Charlie não foi para sua cama, passou a noite dormindo com seu amigo no colchão pequeno que estava jogado no chão. Mas não parecia nenhum pouco desconfortável, Charlie estava de costas para Kevin, e ele o abraçava com todo carinho. Assim passaram a noite, não se preocuparam com a reação de Mary ao acordar, pois ela foi a primeira. Ao ver aquela cena Mary não sabia o que dizer, tão fofo e ao mesmo tempo tão estranho, seus dois melhores amigos juntos, mais do que juntos, como um só ali abraçados. Estava tudo perfeito, até que a porta se abriu, era mãe de Charlie que vinha perguntar se todos estavam acordados para tomar café. Mary arregalou os olhos e ficou sem reação.

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– O que é isso? – Gritou a senhora Haskel – Acorde meninos ela continuou

Kevin deu um pulo do colchão e foi em direção a Mary, ficou atrás da amiga enquanto a senhora Haskel andava de um lado para o outro com a mão na cabeça

– Fala que não é o que eu to pensando? – Ela resmungou várias vezes

– É exatamente o que você está pensando, eu sou Gay – Charlie gritou sem medo e com toda a voz

– Você não é, diz pra sua mãe – Gritava ela não acreditando no que tinha acabado de ouvir

– Calma senhora – Mary tentou acalmar a situação

– Vocês dois já podem ir embora, por favor, isso é coisa de família – A Mãe de Charlie disse isso e apontou a porta.

Ela estava com os olhos cheios de água e vermelhos, Mary juntou suas coisas e Kevin fez o mesmo, os dois permaneceram em silêncio

– Você não pode expulsar eles daqui – Resmungou Charlie

– Não estou expulsando, só quero ter uma conversa com você – Ela berrou

– Não vou conversar se Kevin não estiver aqui – Disse Charlie correndo para os braços do amigo, não sei se a esse ponto poderíamos dizer amigo.

Depois da gritaria o senhor Haskel entra no quarto assustado, a cena que ele vê não o agrada nada, Charlie abraçando Kevin, de um jeito diferente, até carinhoso. O Pai de Charlie tenta várias vezes dizer algo mas acaba não falando nada, e resolve sair do quarto. Sua mãe sai em seguida e vai atrás do marido, que se senta na sala e começa a olhar para o alto, correndo lágrimas de seus olhos. Ele fica ali por alguns minutos de cabeça baixa e outras horas olhando para o teto, pensativo. E depois de alguns minutos chama Charlie, que estava ali parado no corredor.

– Venha filho – diz o senhor Haskel segurando a mão do filho – Eu não posso dizer que estou feliz com sua escolha, eu seria hipócrita se dissesse isso. Mas você precisa viver sua vida, mas viver plenamente feliz, não quero que você namore ou fique com alguém que não goste para agradar a sociedade, quero que você seja feliz só isso

Charlie se ajoelha ali perto do pai e lhe dá um abraço, os dois começam a chorar.

– Eu te amo pai, obrigado por me apoiar nessa hora tão difícil – Charlie sussurrou

Sua mãe que ainda estava ali em pé chorando, fica várias vezes olhando para os lados e depois acaba sorrindo numa mistura de choro e riso. Ela se aproxima do filho e olha em seus olhos, ela enxuga suas lágrimas e segura o rosto do filho.

– Perdoa sua mãe meu filho – Ela diz e começa a chorar

– Não tenho o que perdoar – diz Charlie abraçando a mãe

– Eu também quero que você seja feliz, com suas escolhas, seja elas qual forem, mas por favor, não guarde segredos de sua mãe tudo bem, eu quero saber sempre de tudo, não quero mais surpresas.

A família toda se abraça, é uma cena emocionante para Mary e Kevin que estão ali em pé observando tudo. Charlie se sente aliviado, e muito feliz, ele nunca pensou que poderia ser tão livre e tão feliz ao mesmo tempo. Mary e Kevin estavam saindo quando a senhora Haskel chamou a atenção dos garotos.

– Onde pensam que vão? – Ela disse enxugando o rosto

– Vamos para a escola – os dois responderam rapidamente

– Não vão sair sem tomar café, borá pra cozinha – Ela disse sorrindo – E me Desculpem garotos pelo que falei eu agora a pouco

– Tudo bem – disse Mary – foi uma surpresa pra mim também, meus dois amigos namorando

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– Cala sua boca o Nerd – Kevin deu uma cotovelada na amiga

– É estranho mas quero que você faça meu filho feliz ok – Disse a Senhora Haskel segurando uma espátula, brincando com a situação

– É melhor mesmo, estamos de olho – Disse O Senhor Haskel entrando na cozinha

Charlie foi para perto de Kevin e segurou sua mão, Kevin sorriu e ficou envergonhado ao mesmo tempo. Todos tomaram café ali aquela manhã, as brincadeiras de Kevin acabaram conquistando a paz e a união na família. Nem ao menos parecia que uma bomba havia explodido naquela casa, o clima ficou super leve, os pais de Charlie não desprezaram o filho e muito menos seu agora namorado Kevin. Até pegaram uma carona com a mãe de Charlie pra escola, Charlie foi cantando uma música, o que nunca havia feito antes, sua mãe percebeu sua alegria e isso a motivou a aceitar o filho como ele era, isso a fez entender que a felicidade as vezes não está onde imaginamos.

