Mexeu Comigo

Capítulo 2 - Quem vai me julgar?


Uma, duas, três semanas que a amizade da senhora Mitsuki e a mãe de Izuku tinha se fortalecido ao ponto de ambas se visitarem nos finais de semana e com essas visitas, Izu ser arrastado com a cara mais amigável pro meio da quebrada de Diadema. A mãe dele prepara até uma pamonha e entregava toda feliz pelo esforço.

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Mas ele iria reclamar? Não, era a chance da mãe dele voltar a ser feliz e ele não seria a pessoa a estragar isso e nem deixaria alguém tentar.

Em algumas das visitas, Katsuki passava a maior parte do tempo fora e pasmem, ele fazia um técnico em São Bernardo, o que explicava um pouco a presença dele no mercado naquele dia, mas deixava Izu um pouco frustrado pelo outro sempre ir atormenta-lo.

Nesse meio tempo ele conseguiu encontrar com Tenya em um lugar “próximo” do campus onde ele estudava e ainda sim, tinha que rebolar pra não ferrar com os horários do amigo e dele mesmo. O que temeu foi o outro ter tocado no assunto da “festinha de arromba” que a turma de medicina teria no campus em um dos prédios de república, negou até o último instante assim que Tenya insistiu para que fosse.

Talvez Izuku tivesse contado sobre o passado dele em São Paulo e de ser “amigo” de infância de Katsuki, mas Tenya conseguiu lembrar do nome e comentar que conhecia um tão de “Katsuki”, não pelas fotos constrangedoras de infância em que Izu sempre estava longe do outro

Aquela vez, terceira vez que encontrava o amigo... Aquela informação foi muito desnecessária... Agora... Festa do povão de medicina? Sério isso? Será que Iida não acertava uma só, nem que fosse pra tentar que nem o Fernandinho, que fosse contra até. Mas uma festa do povo de medicina da USP era um pouco demais pro caminhãozinho dele, até demais.

— Tenya, olha... — Deku suspirou profundamente e as mãos estavam juntas como se fosse uma prece — Não vai dá.

Se encontrar com Tenya no Ipiranga e ficar perto da estação em um bar não era a melhor definição de se encontrar com um amigo. Pelo menos ele não pagou a coxinha e o refri de tão cortes e educado que Tenya era. Mas ali estaca o outro, já puxando o saco de Izuku com aquele assunto chato de novo.

— Por que não? Só porque o Katsuki vai ou por que eu o conheço agora? — O outro exclamou, tanto indignado como confuso e Izuku negou com a cabeça, tentando e se esforçando mesmo para não ter — Ele só vai de carona com uma garota da UFRJ que tá em excursão na USP, nem vai prestar atenção em você — Argumentou e nem aquilo foi o suficiente para convencer o coitado do Deku

— Puta que pariu, Tenya.... Eu sou o único do seu grupo de amigos que não tá cursando a faculdade ainda! — Desabafou, um meio sorriso que se alguém prestasse atenção, acharia que era deboche, mas era nervoso mesmo — Nem ferrando que vou pra essa festinha de arromba com o povo da tua turma de engenharia.

— Não tem nenhuma chance de convencer você? — Insistiu o outro e Izuku negou, a cara de puro nervoso — Cara, falei pra Uraraka que você iria sair pra se divertir e tocar na festa ainda.

Talvez um pouco do refri tenha saído junto com meleca pelo nariz do Deku. Ardeu pra porra, mas ele só de ouvir o nome da garota, a base chegou a tremer.

— 'Ocê falou o que pra ela? — Perguntou, temendo a resposta ou que aquilo seria uma tentativa bem estupida e de mal gosto do outro brincar com as emoções do Deku.

— Que você iria tocar na festa e eu iria tirar fotos pra provar — Afirmou sorridente e ajeitando os óculos no rosto.

A vida dele era uma lastima, uma disgracera sem tamanho e com todos os exageros possíveis! Deku lembrava bem das festinhas de criança que sempre tinha Katsuki no meio e isso envolvia o outro tentando correr atrás dele na maioria das vezes, na outra parte ele sossegava o facho já que as festinhas do garoto explosivo sempre eram em sua maioria em dia de jogo do Corinthians. Também, o sujeito tinha que ser de Diadema mesmo, ainda por cima do Serraria.

