saber se você tem algum sonho, alguma aspiração, algo que eu possa ajudar a realizar.

A criada procura as palavras adequadas e começa:

– Bom, senhora, não é que eu não goste do meu trabalho, mas vivo aqui no palácio servindo sua família desde cedo, assim como minha mãe, mas eu realmente gostaria de ter um futuro diferente... Não desejo ser criada para sempre.

– Eu entendo perfeitamente – Hilda diz, recordando-se de que Freya já havia comentado algo sobre o interesse de Judith em Shido. – E o que pensa em fazer?

– Sinceramente, não sei, senhora. Aqui em Asgard não temos muitas opções.

– É verdade, Judith. Bom, não tenho muito o que fazer por enquanto, mas creio que nomeá-la chefe do cerimonial do Palácio pode ser uma boa ideia...

Judith abre um sorriso.

– Oh, sim! – ela diz. Passar de criada a chefe do cerimonial era um passo e tanto. Normalmente o cargo era exercido por alguma moça de boa família, com ótima educação e noções de etiqueta, coisas que ela tinha por ter sido criada no palácio. Além disso, poderia usar vestidos luxuosos como os das princesas e arrumar os cabelos, ao invés de usar a touca pela qual nutria uma raiva silenciosa. Pensando nisso, decide queimar a dita cuja na primeira oportunidade. – Senhora, nem sei como agradecer. É uma posição muito honrada.

– E de muito trabalho, você sabe. Em breve teremos o casamento de Freya, para começar. Além das festas tradicionais que temos ao longo do ano, os rituais... – Hilda disse, e completou em pensamento "E também o meu casamento".

– Não vou decepcioná-la, senhora. Pode ter certeza de que darei o meu melhor.

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Ali perto do salão onde Hilda conversava com Judith, Bado expõe a Shido sua decisão de voltar ao continente para buscar Ann.

– Você vai precisar de ajuda? – Shido pergunta.

– Não, é melhor eu ir sozinho. Quanto menos gente envolvida, mais fácil passar incógnito. A essa altura a polícia já deve estar procurando o prefeito...

Alberich passa por perto e ri.

– Não se preocupe com a sua doutora maluca – ele diz, displicentemente. – Ela vai ficar bem.

Bado não gosta do tom dele.

– Como pode saber? – indaga o guerreiro de Alkor. – Não temos notícias do continente.

Alberich ajeita a franja com as mãos e continua:

– Eu sei porque se tudo estiver correndo como eu planejei, esse crime não resultará em nada.

– Do que está falando?

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– Tracei um plano com Grethe. Vejamos se vocês conseguem me acompanhar. Já que o irmão do prefeito estava desconfiado do desaparecimento do irmão, era preciso uma estratégia para nos livrarmos dele. Então eu disse a Grethe que fosse à delegacia denunciar o desaparecimento do marido, acusando o irmão. Para tanto, também o irmão deveria desparecer, claro. E, obviamente, não poderiam jamais encontrar nem um corpo nem o outro. Raciocine comigo: o prefeito está desaparecido. A esposa dele afirma que o cunhado o ameaçava e ele também some. A polícia procura os irmãos, ameaçador e ameaçado, sem jamais saber onde eles estão, porque jamais encontrarão os corpos.

– Vocês mataram o irmão também?

– O irmão, bom, foi dano colateral.

Bado arrepia-se diante da frieza de Alberich. Falava dos dois assassinatos como se referisse a cortar um feixe de lenha.

– E onde estão os corpos? – Bado insiste.

– Lógico que eu não direi – retruca Alberich, com um sorrisinho que Bado considera ao mesmo tempo irritante e ameaçador. Ele prossegue: – Mas se quer, vá buscar sua médica. Ela deve estar esperando ansiosamente por você.

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Poucos dias depois, Bado parte de barco para Narvik. Achara melhor fazer assim. Se chegasse no helicóptero não teria como passar despercebido. Usando um casaco pesado com capuz, ele desembarca na cidade e vai direto à casa de Ann. Ele toca a campainha. Ninguém atende. Bado insiste. Uma vizinha se aproxima.

– Procurando a doutora? – a mulher pergunta.

– Sim, sou um primo da Ann – ele despista. – Estou de passagem por aqui e resolvi vê-la, mas parece que não está...

– Então o senhor ainda não sabe?

– Do quê?

– A doutora foi presa há alguns dias, acusada de matar o prefeito e o irmão dele.

– A Ann? – Bado questiona, chocado com a informação.

– Pois é, é tão difícil de acreditar. Ela sempre foi uma boa vizinha, apesar de um tanto excêntrica.

