- Espera Dani! Pra onde você tá me levando?!

Eu sei que agi estupidamente. Eu deveria agir segundo meu plano, e resolver tudo isso hoje à noite. Bem, não importa mais. Eu agi impulsivamente, admito, mas agora é tarde.

Só de imaginá-la com aquele idiota, débil mental... Eu não agüento. Me enchi de raiva. Ela era minha. Só minha.

Engraçado eu dizer isso mesmo depois de levar um fora duas vezes. Vocês devem estar pensando que eu sou idiota. Bem, não é minha culpa. O amor faz isso nas pessoas.

Bem, eu poderia dizer que o que eu sentia era mais que amor. Sim, era um sentimento completamente distinto disso. Como as pessoas o chamavam...? Ah, sim. Obsessão.

Sim, era obsessão o que eu sentia. Não pensem que logo que eu comecei a gostar da minha Ana eu confessei para ela. Isso demorou meses. Sim, meses de intensa observação... Eu a seguia até em casa, identificava seus amigos, marcava de morte possíveis casos amorosos... Sempre que ela ficava com algum garoto, eu fazia de tudo para separá-lo dela. E sempre conseguia.

Eu sempre pensei no que fazer quando me declarasse para ela. Eu não achava que tinha muitas chances, pois ela provavelmente me daria um fora, e mesmo que ela me quisesse, não poderia, pois seus pais nunca aceitariam. Ela vinha de uma família importante que esperava um herdeiro. Eu nunca poderia ficar com ela.

Eu pensei um dia que talvez devesse desistir. Mas aí eu disse para mim mesma: e daí? Eu continuaria tentando. Sim, era o seu destino ficar comigo. Porque ela era minha.

Eu me perdia pensando nessas coisas enquanto caminhava sem direção pelos corredores. Os outros alunos nos olhavam sem entender nada, afinal, ela ainda estava tentando se soltar de mim. Parecia estar com medo de mim.

...Não importa. Ela vai entender depois, quando se apaixonar por mim. Porque ela é minha.

Sorri. Ah, esses pensamentos que vêm à minha mente...! Crianças não devem nunca saber o que se passa na minha mente. Ou ver o que eu faço à noite pensando nela.

Eu ainda estava andando impulsivamente sem direção, quando eu passei pela sala dos zeladores. Não tinha ninguém lá. De repente, uma idéia surgiu na minha mente.

- Amor. – falei, me virando para encará-la. Ela se assustou com a súbita parada – Mudança de planos. Entra aqui.

A forcei entrar na sala e tranquei a porta. Pronto... Agora ninguém vai nos interromper.

- O que você vai fazer?! – ela estava tremendo de medo. Sorri. Aquilo ainda me deixava mais... Excitada.

- Não é o que eu vou fazer, é o que nós vamos fazer, amor.

Percebi que houve um trocadilho ao dizer aquilo. Gargalhei alto.

Ela pareceu ficar com ainda mais medo.

Sorri novamente. Aquilo estava ficando interessante. Quem sabe...

- Quem sabe essa não é uma ótima oportunidade de lhe mostrar o quão bom é ficar com uma garota? – disse me aproximando dela lentamente.

Conforme eu ia andando, ela ia se afastando de mim, caminhando de costas. Mas não tinha como fugir. Ela se deu conta disso quando suas costas alcançaram a parede. Perfeito. Essa era minha chance.

Como uma leoa que dá um pulo para pegar sua presa, eu me encostei nela de tal modos que nossos corpos ficaram bem colados. Ela olhava para mim como se suplicasse para eu parar, mas eu não parei. Eu não podia mais.

Mordi sua orelha, e em resposta escutei um leve gemido. Gostei... Gostei bastante. Queria mais. Passei minha mão livre pela sua barriga e fui subindo em direção ao seu sutiã. Parei ali e fiquei massageando-o.

Continuei mordendo sua orelha e fui descendo e lambendo até o seu pescoço. Ela gemia ainda mais.

- Nã... Não... – ela estava conseguindo o efeito oposto do que ela pedia.

Ao ver que sua boca estava aberta, meu primeiro pensamento foi de beijá-la. E foi isso que eu fiz.

Ah, o beijo. Dizem que ele é mais íntimo que o sexo. Será verdade? Hum... Bem que eu poderia testar...

Rapidamente enfiei com força minha língua na boca dela, e de início ela tentou se livrar, mas depois ela cedeu. Mas ficava apenas parada, não me beijava de volta...

