Meu Bônus Infernal

Pais e filhos


Mergulhei minhas mãos na água gelada da torneira, e as ensaboei. Quando finalmente as enxuguei, coloquei-as no bolsa tentando aquecê-las. O Alabama era um inferno, tanto no calor quanto no frio.

Estendi a direita e rodei a maçaneta, abrindo a porta do banheiro.

– Finalmente! – Exclamou Ares grudado na porta. Arregalei os olhos.

– Você ficou esperando grudado na porta? – Reclamei achando aquilo absurdo – Qual é o seu problema?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Qual é o seu problema? Você nunca acorda cedo assim. – Rebateu, mas por incrível que parecesse ele não parecia irritado.

– Você nunca acordou de manhã apertado para ir ao banheiro? – Retruquei cruzando os braços e me protegendo do frio – Esse é o único motivo para eu acordar cedo. Não consegui voltar a dormir.

– Não, eu não costumo ter esse problema. – Respondeu com simplicidade.

– Como assim? Todo mundo acorda com a bexiga cheia. – Franzi o cenho.

– Você quer mesmo que eu explique para você como funciona o sistema urinário dos Deuses? – Perguntou olhando para mim. Eu franzi o cenho. Já era bizarro o suficiente saber como eles controlavam ter ou não filhos.

– Vamos deixar isso para outro dia. – Bocejei e saí do banheiro. Ares me seguiu de perto. Aquilo já estava me assustando – O que deu em você?

– Eu disse que precisamos falar sobre o nosso futuro. – Repetiu impaciente e inquieto. Eu franzi o cenho.

– Do que você está falando? – Perguntei estranhando – Você acordou agora. Devia estar pensando no que quer de café da manhã.

– Só fica quieta, porque isso é importante. – Respondeu inquieto. Eu parei perto da porta do quarto onde Apolo estava e suspirei pesadamente.

– Fala então.

– Aqui? – Perguntou ele olhando em volta – Estamos no meio do corredor.

– Precisa ser em algum lugar especial? – Perguntei não entendendo nada.

– Bem... – Eu estranhei ainda mais.

– Uou... Calma aí. Ares, o que você quer dizer? – Perguntei assustada. Ele olhou em volta e assentiu.

– Tudo bem. Pode ser no corredor mesmo. – Ele se ajoelhou na minha frente e meu coração parou de bater. Meu sangue começou a correr frio pelo meu corpo e meus olhos se arregalaram. Ele olhou para mim com determinação, seriedade e intensidade.

– Alice Kelly... – Se eu tivesse algo no meu estômago eu vomitaria de nervoso.

– Ares, levanta. – Pedi baixinho negando com a cabeça. Ele não pareceu ouvir, e o que disse me deixou ainda mais preocupada.

– Eu quero os seus filhos. – Meus olhos quase saltaram.

O que?! – Gritei mais alto do que deveria. Ares estendeu a mão e colocou sobre a minha boca. Ele olhou em volta para ver se alguém tinha acordado, mas por sorte nenhuma porta se abriu. Eu, no entanto, não estava pensando se meus parentes acordariam ou não, e sim no que ele queria me dizer com aquilo.

– Eu disse para não ser no corredor. – Falou enquanto me arrastava para a sala de estar. Ares literalmente teve que me levar debaixo do braço pela escada, pois eu não conseguia nem mesmo mover minhas pernas.

O tempo todo tampando minha boca, claro.

Quando ele finalmente colocou-me no chão e soltou a minha boca, eu apontei para ele e exigi uma explicação.

– Você ficou louco?! – Perguntei com a voz desafinando – O que deu em você hoje de manhã?! O que está passando nessa sua cabeça?!

– Eu quero que você saiba que quero ser o pai dos seus filhos, e eu tenho certeza que vou fazer um bom trabalho. E eu juro que vou ficar do seu lado e que vou escolher um nome bonito, porque eu sei que você é péssima com isso. – Ele foi falando mais rápido do que meu cérebro podia entender – E eu não ligo se ele vai ser meu ou se você não tiver certeza que vai ser meu, porque eu vou ser o pai. Não vou deixar você na mão só por causa de um deslize que você possa ter cometido com... Você não fez nada com ele, não é?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele se interrompeu e apontou para cima, provavelmente se referindo a Apolo. Eu cerrei meus punhos.

