PDV NATÁLIA.

Eu assistia os primeiros campistas chegarem ao refeitório com pesar. Estava deitada em meu braço, sentindo-me agradecida pelo mármore da mesa de Poseidon ser tão frio; ao meu lado Percy encarava-me receoso. Nesse momento eu fantasiava milhões e milhões de jeitos de matar Michael, respirando pela boca para não sentir o cheiro enjoativo da comida que era servida pelas ninfas.

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Ao que me parece, minha linda maldição, além de tornar minha vida um inferno, tinha algum tipo de "sensor do capeta" que parecia reconhecer Nico e por Michael ter me beijado eu havia passado a noite vomitando. Eu ainda podia sentir a textura do lábio do filho de Ares em minha boca; os lábios ásperos, azedos e a ligeira dor que eu senti por ser um beijo obrigado. Sem perceber, eu já estava enjoada novamente.

–Droga...-Gemi.

–Ainda esta mal?-Indagou Percy, olhando-me preocupado. Assenti devagar.-Devia comer alguma coisa, pode melhorar.

–Perseu, não fale em comida.-Murmurei.

–Pelo menos beba algo. Um pouco de água talvez, pode te fazer melhor.-Sugeriu meu irmão. Levantei a cabeça devagar, sentindo minha barriga doer.

–Certo...-Falei. Pegando meu copo vazio, vendo-o encher de água gelada. Bebi devagar, controlando-me para não vomitar, afinal, eu estava no refeitório, seria muito desagradável.

–Quando Quíron chegar pedirei um pouco de Néctar para ele.-Falou Percy.-Talvez você devesse ficar, a excursão pode te fazer mal.

–Está brincando?-Indaguei.-Eu vou para essa viajem nem que esteva morta!-Falei. Percy revirou os olhos.

–Só estou dizendo que pode ser sério.Semideuses não costumam contrair viroses e outras coisas.-Falou meu irmão.-Deitei minha cabeça na mesa novamente-Quer dizer... Podemos ficar doente por causa de cortes, venenos de monstros e outras coisas. Mas doenças mortais?

–Não sei...-Murmurei com a voz abafada.-Talvez eu seja um tipo diferente de semideus...É bem obvio que sou uma aberração.-Falei. Percy revirou os olhos outra vez.-Ou talvez eu tenha comido algo estragado...-Falei, contendo-me em dizer que esse "algo" se chamava Michael.

–A primeira opção é a mais provável. Você é uma aberração.-Comentou uma nova voz. Senti minhas bochechas corarem, levantando a cabeça rapidamente.

–Nico...-Suspirei. O filho de Hades me examinou com um olhar questionador no rosto, fazendo comprimir os lábios... Deuses, que Nico tenha esquecido oque Michael falou sobre a maldição, por favor!

–Nico.-Cumprimentou Percy.

–Jackson.-Respondeu o filho de Hades totalmente desconfortável., inspirei com pesar, olhando para Nico, que me encarava, evitando o olhar de Percy.

–Oque foi?-Indaguei, quando seu olhar sobre mim começou a esquentar ainda mais meu rosto.

–Oque?-Indagou Nico.-Ontem te assisti quase por os bofes para fora e me vem perguntar "oque foi?"?-Questionou. Fiz uma careta . Ontem, após o beijo que Michael me deu, me afastei com Nico, desejando que o filho de Ares queimasse no fundo do Hades, porém, após alguns passos dados meu estômago ruiu. Eu havia vomitado tanto na frente de Nico que duvidava que o filho de Hades quisesse chegar perto de mim daqui para frente, e tudo isso por que? Por causa daquele maldito Michael.

–Que tal desculpe?-Sugeri. Nico virou os olhos.

–Me responda logo;Como está?-Perguntou.

–Bem...-Respondi. Nico me encarou inquisitivo.-...Melhor.-Completei, sabendo que a palavra "bem" não se encaixava em mim nesse momento.-Sabe, acho que não vou vomitar mais.

