[...]

Sem palavras
Apenas gestos
Nada mais é necessário
Quando dois corpos se juntam
É instinto
Um compreende o outro
Descobrindo o que se promove nos demais instantes
As mãos se entrelaçam
Bocas respirando uma na outra
Exalando o que sentem
Transpirando desejos
Respirando tesão
Sussurrando gemidos
Até chegar no topo
O que era vivo
Morre por instantes
A mais erótica e intensa sensação
De amor, de tesão
Querem uma a outra
Por algo que vicia
E minutos depois
O ritual se inicia.

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Samara Deyse.

A despensa daquele bar havia se tornado o esconderijo de dois pecadores que eram consumidos pelo fogo incontrolável da luxúria. Não é como se eles fossem dois promíscuos, entretanto. Laxus não era o tipo de cara que se “deitava” com qualquer mulher, apesar de Mira provavelmente ter um pensamento similar a este em sua mente. E o mesmo podia se dizer da garota, que mantinha amizade com inúmeros rapazes que constantemente jogavam seu charme para a branca, mas nunca cedeu a nenhum.

Amor e sexo. Duas coisas diferentes que combinam perfeitamente... Mas nada mais excitante que o prazer do ato carnal sem a interferência, muitas vezes dolorida, do sentimento. O desejo libidinal que surgiu com a implosão da química inesperada advinda do contato entre dois corpos cheios de hormônio, sangue, humanidade e vida, agora se concretizava no chão daquela despensa.

Mira não era nenhuma garotinha inocente cuja pureza lhe estavam roubando, Laxus não era um coiote solto para a caça. Apenas duas pessoas que decidiram ceder ao momento e ao desejo do corpo.

Havia algo na dona daquele bar que atraía Laxus. Era incontestável a sua beleza, as curvas do seu corpo, quase sempre à mostra. De uma forma provocante, não vulgar... Mas aquilo ia muito além da aparência. Sua independência, o modo como parecia tão confiante, doce e ao mesmo tempo sensual... Laxus não precisou de muitos encontros para se sentir atraído de primeira pela pálida dona do “Bar da Mira”.

Mirajane... Era como se ela já conhecesse aquele cara que ela viu apenas uma vez. Pelos olhos de Gajeel ela pôde conhecer Laxus e ela admirava a forma como ele se importava, como protegia sua chefe, a quem considerava como uma irmã. Ele não era apenas um desconhecido completo para Mira.

Eles não precisaram se despir completamente para que seus corpos fossem bombardeados por arrepios e ondas de prazer. Cada toque, respiração, movimento, mordida, beijo... Ele a puxava com avidez e ela entrelaçava seus dedos nos fios loiros de seus cabelos.

E assim estava feito. O pico da onda já havia se desfeito e ambos estavam incrivelmente relaxados. Ainda deitados, sem dizer nada, fitavam o teto. Ela tinha sua cabeça sobre seu abdômen e ele descansava sua mão sobre a barriga da garota.

– Boa viagem amanhã, caça talentos. – O abdômen do loiro contraiu-se em uma risadinha.

– Heh... Essa foi uma bela despedida de Tóquio. – A branca riu e se virou para ir até ele.

– Então vê se não demora pra o segundo round. – Ela o beijou; ele levou sua mão até a cintura dela e sorriu.

...

Erza já estava no quinto sono. Estava exausta depois de mais um dos longos dias que havia passado enfiada dentro daquele escritório revisando papeis de casos e mais casos. Mal podia esperar para a temporada de caça, como eram chamados os períodos em que saíam para atividade. Por questão de segurança todos os delegados das unidades de polícia deveriam revezar temporadas de caça. Pelo menos já estava mais perto do que longe e logo Erza poderia sair para resolver alguns dos casos que pudessem eventualmente abrir.

Os ponteiros marcavam quase duas horas da madrugada. O silêncio da noite foi quebrado pelo som da campainha. Erza não se levantou, uma vez que a empregada iria... Espera um pouco... Ela não tinha empregada.

