Mercy

Capítulo 29


Mas se quer ir, vá.

— Morro dos Ventos Uivantes.

14 de junho

Halifax, Nova Escócia, Canadá

Já fazia três dias que a Nuria e os seus dois protetores estavam em viagem, durante os três dias que ficaram no carro foram como pesadelos para os três; por mais que do lado de fora a estrada e o tempo tivessem bons do lado de dentro passar tanto tempo em um lugar fechado fez à saúde da morena piorar o que resultou em todos sentindo o seu mal estar.

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Ela não queria admitir mas o ex Anjo sabia o que era melhor pra ela e mesmo que tenham chegado vivos até lá, não estavam bem.

Eles não foram até a floresta como aconteceu da ultima vez que a filha da Escuridão esteve ali, Matiel parou o carro no centro da cidade descendo rapidamente dele e dando para ajudar a sua líder a descer do carro e ficar em pé mesmo que não conseguisse sozinha.

— Não precisa me dizer que estou péssima, eu consigo sentir isso muito bem. -a morena falou com a voz fraca se encostando no carro e no seu Anjo para se manter em pé.

— Eu não vou dizer isso, porque todos nós sentimos isso Nuria, estamos todos péssimos e não é só pela viagem de três dias, estamos sentindo o que você sente principalmente a Eva. -o moreno falou apontando com a cabeça pra vampira que estava dormindo no banco de trás do carro e parecia pálida igual a sua líder.

Nuria ficou sem reação começando a entender o que estava acontecendo durante toda a viagem até ali e nem tinha dado conta, ela estava sugando a energia dos dois mas diferente do Matiel que já estava se acostumando a mulher não sabia como lidar.

— O que vamos fazer? Não podemos deixar que ela continue assim, o que vai acontecer se eu continuar sugando a energia dela? -a morena perguntou sentindo a sua boca seca e sentindo o seu corpo ficando cada vez mais pesado a ponto de não conseguir se manter em pé.

— Vamos cuidar de você, e então vamos todos começar a melhorar aos poucos depois um descanso. -o moreno falou colocando ela de volta no carro e seguindo o caminho até um hospital que ele já tinha visto no caminho onde ele sabia que iria encontrar ajuda mas que também deveria tomar cuidado.

No momento em que o ex Anjo parou o carro em frente ao pronto socorro duas enfermeiras que pareciam estar retornando ao serviço correram para dentro e logo voltaram com duas macas colocando cada uma em uma enquanto mais funcionários se aproximavam deitando entender o que tinha acontecido para as duas estarem desacordadas.

— O que aconteceu? Você está bem? -uma das enfermeiras perguntou se aproximando e andando lado a lado com ele enquanto os dois seguiam as duas macas até a área de emergência onde colocaram as duas lado a lado.

— Eu estou bem mas a minha namorada não está, estamos fazendo um longa viagem e ela está doente e então nossa amiga também não vem se sentindo bem. -Matiel falou a primeira mentira que veio em sua mente, mesmo que não fosse completamente uma mentira.

— Qual delas é a sua namorada e o que doença ela tem? -a enfermeira perguntou fazendo ele apontar para a Nuria que tinha varias pessoas a sua volta conectando diversas coisas nela enquanto que somente colocaram uma bolsa de sangue e outra de soro.

— Ela está morrendo, descobrimos a alguns meses que os seus órgãos estão começando a falhar, os rins já estão começaram a parar, vamos começar a fazer a hemodiálise assim que nos estabelecermos. -ele respondeu baixo fazendo a enfermeira olhar chocado pra ele e sair correndo até os médicos que estavam cuidando dela.

Foram quase uma hora até finalmente levarem a morena até um quarto particular e nesse meio tempo Eva já havia acordado e agora já estava sentada ao lado do moreno; eles esperavam ansiosos o momento em que poderiam entrar no quarto e ver a Nuria principalmente porque ainda não tinham recebido notícias dela.

— Você é o namorado da Senhorita Hickman certo? Temos que conversar sobre o estado dela. -um Senhor vestindo jaleco falou se aproximando do moreno que se levantou acompanhando ele até uma área reservada naquele andar onde poucas pessoas podiam frequentar.

