Meu Milagre

Capítulo III


— Como você está hoje? — Diego caminha até uma das janelas de seu escritório. A janela dá para o jardim do colégio, um espaçoso espaço com grama verde viva e recém-cortada, com grandes Ipês amarelos vivos, algumas Paineiras brancas e Jacarandas, com alguns bancos feitos de garrafas Pets.

Um homem alto, em torno de 40 anos, alto com um físico em dia, moreno de olhos verdes — com seu traje típico, um terno preto sem gravata e com sapatos sociais também pretos – apesar da postura séria é um homem gentil para com os alunos e prestativo também.

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— Bem Sr. — Beatriz se mantém imóvel.

— Por que essa carinha? — Ele abre a cortina que tem uma vista para o jardim do colégio.

— Nada. — Ela vira para ele. — Eu já posso ir?

— Não. — Ele vira para ela. — Ainda dói?

— Um pouco. — Coloca a mão em seu olho que está roxo. — Mas já melhora. — Sorri miúdo.

Diego olha fixamente para Beatriz e percebe que aquele sorriso esconde muitas coisas e que as cicatrizes dela não são só no corpo, mas também na alma e essas levariam anos para serem curadas — eles ouvem uma batida na porta, Diego anda até a mesma e a abre — Robertha e Miguel e ele fecha a porta – Robertha ainda trajava o uniforme do hospital e Miguel seu terno azul marinho.

— Sentem-se. — Ele aponta para as cadeiras ao lado de Beatriz.

— Estou bem aqui. — Robertha olha com desprezo para Beatriz. — Por que o Sr. nos mandou chamar?

— A Sra. ainda pergunta? — Ele aponta para Beatriz.

— Ela se mete em brigas e eu tenho que resolver? — Olha para Diego com raiva.

— Beatriz não se meteu em nenhuma briga não. — O tom da voz dele fica mais alto. — A Sra. tem uma filha que estuda nesse colégio e que precisa de atenção. Estou cansado de lhe chamar aqui e a Sra. sempre vir com esse papo, a Beatriz também é sua filha e como mãe e responsável por ela tem a obrigação sim de vir aqui quando solicitada.

— A minha única filha é a Bianca e nada mais. — Ela dá as costas para Diego e caminha até a porta. — Agora vou voltar para o hospital. — Coloca a mão na fechadura. — vamos Miguel?

— Robertha. — Ele segura no pulso dela. — Vamos nos manter calmos e conversar com o diretor. — Olha sério para a esposa.

— Está bem. — Ela tira a mão da fechadura. — O que o Sr. quer?

— A Beatriz passa por problemas todos os dias e nem a Sra. e nem o Sr. vem aqui para conversar com os outros pais e quero saber que tipo de pais são? — Ele caminha até Beatriz.

— O que o Sr. está insinuando? — Robertha se aproxima de Diego.

— Que a Sra. é uma péssima mãe e que não tem estrutura o suficiente para cuidar de seus filhos. — Ele puxa a cadeira e senta. — Já estou cansado de ouvir a Sra. reclamando de sua filha. — Ele abre o paletó. — Terei que chamar o juizado de menor novamente?

— Sr. Morgan não estamos aqui para falar sobre os nossos problemas familiares e sim para falar sobre o que houve com a Beatriz. — Miguel se aproxima de Beatriz. — O que exatamente aconteceu?

— A Srtª. Brown agrediu fisicamente e verbalmente a sua filha. — Diego cruza a perna. — Os pais dela estão a caminho, mas quero saber o que pretendem fazer?

— Nada. — Robertha cruza os braços, é nítida sua irritação.

— Como a Sra. pode ser tão frívola? — Ele descruza a perna. — Como Deus pode ter lhe concebido a maternidade?

— Diretor. — A voz de Beatriz sai como um sussurro e somente o diretor a escuta.

— Sim? — Ele sorri para ela.

— Esqueça isso, foi um mal-entendido. — Ela olha para Miguel, mas logo em seguida abaixa a cabeça. — Ela não fez por mau.

— Como você consegue ser tão sonsa? — Robertha se aproxima de Beatriz, mas Miguel a mantém afastada.

— Eu vou ver se os pais da Srtª. Brown já chegou. — Diego levanta. — Com licença. — Ele abotoa o paletó e sai em seguida.

— Olha para mim. — Robertha aumenta o tom de voz.

— Mamãe eu na..., mas eu...é que...desculpem-me. — Ela levanta e vira para eles dois. — Eu não queria que o diretor os chamasse aqui.

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— Cala a boca, a sua voz me irrita. — Ela se esquiva do aperto do esposo e alcança Beatriz.

— Calma Robertha. — Miguel tenta segurar a esposa, que já se encontra levemente irritada.

