Meu Ponto Fraco - Litor

Capítulo 27 - Só por você.


Lia viu o vídeo umas 10 vezes seguidas e quando iria dar replay na 11ª, ouve o barulho do portão da garagem abrindo.

Ela imediatamente seca todas as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, apaga o histórico do computador e o desliga. Então, deita na cama e começa a brincar, jogando seu celular para cima e o pegando logo em seguida.

Lorenzo entra em casa.

Lorenzo: - Filha??

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Lia: - No quarto.

Ela continua brincando com o celular, como se não houvesse nada errado.

Lorenzo(entrando no quarto): - Ah, você tá aí.

Lia: - É. Voltou mais cedo do trabalho?

Lorenzo: - É, não tinham muitos pacientes marcados hoje. Tudo bem?

Lia: - Uhum.

Lorenzo: - Lia, até quando você vai me tratar assim? Todo dia é isso, não quer saber de mim...não conversa comigo. Só fica trancada nesse quarto.

Lia: - A culpa é sua e você sabe disso.

Lorenzo: - Lia, eu não vou discutir isso com você. Entendeu? Já faz quase 1 mês, tá na hora de superar!

Lia: - Tá na hora de você superar também, não acha? Eu nunca, NUNCA vou te perdoar pai. Você só me faz mal. Eu tô tentando ser feliz aqui contigo, mas não vou fingir que tá dando certo.

Lorenzo: - Tudo bem então. Se é assim, tá de castigo. A partir de agora você vai sair da escola e vir direto pra casa, entendeu? Nada de passear com o Dinho, nada de ficar enrolando pra ir pra casa. Tá entendido, Lia?!

Lia: - Tanto faz mesmo. Que saco.

Lorenzo: - E me dá esse celular.

Lia: - Você tá brincando, né?

Lorenzo: - Não, Lia! Duas semanas sem celular e de castigo, e se precisar de mais do que duas, vão ser mais. Até você aprender a respeitar seu pai.

Lia: - Vou ficar de castigo pra sempre então.

Ela dá o celular a ele, que sai do quarto.

Lia(consigo mesma): - E eu achava que minha vida era difícil no Rio. Ninguém merece!

Passam-se meses.

Era final de junho e aquela semana seria a última de aula, tanto no Quadrante como no colégio em que Lia e Dinho estudavam, em São Paulo.

Lia esperava ansiosamente para poder visitar os amigos e a família no Rio. Já havia falado com seu pai, que concordou com a viagem, contanto que ela não visse Vitor. Mas Lia pouco ligava para isso, porque no final eles sempre dariam um jeitinho.

Na última aula de segunda-feira, o diretor entra na classe de Lia e Dinho.

Diretor: - Todos em silêncio. Tenho um aviso importante.

A classe para de conversar.

Diretor: - Bom, como vocês sabem, é a última semana de aula. E eu tenho aqui comigo os boletins. Lembrando que a nota mínima para passar sem recuperação é 6 e todas as recuperações acontecerão durante o mês de julho.

Ele começa a entregar os boletins pela ordem de chamada. Chega a vez de Lia.

Diretor: - Lia Martins.

Ela se levanta e pega o boletim.

Artes: 7,5

Biologia: 5,5

Espanhol: 8,0

Física: 5,0

Geografia: 6,0

História: 4,5

Inglês: 8,5

Literatura: 7,0

Matemática: 3,0

Português: 5,0

Química: 6,5


Lia: - Ah não, não pode ser cara!


Dinho: - Que foi?

Lia: - Eu fiquei de 5 matérias!

Ele ri.

Dinho: - Fiquei só de matemática.

Lia: - Cara, não pode ser...sério. Vai melar tudo!

Dinho: - Que foi?

Lia: - A viagem pro Rio! Eu ia viajar no começo de julho.

Dinho: - Parece que vai ter que passar as férias aqui mesmo, fazendo recuperação.

Lia: - Dinho, me deixa quieta. Por favor.

Dinho: - Mal humorada.

Lia: - Eu só não quero conversar agora, dá pra respeitar?

Dinho: - Tá bom, não falo mais.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Diretor: - Bom, é isso alunos. A recuperação começa dia 10 de julho. Boa sorte.


Lia chega em casa, de mal humor.


Lorenzo: - Bom dia filha.

Lia: - Não tem nada de bom no dia.

Lorenzo: - Que foi?

Lia mostra o boletim.

Lorenzo: - Lia!! Recuperação de 5 matérias? Isso é inadmissível!

Lia: - Tá bom, eu não quero ouvir sermão agora, tá?