–Ótimo. Preciso falar com você.-Falou Nico. Engoli em seco, droga...

–Eu...Não pode ser mais tarde? Quer dizer, eu estava indo pegar algo para comer, preciso comer.-Falei.

–Não me disse que estava sem fome?-Questionou Percy. O olhei de canto de olho.

–É, mas acabei de perceber que eu estou com fome. Com licença.-Pedi, me levantando, porém, Nico me parou.

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–Isso vai ser bom. Também não peguei comida ainda, podemos ir juntos.-Falou, começando a andar. O olhei cansada, seguindo-o para a fila da comida sem pronunciar-me, totalmente derrotada.

Nico parou alguns metros depois, colocando a mão nos bolsos da calça, virando-se para mim. Abri a boca por um momento, bufando logo depois.

–Certo...Oque quer saber?-Indaguei.

–Tudo.-Declarou o garoto.-Michael?

–Um babaca e um péssimo beijo.-Respondi.

–Rachel?-Indagou.

–Uma babaca e uma nojenta.

–Maldição?-Questionou. Senti o ar me faltar por um momento.

–Eu...eu não sei! Talvez Michael estava se referindo a ele e a prima, porque, sem sombras de duvidas, eles dois são minhas maldições.-Menti. Nico encarou-me indignado.

–Como consegue fazer isso? Quem é você? Porque Michael e Rachel te odeiam?-Indagou.

–Nico, tudo que tem que saber é que eu sou a pessoa mais azarada do mundo. Vivi quinze anos trancada dentro de uma mesma casa e quando tenho a oportunidade de viver outras coisas, ser livre, dois demônios aparecem em minha vida. E, por algum motivo cósmico ou sei lá... divino, você está comigo toda a vez que me meto em encrencas. E eu sinto muito por isso.-Falei, começando a me sentir desesperada.-Não que eu não ame a sua companhia...quer dizer, eu gosto não amo, é...Você é uma pessoa legal de se convier e...

–Natália, cale a boca.-Mandou o filho de Hades. Parei de falar, tomando folego. Nico negou com a cabeça, olhando-me incrédulo.

–Você não existe, garota.-Reclamou o filho de Hades. Reprimi um suspiro de alívio, enquanto Nico tirava algo de seu bolso, colocando em minha cabeça. Pisquei os olhos, levantando a mão, sentindo uma coroa de louros presa em meus cabelos.-Michael quebrou a sua ontem, fique com a minha.

–Mas...-Comecei.

–Eu nem queria esse negócio para mim. Fique. Sem discussão.-Cortou Nico. Um sorriso largo se abriu em meu rosto, levando com ele parte de meu mal estar. Céus... Nico não pode ser real.

–Eu irei fazer algumas coisas antes da excursão. Nos vemos mais tarde.-Murmurou Nico. Assenti, seguindo-o com o olhar, só deixando meu sorriso desaparecer quando meus olhos bateram com a mesa de Ares, onde Michael me encarava com um sorriso debochado no rosto e Jeff, o maldito filho de Hecate, gargalhava de minha cara. Semicerrei os olhos, tentando encara-lo com o máximo de raiva que consegui demonstrar, virando-me logo depois, saindo marchando para longe daqueles dois.

(...)

Se eu estava doente a algumas horas atrás, havia sido curada milagrosamente. No momento tudo oque eu sentia era a ansiedade e a adrenalina correndo em minhas veias. A. Algumas horas haviam se passado desde a ultima vez que eu vira Nico e nesse momento estava no elevador do Empire State, subindo em uma velocidade absurda para o 600° andar, mais conhecido como Olimpo.

–Ei...-Riu-se Percy, colocando a mão em meu ombro.-Fique calma.

–Eu estou calma.-Rebati, oque não era verdade. Annabeth, que estava ao lado de Percy sorriu animada, apertando o braço de meu irmão.

–Esperem para ver todas as reformas que eu fiz!-Exclamou animada. Olhei para o visor que mostrava os andares, vendo-o subir rapidamente. 50, 200, 450 e enfim 600. O elevador abriu-se com uma campainha sonora.