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O que mais dava medo em Izuku era primeiro Katsuki e depois o “Bem-vindo à Diadema”.

— 'Cê não fez isso... — Lamentou, fingindo chorar e massageando a têmpora — Porra, agora ela vai me encher de mensagem pedindo foto...! Tenya, não tinha como facilitar minha vida? Eu só queria que ela me notasse e não os micão que você me envolve... — Resmungou, abaixando a cabeça e escondendo o rosto.

— Pelo menos ela vai reparar em você de alguma forma — Tentou ser motivador e Deku não conseguiu conter uma risada — Você é muito pessimista.

— Armaria, não vou dar esse gostinho de levar meu violão pro Katsuki estragar não — Comentou, rindo de nervoso.

— Já falei pra todos que você iria — Tenya o interrompeu e Deku levantou o rosto.

Tá de sacanagem, né?

— Não vou nem que me arrastem, nem que você pague a condução, nem que o Katsuki vá na porta lá de casa e me puxe pela perna — Caçoou — Quero que se lasque!

— Você vai, não adianta deixar a jovem Uraraka esperançosa e largar ela no meio da noite esperando a notícia de que não foi — E novamente, Tenya Iida tentava ser o correto ali.

— Ela não tá aqui pra eu largar ela, uai! — Exclamou, irritado — Não temos nada, só pra início dessa conversa.

— Mas queria algo com ela — Argumentou, o sorriso maroto que Deku nem mesmo conhecia do outro.

— Não começa, vai ser um desastre — Rebateu — Valeu pelo lanche, pelo refri e todas as informações desnecessárias, foram muito uteis... — Levantou, já pegando a mochila e limpando o rosto quando viu uma garota com o moletom escrito USP na frente.

Rabo de cavalo e cara rica, ela deveria ser de alguma parte bonita e menos feia da ciade. E ainda deveria ser uma das colegas de turma do Tenya. Por isso Izuku fingiu que nem sabia o que estava fazendo ali ou o que tinha conversado com aquele cara.

Ele era apenas um garoto goiano que cantava sertanejo universitário e estava vendendo a arte dele na “praia” que era sampa.

— Bah, tu não é o guri que vai tocar na república no fim de semana? — Ela falou e era claro que se referia a Izuku.

Ele olhou só de soslaio e via que ela sorria para si e do lado dela, Tenya Iida aumentava seu sorriso ainda mais. Ordinário!

— Eu? — Apontava para si mesmo e sorria sem graça, virando-se para os dois — Acho que o Tenya se enganou, eu não sou esse trem bom que ele fala, sabe... — Forçou uma risada, de nervoso mesmo, uma pitada de desespero e raiva do amigo.

— Como não? — Ela deu uma risada fraca — Sou Momo, colega e amiga do Iida e ansiosa pra vê tu tocar no sábado, mas acho que o assunto aqui já acabou — Deu um sorriso fraco para os dois e logo a expressão de Tenya mudou para algo ingênuo e alheio do que fez.

— É ele mesmo, Momo — Tenya colocou as palavras na boca de Izuku que ele apenas sentiu o queixo cair um pouco, só um teco — E ele está ansioso para ir, é amigo de infância daquele cara que torce pro Corinthians, sabe? — Contou e a outra afirmou com a cabeça.

— Amigo de infância? Deve ter sido difícil — Ela lamentou e pela cara dela, pena não era algo que Izuku queria, não mesmo.

— Ainda bem que voltei pra Goiás então... — Izuku sussurrou para si mesmo — Melhor eu ir, sabe como é, se chover o terminal de Diadema alaga bunito que só.

— Até sábado, Deku.

Pro abençoado do Tenya chama-lo de “Deku” era porque um raio ia cair duas vezes no mesmo lugar. Não iria ficar grilado com o amigo, nem com o plano maléfico dele ou a ideia de envolver a sua crush no meio, não iria dar uma de canário pistola e virar meme pra futuras gerações.