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— Como é a situação dela? Está muito ruim? -o moreno perguntou enquanto andavam até o último quarto e então o silêncio foi involuntário no momento em que pararam em frente a uma janela e viram a morena conectada a duas máquinas que faziam tanto barulho que era possível ser ouvida do lado de fora do quarto.

— Você já sabe da situação dela, ela não está melhorando mas também é um caso surpreendente nunca vimos algo assim; ela está ligada a duas máquinas, enquanto uma está fazendo o trabalho que o rim dela deveria fazer a outra está ajudando os pulmões a descansarem. -o médico falou baixo como se tivesse com medo de alguma coisa, o que era bem comum, e então continuou - Os pulmões dela não estão falhando só estamos ajudando eles, recomendamos que ela venha mais vezes e queremos principalmente que você entre para fazer companhia.

— Vou me certificar que ela comece o tratamento, mas eu posso mesmo entrar? Ela parece estar afastada dos outros por um motivo, por mais que eu queria muito não quero atrapalhar o tratamento. -Matiel falou sem olhar o médico somente observando a sua líder pelo vidro e percebendo que ela parecia agitada.

— Ela chamou por você repetidamente enquanto estávamos tratando ela, e desde então não conseguimos tirar essa agitação dela então esperavamos que você entrando lá conseguisse acalmar a Senhorita Hickman. -o Senhor falou abrindo um armário que tinha ali no corredor e entregando roupas hospitalares e uma touca pra ele, e apontando para um banheiro que era usado somente pra isso.

Matiel entrou no quarto colocando a proteção na boca e se aproximou da cama se sentando no banquinho que tinha ali, do lado de fora o médico que estava cuidando da morena e duas enfermeiras observavam pela janela vendo o quanto toda aquela situação era estranha mas o que acontecia com frequência naquela cidade.

— Só vamos fingir que é normal, como tudo que acontece nessa cidade e não podemos explicar. -o médico falou começando a andar em direção a outros quartos com uma das enfermeiras enquanto que a outra ficava ali observando o que acontecia com a paciente.

O moreno olhou com cuidado pra Nuria vendo que ela estava conectada a diversas coisas o que era ruim mas ao mesmo tempo iria fazer com que ela ficasse mais um tempo ao lado dele, ele segurou a mão dela com cuidado vendo que com o pouco contato já era o suficiente para a morena começar a relaxar e se deixar descansar finalmente.

— Você está cansada né? Todos nós estamos mas eu tenho certeza de que tudo vai melhorar, eu sei que você não escolheu vir até outro país somente por vir, não só eu como também a Eva confiamos cegamente em você. -Matiel falou baixo sentindo um aperto em sua mão o que fez com que ele sorrisse, porque não dizia só que ele estava sendo ouvido mas que estava sendo entendido.

— Eu sei que você não acredita mas eu sei você vai ficar bem, eu tenho fé em você e acho que você também deve ter em mim. -o moreno sussurrou se mantendo de mão dadas com ela mas encostando a sua cabeça perto das mãos deles que estavam juntas, era algo simples mas que fazia a diferença para os dois.

[...]

O dia estava amanhecendo, Eva já tinha sido liberada e já se sentia muito melhor depois de ter recebido sangue mesmo que não tivesse sido da forma como ela queria ainda sim já foi o suficiente para ela se sentir melhor e poder ficar de guarda do lado de fora do hospital enquanto que o ex Anjo permanecia ao lado da líder deles.

Nuria ainda estava dormindo mesmo depois de quase vinte e quatro horas, a máquina da hemodiálise já tinha sido desligado enquanto que ela continuava ligada ao respirador o que fazia com que os pulmões dela que seriam possivelmente os proximos orgãos a pararem, descansarem por mais tempo.

Depois de passar dias viajando e toda uma noite acordado, Matiel se deixou levar pelo sono mesmo que por pouco tempo e deixou a sua cabeça encostada na cama perto da mão da morena que já estava se sentindo descansada o suficiente; o moreno sentia que o seu corpo precisava de mais descanso porém no momento em que a Nuria mexeu a sua mão fazendo um carinho no cabelo dele foi automático para ele levantar a cabeça e abrir os olhos encontrando lindos olhos castanhos já observando ele.

— Quando você acordou? Deveria ter me chamado, como você está? -o moreno falou se levantando e se aproximando mais da Nuria vendo que ela não estava mais tão pálida quanto no dia anterior e também já parecia mais forte.

