Local: Delegacia de Inteligência, 51º distrito.
Hora: 7PM
O salto tilintando sobre o chão da delegacia, as pessoas olhando para ela com olhos bastantes solidários e a cada passo ela estava mais perto de descobrir que aquilo não era um sonho ruim que ela estava tendo, a pasoss de descobrir que aquilo estava de fato acontecendo. Meredith estava sumida.
Meredith foi sequestrada.
Michelle levou Meredith.
A voz de Erin ecoando pela sua cabeça a estava deixando louca, Noah sendo carregado em seus braços e ela não fazia a menor ideia de onde tinha arrumado forças para carregar as crianças em seu colo. Talvez o amor de uma mãe fosse isso, buscar forças onde não se tem somente para poder ser capaz de proteger o seu filho.

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Ela não entendia como Michelle poderia ser capaz de ter feito coisas tão horríveis com a pequena e doce Meredith, ela não tinha ideia de como um ser humano pode machucar o outro somente pelo simples prazer do prazer. Ela não tinha nenhum parentesco com a menina e ainda assim poderia dizer que a amava mais do que sua própria mãe, talvez Olivia se visse em Meredith. A mãe dela não chegou a fazer todas as barbaridades que Michelle deixou serem feitas com Meredith mas a dor nos olhos da menina era quase a mesma dor que Olivia sentia quando tinha que arrastar o corpo da sua mãe pro banheiro para que ela pudesse vomitar toda a bebida que tinha ingerido, a mesma dor de quando Olivia descobriu a verdade sobre o seu pai; ela não se lembrava muito, ela era muito pequena mas ela jurou lembrar do momento exato em que a mãe dela jogou na sua cara de que ela era fruto de um estupro.

Olivia finalmente chegou ao primeiro andar da delegacia, a imagem de Hank andando de um lado pro outro fazendo-se presente em sua visão, ela entregou o pequeno bebê adormecido em seus braços para Erin.
'Ele não parou por um segundo sequer.' Erin disse e Olivia apenas balançou a cabeça em afirmação e andou até o seu noivo.
'Hank.' Ela tocou-lhe o ombro e pôde sentir o corpo do homem pular e arrepiar-se no susto. Ele estava perdido demais em seus pensamentos para ter notado a presença dela antes.
'Liv...' A voz saiu tão rouca que mal pôde ser ouvida, o líquido acumulando em seus olhos e ela viu a dor ali presente.
'Eu vou abraçar você agora, na frente de todo mundo. Eu sei que você não gosta, mas eu vou fazer. E você vai aceitar porque você relmente precisa de um abraço agora.' Olivia foi-se aproximando cada vez mais e ele não recuou; ele precisava daquele abraço, ele precisava estar embrulhado nos braços da mulher que ele amava, ele precisava dela naquele momento tão difícil, ele tinh acabado de encontrar sua filha e ele não queria perdê-la novamente. Ele alinhou-se nos braços de Olivia, a cabeça apoiada nos ombros da mulher, a mão dela passando de sua cabeça até suas costas. Ela guiava-o, ainda abraçada a ele, para dentro de sua sala e ele seguiu o caminho. Já lá dentro, ela soltou-se dele e fechou a porta e as persianas, Hank sentou-se em sua cadeira e Olivia afastou algumas coisas de cima da mesa e sentou-se lá, ela puxou seu rosto de modo que agora cabeça dele estava deitada no colo dela e ela afagava-lhe o pouco cabelo que ele tinha.
'Você pode chorar agora.' Ela avisou. 'Leve o tempo que quiser pra colocar a dor pra fora, eu estou bem aqui e eu não vou sair até que nós encontremos Mer, ok?'
Hank queria respondê-la mas ele não conseguia falar, ele não conseguia reproduzir nada em sua mente além da imagem da menina sorrindo pra ele enquanto ele brincava com ela, do som da gargalhada dela quando ele a pegava no colo ou a colocava no ombro, a todas as cenas de birras que ela fez, a todas as vezes em que ele a pegou com a mão no pote de biscoito antes da hora do jantar, a todas as vezes em que ele teve que acordar de madrugada para acalmar o coração da sua pequena menina que tinha acordado de madrugada com um sonho ruim. Ele só conseguia pensar em Meredith, onde ela estava, quem estava com ela, se ela estava bem, se tinha comido, se estava com frio. Ele só conseguia pensar em seu pequeno pedacinho de gente.

xXx
Local: secreto.
Hora: 7:30PM

Seus pés estavam cansados de andar, a boca seca pela falta d'água e ela estava cansada. Tudo o que podia ver era mato, árvores secas, flores murchas espalhadas pelo chão, o céu estava muito escuro agora e consequentemente o caminho tornou-se escuro também e elas não tinham sequer uma lanterna decente além da luz do flash do celular de Michelle. Meredith tinha medo do escuro, ela queria chorar mas não queria mostrar fraqueza naquele momento.

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'Pra onde estamos indo?' Meredith perguntou, ela estava com frio e o breu a sua frente não ajudava em nada além de deixá-la mais desconfortável.

