"Tem certeza, cara?" o menor sorriu o mais incerto que seu estado bêbado pudesse lhe permitir.


"Meu irmão menor é mais bêbado e desleixado que eu que sou o mais velho, isso não está certo, não acha?" Percy deu-lhe uma cotovelada, sinal para ficar quieto. Tyson riu. "O que foi isso? Medo?"


Percy sorriu torto. "Jamais" ele lhe passou uma lata "Tente se enturmar e... vai devagar com a bebida" alertou.


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O moreno dando avisos? Se havia sido a serio ou não ninguém saberia dizer.


"Tente me acompanhar".


Tudo se embaçou, escureceu e em seguida foi substituído por uma cor em vermelho piscante e o som tremendamente alto de uma ambulância seguido de carros numa escuridão profunda.

Percy se remexeu inquieto.

Cadeiras de hospital conseguiam ser as coisas mais desconfortáveis e tremendamente irritantes além de uma dor de cabeça e torcicolo na certa para qualquer um que decidisse tirar um simples cochilo ali. Seu pescoço doía, quase latejava.

Cadeiras de hospital?

Seus olhos se abriram e piscaram enquanto o moreno tentava pensar.

Ah, sim.

Rhoda.

Sua ligação não poderia tê-lo afetado de modo pior.

E é tudo culpa minha.

Sim, era verdade. Percy nunca duvidara ou escondera isso.

Apenas diversão, era tudo que Tyson queria: diversão. Mas estaria mentindo se dissesse que não sabia o real propósito do irmão.


"Por que está se afastando de mim, cara? O que esta acontecendo com você?" já era quase a quinta vez que perguntava.


Mas Percy não tinha tempo.

Já eram quase 16h e meia, tinha de correr, queria chegar cedo para vê-la entrar com seus cachos loiros dançando em seus ombros e seus olhos decididos, inteligentes e... qual seria a palavra?

Angelicais.

Como um anjo.

Torcer para que não o percebesse embora seu interior clamasse para que sim.


"Irmãozinho" sua voz era preocupada, mas cautelosa "Esta usando drogas?"


Não poderia dizer que não havia pensado na possibilidade de responder que sim. Olhar para aquela garota era como uma droga. Sua droga. Totalmente viciante.

Ele não sabia se eram seus olhos desafiadores e enigmáticos como uma tempestade pairando sobre um céu azul, seus lábios maravilhosamente cheios e vermelhos como uma cereja recém colhida na chuva – esperando para serem beijados – ou então... ou então...

O garoto não sabia dizer.

Tudo nela parecia tão... perfeito, tão... convidativo.

Cabelos sedosos, pele macia... Será que eram realmente assim? Ele queria tanto ao menos tocar seu rosto para descobrir... Beijar seus lábios, ou sentir seu cheiro.

Que cheiro continham aqueles cachos?

Ele nunca fora corajoso o suficiente para ao menos descobrir.


"Perseu Jackson" soltou o irmão "nem ouse me dizer que estou certo".


Percy piscou seus olhos, voltando a realidade.


"Conversamos quando eu voltar".


E se foi.

Mas cumprira sua promessa.

Apaixonado – fora seu diagnóstico.

Por que todos tinham que lhe dizer isso? Quer dizer, ele não poderia. Não ele. Só manés se apaixonavam.

Curiosidade, só isso. Curiosidade.


"Uma curiosidade um pouco obcecada demais não acha?"perguntara Tyson.


"Ah, Cale a boca".


Percy sorriu.

Como gostaria de ouvir suas implicações de novo... Mas agora com tantos aparatos eletrônicos e tubos conectados ao irmão parecia impossível.

O moreno nunca gostara de hospitais eles eram sempre... deprimentes demais. Com memórias ruins demais.

Não era para ter sido assim.

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Tyson sempre fora um ótimo motorista e responsável demais para deixar qualquer um ao volante – ainda mais um colega bêbado –, mas exigir qualquer coisa de si num estado talvez pior em termos de bebida do que o outro não estava correto. Estava?

Ah, Tyson... eu sinto tanto...

O moreno pôs a cabeça entre as mãos, suspirou voltando a olha-lo em seguida.

Coma alcoólico, jazia escrito ao pé da cama.

E é tudo culpa minha.


– Percy? – era a voz de uma menina que vinha da porta.


Ela tinha sido aberta?

O garoto limpou seus olhos já vermelhos, mal conseguira dormir naquela noite.


– Ficar tanto tempo aqui não vai lhe fazer bem, você precisa sair. É sério. – em momentos como esse Rhoda sempre parecia agir como se fosse sua mãe, afinal era a mais velha dos quatro irmãos, porém de um jeito muito mais dócil, um jeito apenas dela – Hélio e eu cuidaremos dele, vá para casa, para a escola – ela o tomou pelos ombros – resolva sua vida, ok? Vai ficar tudo bem, prometo.


Percy tentou sorrir.

Tentou.


– Ainda está com esse cara?


O rosto da morena assumiu um tom avermelhado.


– H-Hélio é uma pessoa muito doce e eu... eu acho realmente que...


– Urgh! – exclamou o garoto em uma expressão de nojo fingido – Certo, mudei de ideia não quero ouvir.


Rhoda sorriu.


– Eu... – e Percy aclarou a garganta – Vou pra casa – já de costas, ele abriu a porta – E Rho... – por que ele tinha que ser o irmão mais novo? Aquilo realmente acabava com o seu orgulho – Obrigado.


A irmã mais velha suspirou enrolando nos dedos um de seus poucos cachos negros, mania que desde pequena nunca conseguira tirar.


– Bobo – e virou-se para o garoto na cama, sentando-se ao lado da mesma. Seus olhos antes gentis, suaves e calmos perante o moreno perderam-se tristes no rosto pálido daquele jovem.


Poderia ser considerado estranho e muito fora do normal que 4 irmãos provenientes do mesmo pai, mas de mães diferentes fossem tão unidos, ou ao menos 3 dos irmãos já que se tratando de Tritão não se podia contar com isso, ao menos não tão instantaneamente.


– Rode? – chamou Hélio em seu apelido carinhoso, ele lhe abraçou por trás, uma tentativa de lhe transmitir segurança – Tudo bem?


Ela apertou a mão de Tyson.


– Vai ficar tudo bem, eu sei – uma lágrima solitária escorreu de seus olhos azuis-piscina – Vai ficar tudo bem, né?


O abraço se tornou mais forte, firme e carinhoso. Hélio não sabia, nem tinha idéia, se ela perguntara a ele ou estava apenas tentando se convencer, mas ele estaria para ela sempre que precisasse, mesmo que não quisesse.


...

Um barulho similar ao de chaves foi o que o despertou dessa vez, porém, nem por isso seu pescoço e cabeça pararam de latejar.

Maldita dor de cabeça.


– Achei você então – era um voz quase tediosa, sempre a mesma voz tediosa e calma.


– Nico – resmungou Percy.


O garoto aparentou surpresa em sua expressão calma e em seus olhos negros.


– Então ainda está vivo? Depois de semanas sem noticias suas pensei que estivesse morto.


O corpo jogado de Percy na cama soltou um grunhido, uma tentativa de riso.


– E você normalmente conversa com mortos assim? – e sentou-se.


– Quem sabe? – o de pele alva apoiou-se no batente da porta.


Dessa vez Percy conseguiu rir, seu corpo frouxo e fraco, ele virou seu rosto para Nico.


– E o que quer?


O de olhos negros sorriu.


– Vou tirá-lo daqui – ele não parecia duvidar ao dizer – você querendo ou não.


***

End of chapter 03.


leia as notas finais, por favor