Parei o beijo e fui descendo minha língua até o seu pescoço. Fiquei ali um bom tempo, até deixar marcas vermelhas no local. Sorri. Aquela era minha demarcação de território.

- Pá...Pára...

A ignorei completamente. Eu não estava escutando mais nada. Eu estava no meu modo selvagem ligado, e ele não podia ser desligado até atingir seu objetivo...

Comecei a desabotoar seu uniforme. Ela não ia precisar mais dele...

- Pá...Pára...

Aquele uniforme certamente era difícil de tirar! Resolvi tirá-lo com os dentes. Sim, desse jeito era mais prático...

- Pá...

De longe, o som que anunciava o fim do intervalo tocava. Como se isso me impedisse de continuar. Afinal, eu estava quase conseguindo tirar o uniforme...

- Pára...

Consegui tirá-lo. A visão que eu tive em seguida valeu todo o esforço. Um lindo sutiã rendado e cor-de-rosa tinha mesmo tudo a ver com ela. Sorri.

-Pára...

Coloquei uma das minhas mãos em um dos seios dela e a outra a puxei mais para mim, enquanto isso, eu beijava o outro com selvageria...

-Pára...

Ah...! Eu não conseguia mais me controlar...

- PÁRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Um enorme empurrão me fez cair no chão. Enquanto eu reclamava da dor, Ana passou chorando por mim e foi correndo até a porta. Enquanto tentava arrumar seu uniforme, se virou para mim e disse:

- Eu... Eu nunca pensei que você pudesse fazer isso... Eu pensei... Eu pensei que você era diferente! – e saiu correndo.

Aquelas palavras me fizeram sentir uma dor horrível no meu coração que me fez despertar. Eu finalmente tinha me dado conta do que eu estava fazendo. Meu deus... O que eu tinha feito com a minha Ana...?!

Comecei a chorar.

Eu não poderia me perdoar nunca por ter feito aquilo com ela... Mas eu não podia deixar assim, eu tinha que me desculpar com ela.

De alguma forma, ela tinha que me perdoar. Ou eu não conseguiria mais viver assim.

Na volta do intervalo, apesar da sala estar barulhenta como sempre, tinha algo diferente. Duas pessoas estavam ausentes. A primeira era Beatriz. A segunda era Ana.

O resto das garotas presentes estava diferente também. Carol parecia estar completamente aérea, enquanto Emanuella estava com uma expressão estranha. Parecia pensativa.

Provavelmente algo tinha acontecido com aquelas duas também. Perfeito! Agora que meu plano não iria dar certo mesmo.

A aula passou torturante como sempre, e finalmente chegou a hora de ir embora. Os idiotas da sala saíram correndo, e só restaram umas poucas pessoas. Entre elas eu, Carol e Emanuella.

Enquanto guardava minhas coisas, vi que Emanuella se aproximava de Carol, dando em cima dela praticamente. A convidava para ir em algum lugar, mas surpreendentemente ela recusou. Disse que tinha que ir resolver uns assuntos em casa. A outra garota pareceu ficar realmente irritada, mas só eu percebi isso; ela conseguiu disfarçar um sorriso para Carol. Com isso as duas se despediram (com Emanuella olhando de relance para mim quando ia embora), e só fiquei eu na sala. Por fim, fui embora também.

Quando cheguei em casa tentei ligar para Ana, mas não conseguia.

O relógio da sala marcava 20h55min. Daqui a cinco minutos, aconteceria a festa do pijama. Só que tinha um problema técnico. Ninguém tinha chegado naquela hora.

Eu estava só em casa, e estava tudo pronto. Suspirei. Será que a Ana viria...? Provavelmente não. Não depois do que eu fiz.

Idiota, idiota! Você estragou tudo! Todo aquele plano perfeito que iria acontecer quase agora... Tudo perdido por causa de um ciúme besta! Tantos meses de espera... Perdido em apenas alguns minutos...

Levei minha mão à boca. Eu ainda sentia seu gosto... Embora eu tivesse estragado tudo, eu não diria que foi completamente em vão. Ah, como eu queria fazer aquilo de novo... E ainda mais. Mas agora parecia um sonho distante...

21h00min. A hora marcada tinha chegado. Suspirei. Ninguém viria mesmo... Eu já ia guardar as coisas que tinha arrumado quando...

Ding Dong. O som da campainha me fez pular de susto. Alguém tinha vindo à festa? Caminhei devagar em direção a porta (afinal eu não podia parecer desesperada), e quando eu abri, quase que tive um treco:

Era a Emanuella.