Já ‘tava de tardezinha e Izuku não iria querer ficar até tarde na rua, por isso preferiu ficar do outro lado da rua com mais gente por segurança e só pra finalizar o próprio azar, o trem (literalmente) chegou e por que a linha Safira e Vermelha sempre estão lotadas? É pior do que a Sé em horário de pico! Sorte que Tenya pagou a ida e volta no cartão dele pra compensar, mesmo que nem precisasse.

Não iria naquela festa do outro lado de meio mundo. Não iria levar seu violão ou tocaria algo.

Quando chegou no bendito sábado, acordou tarde e ainda não tinha a música do Alceu Valença pra tocar pela casa inteira, apenas o barulho das motos e os carros passando como se fossem velozes e furiosos as nove da matina. Era tão bom aquela preguiça, tão gostosinha...

— ACORDA!

Já não bastasse o berro, alguém se jogou em cima dele como se fosse um puff ou pelúcia gigante. Izuku se encolheu e ainda segurou bem o cobertor para não ficar descoberto ou levar água gelada na cara.

— Acorda, seu preguiçoso de merda! — Quem era a pessoa mais irritante e por que era o Katsuki ? — Anda, sua mãe mandou você abrir o portão pra eu estacionar a moto na garagem — Contou, dando tapas no outro e puxando a orelha dele.

Izuku sentiu uma raiva subir, cortar o sonho dele pela raiz era horrível, desumano e cruel demais. Como as pessoas que acordam outras conseguem dormir à noite? Mas algo estava estranho e Katsuki nem o chutou da cama, comprou uma discussão com Izuku e muito menos saiu cantando pneu lá fora pra incomodar a vizinhança toda.

Mas ao levantar e caminha com uma cara de morto vivo até a cozinha, viu o café da manhã feito e pães quentinho da padaria. Sua mãe reclamou por ele não usara camisa logo cedo e Izu apenas concordou, seguindo pra fora ao pegar a chave do portão e vendo Katsuki o esperando.

— Qual é, custa me deixar em paz só uma vez? Parece que gosta de mim — Retrucou e Katsuki deu uma risada recheada de deboche.

— Não sou viadinho não, Deku — Retrucou, sorrindo ameaçador e Izu apenas abriu o portão, vendo o outro entrar com a moto dentro da garagem — Tô aqui porque o quatro olhos mandou a Mina me encher a paciência pra chamar um tal de “garoto do sertanejo” — Fez aspas com os dedos.

— Já conversei com o Tenya, não vou a festa, não sou universitário e não tenho estômago pra chegar no domingo com ressaca — Argumentou assim que entraram na cozinha e Izu viu a coisa mais bizarra que foi a expressão mal-humorada de Katsuki sumir e ele começar a sorrir todo gentil e pompozo demais para a mãe dele.

Filho de uma puta aproveitador!

— Desculpa novamente o incomodo, senhora Midoriya, é que os amigos do Izuku pediram para eu insistir em levar esse egoísta — Contava, puxando a cadeira da cozinha e se servindo com um copo de néscau com leite, mordiscando o pão da qual pegou da sacola.

— Você sempre é um garoto de ouro — E a mãe de Izuku dá bola pro ego daquele garoto — Acho uma ótima ideia o meu menino sair para se divertir, mesmo que os comentários sobre o campus da USP sejam um pouco aterrorizantes.

Era aterrorizante... Para as mulheres.

— Sabe, o Deku iria tocar pra todas algumas músicas, mas ele tá de uma frescura que nem a gente chamando ele pra pagar uma pamonha adianta — Contou e Deku bateu na mesa, a boca aberta e encarando a expressão mais cara de pau que ele viu em um ser humano.

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— Filho, vá colocar uma camisa — Sua mãe pediu, mas o olhar era confuso pela atitude do filho.

Katsuki estava o expondo ao ridículo!

Batendo o pé que ele foi colocar a maldita blusa, mas agora era assim? Aquela bombinha ambulante fazia caras e bocas, colocava a culpa e chamava Izuku de egoista na frente da mãe dele e ainda tinha a coragem de falar de pamonha? Pamonha era ele, aquele funckero idiota.