— Acho que não me lembro da ultima vez que vi você dormir, parece que foi a tanto tempo, você definitivamente foi um Anjo, só dessa forma para existir alguém tão lindo. -a morena falou baixou não se importando em responder a pergunta dele e tinha os seus motivos pra isso.

Ela não queria dizer se estava ou não bem porque naquele momento da sua vida, era tudo uma questão relativa, ela estava bem naquele momento mas não mudava o fato de que estava morrendo.

— Eu fui um Anjo do Senhor mas sabemos muito bem que agora sou somente o seu Anjo, eu somente sou lindo assim porque você me vê assim, é apenas os seus olhos. -Matiel falou sorrindo fraco mesmo que não desse para ver pela máscara, ele se apoiou na borda da cama se aproximando mais dela e colando as suas testas em um afeto simples - Aos seus olhos eu posso ser um Anjo, um Demônio, ou qualquer outra coisa que você quiser desde que fiquemos juntos.

— Vamos ficar juntos, enquanto o tempo nos permitir. -Nuria sussurrou fechando os seus olhos e sentindo o quanto aquele carinho era simples mas conseguia ligar os dois ainda mais.

Não demorou muito para o médico entrar no quarto acompanhado das duas enfermeiras que estavam encarregadas daquele caso, com cuidado eles desligaram todos os aparelhos que estava ligados na morena e então observaram como ela já parecia melhor considerando como ela tinha chegado no hospital.

— Podemos ver que você está melhor, já até podemos conversar sobre algumas coisas. -o médico começou a falar chamando a atenção dos dois - Eu imagino que a Senhorita não queira ficar internada para fazer o tratamento, mas eu tenho que dizer que não aconselho que faça uma viagem tão longa quanto a que fizeram agora, ela é muito desgastante e na sua situação temos que te aconselhar a criar raízes em um lugar que traga benefícios para você e sua saúde.

— Eu compreendo, concordo com o Senhor e um dos motivos para eu ter vindo até aqui nessa longa viagem é porque eu quero criar raízes não muito longe daqui. -a morena falou olhando de relance para o moreno mas se concentrando na conversa com o médico que parecia bem experiente e competente.

— Então você tem planos de ficar aqui em Halifax? -o Doutor perguntou e pela expressão no rosto do Matiel, ele também estava fazendo aquela pergunta em sua cabeça.

— Em Halifax não, mas a pouco tempo daqui, quero começar a fazer o tratamento nesse hospital e então poder fazer os últimos momento durarem mais tempo. -Nuria falou segurando a mão do Matiel com carinho, fazendo o médico concordar com a cabeça e sair do quarto com o prontuário dela para dar início aos cuidados que ela iria precisar.

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— O médico vai cuidar dos remédio que vocês vão levar com vocês e os dias que você tem que voltar para dar continuidade com o tratamento, como o seu caso é sério já vamos deixar um leito sempre preparado para uma emergência. -uma das enfermeiras falou começou a desconectar os fios que ainda estavam ligados a morena, conferindo se ela tinha febre ou se ela ainda continuava tão branca quanto papel.

— Sugerimos que a Senhorita evite se cansar, faça algumas caminhadas e tome um pouco de sol mas nada em exagero, e nos primeiros sinais de alguma errada ligam para o hospital que vamos ficar felizes em ajudar. -a outra enfermeira falou sorrindo por baixo da máscara -Agora vamos deixar vocês sozinhos, suas roupas estão com o seu acompanhante e quando estiverem prontos vamos estar esperando vocês na recepção já com a alta assinada.

Não demorou para os dois saírem do hospital, eles estavam lado a lado quando passaram pela porta e deram as mãos assim que chegaram a calçada e começaram a andar em direção a lanchonete onde a Eva estava, o moreno carregava a mochila da sua líder que agora continha muito mais do que algumas roupas e uma arma, agora tinha os remédios que deveria ajudar eles.

Os dois andaram sem pressa até a lanchonete encontrando a vampira sentada no canto dele onde não tinha muito sol e nem muitas pessoas; Nuria se sentou no canto do banco deixando o moreno se sentar na ponta e pegou o copo de suco que tinha em cima da mesa junto com o prato de panquecas que estava esperando por ela.