–Pois bem, heróis. Bem vindos ao Olimpo.-Falou Quíron, sentado em sua cadeira de rodas. Sorri abertamente, perdendo o fôlego por alguns segundos. Nos nos encontrávamos de frente para um grande palácio feito de mármore e pilares gregos; a nossa volta vários deuses menores, ninfas e outras divindades caminhavam pelas nuvens que serviam de chão, carregando frutas, comidas e bebidas.

–Uau, Annie, está lindo!-Exclamou Percy, olhando maravilhado as enormes estátuas dos deuses, que faziam uma volta em U ao redor da entrada do palácio, sendo as três primeiras as maiores e mais bonitas.-Veja.-Aconselhou Percy, apontando para a segunda estátua.-Aquele é o pai.-Observei o grande homem feito de pedra, segurando um enorme tridente, com o olhar severo em minha direção. Engoli em seco, voltando-me a Percy.

–Ele é assustador assim?-Indaguei temerosa.

–Assustador?-Questionou Percy com uma risada, mas não respondeu minha pergunta.

Engoli em seco, seguindo o grupo pelo Olimpo.

–Pois bem, crianças. O Olimpo é grande então vamos começar um tour por ele, está bem? Peço que olhem tudo com atenção e, por favor, não quebrem nada, afinal essa é a casa dos pais de vocês.-Falou Quíron, lançando um olhar intenso aos filhos de Hermes, que quase instantaneamente começaram a protestar. Revirei os olhos, vendo Travis e Connor tomarem a frente, argumentando com Quíron algo sobre "temos o direito de andar livremente pelo Olimpo, "Não podemos ser reprimidos" e "esse é nosso extinto".

–Imbecis...-Murmurou alguém atrás de mim. Me virei para trás, tendo tempo de ver Rachel sair do meio dos campistas, sumindo entre as pessoas que circulavam pelo Olimpo. Franzi a testa, sentindo os cabelos de minha nuca se arrepiarem.

–Percy eu...volto em um minuto.-Murmurei, saindo atrás de Rachel antes que meu irmão pudesse se quer me responder.

Eu seguia Rachel um tanto que afastada, vendo-a cortar caminho pelas ruas do Olimpo como se já soubesse exatamente onde ir. Nos afastamos das pessoas, seguindo por uma rua de paralelepípedos praticamente vazia. Ao longe se via um pequeno templo grego, cercado por arvores de folhagem rosada.

Quis sair correndo assim que consegui enxergar melhor o templo, vendo o pequeno grupo de pessoas dentro dele, porém, não o fiz, me escondendo atrás de uma árvore próxima ao lugar.

–Mãe!-Cumprimentou Rachel, dando um breve abraço na mãe. Afrodite sorriu.

–Minha querida...-Falou. -Ninguém a viu vindo para cá não é?

–Não senhora.-Respondeu a oriental, olhando para a deusa do amor com admiração.

–Certo, nos ignore mesmo.-Murmurou Anteros, arregalei os olhos vendo sentado com os pés em cima de uma mesa em um canto do templo, ao lado de Peitó. A deusa da persuasão olhava para as unhas despreocupadamente.

–Acho bom irmos logo com isso. Ou irão perceber que sumiu, garota.-Murmurou Peito. Afrodite assentiu, sorrindo docemente para a filha.

–Pois bem, minha criança. Nos conte...Como está a filha de Poseidon?-Questionou. Reprimi um grunhido, esticando-me mais para ouvir melhor a conversa dos quatro.

–O de sempre: insuportável e irritante.-Contou Rachel.-Ontem Michael roubou um beijo dela, isso a fez passar mal mas não causou mais nenhuma reação.

–Maldição...-Murmurou Afrodite.-Eu devia ter usado uma maldição mais forte quando a amaldiçoei... Em outras circunstâncias ela teria morrido com o beijo de alguém que não seja seu "amor verdadeiro".-Falou a deusa do amor.

