A porta da cabine de comando do avião fora fechada por Hank, após Erik Lehnsherr prometer conter suas emoções e não colocá-los em perigo novamente.

O avião estabilizou no céu e finalmente a viagem retomou seu curso. Xavier olhava atento para o gelo derretendo em sua bebida. Ele saboreou o uísque e em seguida fez um último movimento com o dedo, derrubando a única peça que restara no tabuleiro de xadrez.

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Erik sorriu amplamente. Sem dúvida, esse foi o jogo mais justo que tiveram.

— Assim ficou muito fácil para mim, meu amigo — Lehnsherr também segurava um copo com uísque. Como havia dito, fazia alguns anos que ele não bebia — Devo dizer que não foi somente a qualidade de seu jogo que caiu — ele olhou para o copo vazio, após beber todo o conteúdo — Mas houve dias em que você me ofereceu coisa melhor para beber.

Charles fez um ruído com a boca, desviando os olhos para a janela da aeronave. Sua mente estava um turbilhão naquele instante, com tantas coisas acontecendo no presente e imaginando o que aconteceria no futuro.

Mas decidiu focar sua atenção no momento presente.

Aquela típica dor em seu peito estava mais latente do que nunca. Não era um problema cardíaco, já havia feito diversos exames, o fator principal de sua dor estava diante de seus olhos.

— Houve épocas em que você também já me proporcionou diversão melhor do que uma simples partida de xadrez — Xavier procurou por mais bebida, porém, a garrafa estava vazia.

— Também estou há algum tempo sem me divertir. É um pouco triste e solitário na prisão.

Charles riu com desdém.

— Você mereceu estar lá. De uma forma ou de outra, fez coisas erradas.

Erik moveu as pecinhas em cima do tabuleiro, organizando-as em suas posições iniciais.

— Eu não fui o único que fez coisas erradas, Charles. — Erik olhou para cima — Revanche?

— Eu não quero mais jogar.

— Está com medo de perder novamente para mim? — Dessa vez foi a vez de Erik rir.

Charles não respondeu, ele caminhou pelo corredor da aeronave, dirigindo-se até a parte traseira, onde havia um banheiro.

Alguns segundos depois, Erik levantou-se da poltrona e deu uma boa olhada em Logan, que dormia com um chapéu em seu rosto. Depois, caminhou na mesma direção que Xavier.

O trinco da porta do banheiro, onde dizia engaged, não foi um grande problema para Lehnsherr. Ele moveu o dedo e então o trinco girou, assim abriu a porta facilmente.

— Está ocupado! — Xavier resmungou, bêbado.

Erik encostou as costas na porta e ficou brincando com o trinco da porta.

— Stop it right now! — Charles empurrou a porta com as costas, enquanto lavava as mãos naquela minúscula pia. Ele sentiu uma leve vertigem com o balanço do avião. Segurou as duas mãos na parede e pensou que fosse vomitar, mas, felizmente, retomou os sentidos.

Charles abriu a porta e encontrou Erik parado. Ele tentou passar no corredor, mas foi bloqueado.

— Na prisão eu tive muito tempo para pensar — Erik continuava interrompendo a passagem.

— Pensar em seus erros? — Charles o encarou seriamente, sua visão estava ligeiramente turva. Entretanto, os outros sentidos estavam bem ligados. Ele sentiu as mãos de Erik empurrá-lo para dentro do banheiro, sendo pressionado contra a pia. Reclamou, obrigando-o a soltá-lo.

— Eu pensei em muitas coisas, Charles — Erik olhava fixamente para os olhos de Xavier, sentindo o cheiro do álcool escapar de sua boca. Era deprimente, ou engraçado, pensar que, antigamente, o único cheiro que exalava da boca daquele homem era de chá, ou algo mais requintado como champanhe. — Eu queria odiá-lo por me abandonar, por nos abandonar.

— Não é tarde para isso.

— Não, não é.

Erik soltou as mãos que prendiam Charles, mas eles não se afastaram, pelo menos até o avião entrar em turbulência.

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Charles aproveitou o momento para escapar. Ele retornou para sua poltrona, apertando o cinto de segurança.

— O que houve? — Logan perguntou, olhando pela janela.

— Apenas uma pequena turbulência. — Charles respondeu, encarando Erik parado em pé no meio do corredor. — Eu espero que esse pequeno problema não atrapalhe nosso percurso.

— Tenho certeza que não vai. — Erik completou, com um sorriso amarelo.

— Certo. — Longan olhou para os dois homens e voltou a dormir. Seja lá qual fosse o assunto que eles travavam, não era da sua conta.