Meu Pequeno Anjo

Agora vai, ou talvez não.


Connor

Saio do banho tendo plena consciência de que demorei mais do que devia, mas não me importo. A visão de Izzie sentada no sofá, abraçada aos joelhos e aos prantos ainda gira em minha mente. Sua mãe disse mesmo a ela para tirar o bebê? Só o pensamento faz um calafrio subir pela minha espinha. Nem posso imaginar como ela se sentiu, toda essa situação com Angie ainda é novidade, mas não consigo me imaginar passando por isso sem minha mãe e olha que a pequena já tem cinco anos. Dizer uma coisa tão ruim sobre um serzinho que ainda nem nasceu é horrível. Felizmente esse bebê não poderia ter escolhido uma mãe melhor, sei que Izzie vai lutar por ele com unhas e dentes. Tenho certeza.

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Estou terminando de secar os cabelos com uma toalha quando paro no batente da porta do meu quarto. A visão a minha frente me faz sorrir mesmo que eu ache que o universo está me testando. Izzie está dormindo tranquilamente em minha cama como se fosse a sua própria, mas esse não é o problema, ela e Angie fizeram isso no início da semana também e eu só consegui olhar a cena com um sorriso bobo e ir dormir sozinho na cama da pequena, mas naquela ocasião, pelo menos, Izzie estava vestida, seu pijama de calça e blusa de manga comprida escondiam seu corpo, agora ela usa uma camiseta de alça e um short que não deve ter um palmo, suas pernas estão a mostra e consigo ver todos os contornos do seu corpo, Izzie é linda, e desejá-la assim provavelmente não é errado, mas devido a nossa atual situação é no mínimo complicado.

O corpo relaxado da garota na minha cama não é a única coisa que chama minha atenção, a visão da garotinha deitada de bruços ao lado dela com o rosto muito perto de sua barriga desnuda também me faz sorrir. Angie sorri enquanto conversava com o bebê na barriga de Izzie, esse sem dúvidas era um dos seus bate-papos favoritos.

- Nós já falamos disso, bebê da barriga. Mas eu conversei com a tia Gwen e ela acha uma boa ideia nós dois termos um papai e uma mamãe, então a gente vai ter que dividir - ela diz bocejando e sorrindo. Suas palavras me pegam de surpresa, de quem exatamente ela está falando? A ideia que seja de mim e Izzie me assusta tanto quanto me deixa feliz, quero ir até lá e abraçá-las, mas só continuo ouvindo. - Vovó disse que não vou embora e a Iz falou que você é meu irmãzinho então não tem problema. Eu e ela íamos dar um susto no Concon, mas eu dormi e quando acordei ela tava dormindo, o Con é legal, você vai gostar dele, e da vovó e dos vários tios que a gente têm. Eu acho que a mamãe da Iz que veio aqui hoje também é vovó, mas ela deixou a Iz triste e não pediu desculpas, gosto mais da vovó Vera. Bebê da barriga, você é um menino ou uma menina? Eu queria saber, a Iz diz que você é muito pequeno do tamanho de um feijão. Será que eu já fui pequena desse tamanho? - ela pergunta e acho graça.

- Aposto que sim - respondo e Angie da um pulo me encarando.

- Con! - exclama e Izzie se mexe, mas não acorda. A pequena se senta ao lado dela e me chama. - Vem.

- Izzie está dormindo, vamos lá pra sala, o que acha? – tento. A morena precisa descansar. Mas Angie surpreendentemente faz que não com a cabeça.

- A Iz triste, não quero deixar ela e o bebê da barriga sozinhos. Vem, deita aqui com a gente também – ela sorri e me estende a mão, abro a boca para negar, mas eu sei pelos seus imensos olhos azuis brilhantes que é perda de tempo. É mais fácil eu ceder até ela dormir e sair depois.