– Eu vou socar sua cara. – Respondi ainda fitando-o.

– Tá, não importa se você fez isso ou não, porque eu sei que nós podemos continuar juntos. – Falou negando com a cabeça – Eu só quero que a nossa família seja feliz, e que essa criança possa crescer com dois pais...

Ele tinha se ajoelhado de novo e colocou as mãos sobre a minha barriga. Em um ápice de nervoso, afastei as mãos dele, segurei a gola da sua camisa forçando-o a levantar e acertei seu rosto com um tapa. Ares piscou os olhos, atônito.

– Acabou? – Perguntei fitando-o, e ele franziu o cenho para mim como se não esperasse essa reação – Eu vou deixar uma coisa bem clara para você. Não tem criança nenhuma!

Gesticulei mostrando minha barriga.

– Não tem nada aqui e nem vai ter. Entendeu? – Falei nervosa, mas depois uma coisa passou por minha cabeça. Meu queixo caiu e eu olhei para Ares assustada – Você...?! Você pensou em ter uma criança quando a gente...?!

– O que? Não! – Exclamou para mim.

– Tem certeza? – Perguntei logo em seguida, tomada de nervoso.

– Eu...

– Tem certeza ou não, Ares?! – Exclamei com raiva e insegurança. Ele negou com a cabeça.

– Eu não pensei em ter um filho! – Exclamou de volta para mim – Eu pensei em como você é gostosa, e em como eu gosto da sua bunda, mas não em um filho!

– Ares, escuta... – Disse respirando fundo e tentando me acalmar. Eu ri de nervoso – Ares, se eu tiver um filho seu porque você quis um e não me contou... Eu caso com você.

POV Ares

“Eu caso com você”

Arregalei os olhos. Eu estava inquieto e nervoso desde que acordara daquele sonho estranho, mas aquela frase tinha me deixado mais surpreso do que tudo que acontecera.

Eu deixei escapar um sorriso torto, e senti a dor do tapa que Alice me dera.

– Mesmo? – Perguntei surpreso por ela querer casar comigo.

– Mesmo. – Assentiu olhando para mim – Eu vou casar com você e vou deixar a sua mãe arrumar o casamento inteiro. Depois eu vou dar um jeito da minha mãe se tornar imortal, vou pegar todas as nossas coisas e vamos nós duas morar no seu templo.

Aí eu notei que era uma ameaça.

– E eu e ela vamos seguir você em todas as reuniões, eventos e lugares que você for. Eu vou tornar a sua vida um inferno. – Falo rangendo os dentes.

– Você fala como se eu fosse armar para cima de você para ter um filho. – Disse rindo de nervoso – Eu não faria isso.

Talvez eu fizesse sim, mas não depois dessa ameaça.

– Bom. – Alice assentiu – Então me diz, de onde veio toda essa ideia de falar sobre ser pai e criar filhos?

– Eu... – Eu respirei fundo – Eu sonhei que você estava grávida. E que você não sabia de quem era o filho, e que a sua mãe ficava se metendo o tempo todo, e que você ficava com raiva porque eu odiava ela, e...!

– Até nos seus sonhos você odeia a minha mãe?! – Falou chocada.

– Por que você sempre fica surpresa?! Você sabe que eu odeio a sua mãe! – Respondi irritado, mas depois suspirei pesadamente – Eu só quero que você saiba, que eu posso ser um bom pai se você quiser que eu seja. Se você quiser um filho algum dia, ou se isso simplesmente acontecer, eu vou estar aqui.

Alice olhou para mim e assentiu devagar, como se tentasse digerir a situação.

– Isso realmente me pegou de surpresa, mas... Acho que entendi agora. – Ela assentiu de novo – Obrigada. Isso foi muito legal da sua parte.

– De nada. Eu realmente quero isso, sabe? – Assenti de volta.

