Mind Games (interativa)

Capítulo 23 - Rosa Mecânica.



— Eu não sei mais o que fazer... - Diz John. Ele e Helena caminhavam pelos corredores, indo para seus respectivos quartos.

— Já achou a localização dela, John. - Diz Helena. - Agora é só uma questão de tempo até que sua mãe reúna todos e ponha um possível dia para iniciarmos a invasão.

— Provavelmente você tenha razão. - Concorda ele, levando uma mão à cabeça. - É essa ansiedade que me mata.

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— Não. O que te mata é o inimigo. - Diz uma morena, que apareceu por detrás deles. Os dois recuaram por um segundo, assustados. - E sustos... Acho que eu deveria ter alertado sobre minha presença.

— Oh... Ambrose, você quase nos matou de susto. - Diz Helena. A morena abre um meio sorriso e pisca um dos olhos castanho-claros. - O que está fazendo aqui?

— O mesmo que vocês, imagino. - Ela boceja. - Indo para meu quarto, mas tenho bons ouvidos e não pude deixar de escutá-los vagueando pelos corredores. E a conversa me pareceu interessante. Não se preocupem, não vou incomodá-los por muito tempo. Essa garota aqui precisa de uma boa noite de sono. - Ela entra na próxima porta pela qual passam. - Boa noite.

— Boa noite... - Diz John, ela fecha a porta. John e Helena continuam a andar pelo Instituto. - Ela é bem... Excêntrica. Percebeu que ela anda erguendo os calcanhares?

— Sim... - Helena dá uma risadinha abafada. - Acho que essa é uma boa palavra para descrevê-la. Ela tem um parafuso a menos, mas é uma boa pessoa. Rose passou por muita coisa. - Diz Helena. - Mas eu acho que todos nós temos um passado difícil. É a nossa sina.

— Claro, porque apenas ter poderes mutantes não era o suficiente. - Ironiza John. - O que mais se pode fazer, não se escolhe ser assim. Tudo não passa de genética, não é?

— O problema não são os poderes John. - Diz Helena. - É o medo que eles causam, nos outros e... Por vezes até em nós mesmos.

— O que você que dizer Helena? - Ela suspirou, virando o rosto. - É sobre aquilo que aconteceu na estufa? E sim, Daryl me contou.

— Filho da puta... Desculpe pelo palavreado. - Resmunga. - Mas eu já esperava isso. E, como você sabe, não poderia te dizer sem ele aqui.

— Não seja por isso, vamos atrás dele. - Diz John. - Melhor ainda, vou chamá-lo...

— Mas...

Daryl? Aonde você está?— Pergunta John.

Indo dormir, ou estava até escutar sua bela voz ecoando na minha cabeça.— Pelo seu tom de voz, John percebeu que ele não estava satisfeito.

Ponha suas calças e venha para o corredor Leste perto da biblioteca. Helena vai falar sobre "Aquilo".

Você quer dizer... "Aquilo"?!

Foi o que eu disse, ou melhor, pensei. Apenas venha logo. Câmbio e desligo.— John olha para Helena, que o encarava. - Ele já está vindo.

— Vocês dois não têm jeito, não é mesmo? - Ela bufa. Daryl aparece no final do corredor e se aproxima correndo. Ele para na frente dos dois, ofegante.

— Não deu tempo de vestir uma camisa? - Pergunta Helena, desviando o olhar de seu abdome definido. Ela olha através da janela, onde uma garota asiática se encontrava sentada e meditando. Sua pele pálida brilhava e refletia o luar.

— Está com sorte de eu estar de calça. - Responde ele. - E como se essa visão não lhe agradasse. Agora, se puder começar...

— Tudo bem! Tudo bem... - Ela respira fundo. - Tudo aconteceu alguns anos atrás, na época em que você e Daryl não estavam no Instituto.

— No ano que passei na Rússia e que você ficou puta comigo? - Ela confirma com a cabeça. - Dois anos atrás.

— Posso contar a história? - Pergunta ela. - Ou terei que continuar a ser interrompida?

— Desculpe. Por favor, continue. - Helena limpa a garganta, e continua.

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***

Eu estava andando sozinha pelos corredores, alguns estudantes passavam por mim, em grupos. Eu tinha quinze anos na época, era horrível ver todos com seu grupinho e eu lá, sozinha. E então ele apareceu...