— Você é um erro, um fardo, uma bastarda. — Seu olhar para com a filha é de puro ódio. — Devia ter te colocado em um orfanato ou ter te matado, cada dia que passa te odeio mais e mais, por que você não morre?

— Mamãe eu não fiz nada, é que a...eu só fi...juro que...mamãe calma. — Beatriz desvia o olhar ao perceber que o desprezo nos olhos da matriarca. — Perdão?

— Chega Beatriz. — Ela dá as costas pra Beatriz. — Por que você não é como a sua irmã?

— Eu nã...não sei. — Sua voz sai falhada — Por que a Sra. está brava comigo?

— Que pergunta mais imbecil é essa? — Sua voz sai carregada de sarcasmo. — Por que você é tão sonsa?

— Chega, essa briga não vai nos levar a lugar nenhum. — Miguel intervém, olhando sério para esposa.

— Essa coisa aí me irrita. — Robertha aponta para a filha. — Eu vou voltar para o hospital. — Ela caminha até a porta – eu termino isso em casa. — Ela abre a porta e sai batendo a mesma com força.

— Agora sua mãe está nervosa. — Ele balança a cabeça negativamente - mais tarde conversamos. – Ele caminha até a porta – esteja em casa ás 20:00 em ponto. — Ele sai da sala.

Beatriz caminha até a janela e olha para o jardim e vê Diego conversando com o Sr. e a Sra. Brown — fixa o olhar neles três e vê que apesar de Bárbara ser uma garota má, ela tem o amor dos pais e a preocupação deles — ela sabe que quando chegar em casa levará uma surra por algo que não fez, mas ela jamais discutiria com os pais e a única coisa que ela podia fazer era apenas rezar para que Deus pudesse evitar que algo ruim ocorresse com ela – ela volta a sentar e ficar quieta apenas com seus pensamentos e rezando pra que tudo ocorra bem.

Alguns minutos depois Diego chega e percebe que infelizmente os pais de Beatriz já foram embora e como não há como ele resolver isso, ele decide mandar os pais de Bárbara embora — Beatriz vai para a enfermaria, cuidar dos hematomas, ao receber os cuidados ela volta para a sala de aula e continua os estudos como se nada tivesse acontecido — Beatriz passa o resto da manhã e começo da tarde na sala e na biblioteca estudando.

✟ ✟ ✟ ✟ ✟ ✟ ✟

Ela caminha para casa sozinha e ao percorrer o caminho ela percebe que a vida dela será sempre assim até ela ir embora.

Beatriz chega em casa, guarda o material, muda de roupa e começa a fazer as tarefas de casa — ao terminar as tarefas ela se tranca em seu quarto e faz os deveres escolares, quando termina tudo ela vai tomar banho — depois de 10 minutos sai do mesmo e se troca, indo para a cozinha para fazer o jantar.

Enquanto faz a comida os seus pensamentos estão em seus pais e em o que eles irão fazer — ela olha para o relógio em 5 em 5 minutos — Beatriz conhece o temperamento da mãe e sabe que a mesma odeia cada pessoa a defende, mas Beatriz não tem culpa disso ou tem? O que ela fez de errado para ser tratada assim?

Ela termina o jantar e começa a arrumar a mesa e por um tempo se esquece dos pais — distraída arrumando a mesa e não percebe que seus pais estão em pé na porta a observando — ela começa a cantarolar uma música, fazendo seu coração ter um pouco de paz e seu cérebro esquecer dos pais. A música sempre lhe fazia bem e lhe levava para um lugar seguro em sua mente.

Com a mesa já devidamente arrumada — 4 pratos, dois talhes em cada um deles e 4 copos perto de cada um e as tigelas com comida no meio da mesa — ela sorri com o trabalho feito e levanta a cabeça e quando ela os percebe sua voz some, seu coração gela e o medo a toma conta, começa a suar frio e fica e fica parada no lugar.

— Agora iremos conversar. — Robertha larga a bolsa no chão. — Você me fez perder tempo. — Se aproxima de Beatriz – parece que você tem o prazer de me vê assim.

— Não mamãe. — Ela engole seco. — Eu sinto muito.

— Não me chame de mamãe. — Diz alterada. — Levei uma bronca por ter saído do hospital. — Se aproxima ainda mais de Beatriz. — Eu vou ter que trabalhar na minha folga.

— Mamãe eu sin...não fiz por.... — Seu coração parece que vai saltar do peito de tão forte que bate. — Po....por...mamãe só dei...mamãe não me bate.

— Eu não vou te bater. — Coloca o cabelo de Beatriz atrás da orelha. — Só vou te dizer mais uma vez. — Olha sério para a filha. — Se eu for chamada mais uma vez naquele maldito colégio por sua causa, eu juro que você vai levar uma surra que nunca irá se esquecer. — Acaricia a face da filha parando no queixo da mesma e o segurando com força. — Entendeu?