— Você se sente melhor Senhora? Parece estar melhor. -Eva falou com educação sorrindo, sem nem mesmo conseguir esconder como estava se sentindo.

— Eu estou me sentindo bem melhor, e posso ver que também está e isso é muito bom, porque ainda temos que fazer mais uma coisa antes de chamar esse lugar de lar. -a morena falou e queria completar com “pelo pouco tempo que me falta” mas ela sabia que se lamentar não iria ajudar.

Ela olhou para as pessoas a sua volta e pensou em como era bom saber que não estava sozinha, saber que o seu fim não seria solitário porque aquele era o seu maior medo.

Assim que terminou de comer a morena se levantou e foi seguindo até o carro com a companhia da sua vampira enquanto o ex Anjo pagava a conta e comprava mais algumas coisas que ele sabia que poderiam precisar durante o caminho; quando voltou para o carro encontrou as duas já sentadas e um mapa aberto, onde o círculo marcava para onde iriam.

— Eu esperava que estivesse errado, mas eu sabia que era por isso que você queria vir pra cá, eu sei o que você e não vou impedir mas sabia que talvez seja um erro. -o moreno falou simples dando partida com o carro olhando com atenção somente para o mapa tentando não deixar passar o quando se sentia incomodado com aquela viagem.

[...]

Duncans Cove, Nova Escócia, Canadá

Durante o pouco tempo que levaram do centro da cidade até aquele ponto turístico que a Nuria conhecia muito bem, ela foi de olhos fechados aproveitando o sol que entrava pela janela e o cheiro gostoso que as árvores tinham; aquele sol e o vento batendo no seu rosto eram os pequenos detalhes que faziam com que a vida fosse boa; no momento em que o moreno parou o carro ela abriu os olhos vendo que estava no mesmo posto de gasolina da última vez mas agora estando de dia ela pode olhar com mais atenção vendo que ele era muito mais bonito do que ela tinha visto de madrugada, ele combinava com toda aquela área verde do parque.

A morena ainda sentia aquela sensação dentro de si, ela sentia o seu interior vibrar com toda aquela energia que aquele lugar transmitia, mas diferente da outra vez, tudo aquilo não assustava era quase que reconfortante.

Ela foi tirada dos seus pensamentos quando o Matiel abriu a porta do carro e estendeu uma das suas mãos pra ela enquanto que na outra ele carregava a capa da mesma, Eva já estava parada próximo a eles observando o que acontecia ao redor. Assim que a morena desceu do carro, o seu guardião entregou pra ela a capa e deu espaço para observar o que ela iria fazer, e como já esperava ela tirou a caixa com o cajado do carro e começou a andar seguindo a trilha para o ponto turístico.

Nuria foi seguindo devagar carregando a caixa junto ao peito, ela foi seguindo um caminho que já conhecia e poderia fazer de olhos fechados já que ainda tinha aquela sensação de quem estava sendo puxada pra lá; depois em um bom tempo andando pararam em frente a árvore de dois frutos a morena se ajoelhou em frente a ela e abriu a caixa olhando com cuidado pro cajado tentando achar a resposta para as suas duvida.

— O que eu tenho que fazer Caladriel? Eu já não sei mais o que é certo ou errado, diz pra mim, eu sei que é errado pedir por mais depois do nosso encontro mas ainda sim, por favor. -a garota sussurrou com os olhos fechados colocando a mão na árvore e tentando achar o Anjo.

No segundo seguinte ela escutou uma voz dentro da sua cabeça que ela bem conhecia como a voz do Caladriel e mesmo que não pudesse ver ele, sabia que ele deveria estar sorrindo porque toda vez que ela imaginava ele via o mesmo sorrindo.

— Eu estava imaginando quando você iria vir até mim, eu posso ver que você tem feito bastante mas ainda pode fazer muito mais, o mundo de hoje é um lugar terrível, pessoas e seres sobrenaturais morrem todos os dias e aqueles com muito poder fingem não estarem vendo. -o Anjo falou parecendo estranho mas ainda com aquela jeito de quem estava feliz por tudo que acontecia.

— O que isso significa? O que eu tenho que fazer? -Nuria perguntou suspirando sem entender o que era tudo aquilo.