– Um filho? – Perguntou arregalando os olhos novamente.

– Não, lesada! – Exclamei ao ver que ela não entendera novamente – Ser o pai do seu filho hipotético.

– Do meu filho hipotético. – Repetiu franzindo o cenho – Você quer dizer então que, hipoteticamente, se eu tivesse um filho você gostaria de ser o pai dele.

– Finalmente você entendeu. – Comemorei. Alice suspirou aliviada e se jogou no sofá.

– Ah, meus Deuses, eu pensei que você ia dizer que eu estava grávida. – Disse relaxando por fim – Você é tão ruim com discursos.

– Eu sou bom com discursos! – Exclamei de volta – O problema é que você é retardada demais para me entender.

– Ares, eu traduzo textos de espanhol para inglês. Eu não tenho problema em entender quase nada. – Respondeu revirando os olhos. Eu ia rebater aquilo, mas Alice me interrompeu olhando para mim – Como eu era grávida?

– O quê? – Perguntei piscando os olhos, e então me toquei que ela queria saber sobre o meu sonho. Resolvi implicar um pouco – Gorda. Bem gorda. Gordona. Que nem aquelas mulheres mal amadas que comem um pote de sorvete em minutos e ficam rodeadas de gatos.

– Mentira. – Falou chocada – Você está mentindo, eu não seria assim.

– E seu cabelo pode ficar ainda mais bagunçado do que agora. Parecia uma juba de leão. – Continuei – E você parecia uma menininha chorando o tempo todo. “Eu não consigo abrir o vidro de ketchup! Buá!”.

– Eu não ia ser assim! – Exclamou para mim irritada.

– E toda carente por mim. – Disse abrindo os braços – Era só eu chegar em casa que você já se jogada para mim.

– Uhm... – Alice parou para pensar – É.

– É o quê? – Perguntei rindo.

– O filho ia ser mesmo do Apolo. – Assentiu para implicar comigo.

– Ah, ia? Ia sua traidora miserável? – Perguntei avançando contra ela no sofá. Alice começou a rir tentando se esquivar, mas eu a segurei e puxei contra mim, colocando-a sentada sobre meu colo – Ia trair com ele, é?

– Talvez. – Riu ela tentando se esquivar de mim mesmo sendo inútil.

– Então enfrente as consequências. – Respondi. Alice negou a cabeça para mim ainda rindo.

– O que vai fazer? – Perguntou erguendo uma sobrancelha. Eu a encarei por alguns segundos, enquanto decidia mentalmente.

– Morder sua gordurinha. – Respondi.

– Eu não tenho gordurinha! – Exclamou me dando um tapa no braço. Eu fui direto com minha cabeça para sua barriga e puxei sua camisa para cima, mordendo a primeira dobrinha de gordura. Alice se debateu e caiu para trás, deitada no sofá – Ai! Isso dói!

– Você não disse que não tinha gordurinha? – Rebati rindo pra ela. Antes que pudesse responder, eu apontei para sua barriga – Olha! Outra!

– Para! – Exclamou depois de levar outra mordida – Eu vou bater em você, seu idiota! Saí de cima de mim!

Ela conseguiu escapar e se colocou de pé na minha frente. Eu deixei-me cair no sofá e comecei a rir maldoso olhando para Kelly.

– Own, não fica assim, benzinho. – Disse para implicar – Eu tenho uma queda por garotas gordinhas.

– Você não vai ser o pai nem dos meus filhos adotivos, imbecil. – Respondeu saindo marchando para a escada, irritada. Eu prendi o riso e a observei sem dizer uma palavra. Alice notou que estava silencioso demais e virou-se para olhar para mim – O que foi?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Nada. – Respondi ainda prendendo o riso.

– Fala logo! – Reclamou colocando as mãos na cintura.

– Eu adoro quando você saí andando apressada e com raiva, porque sua bunda... Você fica com um ótimo rebolado. – Respondi rindo malicioso. Alice corou e balançou a cabeça.

– Você não presta mesmo. Não estava todo gentil faz alguns minutos? Para onde foi toda essa gentileza? – Perguntou cruzando os braços e tentando passar seriedade, mas eu sabia que era só fingimento. Alice detestava ceder.