— Sim mamãe. — Ela respira fundo.

— Agora suma da minha frente. — Ela solta o queixo da filha e acaba arranhando. — Não quero te vê por tão cedo.

— Eu só...só...é que eu... — Sua voz sai falhada.

— Fala logo. – Robertha respira fundo para manter a calma.

— Só vou...só vou colocar minha comida. — O coração da mais nova gela.

— Você não irá comer hoje e nem amanhã. — Ela dá as costas para Beatriz. — Só vai comer quando eu deixar, agora vá para o seu quarto. — Ela grito que e assusta até Miguel.

— Sim Sra. — Ela olha para o pai e percebe que o mesmo não irá dizer nada. — Com licença. — Sai correndo indo para seu quarto e se tranca.

Beatriz deita na cama e cai em prantos, desabafa tudo o que está sentindo através das lágrimas — ouve alguém dizendo “desista, eles te odeiam. Se mate” — ela levanta a cabeça e procura o dono da voz — “a chave para sua salvação está na escrivaninha” — ela se assusta, mas compreende a mensagem.

Ela seca as lágrimas e levanta indo direto para a escrivaninha, abre a gaveta e pega um canivete — que usa para fazer uns trabalhos escolares – ao pegar o canivete levanta o pulso — ela sabe que um único corte no lugar certo pode leva-la a óbito — porém quando vai cortar algo faz com que ela solte o canivete — o olhar dela para no mesmo e a realidade vem à tona.

— Perdoe-me meu Deus por ter pensado em me matar. — Cai de joelhos no chão. — Isso não é solução. — Pega o canivete e o joga para fora do quarto, através da janela aberta. — Não vou deixar isso me abater. — Junta as mãos e olha para cima. — Perdoe-me meu Deus. — Ela fecha os olhos. — Pai nosso que estais no céu...

Beatriz permanece ali rezando, pedido perdão por ter pensado em se matar — talvez para muitos se matar seja a solução mais rápida e segura de acabar com os problemas, mas não é. Se matar é apenas o começo para novos problemas — todos têm o livre-arbítrio, mas o suicídio é uma escolha com uma punição severa, será que vale a pena? — Será que realmente fazemos nosso destino ou já nascemos fadados a um destino cruel e sofrido?

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Depois de ter rezado ela se levanta e se troca para poder dormir – Beatriz deita em sua cama e fica ali no escuro pensando em sua vida e aos poucos o sono chega e ela adormece.

Mais uma vez Beatriz tinha sido culpada por algo que ela não tinha feito e como ela é uma garota diferente das outras da sua idade ela era mal compreendida — mas por que Beatriz não enfrenta seus pais? Por que ela é tão quieta e calma? Ela pode ser assim, pode ter medo de seus pais, mas o que ela tem e ninguém pode tirar é o amor incondicional pelos pais — Beatriz é um ser humano bondoso, caridoso e ajuda quem precisa, mas ela é perfeita demais para ser real, será que Beatriz esconde algum segredo?

✟ ✟ ✟ ✟ ✟ ✟ ✟

Depois daquele incidente infeliz no colégio Beatriz ficou alguns dias em casa e Bárbara pegou 9 dias de suspensão — ao retornar para o colégio Beatriz percebeu que nada havia mudado, que as pessoas ainda a odiava, mas por que eles odiavam ela? Era uma pergunta que ela nunca acharia a resposta e que se achasse não entenderia os motivos.

Desde daquele fatídico dia já havia se passado alguns dias e Beatriz ainda se encontrava de castigo, sem poder comer absolutamente e nem adiantaria ela tentar comer as escondidas porquê de algum jeito sua mãe a vigiava.

Beatriz olhava os outros alunos enquanto eles comiam e se perguntava se um dia ela teria amigos — de repente Bianca se aproxima de Beatriz – ela veste uma saia azul royal, acima dos joelhos com uma blusa social branca e suspensórios amarelos e botas preta — ela traz em suas mãos uma bandeja contendo o almoço, ela olha sério para a irmã, mas aquele olhar também escondia algo e quando o olhar de Beatriz encontrou o olhar de Bianca ela percebeu que sua irmã era uma cópia fiel de sua mãe.

— Olá bastarda. — Bianca coloca a bandeja em cima da mesa. — Não vai comer não? — Ela puxa a cadeira e senta.

— O que você quer comigo? — Beatriz olha fixamente nos olhos de Bianca.

— Só vim ficar com minha irmãzinha. — Um sorriso maligno e ao mesmo tempo doce surge nos lábios dá mais velha. — Você é minha irmãzinha e tenho que cuidar de você. — Sua voz é carregada de sarcasmo.

— Não comece. — Ela abaixa a cabeça. — Me deixa quieta, por favor.