Lorenzo: - Tudo bem, quem vai sofrer é você. Sem viagem pro Rio, mesmo!

Lia: - TÁ, EU SEI. DÁ PRA JOGAR MAIS NA CARA? QUE SACO.

Ela vai para o quarto e se tranca lá.


No Rio.


Fatinha, Gabriel, Vitor, Ju e Gil saíam do Quadrante.

Fatinha: - A Lia vem nesse domingo gente, dá pra acreditar?

Gabriel: - Pois é. Também não tô acreditando...quero estar com ela logo.

O celular de Vitor toca, era Lia. Ele vai para um lugar bem longe do grupo.

Lia: - Me tira daqui, por favor

Vitor: - Que foi?

Lia: - Tudo, Vitor. Tudo. Eu quero você aqui comigo, será que é pedir muito?

Vitor: - Ei, calma. Mas você não vem no domingo?

Lia: - Eu fiquei de recuperação, que vai ser no mês de julho inteiro. Não aguento mais isso, eu quero voltar pro Rio

Vitor: - Como assim ficou de recuperação? Você não tá estudando?

Lia: - Ah Vitor...eu me descuidei dos estudos por um tempo, mas não achei que ia dar nisso

Vitor: - NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO. É ÓBVIO QUE VOCÊ IA FICAR DE RECUPERAÇÃO, NÃO TÁ ESTUDANDO. LIA, VOCÊ TEM IDEIA DO QUANTO EU TAVA ANSIOSO PRA PODER TE VER DE NOVO?

Lia: - Eu também tava, você não tem ideia do quant...

Vitor: - CÊ QUER SABER? JOGA A ALIANÇA FORA, SE É QUE VOCÊ AINDA USA ELA. VOCÊ NÃO QUER ME VER, LIA. SE QUISESSE MESMO TERIA ESTUDADO, PELO MENOS POR MIM NÉ, ASSIM COMO EU ESTUDEI SÓ PRA PODER PASSAR AS FÉRIAS INTEIRAS CONTIGO, SÓ POR VOCÊ.

Lia: - VITOR CALMA, EU SEI QUE EU DEVIA TER ESTUD...

Vitor: - TANTO FAZ AGORA, PRA MIM NÃO IRIA FAZER DIFERENÇA MESMO. A GENTE NUNCA VAI FICAR JUNTO, ESSA É A VERDADE. E SE VOCÊ QUER SABER, TANTO FAZ PRA MIM, EU POSSO FICAR COM QUEM EU QUISER AQUI E NADA ME IMPEDE DE FAZER ISSO.

Depois que disse aquilo, Vitor escuta o barulho que um telefone faz quando é desligado. Aquele toque repentino fazia seu coração quebrar, da mesma forma que ele havia acabado de quebrar o dela.

Lia deita em sua cama, chorando.


Vitor passa por onde o grupo estava.


Vitor: - Ela não vem. Ficou de recuperação.

Ju: - Como assim?

Vitor: - Liga pra ela e pergunta. Eu não quero mais saber. Tô indo pro hostel, tchau.

Ele pega a moto e sai como um louco, sem respeitar os sinaleiros e “tesourando” entre os carros.


Duas semanas se passam e Lia se arrastava a pé todos os dias até a escola, sempre pensando em como queria ter estudado, em como queria estar no Rio.


Vitor já estava de férias e sua turma sempre fazia alguma festa ou algo do tipo, mas ele nunca ia. Sempre ficava dormindo, tocando violão, pensando em Lia.

Era quinta-feira. Fatinha ainda não tinha voltado da festa que teve no dia anterior.

Vitor acorda as 6h, decidido a não ficar em casa naquele dia e com planos para o dia inteiro.

Ele toma um banho, se arruma e sai com a moto, deixando um bilhete para Fatinha em cima da mesa.

“Fui resolver umas coisas. Te explico depois”

Mais de 5 horas de viagem se passam e Vitor chega ao seu destino.


Lia fazia seu caminho de volta até a casa de Lorenzo, quase morrendo de dor nas pernas, como sempre.


É quando, do nada, uma moto vermelha a ultrapassa e freia com tudo em sua frente, derrapando. O motoqueiro tira o capacete, olhando com aqueles lindos olhos azuis para ela.

Ele só podia ter caído do céu, mesmo. Ela não acreditava no que via e ele não parava de sorrir. Como Vitor teve tanta coragem para vir do Rio até São Paulo de surpresa, sem nem ter carta de motorista, sendo que os dois haviam discutido e dito coisas tão horríveis?

Lia sorri: - Por que você demorou tanto, hein?