Minha vida em pequenas Escalas

O diário secreto de um pai solteiro


O diário secreto de um pai solteiro

O garçom me serve o refrigerante com uma cara curiosa.

— Dia difícil? - Pergunta ele.

— Não, apenas pensando nas coisas da vida. - Digo meio entediado, com o meu italiano ainda ruim.

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— Não é daqui é? - Questiona no mesmo momento.

— Sou do Canadá. Me mudei a algumas semanas.

— Hum meio perdido então, olha só, deixa te dar esse cartão. É de uma das boates que faço freelancer, é voltada para imigrantes, tem muitos americanos, canadenses também. Vai lá, vai se sentir em casa. - Diz me entregando um cartão com a bandeira americana.

— Ah obrigado. Vai ser bom não precisar pensar e elaborar uma frase antes de falar. - Digo, avisando da minha dificuldade com o italiano.

Termino meu refrigerante, pego um táxi e vou até a boate.

“Sam’s Oasis ”

Ostentava o letreiro azul e vermelho abaixo de uma caricatura gigante do “tio Sam”

Depois de algum tempo na fila adentro a boate, decorada toda em azul vermelho e branco, parecia que eu estava em uma passeata de quatro de julho na Flórida. Uma música eletrônica preencheu meus ouvidos e dediquei um tempo ao ver algumas garotas dançando.

Carolina e eu não éramos muito de baladas, mas quando íamos, minha morena arrasava na pista de dança. Deixava todos de queixo caído com seu rebolado carioca. O que muitas vezes, me enchia de ciúmes, principalmente quando algum abusadinho se aproximava dela.

Me sento numa das mesinhas dispostas ao lado da pista e continuo a observar, música alta, pessoas dançando, outras se beijando e mesmo ainda nem tendo completado 24 anos, me senti um peixe fora d'água.

— Emma, Emma.. Você me envelheceu vinte anos em seis meses. - Digo olhando para proteção de tela do celular, que era a foto do primeiro sorriso social dela.

Continuo ali por um tempo, tentando não pensar em Emma ou Carolina, afinal era a noite do Noah. E como não dá muito certo, vou pra pista de dança. Não sou nenhum “pé de valsa”, mas consigo enganar bem, e em pouco tempo percebo que duas garotas parecem dançar comigo.

Uma loura, olhos azuis ou verdes, não tenho certeza, um rosto bonito, usava um vestido rosa pink bem curto e sexy, confesso que fiquei animado, até lembrar que Carolina tinha um pavor de garotas loiras. Talvez pelo fato de ter ficado com uma no colégio, quando começamos nosso lance, mas o fato era que toda vez que me pegava conversando com uma loira, ela me metralhava com o olhar. Então me afasto um pouco e fico mais perto da morena. Uma mulata um pouco mais baixa do que eu, corpo esguio, cabelos na altura dos ombros. Não parecia ter mais que dezoito ou dezenove anos. Começamos a dançar e depois conversamos. Ela disse que se chamava Lacey e era da philadélfia, estava na europa com a família. Quando digo que sou Canadense ela abre um sorriso e diz que seu pai nasceu no Canadá. Falamos sobre trabalho, músicas, o jeito receptivo e a deliciosa comida italiana, mas por alguma razão que nem mesmo eu compreendi, não menciono nada sobre Emma.

Pago alguns drinks para ela, dançamos, conversamos e rimos. Lacey é super engraçada e quase me mijo de rir enquanto ela faz piadas sobre os parentes da Philadélfia e também conta das suas desventuras pelo mundo, com sua família mochileira.

— E ai já te contei a minha vida toda e tudo que sei sobre você, é que é canadense e trabalha numa empresa que faz peças de carro, ah e tem um irmão, mais feio. - Ela diz rindo já um pouco alterada pelo álcool.

— Bom, sua vida é mais interessante que a minha, não tenho nenhum tio com fobia a patos de borracha. E nunca estive no Congo. - Digo rindo só de lembrar dela contando.