— Você está tão pálida. — Ela pega o garfo. — Quer um pouco? — Ela pega um pouco da comida e oferece a Beatriz. — Está uma delícia. — Ela come.

— Me deixa em paz. — Beatriz levanta. — Você é tão má.

—Não precisa elogiar. — Bianca pisca para a irmã. — Com fome?

— Não interessa. — Beatriz dá as costas para Bianca.

— Eu não falo para mamãe, pode comer. — Bianca joga o garfo no prato.

— Tchau Bianca. — Beatriz sai andando.

— Idiota. — Bianca grita pra Beatriz.

Beatriz continua andando sem olhar para Bianca — ela sente as pernas fraquejarem e as vistas escurecer — ela tenta se apoiar em algo, mas é em vão e ela desmaia, porém é impedida de cair no chão por Nicholas que a pega no colo — ele a leva para a enfermaria e a coloca deitada em uma das camas, ela é atendida pela enfermeira.

Se não fosse por Nicholas teria caído diante de todo o colégio e batido a cabeça em uma das mesas. Alguns minutos se passam e Beatriz finalmente abre os olhos, suas vistas tenta se acostumar com a claridade do local e aos poucos vão reconhecendo o ambiente onde se encontra.

— O que houve? — Ela senta na cama.

— Você desmaiou. — Ele pega o copo com água e entrega para ela.

— Obrigada. — Ela bebe um pouco da água.

— Beatriz a enfermeira disse que você está magra demais para sua idade. — Ele a olha de cima a baixo e percebe que a mesma se encontra mais magra. — E ela tem razão, você tem se alimentado?

— É... eu estou... — Ela olha para baixo.

— A quantos dias você não come? — Ele levanta.

— Diretor, estou bem. — Repreende-se mentalmente por estar mentindo.

— Beatriz sei que você está mentindo. — Caminha até a porta. — Já volto. — Retira-se em seguida.

— Se a mamãe descobrir, ela irá me matar. — Coloca o copo na mesinha ao lado da cama. — O que eu faço? — Volta a deitar na cama.

Beatriz já conhecia sua mãe muito bem e sabia que se desobedece a consequência seria terrível, mas ela estava sem comer há duas semanas e estava morrendo de fome e sabia que Bianca descobriria e contaria a sua mãe, mas dessa vez ela iria correr o risco — o diretor retorna à enfermaria trazendo uma bandeja contendo o almoço de Beatriz, ele se aproxima dela e a olha com ternura.

— Trouxe seu almoço. — Ele sorri para ela.

— Obrigada diretor. — Ela senta na cama.

—Coma tudo. — Ele coloca a bandeja no colo dela. — Por que você não está se alimentando?

— Por...é que eu... — Ela olha para a bandeja.

— Você pode confiar em mim. — Ele senta ao lado dela.

— Minha mãe me proibiu de comer. — Sem as lágrimas caem por sua face — Eu não posso comer. — Ela limpa o rosto.

— Desde quando você não come? — Ele desabotoa o paletó.

— Já tem duas semanas. — As lágrimas caem sem cessar. — Estou de castigo e não posso comer.

— Coma e deixe que eu cuide do resto. — Tira um lenço do bolso. — Limpe essas lágrimas e almoce. — Ele entrega o lenço para ela.

— Obrigada. — Ela limpa o rosto. — Obrigada.

— Coma tudo. — Ele sorri.

Beatriz almoça e Diego a supervisiona — depois de comer toda a comida ele a dispensa das outras aulas, mas ela insiste em ficar — ela assiste as outras aulas e sai do colégio ás 15:30 e volta para a casa sozinha.

Ela chega em casa e faz todas as tarefas de casa e do colégio, faz o jantar, arruma a mesa e se tranca em seu quarto.

É sempre assim a vida de Beatriz, ela tem medo de mudar e medo que a mudança a fizesse ser uma pessoa ruim, mas o verdadeiro medo dela era de nunca poder dizer aos pais que ela era como as outras, porém ela tinha um coração bondoso e generoso, mas o que ela realmente é? Ela é um anjo? É boa, generosa e caridosa e um dia Deus irá recompensar por tudo o que faz.

Para todos ela é uma aberração porque ela é boa, mas para quem a conhece — principalmente os mais velhos — sabem que ela é apenas uma criança em um corpo de adolescente e tudo o que ela quer é o amor de seus pais e como não tem isso, ela se apega a pequenos gestos de compaixão que pessoas desconhecidas tem. Para a família ela é um fardo, mas para o padre, as crianças órfãs, a madre, as freiras, os professores e para todos que ela ajuda ela é muito mais, é uma benção do Senhor.

Beatriz não odeia ninguém, não entende por que seu coração se recusa a sentir sentimentos ruins. Será que ela realmente não consegue ter sentimentos ruins ou apenas guarda tudo para si?