– Tem alguma coisa muito errada nessa história – ele diz, como se falasse consigo mesmo.

– Também acho, meu filho. Sua prima é uma boa moça.

– É... – ele diz, pensativo. – A senhora pode me dizer onde fica a delegacia? Eu vou lá saber o que houve realmente.

Bado ouve a explicação da mulher e dirige-se à delegacia imediatamente, elaborando o que dirá e preparando-se para assumir o papel do tal primo. Rezando para que ninguém o reconheça como um dos asgardianos que estiveram internados no hospital, ele se apresenta na recepção da delegacia como “Georg Dagsland” e consegue acesso à cela onde Ann está. Ao vê-lo, ela o abraça.

– Ela é um demônio, Bado – Ann sussurra. – Matou os dois e conseguiu jogar a culpa em cima de mim. No final das contas, acho que tive até sorte. Podia estar num daqueles caixões de ametista do franjinha.

– Eu vou resolver tudo, prima – Bado diz em voz alta, e deixa Ann intrigada. – Vou contratar um bom advogado.

– Está bem, primo – ela diz, entrando no jogo dele. – Confio em você.

Os dois se abraçam outra vez.

– Preciso de um lugar para ficar enquanto estiver aqui, prima.

– As chaves da minha casa devem estar aqui, junto com os meus pertences – ela diz. Depois completa com um sussurro: – Há um molho sobressalente na mesinha da minha sala no hospital.

– Certo, prima. Eu vou voltar com o advogado.

– Claro. Vou esperar.

Bado quis beijá-la, mas deteve-se. Precisava levar a sério seu papel de primo, então contenta-se com um beijinho na testa e deixa a delegacia.

– Aquela maldita! – Bado grita quando já está longe da delegacia. – Eu mesmo vou quebrar o pescoço dela! E Alberich com aquela conversa de plano perfeito... só se for para ele. No hospital, com a ajuda da recepcionista, que também não acreditava na culpa de Ann, ele consegue as chaves. A casa da médica estava revirada, provavelmente pela polícia, que buscara mais provas contra ela depois da prisão.

Ele precisa elaborar um plano para tirar Ann da delegacia e, obviamente, esse plano não passa por procurar um advogado. Demoraria demais e as chances de Ann ser condenada eram grandes. Bado passa a noite inteira maquinando e só quando chega a um plano que lhe parece satisfatório é que finalmente consegue descansar um pouco no quarto da médica. Nos dias seguintes, ele passa a providenciar tudo o que precisaria para levar o plano a cabo, bem como fazia visitas diárias a Ann. Mentalmente, ele faz e refaz cada passo que teria de dar na noite de executar seu desígnio, analisando todas as combinações de eventos que poderiam estragar tudo. Quando se sente seguro, ele finalmente define a noite em que tudo será feito.

Esgueirando-se pelas ruas de Narvik, vazias àquela hora, e carregando uma enorme bolsa preta, ele vai à delegacia. Presta atenção no movimento e confirma que há apenas dois guardas de plantão, conforme ele se informara anteriormente. "Fácil demais", ele pensa, e avança a passos firmes.

– Boa noite – ele cumprimenta o policial de plantão.

– Boa noite, senhor Dagsland. Sinto muito, mas não é horário de visitas.

– Eu sei – Bado diz e, num movimento que o guarda não foi capaz de vez, domina-o e deixa-o inconsciente. – Sinto muito, meu amigo, mas vai ter que ser assim.

Bado prossegue sua investida em direção às celas. O outro guarda está lá e tenta impedi-lo.

– Ei, senhor Dagsland! Não pode entrar aqui a essa hora!

– É só uma palavrinha, amigo – Bado diz, para ganhar tempo e se aproximar do homem. O guarda puxa uma arma.

– Não me obrigue a usá-la, senhor Dagsland – o policial diz, apontando a arma para Bado.

– Calma, só quero conversar.

– Volte amanhã no horário de visitas.

Repetindo o movimento anterior, ele domina também esse policial.

– Bado, o que está fazendo? – Ann grita, ao ver a confusão que Bado aprontara.

– Tirando você daqui! – ele diz, recolhendo o molho de chaves que o guarda tinha consigo. Ele abre a cela na quarta tentativa e finalmente abraça e beija Ann como gostaria.

– Vamos, Ann. Não temos muito tempo. Eles logo vão recobrar a consciência.

– Fugir não é exatamente a solução, meu querido.

– Ah, é sim. Você vai para Asgard comigo nem que eu tenha de carregá-la!

Os dois saem da delegacia correndo e dão a volta no prédio até chegarem à carroça que Bado tinha deixado ali mais cedo.