–Seria uma merda se ela morresse tão facilmente, senhora Afrodite... Eu quero ver aquela pequena pirralha sofrer por toda humilhação que me fez passar!-Protestou Peitó. Anteros suspirou.

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–Senhoras...Por favor, não sejam dramáticas.-Pediu o deus do amor não correspondido.-Quando a amaldiçoou mãe, Natália Ruggiero só era uma recém nascida, não podia ter lançado algo maior a ela. E Peito...Seu ódio só reflete sua fraqueza. Foi passada para trás por uma criança!-Falou Anteros. Peito encarou o deus com ódio.

–Está do lado de quem, afinal?-Indagou Rachel.-Está defendendo aquela garota?

–Claro que não, sua idiotinha.-Rebateu Anteros, olhando para a meia irmã com nojo.-Só estou dizendo que não podemos agir pelas emoções.-Rachel encarou o deus de cima abaixo.

–Hm.-Respondeu apenas, oque pareceu deixar Anteros irritado.

–Crianças...-Cortou Afrodite.-Não briguem. Viemos aqui para falarmos algo sério e o tempo só passa!

–Certo.-Murmurou Rachel. Afrodite suspirou, apertando os ombros de Rachel.

–Lembre-se...Precisa continuar fazendo que Natália acredite que fazer Nico se apaixonar por ela vai salva-la. O máximo que puder, entendeu?

–Estou me esforçando.-Falou Rachel. Anteros revirou os olhos, virando-se para a paisagem, passando os olhos pela árvore onde eu estava escondida. Rodei meu corpo, colando minhas costas no tronco, prendendo a respiração.-Mas está sendo fácil. Natália continua irritada e magoada, duvido que descubra tão cedo sobre sua m...

–Senhoras.-Pediu Anteros, antes que Rachel terminasse.-Um minuto por favor.

–Droga...-Sussurrei. Tentando correr para longe dali, porém, antes que eu pudesse dar um passo, uma sombra me cobriu. Olhei para cima, vendo Anteros planar com as asas negras abertas e uma espada na mão. Trinquei o maxilar, mas antes de tentar qualquer coisa fui arrancada do chão. Abri os olhos segundos depois, me vendo a alguns metros da árvore, onde Anteros olhava algo com ódio. Me virei para trás, vendo Eros com as mãos em meus ombros, e um sorriso provador nos lábios.

–Nos vemos depois, irmãozinho.-Falou o deus do amor. Anteros grunhiu.

–Pode ter certeza que sim.-Concordou o anti-eros. Eros piscou, e o chão sumiu de meus pés novamente. Quando desci, já estávamos longe o bastante.

–Ah, porque fez isso?-Questionei.-Odeio voar, acabei de descobrir isso!

–Porque fiz isso?-Eros me deu um peteleco na testa.-Você tem algum tipo de problema, garota?!

–Ai! E não, não tenho!-Falei.

–Você... Só pode ser suicida! Oque deu em você para ir atrás de Afrodite?! Na verdade...Oque faz aqui?!

–É solstício de verão! O acampamento inteiro está aqui!-Falei. Eros bateu na própria testa.

–Droga...Eu me esqueci.-Repreendeu-se o deus.-Bom, mesmo assim! Não tinha nada que ir atrás de minha mãe!

–Eu sei, desculpe! Fiz sem pensar! Eu só...Vi Rachel saindo e resolvi segui-la! Pensei que poderia descobrir alguma coisa, mas tudo oque eles falaram não faz sentido para mim.

–Certo, talvez faça para mim. Mas tarde te visitarei no chalé, agora suma daqui e fique com os outros. Não saia de vista ou Anteros pode te achar, entendeu?-Assenti.-Certo, algora suma daqui.-Me virei, mas antes de sair, olhei para o deus novamente.

–Eros eu...-Franzi o cenho, percebendo que o deus não estava mais ali. Saindo andando para longe logo depois.

PDV NICO.