- Tudo bem – digo e vou até ela, Izzie está em uma ponta da cama, a pequena se encolhe ao lado dela para me dar espaço e só paro para pendurar minha toalha antes de me juntar a elas, não me dou ao trabalho de colocar uma camisa, estou só com uma calça moletom, mas a julgar pelos bocejos e olhos vermelhos de Angie, isso não vai demorar.

Acomodo-me na cama com elas e isso é estranho. Até Angie chegar não tinha dividido a cama com ninguém. Não desse jeito, sem conotação sexual, só dormindo e sentindo a respiração da outra pessoa, e agora mesmo com a pequena entre nós, tenho plena consciência de Izzie do outro lado da cama, mesmo que ela durma despreocupadamente eu escuto sua respiração e sinto seu cheiro em meus lençóis e isso está me deixando louco, é tão errado assim eu querer beijá-la outra vez?

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- Você nem ouviu, não é, Con? – Angie pergunta segurando minha mão para chamar minha tenção e sorrio.

- O que você falou?

- vendo bebê da barriga, ele nunca escuta – ela reclama olhando para a barriga ainda descoberta da morena e tenho que fazer um esforço sobre-humano para simplesmente não esticar minha mão e tocá-la, Angie se vira outra vez para mim e sorri. – Eu tava falando que eu e a Iz ia te dar um susto, mas eu dormi depois acordei e ela tinha dormido. Aquela mamãe da Iz também é vovó?

- Eu não sei – respondo sinceramente, talvez estejamos indo rápido de mais, afinal, supostamente nossa estadia juntos não vai durar mais que umas poucas semanas, então isso de tio, tia, vovô e vovó é bem perigoso, não quero que ninguém se magoe, principalmente Angie. – Você gostou dela?

A pequena faz que não com a cabeça.

- Ela é a mamãe da Iz, mas fez ela chorar. A Iz tinha dito que mamãe cuida e protege, ela não faz chorar. Se ela for vovó, tem que aprender com a vovó Vera.

- É, acho que você tem razão. A senhorita é muito esperta – faço cócegas em sua barriga e ela se contorce, Izzie volta a se mexer e nós dois paramos na hora. A morena volta a respirar tranquilamente e eu e Angie nos olhamos sorrindo. – Não vamos acordar a Izzie – sussurro e ela faz que sim.

- bom. Boa noite, Con – ela beija meu rosto. – Boa noite, Iz, boa noite bebê da barriga – ela dá um beijo em Izzie e em sua barriga. E é a ela que a pequena se agarra quando finalmente decide fechar os olhos. Não me importo com sua preferência, gosto de ver a interação delas, o amor refletido em seus olhos. Izzie é, pelo que eu entendi, o mais perto de uma mãe que Angie teve e não quero negar isso a ela.

É suposto que ela vá ir embora, que as duas vão. Mas enquanto elas estiverem aqui não me importo de vê-las juntas. Observo-as abraçadas na cama com um sorriso bobo no rosto, coloco uma mecha de cabelo de Izzie atrás da orelha e não consigo evitar lembrar do nosso beijo e do quanto ele mexeu comigo, não sou nem nunca fui um cara baladeiro que consegue ficar com uma garota diferente a cada semana (esse é o Stu), mas já tive Rachel e mais alguns outros encontros e beijos, mas nenhum deles tinha o gosto do de Izzie, nenhum deixou meu coração disparado e a mente em branco. Essa morena estava me deixando um pouco mais louco a cada situação inusitada que vivíamos e eu nem conseguia achar isso ruim. Se Stuart pudesse ler meus pensamentos diria que eu estava muito, muito ferrado.