– Droga, eu juro que vou matar quem quer que esteja naquela porta. – A ruiva pegou sua arma, que sempre deixava embaixo da cama, e foi atender o azarado que seria morto em poucos segundos.

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Como se ela já não soubesse quem iria estar esperando do outro lado. Ela rodou as chaves e abriu a porta com força, fazendo seus cabelos voarem com o vento.

– Uou! Isso foi repentino! – Assustou-se o rapaz.

– Jellal. – Ela apontou a arma na direção do moribundo.

– H-Hey, Erza... O que é isso?! – Ele levantou as mãos.

– Eu acabo de jurar morte a qualquer um que estivesse do outro lado dessa porta e você sabe que não quebro meus juramentos. Últimas palavras? – Ele deu um risinho e disse.

– Esqueci... Minhas chaves?

– Tch... – Ela abaixou sua mão. – Eu deveria mesmo mandar você para o além. – Ela virou e entrou, deixando que o rapaz também entrasse. Ele assim o fez, fechando a porta atrás de si. – Só assim me livrava de você.

– Doce como um limão, como sempre. – Ela apenas ignorou esse comentário.

– Precisa parar de vir aqui toda vez que esquece as chaves do seu apartamento no escritório, Jellal. Está virando um hábito e não quero que ache que tem livre acesso à minha casa.

– Que já foi nossa um dia. – Protestou ele.

– Foi. Muito bem colocado. “Foi” no passado verbal e literal também.

– Vai dizer que não sente saudade.

– Você não desiste de criar expectativas, não é? – Expirou. Ele sorriu. – Bom, eu vou dormir. Ao contrário de você, eu trabalho duro. – Ela se virou para voltar ao quarto, mas lembrou-se de algo e tornou a fitá-lo. – Ah, e não se atreva a migrar para o meu quarto como da última vez. – Ele fez bico.

– Não posso evitar, esse sofá é desconfortável.

– É. – Ela concordou. – Deve ser porque você escolheu. – Ele riu.

– Fala sério, Erza. Não há nada anormal em marido e mulher dormirem juntos.

– Exceto pelo detalhe de que você não é meu marido e eu, muito menos, sua mulher. – Ele claramente se divertia com a reação de Erza. – Não me faça te algemar aqui. Garanto que isso sim será bem desconfortável. – Ele se aproximou dela e a encarou de perto.

– Tudo bem, eu não vou pro seu quarto, se isso te deixa mais tranquila. Deve ser difícil não ceder à tentação de ter o seu marido em seus braços novamente. – As sobrancelhas da ruiva caíram numa expressão entediada.

– Boa noite, Jellal. – Ela virou e caminhou de volta ao seu quarto.

Ele a observou até que desaparecesse de sua visão. Ela estava vestindo um pijama rosa com estampa de morangos... Ela continuava sendo a mesma Erza, mesmo com toda a sua pose de delegada. Eu sei que se importa comigo, mesmo dizendo que não. Eu te conheço muito bem, Erza Scarlet. O motivo da separação dos dois nunca ficou clara para Jellal. E ela não se livraria tão fácil dele. E ele sabia que, no fundo, ela não queria se livrar dele assim tão fácil.

– Ela me ama. – Ele riu e se jogou no sofá.

...

7:00AM

Laxus, Gajeel e Levy estavam no aeroporto.

– Bom, agora é com você, Gajeel. Tem feito um bom trabalho até agora, sei que dá conta. – Disse o loiro com um sorriso.

– Hm. Boa viagem, Laxus.

– Obrigado. – A pequena estava calada e cabisbaixa. Os rapazes a fitaram.

– Eu... Vou pegar um café. – Ele quis deixá-los à vontade. O moreno sabia que precisavam se despedir propriamente. Eram amigos, afinal.

– Hey.. – Ele se abaixou e segurou os ombros da menina. – Não fica assim, ô tampinha. Parece até que vou morrer! – A menina arregalou os olhos.