– Bom chegamos boa aula meninos e comportem-se – Disse a senhora Haskel

– Beijos mãe – Disse Charlie

Eles desceram do carro, e lá estava o colégio, como encarar essas pessoas agora? Charlie não sabia o que fazer. Kevin nunca comentou a atração que sentia, mas não tinha medo de que soubessem. Ao menos sua família já sabia, mas no colégio ele nunca havia contado a ninguém, nem mesmo a seus melhores amigos, Charlie e Mary. Mas ao ver o namorado paralisado ali sem saber o que fazer, Kevin no mesmo momento segurou a mão de Charlie e caminhou até a porta do colégio. Todos os alunos paravam para olhar, foi um choque para alguns, outros diziam ‘’É isso ae’’ outros riam, outros diziam ‘’Parabéns felicidades’’ alguns sinceramente, outros na gozação, mas o importante era que todos soubessem que os dois estavam juntos, e não importava a opinião de ninguém.

Na porta do colégio eles soltaram as mãos, pois no colégio era proibido andar de mãos dadas, qualquer tipo de relação era proibido durante o horário de aula. Charlie e Kevin foram tranqüilos pelo corredor, ouvindo Mary contar uma história de uma prima que ela conheceu nas férias passada. Quando Charlie entrou na sala seguido de Kevin e Mary, alguns alunos bateram palma, outros olhavam com olhares maldosos.

– Eu sempre pensei que vocês eram um casal – Disse Tedy com uma voz irônica

– Ao menos eu tenho alguém, não sou um virgem solitário que paga de bonzão e não pega ninguém – Respondeu Charlie friamente

Imediatamente o sorriso de Tedy se desfez, ele se sentou e ficou de cabeça baixa, enquanto os alunos zuavam ele pela tirada que ele recebeu. Charlie e Kevin se sentaram em seus lugares, Mary foi até a mesa da professora perguntar coisas da última aula, com certeza ela não havia feito a lição e estava tentando fingir para a professora que estava muito interessada na matéria.

A aula começou depois de alguns minutos. Charlie nem tinha reparado que Nick não estava em sua carteira. Depois de alguns minutos se ouve alguém bater na porta.

– Posso entrar? – Disse Nick entrando ofegante na sala

– Claro – Disse a professora

Nick se sentou em sua e ficou ali arrumando suas coisas. Charlie olhou apenas uma vez para Nick, depois se lembrou de Kevin, seu beijo, a noite dormindo abraçados, a pele de Kevin contra sua, o cheiro que ainda parecia estar grudado em sua pele. Charlie balançou a cabeça e fixou seu olhar no livro que a professora deu aos alunos.

A aula passou rápido, Charlie nem ao menos notou a hora passando, o sinal do intervalo tocou, quando todos menos esperavam. Charlie arrumou suas coisas debaixo da mesa e saiu andando em direção a porta, ele esperaria Kevin ali. Mary o acompanhou, Kevin estava terminando de arrumar suas coisas, e enquanto isso Nick se aproximou de Charlie outra vez segurou seu braço, Charlie se afastou puxando seu braço

– Já pedi desculpas por te ignorar cara – Disse Nick com a voz rouca

– E eu já aceitei, de verdade, mas não precisa pegar meu braço pra dizer isso – Charlie respondeu seco e frio

– Porque está assim tão bravo comigo? – Insistiu Nick

– Bravo? Eu? Eu realmente fiquei chateado pelo fato de você ter nos ignorado ontem, mas não estou bravo, de verdade – Desabafou Charlie

– Que bom estou mais aliviado em saber – Nick tentou colocar a mão nas costas de Charlie, mas o garoto se afastou novamente.

Charlie sorriu para Kevin que estava vindo em sua direção. Mary ficava ali parada olhando a cena, rindo e ao mesmo tempo preocupada, ao ver a reação de Nick ao saber do namoro de Kevin e Charlie. Os dois se aproximaram e deram um selinho na frente de Nick e Mary, depois deram as mãos e saíram pelo corredor. Nick não acreditava no que estava vendo, ele ficou parado sem reação, apenas observando enquanto Kevin e Charlie desfilavam pelos corredores de mãos dadas, na frente de todo colégio.

– Ei Char você viu a cara do Nick – Disse Mary rindo da situação

– Não reparei na cara dele, esse idiota aqui pisou no meu pé – Falou Charlie sorrindo olhando para Kevin

– Seu bobo, foi só uma pisadinha, não exagera – Disse Kevin empurrando delicadamente Charlie

– Ah é – Charlie respondeu – Então venha cá, pra mim dar uma pisadinha no seu também

Charlie e Kevin saíram correndo pelo corredor, quebrando as regras do colégio, de mãos dadas e se beijando a cada cinco minutos. Mary já estava se acostumando com tudo isso, até mesmo começou a ajudar os dois para que o diretor não os pegasse se pegando.