Colocou a blusa mais idiota e viu no final das contas o estoradinho ajudando na louça suja, conversando e sorrindo como se ele sempre fosse assim. A tá.

— Satisfeita? — Franziu o olhar desconfiado e a mãe dele concordou — Eu vou ficar no quarto com o Katsuki, tá mãe?

E só foi sentenciar isso que Katsuki o seguiu até o seu quarto. Sem xingamentos, sem empurrões e nem mesmo brincadeiras de mal gosto.

Se sentou na cama e Katsuki ficou na cadeira velha, essa que por sorte não tinha nenhuma roupa pra jogar no chão e deveria estar no armário. Ele o encarava e Izuku suspirou, massageando a têmpora e sabendo que quem teria de iniciar a conversa ali.

Mas ele sempre deveria estar errado, não?

— Você quer conquistar uma garota é? — Zombou, o sorriso maldoso no rosto e Izu rolou o olhar — Sei lá o que você planeja com aquele quatro olhos, mas tentar atravessar meio mundo pra puta que pariu de uma universidade é foda, até mesmo pra você.

— Óia só, ocê fala coisas inteligentes — E a fala e reação de Izuku eram sim de mais pura e genuína surpresa.

— Cala a boca e escuta — Ameaçou e Izu ergueu as mãos, concordando — Sua mãe tá precisando de uma folga e minha mãe me mandou ficar do seu lado, pra aliviar a barra dela e fazer com que você se enturme.

— Mas você não parece nem um pouco afim de tá aqui fazendo coisa por dó e pena né? — Retrucou, sorrindo convencido pela primeira vez em meses.

— E desde quando você sabe sobre o que eu tô afim de fazer ou não? Foi embora antes de ser meu amigo — Argumentou e pela cara ele parecia sério.

Pera, Katsuki estava falando realmente sério? Ele parecia até mesmo magoado e Izuku estranhou ao reparar isso.

— Mas eu sempre fui seu amigo, Katsuki... — Sussurrou, confuso.

— Não, eu não queria ter sido seu amigo naquela época porque eu era um escrotinho de merda e quando pensei que você era o único que tentava ser o certo e me impedia de usar linha com cerol quando todos me incentivavam — Contava, levantando a blusa e mostrando a cicatriz na barriga — Deveria ter ouvido você e quando fui falar pro primeiro que me veio na cabeça depois de sair do hospital... Fiquei sabendo que o idiota na minha frente tinha ido morar na puta que pariu.

Porra... Izuku daria um desconto por eles serem pequenos na época, mas cerol? Que tipo de estrupício fazia isso?

— Eu não me mudei porque queria... Minha mãe ainda tava com o idiota do meu pai — Argumentou e Katsuki de uma risada.

— E isso é motivo pra sumir por onze anos? — Perguntou, descrente e com uma ponta de deboche.

— Ele é um escroto, Katsuki e minha mãe só se livrou disso tudo saindo de lá.

— Então vamos dar graças por você ter voltado e nem avisar — Cruzou os braços, o olhar ainda irônico.

— Nem éramos amigos, você acabou de falar isso — Argumentou de novo, já irritado pela língua afiada do outro.

— Será? — Rebateu, dando de ombros e o olhar de desentendido mais falso que nota de três — Mas tô só cumprindo o que a Mina e o quatro olhos pediram, além da chata da Julia encher a minha paciência com essa merda... — Resmungou.

— Sua namorada? — Perguntou com malicia e Katsuki apenas bateu na porta do quarto.

— Vira essa boca pra lá, idiota — Fez uma careta de desgosto — Deus me livre de namorar uma ogra que é dois anos mais velha que eu — E tremeu, trazendo uma risada de Izuku — Agora pega o teu violão e uma mochila, a gente sai cedo que não quero pegar trânsito por sua culpa — Avisou.

— Mas não é nem meio dia! — Argumentou, irritado.

— Faltam dez pras uma — Respondeu, já fora do quarto — Anda logo, animal.