– Argh! Não é isso, Laxus! Eu só... Não queria que fosse. – Ela desviou o olhar, fazendo bico. Ele riu e se estendeu.

– Eu também vou sentir saudade. – Ela estava com os braços cruzados. – Quer saber... Fica com isso. – Ele tirou o moletom que estava preso à cintura e pôs em volta de Levy, fazendo um nó na frente com as mangas.

– Hm? Seu moletom?

– Heh. Eu sempre esquecia na mansão, mesmo. – Disse com um sorriso e coçando a nuca. A garota ficou com os olhos marejados.

Passageiros do voo 567 com destino a Coreia do Sul, embarque sala 7. O voo acontecerá em vinte minutos.

– É o meu, chefinha. Tenho que ir. – Gajeel voltou para perto deles. Laxus o fitou. – Eu vou nessa. É melhor continuar cuidando bem dessa tampinha.

– Não se preocupe. – O loiro estendeu seu punho.

– Foi um prazer te conhecer. Mão de ferro. – O moreno esboçou um sorriso.

– Heh. Digo o mesmo, Laxus. – O moreno bateu seu punho ao do loiro. Laxus fitou a garota e sorriu.

– Tchau, Levy. – Ele esfregou levemente sua mão na cabeça da garota e se virou.

Ela não tinha muitas referências do que era família... Desde muito cedo havia perdido a mãe e sofria agressões daquele que deveria protegê-la. Vendo-se sozinha e morando nas ruas, teve que aprender desde cedo a se virar sozinha. Com sua presença, Laxus permitiu que Levy conhecesse o sentimento de ter alguém que a protegesse, que se importasse. Como um irmão mais velho... Como a família deve ser.

– Laxus! – O loiro, que já estava perto da porta para o acesso dos passageiros, virou-se para fitá-la.

Ela correu até ele e pulou em seus braços, que a seguraram em um abraço apertado. O loiro sorriu.

– Finalmente, achei que ia me deixar ir sem um abraço.

– Desculpa, é que—

– Você finge ficar brava quando está triste. – Ele a pôs no chão. – Pra mascarar sua fragilidade.

– Odeio ficar triste e, por culpa sua, agora estou. – Ela o empurrou. Ele riu.

– Eu prometo te ligar todos os dias que eu puder.

– É melhor fazer isso. – Ele puxou a cabeça dela e deu um beijo.

– Se cuida, baixinha. – Ele se afastou, e ela largou a camisa dele, do qual estava agarrada. Ela ficou parada em meio àquelas pessoas que passavam indo e vindo com suas malas, segurando o moletom em volta de seu pescoço, enquanto observava seu amigo acenando e dobrando em um corredor com um sorriso no rosto.

Levy nunca saberia, mas, assim que sumiu de seu campo de visão, o loiro se rendeu e deixou que as lágrimas rolassem por seu rosto. Seu coração estava apertado por deixá-la. Ele não queria fazê-la sentir-se pior por vê-lo triste, ele tinha que mostrar a ela que ele ficaria bem. Que ela ficaria bem. Mas nem tudo é como deveria, não é?

Laxus caminhou para dentro do avião enxugando os olhos vermelhos pelo choro reprimido.

A garota imprensava as mangas do moletom de Laxus contra o rosto e chorava no mesmo lugar que ele havia a deixado. Ela iria sentir falta dele. Das suas piadas, das brincadeiras, da sua cara de mau quando alguém se aproximava dela, de reclamar de sua gula... Nada ia ser a mesma coisa sem o Laxus constantemente ao seu lado.

Levy sentiu seu ombro ser tocado.

– Levy. Vamos. – A menina levantou a cabeça e respirou tremidamente, mudando a expressão de seu rosto e voltando à sua “pose” forte.

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– Hm. – Ela assentiu. Olhou uma última vez para o lugar onde Laxus sumiu de seu campo de visão, respirou fundo e acompanhou Gajeel.

