Mistérios da Meia-Noite

Capítulo XV: Agora é hora de nós dois


Quando deu nove horas, Maurício e Luísa terminaram de planejar o plano de fuga daquela noite. Tudo tinha que estar perfeito, pois quanto menos gente visse Maurício seria melhor para os dois. Vovô se trancou no laboratório, deixando os dois a sós.

– Ér... Mau... - disse a menina sem jeito.

– O que foi, Luísa?

– Eu queria tomar um banho...

– Banho?

– Uhum.

– Você pode tomar no rio aqui atrás se quiser. - disse Maurício se levantando da cadeira.

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Ele fez um sinal para que Luísa o seguisse e os dois saíram pela porta de trás da casa. Era uma bela paisagem: um rio caudaloso de águas cristalinas cercado por rochas de diversos tipos e tamanhos, plantas e belas flores. Atrás, as árvores cercavam toda a área, deixando o local da cabana quase "invisível" a leigos.

– Ah, sol... - disse Maurício se espreguiçando já sem blusa.

Foi então que Luísa percebeu que seu machucado feio da noite anterior já havia desaparecido. Porém, quando percebeu que Maurício a olhava encarando seu corpo definido ela corou muito e virou de costas.

– NÃO É ISSO QUE TÁ PENSANDO! - gritou totalmente envergonhada.

– Eu não disse nada. - ele riu tirando o resto da roupa, ficando só de cueca e pulando dali mesmo para dentro da água. - UHUUUU! A água tá maravilhosa, Lu!

– E-Está? - disse toda sem jeito.

– Por que não vem aqui e experimenta?

– Ér...

– O que foi? - ele viu sua expressão envergonhada, a forma com que colocava os braços frente o corpo ainda vestido. - Ah, já entendi. Você tem vergonha, não é?

Ela fez que sim com a cabeça, se encolhendo cada vez mais. O homem sorriu sem maldade nenhuma.

– Não vou fazer nada com você, se quiser nem olho. Confia em mim?

– S-sim... - disse Luísa.

– Está bem, vou virar de costas. - disse o fazendo. - Pronto.

A menina ficou parada por uns trinta segundos. Será que ele não ia se virar mesmo? Um minuto. É, realmente não ia. Ainda meio receosa Luísa tirou a blusa e calça de moletom que Maurício havia o emprestado na noite anterior, ficando somente de roupas íntimas. Ela passou as mãos atrás do pescoço e retirou o cordão de prata com pingente em formato de lua, pois se ela havia queimado a mão de Bernardo, sabe-se lá o que faria com o professor, né? Luísa foi entrando na água devagar, observando Maurício nem ao menos se mexer.

– Demorou. - disse o homem ainda de costas.

– Desculpa, pensei que você fosse se virar.

– Eu disse, pode confiar em mim. Palavra de lobisomem.

Luísa riu.

– Ah, finalmente consegui te fazer rir.

– Você é um bobo, Mau. - disse o abraçando por trás. - Pode se virar, já estou coberta.

Maurício se virou e viu o doce sorriso de Luísa.

(Música: Nós Dois – Jukabala -> https://www.youtube.com/watch?v=wOh-ZL86sxo)

– Tá aí. Você disse que não ia virar! - ela fez bico.

– Mas você pediu!

– Quebrou a promessa! - disse Luísa jogando água no rosto de Maurício e saindo correndo dali, rindo muito.

– Ei, volta aqui! - o alpha riu e foi atrás da menina.

Luísa mergulhou e ele foi logo atrás dela. Eles foram nadando até uma parte mais profunda do rio, onde havia cardumes de diversos tipos indo para todos os lados possíveis. O fundo era formado de terra, rochas, uma vegetação bastante rasteira e restos de plantas mortas. A menina estava encantada com aquele lugar. Maurício simplesmente sorria observando o grande sorriso de sua amada. Os dois voltaram até a superfície.

– Nossa, é muito lindo lá embaixo!

– Posso te levar para conhecer os lugares mais bonitos, se quiser. Eu estive em muitos.

– S-Sério?

– Uhum. Vovô me levou a vários enquanto me ensinava sobre a natureza.

– AH! Eu quero, Mau!

– Então, quando você voltar para cá eu levo.

– Eba! - os olhos de Luísa brilharam.