— Você tem que salvar o máximo de pessoas que você puder, siga o seu coração e use os seus poderes que vai encontrar muito mais do que procura; e não se esqueça do que eu te disse da última vez, mulheres poderosas como você tem o mundo aos seus pés.

Não foi preciso caminhar de volta até o carro, como da ultima vez que esteve na árvore assim que abriu os seus olhos estava de volta no posto de gasolina e o que mais surpreendia era a caixa do cajado que estava aberta no capo do carro ao lado de um mapa de toda a Nova Escócia, a morena olhou com atenção para o mapa vendo que mesmo sendo comum, parecia dizer muito mais do que ela parecia estar vendo.

E como a muito tempo não acontecia, a morena escutou aquela voz dentro de si que diferente das outras vezes não estava calma, ela parecia nervosa e excitada, a beira de um ataque de nervos; a voz parecia confusa e cheia de incertezas como se não soubesse nada mas ao mesmo tempo tivesse muitas informações.

— Eu não consigo entender. -a morena falou se apoiando no carro e colocando a mão na cabeça que estava começando a doer graças a toda aquela bagunça nela.

— Ei, o que foi? As vozes voltaram? -Matiel perguntou se aproximando e tentando tocar na sua líder mas tudo o que ela fez foi levantar a mão pedindo para ele se manter afastado.

As vozes causavam nela uma confusão de sentimentos, fazendo com que ela se sentisse muito mais cansada do que deveria e principalmente, começasse a acreditar que estava não só escutando vozes mas também vendo coisas quando viu o mapa começar a queimar deixando somente uma parte inteira e mesmo parecendo loucura, como tudo que acontecia na sua vida, e soube que tinha que ir para lá.

Durante todo o caminho, que durou quase quatro horas a morena foi encolhida no banco de trás do carro vestindo a sua capa e distante da caixa do cajado, ela não olhava para fora do carro ou pra qualquer coisa que não fosse as suas mãos que tremiam com o nervosismo e com toda a bagunça que estava na sua cabeça mas mesmo assim ela foi sussurrando todo o caminho; fazendo com que cada momento dentro daquele carro parecesse um tempo sem fim.

Não foi uma surpresa para o Matiel quando eles pararam no início de uma floresta de onde mesmo que desse para seguir com o carro a Nuria quis continuar o caminho andando, e mesmo que as vozes em sua cabeça parecesse ainda mais confusas naquele lugar ela conseguia nem mesmo pensar em fugir; ela desceu do carro e foi seguindo devagar com o moreno seguindo ela de longe também caminhando enquanto a Eva levava o carro logo atrás deles. A filha da Escuridão começou a escutar as vozes com mais clareza mesmo que todas elas ainda falassem de uma única vez sobre diversos assuntos, mas uma voz em especial fez com que ela segurasse a caixa com mais força e começasse a correr seguindo aquela trilha que em outros momentos ela acharia completamente lindo.

— O que eu faço? O que eu faço? -a morena perguntou pra ela mesma sentindo o seu corpo cansado de lutar contra aquilo que o seu sentimento interior tanto queria que era explodir.

Em um momento de desatenção ela tropeçou em um galho seco que estava jogado no chão e mesmo que o seu Anjo tivesse tentado correr mais rápido e segurar ela antes que ela se machucasse, ele não conseguiu ser rápido o bastante e ela acabou caindo de joelhos fazendo a caixa em suas mãos rolar para longe e acabar fazendo o cajado sair dela e parar centímetros a frente.

Nuria olhou pra frente vendo onde o cajado e a caixa tinham ido parar e quando levantou os olhos viu um portão antigo que parecia abandonado e não dava a lugar nenhum, Matiel ajudou ela a levantar e ao ficarem parados em frente ao portão viram algumas escritas antigas que eles conheciam como a língua dos Anjos, Demônios e até mesmo latim.

— Que lugar é esse? -o moreno perguntou se ajoelhando e vendo que os machucados que a sua líder tinha feito no joelho já estavam se curando e quando tentou pegar o cajado a morena levantou a mão fazendo ele parar no mesmo lugar.

A filha da Escuridão olhou com atenção aquele portão e lendo as diversas escrituras ali começou a não só começar a compreender o que estava acontecendo ali e as coisas que o Caladriel tinha dito pra ela na árvore dos frutos e as vozes em sua cabeça, tudo começou a se silenciar em sua mente e quando deu por si estava abrindo o portão e quando se virou e levantou a mão direita o graveto que agora estava jogado no chão voou para ela.