Acordei com alguma coisa fazendo cócegas em meu nariz mesmo que o cheiro fosse muito bom. Fiz careta e pisquei tentando entender o que estava acontecendo. Assim que focalizei o monte de cabelo escuro a milímetros do meu rosto paralisei e tomei consciência de um monte de coisas ao mesmo tempo. Eu estava abraçando Izzie, não, abraçando não, nós estávamos, por mais improvável que fosse, dormindo de conchinha, suas costas coladas ao meu peito e meus braços ao redor de sua cintura, era tanto calor e sensações que levei um minuto para me lembrar que Angie devia estar conosco. Vi uma confusão de cabelos loiros espalhados quase que de cabeça para baixo na outra extremidade da cama e sorri, de alguma forma elas tinham trocado de lugar durante a noite.

Izzie se mexeu em meus braços e eu fiquei imóvel, ela resmungou alguma coisa, seu mexeu mais uma vez e depois ficou parada também, eu sabia que estava acordada por que sua respiração se tornou irregular. Nós ficamos nisso de ninguém nem mesmo respirar pelo que me pareceu uma eternidade até Angie se remexer também e quase cair da cama, Izzie pelo que pareceu puro reflexo, esticou o braço para segurar a pequena que abriu os olhos achando graça da brincadeira, a morena ainda estava em meus braços, mas agora não dava mais para fingir que nenhum de nós estava acordado.

- Con, Iz! Bom dia! – a pequena exclamou animada pulando na cama. – Vocês tão abraçados assim, por quê? Tão namorando?

As perguntas inocentes da pequena me deixaram sem saber o que dizer, Izzie por outro lado, se afastou tão rápido de mim que quase caiu da cama.

- Não, Angie. Não estamos namorando, foi só que eu... Desculpe-me... – a morena finalmente me encara com os cabelos bagunçados e os olhos inchados, até assim ela consegue ser linda. Eu não me mexi, ainda estou deitado sentindo o vazio que seu afastamento deixou, meu peito nu se arrepiou de frio. Izzie pareceu finalmente perceber como estou vestido, por que suas bochechas coraram e eu não consigo nem me constranger com isso. Só sorrio vendo seu rosto vermelho. Ela pisca desviando os olhos do meu abdômen e me encara. – Acabei dormindo na sua cama e... Te atrapalhei e...

- Cabe todo mundo aqui, Iz. Eu, você, o Con e o bebê da barriga – Angie a interrompe respondendo por mim e sorrindo para a morena. Acho bonito que ela sempre inclua o bebê de Izzie em suas conversas, não parece nenhum pouco enciumada em ter que dividir a morena, pelo contrário, parece encantada que tenha alguém com quem compartilhá-la. – O Concon não briga. A gente fez silêncio pra você não acordar e a vovó que fez você chorar tem que aprender a ser legal, a vovó Vera pode ensinar pra ela.

A metralhadora verbal de Angie faz Izzie piscar confusa, a pequena não sabe falar apenas de um assunto, tem que começar vários e misturá-los na conversa.

- Você acha que ela aprende, Angie? – a morena pergunta ajeitando o cabelo da pequena e ela faz que sim.

- Aprende. Você aprendeu, a vovó Vera aprendeu. Sua mamãe é vovó também, Iz?

- Acho que não. Ela brigou comigo e foi embora, mas não se preocupe, Ok? Vamos deixar isso pra lá e ir comer?

- Sim! Levanta, Con! Vamos comer, a Iz chamou – ela se senta em meu peito para chamar minha atenção e eu faço cócegas nela que se contorce tentando se afastar. Esbarramos em Izzie em nossa pequena confusão.

- Vocês vão se machucar – ela nos repreende e paramos.

- Angie, o que acha de pegarmos a Izzie? – pergunto e a morena arregala os olhos, mas antes que posso fazer qualquer movimento a pequena já está encima dela. Nós continuamos nessa confusão por alguns minutos até Angie anunciar que precisa ir ao banheiro.

- Sobre a cama e a noite anterior, você não tem que se desculpar. Talvez eu devesse, você estava na cama e eu acabei me deitando também – comento quando Izzie está quase saindo do quarto, ela para e se vira, para minha surpresa está sorrindo.