Eu estava encostado em um pilar na sala dos deuses, extremamente entediado, desejando com fervor a hora de ir embora dali. Todos os campistas estavam em volta de seus pais, conversando e rindo com se aquela, realmente, fosse uma família fez. Hermes ria, tentando lembrar o nome de todos seus filhos, Atena conversava calmamente com os seus, olhando com um carinho especial para Annabeth, Poseidon e Percy olhavam confusos para o salão, como se procurassem algo.

Suspirei, cruzando os braços, já sabendo que aquele algo se chamava Natália. Desde que chegamos não tinha visto a garota uma única vez, e depois de notar também o sumiço de Rachel eu começava a me preocupar.

Depois de tudo oque aconteceu ontem, deixar a Ruggiero sozinha parecia loucura. Mesmo não sabendo o porque da implicância de Michael e Rachel por ela, e me irritando muito por ela sempre desconversar sobre isso, eu não via motivo para isso. Apesar de ser chata, irritante e as vezes insuportável, a filha de Poseidon não era nem um pouco maldosa e, apesar de tudo, era minha única amiga, querendo eu ou não.

–Nico!-Senti mãos em meu ombro, vendo a própria Natália em minha frente.

–Falando no diabo...-Murmurei.

–Oque?-Indagou a garota. Virei os olhos.

–Nada. Deuses, onde estava?

–Ah...-Natália deu uma risada sem graça.-Sabe como é, o Olimpo é fascinante e eu acabei de perdendo.-Respondeu rápido.-Mas enfim! Porque está aqui? Porque não está com seu pai?-Indagou. A olhei entediado, apontando para o único trono vazio ali, o trono de Hades.

–Ele não veio.-Respondi. Natália abriu a boca para falar algo, mas eu a cortei. -Mas, ao contrário de mim, o seu veio...Vá vê-lo.-Falei, apontando para Percy e Poseidon que continuavam a olhar pelo salão. Natália pareceu levar um choque, arregalando os olhos.

–Céus...-Murmurou a garota. Franzi o cenho.

–Oque?-A filha de Poseidon agarrou meu braço, fazendo-me olha-la indignado.

–Nico...É o meu pai!-Sussurrou Natália.

–Sim, é o seu pai.-Falei obvio.-E dai?

–E dai que não pode me deixar ir lá sozinha! Quer dizer...Olhe para ele!-Virei a cabeça, encarando Poseidon. Ele e Percy tinham uma beleza parecida, Percy uma versão mais jovem do pai. Bufei, negando com a cabeça.

–Precisa conhecer seu pai.-Falei.

–Sim mas ainda não estou pronta...Acho.-Protestou a garota.

–Teve 15 anos para se preparar!-Rebati. Natália franziu o cenho para mim.

–Nico!-Exclamou. A peguei pelos ombros, virando-a de costas para mim e na direção de Poseidon.

–Seja forte.-Incentivei, antes de empurrar Natália em direção ao pai. A garota tropeçou nos próprios pés, virando-se para mim incrédula. Dei de ombros, sorrindo logo depois. Deuses, essa garota é maluca... e eu gosto disso.

PDV NATÁLIA.

Assim que Nico me empurrou, os olhares de Percy e meu pai se voltaram para mim. Olhei para trás, vendo Nico sorrir para mim, desejando poder odiá-lo, coisa que nem em sonho eu conseguia fazer.

Choraminguei, fechando os olhos; tentando ter forças para ir até meu pai.

Céus... Eu nunca o vi! Como posso considera-lo meu pai, sendo que mal o conheço? Oque devo fazer?! Deuses, deuses, deuses!

–Natália!-Chamou Percy. Tomei folego, caminhando em passos pequenos até os dois, grudando meus olhos no chão. Parei quando senti que estava perto o bastante, ouvindo com certa raiva a risada de Percy.

–Pai, essa é sua filha. Natália, esse é seu pai.-Apresentou meu irmão.