– Quer que eu te mostre? – Respondi sorrindo torto. O rosto dela ficou ainda mais vermelho. Alice desviou o rosto para a escada, embora estivesse com vergonha de virar de costas para mim novamente – Para onde você vai, benzinho?

– Eu tenho que voltar para a cama. – Respondeu voltando a olhar para mim.

– Tem nada. Você já dormiu com ele, agora já chega. – Respondi incomodado. Ela balançou a cabeça, incerta – Vem cá. Vamos, vem pra cá comigo.

– Não. – Respondeu olhando para a escada novamente.

– Vai voltar para ele? – Perguntei incomodado.

– Vou pegar uma roupa mais quente. – Disse abraçando-se – Estou morrendo de frio com esse pijama.

– Nossa, mesmo? Ele parece tão quentinho. – Disse em ironia, olhando para seu short curto e para a camisa de alcinha. Alice fez uma careta para mim e voltou a andar até a escada.

– E para de olhar para a minha bunda! – Exclamou olhando por cima do ombro e me pegando no flagra.

– Eu estou olhando para as suas pernas de graveto, sua pirralha chata. – Reclamei indo atrás dela. Não queria dar a chance a Apolo de acordar e encontra-la no corredor sozinha. Andei com Alice até a porta do quarto dela.

Antes que ela pudesse abrir a porta, alguém saiu de seu quarto. Ela piscou os olhos um tanto surpresa, e eu também. A mãe/militar estava com o cabelo completamente bagunçado, e descia a escada com uma cara de sono enquanto abotoava sua camisa completamente aberta. Ao nos ver, Jenny desistiu dos botões e resolveu só tampar-se puxando o tecido com as mãos mesmo.

– Alice! – Exclamou com a voz falhando. Seus olhos estavam um pouco arregalados, e ela sorriu em nervosismo – O que você está fazendo acordada tão cedo?

– Eu... – Alice franziu o cenho sem entender nada. Percebi que eu era o único que tinha sacado a situação. Prendi o riso desviando o rosto para o canto – Eu vim pegar uma roupa de frio para eu me trocar.

– Ah, sim. – Ela assentiu um tanto rápido demais e depois apontou para a porta com o dedão – Eu... Eu vim pegar as toalhas limpas.

– Mesmo? E onde estão as toalhas limpas? – Perguntei sorrindo torto e fingindo-me de inocente. Ela olhou para mim com um olhar assassino e se corrigiu.

Deixar as toalhas limpas. Eu vim deixar. No armário. – Corrigiu.

– Você é tão dedicada. – Sorri para ela.

– Você é tão carinhoso. – Rebateu sorrindo forçadamente para mim.

– Eu aposto que não mais do que você. – Retruquei rindo sem conseguir evitar. Alice olhou para mim e franziu o cenho, começando a achar aquilo estranho.

– Tá. Eu vou pegar a minha roupa. – Alice tentou subir os degraus para passar pela porta, mas Jenny entrou na frente por reflexo – Mãe?

– Quer que eu pegue para você? – Perguntou sorrindo e coçando a nuca – Para não acordar o seu pai. Você costuma fazer barulho, e...

– Você não faz barulho? – Perguntei de implicância.

– Cala essa boca. – Respondeu para mim e depois olhou para Alice – Eu... Ah, deixa. Eu tenho que... O Will... Tchau.

Ela passou por nós com o passo apressado, como se tivesse algo muito importante para fazer ou algum lugar muito importante para estar que não aquele. Eu comecei a rir e Alice olhou para mim estranhando.

– Eu espero... Não ter entendido. – Murmurou olhando para a porta.

– Acho que você vai entender quando entrar no quarto. – Comentei de volta. Alice balançou a cabeça negando para si mesma.

– Não. Ah, não... Claro que não. – E entrou no quarto sem se importar muito com o barulho. Ela acendeu um abajur no canto do quarto, e mesmo com aquela luz amarela precária, deu para ver todo o cenário.