- A cama é sua, eu só estava exausta demais e acabamos assim. Então, des... – Izzie começa e a olho arqueando uma sobrancelha. Ela dá um último sorriso e se vira para a porta outra vez – Vou fazer o café, pode arrumar a bagunça que você e Angie fizeram na cama.

- Fomos só nós?

- Sim – ela grita do corredor e me viro para encarar a confusão de cobertores e lençóis ainda com um sorriso bobo no rosto.

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Nos trocamos, tomamos café e estamos prestes a assistir Moana pela segunda vez seguida quando ouço o toque do meu celular. Vejo o nome na tela e sorrio, o que Stuart pode querer comigo uma hora dessas?

- Desde quando você acorda cedo num domingo?

- Oi pra você também.

- Oi, Stu. Então, o que você quer?

- Não posso ter ligado só para saber como meu melhor amigo de toda a vida está, não?

- A gente nem se conhece há tanto tempo assim, então não.

- Isso magoou, Ok?

- Stuart – o repreendo e o ouço rir do outro lado da linha.

- Tá bom. Você e suas mulheres vão sair hoje? Eu e o Peter Pan estávamos pensando em ir aí, sabe pra dar um oi para Izzie e ver a pequena.

- Por mim tudo bem, vou perguntar a Izzie se ela tem planos. – tampo o auto-falante do telefone com a mão e me viro para a morena que sorri para mim. – Stu quer saber se vai sair hoje ou se ele pode vir visitar.

- Diga a ele e ao Jace para ficarem à vontade, não pretendo ir a lugar nenhum.

- Ela disse que podem vir – comunico ao meu amigo.

- Con, vem! O filme já vai começar! – Angie chama e sorrio.

- Vai lá paizão, com a sua família, já chego aí, tchau — ele desliga antes que eu possa responder, então me limito a guardar o celular e me juntar a elas outra vez.

Não sei exatamente como, mas meus amigos folgados tornaram a “passadinha rápida” em um almoço barulhento, Stuart e Izzie estavam discutindo sobre a carne quando ela decidiu ligar para Gwen e convidá-la também. Meia hora depois havia tanta gente falando ao mesmo tempo em nosso apartamento que alguém com certeza chamaria a polícia pensando que era briga.

- Cadê a Candy? – ouço Izzie perguntar enquanto ela e Gwen seguem para a cozinha, sei que Candance é a outra irmã da morena de cabelo roxo, mas essa eu ainda não conheci, no dia em que ela veio aqui eu fiquei preso no trabalho.

- vindo, ela dormiu na casa de uma amiga vai vir direto pra cá, me mandou mensagem há uns minutos, deve estar chegando.

As duas somem na cozinha, as garotas já foram para o quarto de Angie então ficamos só eu e os rapazes falando de futebol, festas e as mulheres de nossas vidas, pelo menos é assim que Stu se refere a Izzie, Angie, Gwen e suas irmãs. Dez minutos depois ouço a campainha e vou até a porta. A garota de cabelos escuros e olhos verdes é a cara da irmã. Candy me dá um sorriso divertido.

- Então você é o Connor? – ela e a primeira falar e faço que sim.

- E você a famosa Candy?

- Famosa? Gostei disso – ela sorri e dou espaço para ela entrar. – Cadê as minhas ir...? – ela se interrompe e me viro para ver o que é tão surpreendente, e não há nada, só Stu e Duncan no sofá. – Sr. Morris? – ela pergunta piscando e encarando Stuart. – Izzie! – a garota berra. - Por que meu professor de história está sentando em seu sofá?

- O que? – a morena aparece na sala seguida de Gwen.

- Ali ó – Candy aponta para Stuart que tem um sorriso divertido no rosto. Meu amigo mulherengo, por mais improvável que parecesse, era professor do ensino médio, ele vivia dizendo que odiava a escola, os alunos e tudo mais, mas eu sabia que ele era apaixonado pelo que fazia.

- Srta. Parker, que surpresa, como está indo o seu trabalho sobre a Segunda Guerra Mundial?