E o jeito delicado de Katsuki era uma benção. Suspirou e seu celular estava aberto com as mensagens de Uraraka e o pedido para que fosse, além das que recebeu no dia anterior, o lembrando de ir e se divertir, pedindo para que alguém o gravasse tocando. A empolgação dela o deixava feliz...

Era uma pena e ainda parecia que ela nunca seria “sua”. Não seria sua namorada, seu tudo. Meloso? Ele sabia disso, mas não conseguia conter os suspiros apaixonados que tinha ao ler imaginando a voz dela.

Uraraka não era dele porque pessoas não pertencem a pessoas. Simples assim.

O violão já juntava pó e mesmo assim, o encapou e pegou um casaco, o deixando na cama e se arrumou, colocando a roupa menos brega possível e que não o fizesse parecer um caipira.

Arrumado e comendo as presas, sua mãe nem argumentou sobre ele sair com Katsuki e apenas pediu para tomar cuidado, que não queria que ele se machucasse e ainda pediu para o outro tomar conta de si.

Katsuki tomando conta de alguém? Hã?

O tenso foi aceitar um capacete rosa, ver a risada contida do outro e abrindo a porta da garagem e a fechando pra jogar a chave perto da porta de casa, se sentou na garupa e torceu para Katsuki ter habilitação ou o que fosse para poder dirigir aquele trem.

Bem, no caminho o outro tomou o máximo de cuidado pelo que parecia por ter um peso a mais na moto. A volta que deram debaixo do sol e ainda quase duas horas por conta do trânsito pela Saúde foi um inferno, o estranho foi a velocidade, o que os fez demorar mais do que uma hora apenas, talvez duas e alguns minutos a mais.

Izu já sabia qual vestibular não iria prestar aquele ano....

Da entrada pro campus, Katsuki nem se importou de largar a moto em uma vaga de algum aluno e arrumou ela com o cadeado e ainda pediu para que “Deku” levasse o capacete que veio.

O recado de Tenya era que, como só Katsuki iria conseguir entrar por ter o cartão e assinatura na entrada do portão 1, um dos colegas de Tenya que iria ajudar com todo o problema de ficar preso na entrada, um que deveria estar no estádio jogando.

Só demorou dez minutos e um cara usando apenas uma blusa de time de outro estado e cabelos... Er, bem... Peculiares falar com um segurança do portão, apontando para Izu já que ele estava visivelmente ao lado de Katsuki.

— Vamos precisar dos seus dados para colocar no sistema, garoto — Informou e Izu nem se importou tanto, apenas se aproximou da cabine e preencheu o que estava na folha.

Tudo feito, só precisavam seguir no prédio da república e não teve apresentações o caminho inteiro e nenhum conflito.

— Ei, meio-a-meio.

Foi só Izuku pensar...

— Shoto Todoroki — Rebateu, nem mesmo se virando para olhar, mas Izu pode ver que de soslaio, o cara o encarou por poucos segundos.

Heterocromia. Izu tinha visto casos assim só em fotos nas redes sociais, mas pessoalmente era lindo. Era humano admitir que era bonito associar uma característica em outro homem, não tinha nada de errado. Ele só notou mesmo a marca de queimado em seu rosto, não o cabelo em dois tons e os olhos de diferente pigmentação.

— Tanto faz — Ralhou — A Mina já tá naquele muquifo?

— Não sei, ela ficou a tarde toda com a turma de medicina e eu estava no campo de futebol caso não reparou — Respondeu polido.

Sotaque do sul do país, o mesmo daquela garota que encontrou Izu e Tenya no bar. Mas a voz era profunda, conseguia ser mais decidida. Tinha um quê atrativo que fez sinceramente a sexualidade de Izu tremer além da base.

— Que seja, agora será que a maluca da Julia chegou? — Resmungou e Shoto negou — Aquela doida varrida...

Pra tremer ainda mais a base de Izu, a risada daquele cara era o tipo gostoso de ouvir, que trazia a vontade de sorrir também. Mas aquilo não era uma maneira ou mostrava que ele estava indeciso com algo, ele estava okay com seu interior e por estranho que parecesse, não sentia um nervoso na barriga ou vergonha por pensar assim.

Estava tudo bem.