— Ai! - Gritou Helena ao esbarrar com o desconhecido. Seus livros caíram de suas mãos, assim como os do estranho. Os dois se abaixam para pegá-los.

— Desculpe-me. - Falou o garoto, seus olhos cinzentos e tempestuosos se destacavam devido ao cabelo negro como a noite, o qual emoldurava perfeitamente seu rosto quadrado. - Sou novo aqui. Acabei me perdendo e estava procurando pela sala. Não vi você.

— Tudo bem. - Eles se levantam. - Acontece. E as salas de aula são no lado Oeste, perto da estufa.

— E... Onde fica a estufa? - Pergunta ele, com um olhar perdido. Helena ri.

— Eu o acompanho, você deve estar indo para a minha sala, de qualquer maneira.

— Obrigado. - Eles caminham lado a lado. - Eu não perguntei o seu nome.

— Helena. E o seu?

— Ethan.

***

— Ok, você conheceu esse cara. E... - Pergunta John, curioso.

— E viramos amigos. - Ela enrubesce. - Grandes amigos, por assim dizer. Depois de alguns meses ele me chamou para sair. Uma caminhada no Central Park e um jantar com vista para a cidade... Ele me pediu em namoro e eu aceitei.

— Até aí, tudo me parece bem. - Diz Daryl. - Mas algo deve ter acontecido se... Bem, se nós dois não ouvimos falar da existência dele até agora.

— Eu... - Helena abre a boca para falar alguma coisa, mas se cala. O silêncio perdura por alguns segundos.

Porra, Daryl. Cala a boca.— Pensa John, lançando um olhar de reprovação para Daryl, que abaixa a cabeça.

— Desculpe. - Diz ele. - Fui um idiota.

— Você é um idiota. - Rebate Helena. - Mas, sim. Algo aconteceu. Algo bem intenso.

***

— Ok Ethan, para quê me chamou aqui? - Pergunta Helena, com um meio sorriso. Ele segura sua mão e faz menção de sentar. Eles se sentam em um dos balcões de madeira da estufa, tomando cuidado com um vaso suspenso com uma roseira que pendia sob o teto. - Sabe que esse é o meu lugar favorito. O que está aprontando?

— Eu nunca estive tão animado como estou agora Helena. - Ele a encara, ansioso.

— Então pare de fazer suspense e diga-me, seu bobo.

— Eu vou deixar o Instituto. - Diz ele, o sorriso de Helena desaparece.

— E por que isso seria bom? - Pergunta ela, irritada.

— Hey... - Ele toca seu rosto, suavemente. - Deixe-me explicar. Eu fui chamado para outra escola de mutantes, fica na França! Eu poderei estar perto da minha família de novo!

— Isso é ótimo. - Ela sorri, tristemente. - De verdade. E eu nem sabia que existia uma instituição desse tipo na França.

— E eu quero que você venha comigo. - Ela o encara. - Eu mandei uma inscrição em seu nome junto com a minha, os nossos históricos escolares, avaliações de nossos poderes...

— Imagino que deva ter usado sua tecnopatia para hackear o sistema da escola.

— E isso importa? Você vem, não vem? Quero dizer, poderíamos ficar juntos em Paris, eu lhe mostraria a cidade, os parques... Os jardins de Luxemburgo... Tudo! - Ele sorri. - Seria incrível.

— Sim, seria. - Ela abaixa a cabeça.

— Mas... - Ele respira fundo.

— Eu não consigo me ver longe daqui. É a minha casa. Minha família. E meu francês é péssimo.

— Eu traduzo o que você falar e te ensino. - Ethan dá de ombros. - Não será problema.

— Eu tenho medo de avião. - Diz ela.

— Você sabe voar!

— É diferente...

— Então vamos de barco.

— Eu fico enjoada.

— Magik nos teleporta.

— Podemos ser atacados por demônios no trajeto. - Rebate.

— Tá, chega. O problema não é a viagem, não é? - Ela confirma com a cabeça. - Sou eu?

— Não! - Ela levanta a cabeça. - É que... Se eu for com você. Vai ser real, sabe? Significa que somos mais do que uma paixonite de colegial.

— Isso não é para ser uma coisa boa?