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O coração de Maurício bateu mais forte ao ver aquele belo sorriso estampado no rosto da menina. Seus belos olhos verdes o olhavam fixamente. A pele branca cheia de pequenas sardas, os lábios rosados... Eles o chamavam para perto. E conforme se aproximavam o alpha sentia algo que não vivenciava há muito tempo. Porém, antes que os lábios se tocassem Luísa desviou o olhar e abaixou o rosto, parecendo ficar triste.

– O que foi, Lu? - perguntou Maurício levando a mão ao seu queixo e levantando um pouco seu rosto. - Eu fiz alguma coisa que não gostou?

– Não, Mau... É que... Eu não posso.

– Não pode o que?

– Não podemos ficar juntos.

– Por que? Você não gosta de mim?

– E-Eu gosto, mas é errado. - disse agora com lágrimas nos olhos.

– Amar alguém é errado?

– Não, mas nunca iam aceitar isso.

– Eu sei que não iriam, mas e o que você sente? Não é mais importante que a opinião dos outros?

– É...

– Então se entregue aos sentimentos, Luísa. Não tenha medo do que os outros vão dizer, porque o importante é o que seu coração diz.

– Desculpa, Maurício. - disse baixando o olhar novamente agora chorando.

O alpha a abraçou com força.

– Vou estar sempre com você para tudo o que precisar. - disse de forma gentil, a apertando contra o peito. - Eu te amo, Ana Luísa.

– Eu também te amo, Mau.

Os lábios se encontraram e finalmente aconteceu o tão esperado beijo, meu caro leitor. Um beijo que selou o início de uma nova fase na vida de nossos dois protagonistas.

...

As horas se passaram rapidamente e logo já era noite. Maurício e Luísa estavam na porta da casa se preparando para sair, quando Vovô veio correndo com um pote embrulhado em um tecido colorido.

– Aqui, senhorita. - disse a entregando o embrulho. - São os biscoitinhos amanteigados que sobraram do café da manhã.

– Ah, obrigada, Vovô. - falou sorrindo para o senhor.

– Enfim, tenham cuidado no bosque. E senhor Maurício, juízo hein!

– Está bem, Vovô. - respondeu o alpha rindo. - Vamos?

A dupla foi andando pela floresta escura devagar. Maurício contava histórias a todo o momento, falava sobre plantas e criaturas que já havia achado naquele lugar. Uma meia-hora depois chegaram ao povoado, mais cinco minutos, a casa de Luísa.

– Bem, é aqui que nos separamos. - disse Maurício. - Mas vou estar na sua cola. Qualquer coisa que acontecer vou estar aqui para protege-la.

– Obrigada, Mau. Obrigada por tudo. Se não fosse por você eu nem estaria viva.

– Não precisa agradecer. - disse a dando um "selinho". - Agora vai lá que seus pais devem estar preocupados.

– Tá. Até mais.

Luísa correu para dentro de casa. O ex-professor de biologia ficou assistindo a cena toda no lado de fora, da janela. Quando todos começaram a se abraçar ele deu um sorriso e saiu andando com as mãos no bolso pela rua escura. Missão cumprida.

...

Quando chegou em casa, Maurício viu que Vovô estava dentro do laboratório e foi lá ver o que fazia.

– Vovô, cheguei. - disse entrando no "local sagrado" do velho.

De repente a porta bateu atrás dele e Vovô estava recostado nela de braços cruzados. Tinha uma expressão nada boa no rosto.

– Olá, Maurício. - disse ele um pouco sombrio.

– O que foi, Vovô? - perguntou assustado.

– O que foi? O que foi? ELE AINDA PERGUNTA O QUE FOI!

E alpha foi jogado contra a parede e segurado pelo pescoço.

– O QUE TINHA NA SUA CABEÇA QUANDO DEIXOU AQUELA PIRRALHA ENTRAR NO MEU LABORATÓRIO?

– E-Eu não deixei. - disse sem ar. - Ela entrou sozinha.

– QUE SE DANE QUE ENTROU SOZINHA! NÃO DEVERIA TER DITO NADA!

– M-Mas...!

Vovô ergueu a mão livre e mostrou um vidro onde na identificação estava escrito "prata líquida".

– N-Não, Vovô! NÃO!

– ISSO É PRA VOCÊ APRENDER A NÃO ENTRAR NO MEU LABORATÓRIO SEM PERMISSÃO!

E as gotas de prata cairam sobre a pele do rosto de Maurício. A mesma começou a a borbulhar e a sair fumaça. Maurício soltou um berro de dor. E assim termina o nosso capítulo.