— Fala aí. Que fazia no Canadá?

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—Peças de motores. - Falo rindo.

— Nossa que chato! - Ela diz dando uma gargalhada. _ E essa aliança aí? - Ela diz olhando pro meu dedo.

— Ah eu… não sou casado.. não… Eh… eu tinha uma noiva, ela faleceu tem quase seis meses. Ainda não consegui tirar. - Digo mexendo no anel de ouro branco.

— Nossa... Sinto muito. - Ela fala colocando a mão sobre a minha.

— Tá afim de ir para um lugar mais calmo - Ela diz me olhando profundamente e eu demoro um pouco para processar as palavras.

— Tah.. claro.. Onde? - Digo e ela morde os lábios com um sorriso.

Pago a conta e tomamos um taxi até o apartamento dela, que ficava há dois bairros de distância da casa do Derek. Era pequeno, e um pouco bagunçado, com posters de capas de revistas sobre turismo e centenas de fotos dela e sua família viajando por lugares incríveis. África, Tailândia, China, Peru, Amazônia e outros destinos repletos de natureza selvagem.

— Lindas fotos. - Digo observando a colagem na parede e quando volto o olhar para ela, ela tem uma garrafinha de cerveja nas mãos._ Acho que já bebi demais, amanhã tenho que acordar cedo.

— Amanhã é domingo. - Ela diz se aproximando com um sorriso largo e um andar sexy. Eu seria muito hipócrita em dizer que não fiquei animado com aquilo.

— Achei que tivesse viajando com seus pais, só para confirmar… Eles não estão aqui estão?

— Não, eles estão em Veneza, se energizando pro dia “D”, e eu to aproveitando um pouco de liberdade. Senta aí no sofá.

— Dia “D”?

— Missão de família na verdade. Coisa do meu pai. Mas não viemos para cá para falar dos meus pais certo? - Ela diz com um sorriso, aproximando o rosto do meu.

— Só para confirmar, você é maior de idade né? Eu não posso ir para cadeia. - Eu falo me afastando um pouco.

— Eu tenho vinte e um, quer minha identidade? - Ela diz me olhando profundamente.

Eu enredo meu braço por trás da sua nuca e a trago para mim, selando os nossos lábios. Foi estranho nos primeiros segundos, afinal, desde que Carolina se foi, eles não eram mais tocados dessa forma. Mas, depois de meses treinando para monje, rapidamente aquela sensação esquisita deu lugar ao desejo. E sem perceber minhas mãos já exploravam a pele dela por baixo da blusa. Lacey era ousada, assim como a Carolina era entre quatro paredes, ela senta sobre meu colo e continuamos a nos beijar com pressa.

— Uau. - Ela diz me afastando e abrindo os botões da minha camisa, quando sinto meu celular vibrar. Pego o aparelho ainda sentindo o arrepio que os lábios dela causam no meu pescoço. Vejo se tratar de uma ligação de Derek e a afasto com força pro outro lado do sofá e atendo já sentindo meu peito palpitar.

— O que aconteceu com a Emma? - Já pergunto preocupado antes de qualquer coisa, enquanto vejo a cara confusa de Lacey.

— Ela tá muito brava, tá tentando me comer, eu não to brincando ela tá me mordendo e chorando. - Ele fala alterado.

— Os dentes dela estão nascendo, tem uma pomada em cima da minha cômoda… Passa na gengiva dela e dá seu queixo… Ah não você tem barba… Manda a Vick dar o queixo para ela morder, que se acalma.

— Ta bom. Até mais tarde. - Ele diz e ja desliga e eu volto o olhar para Lacey.

— Desculpa eu… Eu tenho uma filha e meu irmão tá cuidando dela essa noite. - Confesso.

— Uau… uma filha? Nossa.

— A minha noiva, se chamava Carolina, a gente era praticamente casado, já tínhamos montado apartamento e tudo. Íamos nos casar no próximo verão. Ela não queria casar grávida, queria estar linda no vestido. Infelismente morreu no parto. Eu devia ter dito que ela ia ser a noiva mais linda com aquele barrigão, a convencido. Ela sempre quis casar na igreja. - Digo sentando ao lado dela e percebendo que acabei com clima com o meu monólogo sobre a Carolina.