— Sim, eu acho. - Ela engole em seco. - Mas eu tenho medo.

— De quê?

— De me apaixonar. - Ela suspira. - Todos os que eu já amei nessa vida morreram ou me abandonaram, de um jeito ou de outro. Meu pai, morto, minha mãe, uma criminosa foragida, Daryl e John, meus melhores amigos, estão à centenas de quilômetros de distância. E agora você...

— Você não me perdeu. Nem os seus amigos. - Ele coça a cabeça. - Mas você é quem sabe. Podemos fazer esse relacionamento continuar, de um jeito ou de outro.

— Queria que fosse tão fácil assim... Só me dê um tempo, ok?

— Claro. - Ele responde, levemente magoado. Beija sua testa e a deixa sozinha na estufa. - Ah... E antes que eu me esqueça. - Ele pega uma coisa do bolso do casaco. Um embrulho. - Não é tão bonita quanto as que você faz, mas eu espero que goste.

— Eu... - Ele caminha para longe, deixando-a sozinha. Ela desembrulha o pacote, revelando uma pequena rosa de prata, com menos de vinte e cinco centímetros, amarrada a um bilhete. Helena ergue o bilhete e o lê. - "Use-me."

Helena franze o cenho, se perguntando como usaria aquilo. Seus dedos então tocam um falso espinho, que se revela um botão. Ela o aperta e observa enquanto o fino caule de prata divide-se ao meio. Ela o aproxima de seu pescoço e as pontas se encontram na parte de trás do mesmo. Ela toca no pingente, sentindo claramente as letras em auto relevo: "H&E".

***

— Eu sempre me perguntava porque você nunca tirava esse colar. - Diz John.

— Pois é né. - Ela dá um meio sorriso. - Agora vocês sabem.

— E o que aconteceu depois? - Pergunta Daryl.

— Eu, obviamente, recusei. - Responde ela. - Fizemos esse negócio de distância por mais dois meses, mas acabou como eu achei que acabaria. Não tenho contato com ele desde então. Parte de mim se arrepende de não ter ido com ele.

— Eu não fazia ideia. - Diz John. - Mas, sem querer soar egoísta, é bom ter alguém por perto que entende como uma escolha fode a sua vida.

— Olha a boca. - Diz Helena, dando-lhe um leve tapa no braço. - Mas, sim. Por isso que eu entendi o que você passou, e ainda passa.

— Bom, aquele tal de Ethan estava certo sobre uma coisa. - Diz Daryl.

— O quê?

— Você não nos perdeu, sua tonta. E nunca perderá. - Termina Daryl. Helena cora, John faz um "ownt" forçado. Os três ficam ali, sentados, olhando para a lua e para a misteriosa garota do lado de fora.

— Espera um segundo. - Diz Daryl. - Sua mãe é uma criminosa?

— Essa é uma outra longa história. - Rebate Helena, tocando novamente na rosa de prata em seu pescoço, as letras agora levemente desgastadas pelo tempo...

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***

— Que dia, não? - Diz Jessica, sentada em uma poltrona do quarto de Carrie.

— Sim. Estou cansada, e com fome. - Responde ela, jogando-se na cama.

— Podemos pedir para alguém trazer alguma coisa. - Diz Jessica, pegando o telefone da cabeceira próxima à poltrona.

— Não. - Diz Carrie, com um meneio de mão, apertando telecineticamente o botão para cancelar a ligação e se levantando da cama. - Não vamos incomodar ninguém. Podemos passar na cozinha.

— De pijama? - Jessica bufa, enquanto Carrie faz que sim com a cabeça e dá de ombros. - Tudo bem...

As duas saem do quarto e se direcionam para a cozinha. Pegam alguns sacos de salgadinhos, tomando o cuidado de fazer o mínimo barulho possível para não chamar a atenção de ninguém. Após encherem as mãos de comida, fazem o caminho de volta para o quarto.

— Foi bem mais fácil do que eu... Ah! - Carrie esbarra em um vulto à sua frente, deixando tudo cair no chão, ela ergue a mão para o vulto, temendo uma ameaça, mas Jessica a faz abaixar.

— Não é uma ameaça, Carrie. - Ela cria uma bola de energia azul, que ilumina o ambiente com leves pulsos de luz. - Você nos deu um baita susto, não foi...

...Ethan.