O cajado brilhou e quando tocou a mão da Nuria ele já estava da mesma forma que ela tinha deixado meses atrás, ele voltou a ser um lindo cajado que transmitia poder para aquela que segurava, e somente ela.

A morena segurou o cajado com as duas mãos e se ajoelhou diante do portão, as pessoas achariam que ela estava rezando mas somente quem conhecia o mais profundo dela sabia que a Nuria não rezava para Deus a muito tempo, ela estava meditando, mergulhando no mais profundo da sua alma tentando achar a conexão com o cajado e as frases no portão. Dentro de si ela encontrou aquela luz brilhante que a muito tempo não conversava ou então dava conselhos que geralmente só seriam ouvidos mas não seguidos; a morena se viu no meio da escuridão encarando uma luz brilhante que parecia estranhamente familiar.

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— Eu vou dizer apenas uma vez, e tenho certeza de que você nunca mais vai me escutar falar sobre isso, você tem feito grandes coisas Nuria, salvou muitas pessoas e sei que quer salvar ainda mais. -uma voz que ela conhecia muito bem falou dentro dela fazendo a mesma se concentrar somente ali.

— Eu quero, porém não adianta nada eu salvar eles para então eles voltarem para o mundo e serem mortos por caçadores ou qualquer outra coisa, eu quero salvar eles de verdade.

— Confie no seu coração, Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet.

Quando abriu os olhos a Nuria sabia o que fazer, olhou em volta observando pela primeira vez o quanto aquele lugar era bonito e parecia um bom lugar para uma pessoa como ela ficar em seus últimos momentos.

— Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. -a morena falou abrindo o portão e começando a seguir com a trilha, os seus olhos ficaram escuros como tempestade e então passos a frente ficarem claros como a pedra do cajado.

A trilha que era feita de terra se transformou em pedras e as árvores que estavam no caminho foram abrindo espaço suficiente para um carro passar e quanto mais ela seguia mais longo o caminho parecia ficar até as árvores começarem a acabar então a trilha começou a tomar uma forma diferente, no meio da trilha a terra virou pedras e essas pedras construíram uma grande fonte que foi o início para a construção de um longo e bonito jardim.

— Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. -Nuria não conseguia ver, somente sentia em seu coração como tinham falado pra ela e principalmente, os poderes que o cajado dava pra ela.

O equilíbrio da trilha de pedra com o grande gramado fazia Matiel que estava somente olhando achar tudo aquilo incrível, ele não falou ou tentou de alguma forma intervir, somente observou de longe; Eva parou o carro no começo do jardim e ficou dentro dele conforme o sinal do moreno.

A morena continuou seguindo o caminho e quanto mais ela avançava, mais longe a sua construção ia e mesmo que ela estivesse chegando perto de um penhasco a energia não conseguia fazer com que parasse, era demais tudo aquilo correndo em suas veias e quando ela parou e virou para o seu Anjo sorriu e olhando para o céu ergueu o seu cajado fazendo toda aquela construção começar a ganhar forma.

As pedras começaram a se juntarem e então formaram um caminho um de escadas de pedra com arvores e flores nas laterais era tão larga que facilmente poderiam passar quatro carros por ali de uma unica vez, ao fim dessa parte se via uma grande porta e mesmoq ue não desse para ver por tras daquela porta podiam ver a construção tomar a forma de um grande castelo com muitos andares e torres como só se viu nos contos de fadas.

— Praetermissa, ignis aquae aeris destinatum in tenebris lucet. -Nuria sussurrou abaixando o cajado no chão e usando ele de apoio enquanto se virava e observava o que tinha construído, ela se sentia cansada demais para fazer qualquer coisa naquele momento mas não pôde evitar sorrir e pular nos braços do moreno quando ele se aproximou.

— Você fez muito bem Nuria, grandes líderes têm grandes castelos Minha luz. -Matiel abraçou a morena com firmeza sentindo um pressentimento ruim, que ele sabia muito bem que não iria ficar só ali e sentiu medo pelo que iria acontecer depois - Vamos ficar juntos, enquanto o tempo nos permitir.

Nem tudo é sempre paz.