– Vamos fugir de carroça? – Ann pergunta, incrédula e sem conter o riso.

– É o único veículo que eu sei dirigir – Bado diz, muito sério.

Ann continua rindo.

– Ai, meu Deus! Vem cá, já estou na merda mesmo, vou roubar um carro. Narvik é um poço de tranquilidade, ninguém tranca os veículos.

A médica aproxima-se da viatura que estava estacionada na frente da delegacia e abre a porta.

– Não disse? Aberta. Entra, tigre.

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– Isso não precisa de chave?

– Meu bem, eu vou ligar direto.

Rapidamente Ann faz a ligação e os dois saem tranquilamente, embora a médica não consiga conter o riso. De repente passara de médica respeitável a suspeita de dois assassinatos e ladra de carro.

– Agora para onde, tigre? – ela pergunta, ainda rindo.

– Para as docas. Tem um barco nos esperando para voltar a Asgard.

– Não posso nem passar em casa para pegar algumas coisas?

– Eu peguei algumas coisas e coloquei no barco. Não sei se era exatamente o que você queria, mas...

– Ok, já é algo – ela interrompeu. – Vamos para as docas então.

Ann pisa fundo no acelerador e rapidamente chegam às docas, onde a lancha que Bado roubara horas atrás está.

– Achei que você também não soubesse pilotar lanchas... – Ann ri. Bado, entretanto está sério e só relaxa quando já estão suficientemente longe de Narvik. Enquanto isso, Ann conferira as coisas que Bado trouxera da sua casa e alegrou-se ao ver que ele pegara uma de suas guitarras, algumas fitas-cassete e o aparelho de som. Até onde ela sabia, não havia energia elétrica em Asgard, mas pelo menos estaria perto de suas coisas mais queridas.

Depois de horas de travessia tranquila, os dois chegam a Asgard. Ann acharia tudo muito pitoresco, como saído de um quadro medieval, se não estivesse morrendo de frio. Depois de uma subida um tanto íngreme, os dois chegam à construção imponente e sólida que é a residência real.

– Então este é o palácio de Valhalla? – Ann pergunta ao entrar no pátio principal, ainda bonito, embora bastante danificado pela batalha que houvera meses atrás. – É como voltar no tempo...

– É mais ou menos isso – Bado diz.

– E agora entendo como vocês conseguiram todos aqueles ferimentos. Isso está aos pedaços!

– Pois é. A batalha foi bastante dura.

Ann suspira. Jamais se imaginara vivendo longe da 'civilização', sem eletricidade, sem telefone e, principalmente, com um homem. Não tinha desejado se casar nem quando era mais jovem, agora se via ali, como uma menina, uma princesa raptada pelo príncipe encantado e só faltava o cavalo branco. O.k. Ele a tinha resgatado da delegacia e agora eram ambos fugitivos da justiça, além de terem roubado a viatura e um barco, mas ela tinha de admitir que era excitante a situação. Pensar nisso faz a médica soltar uma gargalhada que deixa Bado sem entender.

– O que foi? – ele pergunta.

– É tudo tão maluco! Parece que estou presa num estranho sonho!

Bado ri e abraça a médica.

– Vamos entrar. Preciso apresentar-me à princesa Hilda e informar que estamos de volta.

– Hum, sim – ela diz, e completa, irônica: –Vamos nos apresentar a Vossa Alteza. Devo me ajoelhar?

– Ann, é sério. Aqui ela é a regente e sacerdotisa, devemos respeitá-la.

– Não sei se vou conseguir depois de ver os peitos dela de fora – Ann ri, enquanto Bado cora à menção dos seios da princesa que, ele também vira na ocasião em que Grethe matou Linus.

– Isso era uma coisa da qual você não precisava ter me lembrado – ele diz, ainda mais vermelho. Ann dá uma gargalhada.

– Que bonitinho você fica quando cora! O que é que tem demais em um par de peitos? Só por que são peitos de princesa são mais importantes que os meus?

– Ann! Por favor!

– Está bem, não falo mais. E prometo tentar ser respeitosa com a sua digníssima princesa dos peitos sagrados.

– Vamos lá, então. E sem piadinhas sobre isso.

– Certo.

– Promete?

– Prometo – ela responde, com uma risadinha cínica, e os dois dirigem-se ao salão principal do palácio. Quando abrem as portas, não podem conter um suspiro estupefato: Alberich e Grethe conversam com Hilda.

– Sua vagabunda! – Ann grita, e corre até a ex-primeira-dama de Narvik. – Eu vou matar você!

Continua...