- Argh! – a garota geme e todos nós caímos na risada. Ela vai até o sofá e se senta com os braços cruzados ao lado de Stuart. – Eu mereço!

- Não vão até o quarto, sério, eu passei para ver como elas estavam e terminei sendo convidado para um chá – Jace aparece reclamando e olha em volta. – O que aconteceu aqui?

- A irmã da Gwen é aluna do Stuart – comento apontando para os dois que estavam de costas para ele. Candy se vira e arregala os olhos, dá um pulo do sofá para longe de Jace como se o loiro tivesse alguma doença contagiosa.

- Você! – eles dizem ao mesmo tempo e eu e o resto do pessoal olhamos de um para o outro sem entender o porquê de toda a comoção.

- Não, não, não, não... – Candy sussurra olhando para todos menos para o loiro.

- Você é aluna do Stu? Então espera, você não é maior de idade? Candy? – Jace chama e sei que tem alguma coisa aqui, por que ninguém os apresentou. Nenhum nome foi dito, mas ele sabe.

- Vocês se conhecem? – Duncan faz a pergunta de um milhão de dólares e Candy nega com a cabeça.

- Não! Eu não...

- Não me conhece? – Jace pergunta irônico. – Posso dizer o mesmo de você, afinal a garota que eu conheci naquela festa era uma universitária de dezenove anos!

Ok, isso está ficando um pouco fora de controle, quando Stu brincou que Jace estava apaixonado por uma garota que tinha conhecido na última festa em que foi eu achei era brincadeira, nunca pensei que fosse sério. E pra piorar tudo é uma adolescente que ainda está no ensino médio e é aluna do nosso melhor amigo.

- E o que você queria que dissesse!? – Candy grita de volta finalmente o encarando. Estamos todos em silêncio sem conseguir fazer nada, só observando a briga. – Que eu era uma garotinha de dezessete anos que ainda estava no ensino médio? Se eu tivesse dito isso você não teria nem mesmo falado comigo! Argh, seu idiota! Isso nem faz tanta diferença assim!

- É claro que faz, você é aluna de um dos meus melhores amigos, não vê como isso é errado, Candy? Agora eu me sinto péssimo!

- Por ter ficado comigo? Nossa agora eu feliz de verdade! Você é um babaca! E só pra você saber, Jace, eu faço dezoito em dois meses então se por alguma fatalidade estúpida do destino eu te encontrasse antes ou depois disso eu pretendia te contar a verdade. Mas tudo bem, que se dane. Você é um idiota e não vale a droga do meu esforço!

E dito isso Candy marchou corredor a dentro e bateu a porta de algum quarto, Jace encarou o corredor vazio e depois olhou pra gente.

- Desculpa pessoal, acabei com o almoço de vocês. Eu vou... Vou dar uma volta e podem comer sem mim. Obrigado pelo convite, Izzie – ele se despede e sai porta a fora.

- Iz, Con! Quem tava brigando? – Angie aparece seguida pelas irmãs menores de Gwen, Agatha eu sei que ouviu tudo e deve ter mais ou menos ideia do que aconteceu, mas Hannah parece tão perdida quando Angie.

- Ninguém – Izzie sorri para ela. – Era só brincadeira. Que tal você, Hannah e Agatha me ajudarem com o almoço?

- A gente pode? – Hannah pergunta animada já esquecida da confusão. Izzie leva as três para a cozinha e Gwen suspira olhando para o corredor.

- Vou lá ver o estrago – ela diz antes de seguir atrás da irmã. Stuart olha para a porta.

- Acho que eu também devia.

- Melhor não – aconselho. – Jace deve querer ficar sozinho. Essa confusão toda deve ser o suficiente, ele não precisa aguentar suas piadas ridículas.

- Hei! – Stu protesta.