— Humm. Que barra. Que idade tem sua filha?

— Ah tem quase seis meses, olha só. Não é uma gracinha? - Digo mostrando a foto no celular, todo orgulhoso.

— Se parece com você. Muito linda. - Ela diz com um sorriso. _ E ai onde paramos? - Ela fala com um ar de malícia, passando a mão suavemente pela minha perna.

Voltamos a nos beijar e quando percebo já estamos nos livrando das nossas roupas. Meu telefone vibra outra vez e Lacey me olha com desapontamento, quando paro tudo e atendo a chamada.

— Desculpa, eu tenho que atender. - Digo a ela e volto a me afastar.

— Que foi? - Pergunto meio impaciente.

— Não achei a pomada.

— Ta em cima da porra do criado mudo. - Falo.

— Você tinha dito cômoda. Ah tá aqui, achei. E que irritação é essa? O descolorante de cabelo não funcionou? - Diz ele.

— Eu to no meio de uma coisa, então se você conseguir não ligar pela próxima hora eu agradeço tá?

— Seu sem vergonha… Vick ele vai transar! - Ele grita dando risada do outro lado da linha e eu ouço a voz da Vick mandando eu usar camisinha.

— Haha que engraçado… - Digo em tom de deboche. Boa noite para vocês dois e parem de falar transar e camisinha na frente da Emma, pelo amor de Deus! - Falo e olho pra Lacey que ri e balança a cabeça. Eu desligo e volto a atenção para ela.

— Desculpa de novo. Ele não vai mais ligar.

— Vem. - Ela fala entrelaçando os dedos nos meus e vamos pro quarto.

Eu não tenho tempo para reparar na decoração do quarto pois ela me beija, me enredando em seus braços e me empurrando pra cama. Caio sentado e ela sorri de um jeito sexy e retira o seu jeans lentamente. Em seguida ela senta sobre meu colo, com os joelhos dobrados e se apossa do meu pescoço com seus lábios. Minhas mãos deslizam pela cintura dela subindo até desabotoar o sutiã, nesse momento Lacey entrelaça os dedos no meu cabelo, puxando minha cabeça para trás, a fim de tomar a minha boca.

"Garota de atitude" - Penso.

Seguro firme sua cintura e a viro deitando - a sobre a cama. Me livrando de vez do sutiã rosa, desço beijando seus seios, barriga até chegar ao interior de suas coxas. Levo minhas mãos até a calcinha cor de rosa e a tiro completamente, deslizando - a pelas coxas bem torneadas da morena. Quando volto a ficar sobre ela, Lacey me empurra invertendo nossas posições.

— Eu que mando aqui gatinho. - Ela diz em tom altivo. E volta a me beijar, descendo os labios carnudos pelo meu pescoço eu fecho os olhos, sentindo a boca suave, quente, a pele macia sobre minhas mãos, estou repleto de desejo e quando a mão atrevida dela desliza para dentro do meu jeans eu gemo.

— Ah Carolina… Digo de olhos fechados, preso aquele momento de prazer e tudo para. Abro os olhos e Lacey me encara.

— Carolina? - Ela questiona visivelmwnte irritada.

— Ah! Droga... - Digo vendo minha mancada.

— Olha só, eu posso lidar com seu irmão ligando a cada cinco minutos por causa da sua filha bebê, por uma noite de sexo sem compromisso, mas sou gata demais para dormir com um cara que ta pensando na namorada morta. - Ela diz com uma sinceridade espantosa, e eu fico sem palavras.

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Eu solto o ar dos pulmões sem mais nenhum clima e vejo ela levantar e começar a se vestir.

— Olha. Desculpa isso, não foi intencional. É que eu, desde que ela se foi…

— Relaxa, tá tudo bem. Ela devia devia ser uma garota incrível.