O moreno a encarava com ar de preocupação. Não que ele estivesse a muito tempo com ela, mas ela não costumava “quebrar” assim na frente das pessoas. Ela sempre fazia de tudo para mascarar sua fragilidade. Talvez por isso tenha escolhido a agressividade e a ousadia do Rap como estilo de vida.

...

De volta à mansão. A garota seguiu por todo o caminho sem falar nada. Apenas encarava a janela do carro e parecia distante. Gajeel os acompanhou dentro do carro desta vez. Já estava na hora de assumir de vez seu papel, afinal.

Levy trocou poucas palavras com o moreno, que passaria sua primeira noite na mansão, e foi direto para seu estúdio. Qualquer pessoa passando pelo mesmo momento dela teria dificuldade em criar qualquer coisa ou trabalhar. Mas não Levy. Ela aprendeu a nascer das cinzas, e a cada vez que nascia, ficava forte e melhor. As piores situações conseguiam impulsioná-la a fazer músicas que tocavam profundamente quem as escutasse...

Entretanto esse dom funcionava apenas quando as letras saíam do coração e não da cabeça. A emoção e a criatividade precisavam andar juntas e quando isso não acontecia, Levy não podia contar com seu “dom da criação”. Como fazer música a partir de algo inventado? Tudo que Levy conseguia, ao tentar fazer a bendita música, acabava soando falso, midiático ou utópico demais. Não era o estilo dela e muito menos o estilo do Rogue.

A garota ficou por horas tentando focar-se na canção, mas estava desestruturada com a partida de Laxus.

– Acho que não sou mais a mesma Vikky, como não consegue sair nada bom mesmo depois de tantos dias?

Esgotada, ela apenas sentou-se ao piano. Com o moletom de seu ex-segurança ainda em seus ombros, ela desamarrou o nó e o vestiu. O perfume de Laxus continuava imbuído na peça. Isso a deixou vulnerável novamente. Droga... Ele faz mais falta do que pensei que faria... Laxus.

A menina abaixou a cabeça apoiando-a ao braço, que estava na extremidade do piano, e olhou para as teclas do instrumento. Tocou algumas notas do que pareceu ser uma música de ninar... Depois de algum tempo, ela pareceu pensar em algo. Ajeitou-se ao piano e pôs as duas mãos sobre os teclados.

Às vezes você acha que vai ficar bem sozinho
Porque o sonho é um desejo que você faz sozinho
É fácil sentir que você não precisa de ajuda
Mas é mais difícil de andar por conta própria

Você vai mudar por dentro, quando você perceber

O mundo vem à vida e tudo está bem
Do início até o fim, quando você tem um amigo ao seu lado
Que ajuda você a encontrar a beleza em si próprio
Quando você abre seu coração e acredita
No dom de um amigo

Ela arregalou os olhos. Correu até sua pasta, pegou um papel, caneta e anotou tudo. As emoções e a vulnerabilidade ressuscitaram o dom da criação de Levy McGarden. Ela sentou e escreveu. Escreveu tudo que sentia por seu melhor amigo. Ela não pôde acreditar... Depois de tanto esforço para criar a canção do dueto, ela havia feito uma canção completa em minutos. Parece que não era uma crise afinal...

– Acho que acabo de criar a última música do meu álbum. – Ela disse incrédula, observando o papel com a letra.

Ela sorriu e apertou o moletom que vestia.

– Obrigada... Laxus.

O moreno a observava do lado de fora do estúdio. Aquela canção mexeu com ele. A solidão foi sua companheira desde sempre; uma vez que ele não teve outra opção, resolveu abraçá-la e fazer dela sua armadura, afastando todos que tentavam se aproximar. Entretanto, mesmo dizendo para si mesmo que não precisava de ninguém e estava bem assim... A solidão era cruel. Cada vez mais o tempo mostrava a Gajeel quão parecidos aqueles dois realmente eram. Era como se ela conseguisse lê-lo sem ao menos tentar.

Tch... Bom trabalho, garota..