- Ridícula é essa situação. Parece que meu amigo ficou com a minha filha – Duncan diz sem acreditar e eu e Stuart rimos. – Não tem graça. Essas garotas passam tanto tempo comigo que é impossível não me sentir responsável por elas.

- Sei como é – digo e ele suspira.

- Vou tentar não me intrometer, mas não garanto que talvez eu não dê um soco em Jace se ele a fizer chorar – Duncan anuncia e eu e Stu nos entreolhamos.

- Justo – dizemos juntos.

O clima ficou um pouco estranho depois da discussão de Candy e Jace, mas nós conseguimos almoçar. Jace não voltou e a morena se trancou no quarto de Izzie e se recusou a se juntar a nós. Candy só saiu de lá na hora de ir embora e eu e Stu tentamos ligar para Jace, mas ele não atendeu ao celular. Meu amigo me garantiu antes de ir embora também, que assim que tivesse novidades sobre o loiro me ligaria.

O resto do nosso domingo foi mais tranquilo e tenho que admitir que na hora de dormir senti falta delas em minha cama, principalmente de Izzie, o corpo da morena pareceu ser esculpido para se encaixar perfeitamente ao meu. Seu cheiro ainda estava em meus lençóis e isso me deixou acordado até tarde me lembrando de seu sorriso, do gosto do seu beijo. Estava tudo em suspenso, nossa situação aqui no apartamento, a situação de Angie, até mesmo a situação de Izzie e seu bebê pelo que eu entendi, mas mesmo assim não consegui me convencer a não pensar na morena.

Eu sempre fui um cara prático, odeio enrolação, então queria, precisava perguntar a Izzie o que ela estava achando disso tudo, talvez até a beijasse outra vez. Se não vamos morar juntos pelo resto da vida, pelo menos, podemos aproveitar o agora.

Acordar na segunda-feira não é nem de longe tão barulhento e divertido quanto no dia anterior. Seguimos com nossa rotina e o dia demora uma eternidade para passar, não sei se é minha ansiosidade em vê-la, mas os minutos quase parecem horas. Quando finalmente busco Angie na casa da minha mãe e sigo para a lanchonete não escuto nada do que a pequena diz o que me rende muita reclamação e até algumas risadas.

Nós entramos, Angie corre até Izzie para abraçá-la e isso não surpreende mais ninguém, elas trocam beijos, algumas palavras e logo em seguida a pequena volta correndo em minha direção, e eu e a morena trocamos um único olhar antes dela ir para trás do balcão. Eu e Angie nos sentamos em uma das mesas, mas hoje eu não consigo tirar os olhos dela. Acompanho todos os seus movimentos, os cabelos soltos, até o uniforme que ela diz odiar a deixa bonita, uma cliente diz alguma coisa e ela sorri. Talvez eu a beije antes mesmo de chegarmos ao carro. Se ela me afastar dessa vez vou entender e não insisto mais, mas se ela quiser tentar também estou disposto, nós não alugamos o mesmo apartamento por pura sorte não foi? Acreditar nessas coisas é mais a cara da minha mãe, mas hoje não me importo. Para ter o sorriso de Izzie estou disposto a arriscar.

Estou preste a ir até ela, mas paro antes mesmo de me levantar, seu amigo, aquele tal de Ryan, vai até ela e diz alguma coisa em seu ouvido, ela ri e se vira em minha direção, eu sinto as bochechas esquentarem por ter sido pego pelos dois e desvio o roto, mas por fim a curiosidade me vence e volto olhá-los. Ryan leva Izzie pela mão até a máquina de café e num movimento rápido a empurra contra a parede ao lado dela, não consigo desviar os olhos a cena quando ele finalmente se abaixa em direção à morena ficando de costas para mim e a beija. Bem ali, no meio da lanchonete, em seu local de trabalho.

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Ver a cena é como jogar um balde de água fria em meus planos, talvez seja por isso que ela me afastou antes, Izzie tem um namorado no fim das contas, e eu como um idiota pensei que tinha uma chance. Erro meu.