— Desculpa, é melhor eu ir para casa.

— Eh eu também acho. - Ela diz pegando uma jaqueta no armário e se vestindo.

Eu levanto vou até a sala e procuro minha camiseta. Me visto, pego meu celular e chaves.

— Eu to indo já, será que pode me dar o seu telefone? - Pergunto por educação pois não teria coragem de ligar para ela depois daquela mancada.

— Nem pensar, você tem bagagem demais para mim gatinho. Mas foi bom te conhecer, vamos ficar algum tempo por aqui, quem sabe a gente não se esbarra no Sam's de novo. - Ela fala.

— Eh, quem sabe. - Digo, sabendo que nunca mais voltarei aquela boate.

— Até mais então, ela diz abrindo a porta.

— Até. Digo e dou um tchauzinho. E ela dá um sorrisinho amarelo e fecha a porta.

— Nossa, acho que estou realmente ficando velho, no meu tempo eram os garotos quem ficavam decepcionados por nao transar na primeira noite. - Reflito.

Desço as escadas e pego um táxi até em casa, quando chego tento não fazer barulho, vou até o quarto de Derek e ele e Vick estão dormindo, juntos com Emma no meio.

“Uma família perfeita.” - Penso.

Deixo Emma ali e vou pro meu quarto. Vejo afoto da carolina sobre a cômoda.

— Que tá me olhando? Qual é? Vai me fazer passar o resto da vida em abstinência? - Falo pegando o porta retrato.

— Eu te amo. - Digo beijando a foto e colocando sobre o criado mudo e adormeço logo em seguida. Meia hora depois, acordo com os berros de Emma. Levanto e vou até o quarto de Derek, que caminha de um lado pro outro balançando Emma e me olha com cara de criança em manhã de natal.

— Graças a Deus! - Ele fala soltando o ar dos pulmões.

— Eu disse que não ia dar certo. - Falo meio irritado pegando a Emma dos braços dele.

— Ei que mau humor é esse? Devia ta mais felizinho pelo menos, dito que sua noite, foi um milhão de vezes mais agradável que a minha - Ele fala com cara de sono. _ Me agradeça.

— Te agradecer? Você só conseguiu provar que eu ainda estou completamente apaixonado pela minha esposa morta. A ponto de ter uma gata, quente e nua na minha frente e ainda tentar imaginar a Carolina - Digo.

— Ai... não me culpe. Quem sabe se tivesse conhecido a garota antes, e não tentado levar ela pra cama na primeira noite as coisas seriam diferentes. Você é muito apressado nao sabe esperar - Ele diz

— Esperar o que? Outro cara engravidar a garota que eu tava a fim?

— Okay essa foi cruel, venceu a "pelo menos a minha garota ta viva" parabéns.

— Não mexa com o mestre. - Digo fazendo uma pistola com os dedos e simulando um tiro.

No dia seguinte acordo exausto, tento dar o celular para Emma, pra cochilar mais um pouco, mas desta vez nem isso a distrai, e ela fica puxando meus cabelos e batendo no meu rosto até que eu desista e levante. Faço um café e logo recebo uma ligação do Samuel, pedindo que eu o encontrasse numa praça perto da cafeteria.

Coloco Emma no carrinho e vou caminhando até a charmosa pracinha. De longe avisto Samuel sentado num banco, um tanto desanimado. Ao me aproximar, vejo Miguel brigando com outro garotinho

— E ai cara? - Digo estacionando o carrinho de Emma ao lado do banco.

— Sobrevivendo. - Ele fala.

— Aquele garoto batendo a cabeça do outro no trepa-trepa, não é o seu filho? - Pergunto.

— Não sei, esse bando de moleques parecem todos iguais. - Ele fala e em seguida levanta e solta um grito. _ Miguel para com isso agora!

Me sento no banco, e Samuel ao ver que o filho não obedeceu, vai até lá e o tira a força de cima do outro. Miguel esperneia e grita.