–Sei quem é minha filha, Percy. Obrigada mesmo assim.-Levantei os olhos devagar, vendo o rosto sereno de Poseidon me encarar. A pele bronzeada, o cabelo preto e rebelde, os olhos verdes absurdamente parecidos com os meus.

–Pai?- eu não acreditava no que via, meu pai estava mesmo ali. Poseidon sorriu.

–Está tão crescida que mal pude de reconhecer-Falou o deus dos mares. Pisquei os olhos.

–Você... Já tinha me visto antes?-Indaguei.

–Os deuses sempre estão ao lado de seus filhos. Sendo em seus sonhos, ou aqui no Olimpo, rezando para as parcas poupa-los do destino trágico que costumam ter os deuses.-Papai colocou a mão em meu ombro. Fazendo-me franzir o cenho.-Ainda que não se lembre de mim, Natália...Mas saiba, que todos os deuses tem um grande apresso por todos seus filhos.-Percy me cutucou.

–Com "apresso" ele quer dizer que nos ama.-Sussurrou meu irmão, apenas para mim ouvir.-Vamos lá, já pode abraça-lo!

–Eu... eu sei. Obrigada por olhar por mim todos esses anos.-Murmurei, ignorando meu irmão. Papai suspirou.

–Podemos conversar um instante, Natália? A sós?-Pediu.

–Eu irei conversar com Atena. Se não fizer meus comprimentos duvido que me deixe viver.-Adiantou-se Percy.-Divirtam-se.-Levantei a cabeça, encarando meu pai.

–Sim?-Questionei. Papai sorriu. Tocando meu rosto com o dedo.

–Se parece tanto com a sua mãe.-Falou, para minha surpresa. -Soube por Quíron que nunca falou dela. Ele mesmo não sabia que tinha uma mãe.

–Não costumo falar dela. Pelo menos não desde que fugi de casa.-Respondi.

–Pois devia. Natália, sua mãe só quis te proteger....

–Ela me deixou trancada em uma casa por quinze anos! E tudo porque? Por sua culpa!-Falei, sem ao menos pensar. -Eu... Céus, me desculpe.

–Não se desculpe.-Cortou Poseidon, olhando-me com certo carinho.-Eu te entendo.

–Não, não entende.-Rebati.-Não sabe oque é crescer em um mesmo lugar, desejar poder sair mas pensar estar doente demais para isso. Afinal, o senhor pediu para falar comigo porque se importa ou só quer tirar um peso da consciência?-Questionei. Esperei ansiosamente por qualquer reação de meu pai. Esperava que seu "gênio divino" achasse que eu tinha ido longe demais e me mandasse embora, porém, ele fez totalmente ao contrário.

–Quando fica irritada se parece mais ainda com sua mãe. Ela franzia as sobrancelhas do mesmo modo que você. Confesso que mesmo sendo um deus esse olhar me fazia temer.-Falou Poseidon, com um sorriso bonito.

–Argh, porque faz isso? Porque continua a falar de minha mãe?-Indaguei, sentindo algo se agitar dentro de mim. Eu me esforçava todos os dias para não lembrar de minha mãe, tudo ainda era muito recente e a sensação de traição ainda existia. Mas, mesmo assim, ela ainda era minha mãe.

–Porque só quero o seu bem, acredite ou não.-Respondeu meu pai.-Prometa para mim que ira perdoar sua mãe e quando conseguir ira visita-la?

–Eu...

–Natália, por favor.-Pediu. Bufei.

–Certo, eu prometo.-Falei. Meu pai sorriu.

–Okay. Uma última coisa agora.-Poseidon abaixou-se, puxando-me para um abraço. Arregalei os olhos, sentindo o calor que emanava de meu pai com uma dor estranha no peito.-Fiquei muito feliz em saber por Percy que você foi uma das responsáveis pela vitória do time azul no caça a bandeira. Estou muito orgulhoso, querida. Continue a arrasar com eles.-Aconselhou-me. Revirei os olhos, correspondendo o abraço de meu pai. E, enfim, dando um sorriso para o mesmo.