Eles não foram ao refeitório, pegaram um lanche e foram para o banco do pátio, o mesmo banco de todos os dias. Charlie se sentou na ponta do banco como sempre, e Kevin se sentou no meio de suas pernas, como um verdadeiro casal de namorados, o que chamava a atenção de muitas pessoas.

– Vocês estão vendo? Todos estão olhando para nós, somos celebridades agora – Brincou Mary

– Ah qual é, eles estão olhando para mim, é claro sou lindo – Charlie entrou na brincadeira

– Desculpem, mas eu sou o mais lindo ok – Soltou Kevin

Os três riram

– O que vocês vão fazer no final de semana? – Perguntou Mary

– Bom eu nada – Respondeu imediatamente Kevin – E você mor?

– Hum, vamos ver, tenho que ficar sobre a proteção de meus pais super protetores – Charlie respondeu ironicamente, rindo da situação

– Tem uma festa de uma amiga, vai ser muito legal, podíamos ir todos juntos, vai ser incrível – Comentou Mary

– Gostei da idéia – Disse Kevin

– Você vai ter de convencer meus pais pra poder me levar, e que vai cuidar de mim essas coisas – disse Charlie alisando o cabelo de Kevin

– Eu convencerei eles, deixa comigo é fácil – Brincou Kevin, segurando a mão de Charlie, alisando e a beijando a todo momento.

Os três ficaram ali conversando sobre a festa. Nick passou por ali e viu a cena, Charlie estava muito feliz, estava sorrindo e parecia muito empolgado. Nick se sentiu mal por um tempo, algo dentro dele queria correr ali e dar um beijo em Charlie o abraçar e não deixar ninguém se aproximar. Mas era só o que ele imaginava, ele não teria coragem de fazer isso, mas ficava de longe olhando a cena, com uma lágrima escorrendo pelo canto dos olhos. Nick abaixava a cabeça a cada beijo que Kevin dava em Charlie, aquilo estava ficando insuportável para Nick, ele resolveu sair dali.

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Depois que o sinal tocou e a aula começou, Charlie e Kevin ficavam o tempo todo mandando recados um para o outro. Charlie escrevia suas poesias e frases, mas Kevin só sabia desenhar animais ou caricaturas engraçadas, que faziam Charlie rir, até porque os desenhos ficavam ruim demais. Assim passou a aula, a professora mandou que todos guardassem suas coisas que a aula havia terminado. Depois todos ficaram em silêncio, até que o sinal tocou, ai foi aquela correria de sempre.

Charlie e Kevin saíram juntos pelo corredor, Mary disse que os alcançava, ela precisava falar um instante com a professora. Charlie e Kevin foram andando conversando sobre a festa que rolaria no fim de semana. Nick esperou Mary para poder conversar com ela, depois que a professora saiu da sala e Mary estava sozinha, ele pulou na frente da garota que deu um grito

– que droga Nick você me assustou cara – ela falou segurando o peito, pálida e ofegante

–Me desculpa – Disse Nick – Eu precisava falar com você

– O que foi? – ela perguntou caminhando, ele a seguia pelo corredor

– Charlie e Kevin, é sério? – Ele perguntou

– Muito, sério – ela respondeu friamente

– Mas ontem mesmo eram apenas amigos

– É até Charlie confessar seus sentimentos, e bom deixa pra lá – ela desconversou

– Não me diz, o que? – Nick ficou curioso

– Ontem dormimos na casa de Charlie, e bom, Kevin e Charlie se acertaram e tal,

– Espera? Kevin dormiu na casa de Charlie? – Perguntou Nick assustado

– Sim, e não só dormiu na casa, mas no mesmo colchão que Charlie, os dois são tão fofos juntos, e não sei porque estou contando isso a você.

Nick ficou em silencio de cabeça baixa. Ele sentiu a mesma dor que Charlie sentiu, mas uma dor maior por pensar que Charlie havia passado uma noite de amor com Kevin, isso explicaria todos aqueles carinhos que eles estavam fazendo um com o outro. Nick sentiu muita tristeza, seus olhos ficaram vermelhos, Mary percebeu que isso o afetou, por isso resolveu não tocar mais no assunto.

– Olha Nick, vou ser sincera, Charlie me fez jurar que não contaria a ninguém, mas pra você acho que posso, ele me contou o que houve entre vocês dois, mas fique tranqüilo, eu não vou contar isso a ninguém, mas quero lhe pedir, que deixe Charlie ser feliz, ele pode ter tão pouco tempo, se você não pode dar essa felicidade a ele, deixe que outro dê ok

– Me perdoa, desculpa – Nick disse isso e saiu correndo, seus olhos vermelhos começaram a escorrer.

Mary se sentiu um pouco mal por dizer isso a ele, mas era o melhor, ela queria ver o amigo feliz, e sabia que alguém complicado como Nick só faria o amigo sofrer, e ela não queria que além da doença ele sofresse por amor. Mary fingiu que nada havia acontecido e se despediu dos amigos. Charlie deu um beijo em Kevin na frente do colégio todo, e depois foi para o carro de sua mãe. Ele mal podia esperar pelo fim de semana, essa festa seria sua primeira, e esperava que fosse inesquecível.