No chão estavam as roupas de Hermes, completamente espalhadas e chutadas para os cantos. O próprio Hermes ainda estava dormindo, de bruços e aparentemente pelado (tirando o lençol que o cobria da cintura para baixo). O queixo de Alice caiu ao finalmente entender o que tinha acontecido.

– Eu te disse. – Murmurei no ouvido dela. Alice passou a mão pelo rosto ainda em choque. Eu me abaixei e peguei duas peças de roupa no chão só para implicar mais um pouco. Você pode me culpar? Isso era muito divertido.

– Eu não acredito. – Disse ainda de queixo caído.

– Isso te ajuda a acreditar? – Perguntei colocando um sutiã branco na frente do rosto dela. Alice acertou meu braço com um tapa, e o estalo dele fez Hermes se mexer um pouco na cama.

– Isso é nojento! Para de rir! – Exclamou para mim. Eu continuei rindo.

– Nojento seria se ele não lavasse as cuecas como não lava as meias. Mas parece limpinho, não? – Perguntei colocando a cueca cinza de Hermes perto de Alice. Ela acertou outro tapa, só que dessa vez na minha mão. A peça de roupa caiu no chão ao som dos meus risos. Hermes se espreguiçou.

– Querida...? – Perguntou esfregando os olhos e vendo Alice – Ah, Alice.

– Eu não acredito que você fez isso. – Reclamou avançando em direção dele.

– Fiz o quê? – Perguntou com a voz falhada de sono, enquanto coçava a cabeça.

– Você e a mamãe...! Argh! Você...! – Ela piscou forte no chão, morrendo de indignação – Eu durmo aí! Essa é a minha cama, e agora eu vou dormir nela pensando no que vocês fizeram nela, e isso é tão nojento!

– Quê? – Perguntou confuso, e depois se tocou ao ver as roupas espalhadas no chão – Ah. Isso. É, é uma situação um tanto embaraçosa. – Ele se ajeitou na cama – Eu realmente tinha que ter dobrado as roupas como a sua mãe falou, mas eu não estava muito a fim disso. Pequeno erro.

Grande erro! – Exclamou de volta para ele – Ela...! Ela é casada! Vocês não podem fazer essas coisas!

– Ela é casada com um idiota. – Ele encolheu os ombros.

– Ele não é um idiota, ele é o meu pai! – Exclamou de volta com ainda mais raiva – E você que está agindo como um idiota. Não tem nada a dizer?

– Quando um homem e uma mulher se gostam muito, eles... – Alice o interrompeu.

– Deixa eu clarear as coisas para você. Você roubou a minha cama, me fez dormir no chão, fica me vigiando o tempo todo para saber o que eu vou fazer com ele... – Ela apontou para mim – E para completar ainda faz isso na minha cama. E ainda assim não tem nada a dizer para mim?

Hermes estava com vontade de rir.

– Espera aí... Você quer que eu peça desculpas? – Perguntou olhando para a Alice, e viu que a seriedade dela dizia que sim – Querida, eu não vou pedir desculpas. Eu sou um homem adulto, bem mais do que isso, inclusive. E se tem uma coisa que eu tenho que dizer depois de tudo isso... – Ele abriu os braços – É que a cama aparentemente é minha agora.

Ele se acomodou novamente.

– E por ter me chamado de idiota e defendido o real idiota, eu vou voltar a dormir. – Respondeu já quase caindo no sono novamente. Alice respirou fundo, e eu percebi que as coisas iam ficar sérias.

– Se você não levantar daí em 3 segundos, eu vou fazer você se arrepender. – Disse rangendo os dentes.

– Zzzz...

– Um, dois...

– Zzzz...

Três. – Disse saindo do quarto com passos fortes. Eu a segui prendendo o riso.

– Kelly. Kelly! – Eu tentei a chamar ainda rindo – O que você vai fazer? Não tem como ganhar de um Deus, ou já não aprendeu isso comigo?

– É a minha cama! E isso virou uma guerra. – Bufou de volta.

A determinação e a coragem dela sempre me fazem lembrar do porquê de eu adorar a minha garota da guerra.