— Socorro! Ele tá me matando! - Esbraveja o garoto se lançando ao chão. Sam o levanta e o sacode pelos ombros mandando ele se calar, o garoto apenas o chuta com as pernas.

— Emma, tá vendo isso? Nunca faça isso, eu te deixo na porta da primeira igreja. - Digo e ela faz uma cara assustada, como se tivesse entendido.

Sam vendo que não venceria a revolta do garoto o deixa no parquinho chorando sentado na areia e volta ao banco.

— Não sei o que eu vou fazer com ele. - Diz Sam sentando - se no banco.

— Devia levar ele num psicólogo ou num exorcista. - Digo não conseguindo segurar minha língua e recebo um olhar fulminante de Samuel.

— Ele não é tão ruim assim. - Ele fala. _ Sabe é difícil para ele, toda essa situação.

— Eu tava brincando, eu não era nenhum santo quando era criança também. Mas e aí o que você queria conversar?

— A mãe do Miguel, ela conseguiu um emprego em Napole, ela vai se mudar para lá.

— Nossa, que barra. É muito longe? Vai dificultar de você ver o Miguel? - Questiono.

— Não, antes fosse. Ela não vai levar o Miguel, quer que eu fique com ele até ela se ajustar por lá. Eu concordei, mas é que…. Eu amo o meu filho, mas eu odeio ser pai dele. - Ele confessa. _ Eu posso brincar, deixar que ele não escove os dentes ou não tome banho, que assista tv e jogue videogame o fim de semana todo, mas como vou cuidar dele 100% do tempo? Como vou fazer ele obedecer ou não botar fogo na casa? Eu não quero ter que ser responsável o tempo todo. Consegue entender isso?

— Oh se consigo. - Digo olhando para Emma. _ Limpar cocô de três a cinco vezes no dia, passar noites e noites em claro e gastar boa parte da minha grana com fraldas, não era o que eu queria estar fazendo antes dos vinte e cinco. Sabe, antes da gravidez, Carolina e eu pretendiamos prosperar nas nossas carreiras, viajar para lugares paradisíacos, comer comidas exóticas, e fazer muito, mas muito sexo. E olha só, deu tudo errado, ela engravidou, morreu, me deixou sozinho nessa encrenca. E sabe o mais esquisito?

— O que? Além da neném tá sobrevivendo na sua mão? - Ele fala rindo.

— Na verdade essa segunda coisa mais esquisita, a primeira é que, apesar de eu sentir falta da Carol o tempo todo, eu não consigo mais me ver sem essa baixinha. E olha que a única hora do dia que ela parece gostar de mim, é quando vou buscá - la na creche. - Confesso. _ Você vai se sair bem, tem que tentar para saber.

— Você diz isso porque sua filha é uma gracinha, quer trocar pelo Miguel por uns dias?

— Cada um com seus problemas Sam. - Respondo imediatamente. _ Aquele pulando em cima do capô do carro não é o seu filho?

— Miguel!!!

Samuel e eu conversamos durante toda a manhã, um papo de pais. E perto do meio dia eu já tinha percebido que o garoto fazia tudo aquilo para chamar a atenção dele. Sam e Lucca, apesar de serem caras legais, de mente aberta, simpáticos e modernos, ainda acreditavam no “dom divino” feminino, entregando à mãe toda a responsabilidade de ficar com a criança e arcar sozinha com toda a educação, cabendo a eles, apenas o sustento e algumas horas por semana para recreação. Não os culpo por isso, infelizmente, não somos educados para sermos pais ativos, provavelmente se Carolina estivesse viva, eu seria bem menos ativo na vida da Emma.

Mas ser pai solteiro me abriu os olhos e a mente para muitas coisas, inclusive que nós homens criados para dirigir e construir coisas também sabemos, zelar, cuidar, e principalmente amar, tanto quanto as mulheres. E talvez não tenhamos o dom natural para isso, mas com um pouco de dedicação, muito lenço umedecido e alguns litros de energético, nós somos sim, tão capazes quanto.