'Pare de fazer perguntas e ande.' Michelle disse autoritária e puxou a menina pelo braço, o aperto doeu mas Meredith não ousou dizer mais nada.

As duas chegaram em uma casa no meio de todo o mato. Para Meredith, a casa assemelhava-se a casa de filme de terror, ela nunca tinha assisto um filme desse gênero mas já tinha espiados algumas vezes enquanto Erin e Hank assistia "A morte do demônio" e achavam que ela estava dormindo, a casa assustadora resultou em 7 dias sem dormir direito em que ela teve que mudar-se para a cama do seu pai.

Seu pai! Meredith sentiu mais vontade de chorar agora lembrando-se dele, será que ele estava preocupado com ela? Será que ele a estava procurando? Será que a ausência dela estava causando tanta dor nele como a ausência dele estava causando nela? E tia Livvie... Será que ela já voltou de Nova York? Será que ela estava fazendo o mesmo que Hank? A mulher tinha lhe dito algumas vezes por telefone de que sentia falta da menina mas será que ela sentia mesmo? Será que ela a amava tanto a ponto de abandonar seu trabalho pra ir atrás dela? Fazia horas e ninguém tinha feito nenhum contato com ela, ninguém tinha ido atrás dela. Talvez eles não estivessem tão preocupados assim...

A sua mãe jogou-lhe no chão da sala e ela foi obrigada a sair dos seus pensamentos confusos e a olhar para a mulher; ela parecia louca, os cachos do cabelo desfeitos e colados na testa pelo suor, ela parecia tão cansada quanto a menina.

'Eu quero o meu pai!' Meredith disse e quando ela menos esperou a sua voz falhou, o choro que estava entalado em sua garanta escorreu pelos olhos quando ela pronunciou as palavras.

'Você não tem que querer nada. Você fugiu, eu fiquei com você na barriga por 9 meses, eu te alimentei, troquei suas fraldas, te dei tudo que sempre quis.' Ela ficou cara-a-cara com a menina e apertou-lhe o maxilar da menina com uma mão. 'Pra quê?' Ela gritou. 'Pra ir atrás de alguém que nem sabia quem você era! Ele nunca vai amar você, ele pode até dizer que ama mas ele não ama porque ninguém seria capaz de amar alguém tão fraca e inútil como você.' As palavras foram cuspidas na cara da menina e ela foi ficando cada vez mais nervosa, ela se dividia entre chorar, soluçar, tremer e tentar converse-se de que tudo o que Michelle estava falando era mentira.

'Se você não me quer então porque me tirou de lá?'

'Ele me deu a pior praga da minha vida que foi você! Vocês não acha justo que eu lhe dê um pouco de sofrimento também?' Michelle sorria, o sorriso psicótico espalhado pelo rosto moreno da mulher.

'Eu não sou uma praga!' Meredith levantou-se e gritou, correndo em direção a mulher e esmurrando-a repetidamente na barriga.

'Você tem razão, você é pior que isso!' A mulher mais velha rosnou e segurou os dois braços da menina com uma mão. 'É melhor você se comportar antes que eu perca a paciência com você.' Ela avisou mas a menina não parecia a escutar. Meredith mordeu o braço de Michelle e a mulher indignou-se e a jogou sobre a mesa de centro na sala; a mesa quebrou-se cortando partes do corpo de Meredith, a menina urrou em dor enquanto sua mãe ria da sua cara e disse-lhe que aquilo era bem feito para que ela aprendesse a se comportar.

O telefone de Michelle tocou e ela atendeu, ela passou poucos minutos conversando ao telefone enquanto Meredith olhava a casa e procurava uma forma de sair, a menina não estava sentindo tanta dor física naquele momento, talvez a dor emocional fosse pior agora.

xXx

'Eu consegui rastrear o celular!' Mouse entrou no salão da delegacia gritando, ele carregava um notebook com a localização do celular. O jovem colocou o notebook no balcão e retirou o post-it e escreveu o endereço e entregou-o para Hank mas antes que o homem pudesse pegar, Olivia enfiou a mão no meio dos dois e agarrou o pequeno papel amarelo.

'Eu vou com você.' Ela disse, colocando o pedaço de papel no bolso e indo checar sua arma.

'Com quem Noah vai ficar?' Hank perguntou e Olivia começou a olhar ao redor procurando a pessoa mais responsável e que seria capaz de cuidar do seu filho. Alvin fechou o campo de sua visão.

'Eu posso pedir pra Platt olhar ele enquanto eu ligo pra Angel e peço pra ela uma olhada nele.' Olivia não conhecia a filha de Alvin mas ela tinha poucas opções agora.

'Certo, obrigada!' Ela tentou sorrir. 'Ok, todo mundo, presta atenção. Hank, Erin e Antônio vão entrar pelos fundos, eu, Ruzek e Jay entraremos pela frente. Kevin, Alvin, Kim e Roman vocês cercam o local.' Todos assentiram concordando com as ordens. 'Ok, vamos lá!'

xXx

Local: Desconhecido
Hora: 10PM

'Você tem certeza que é aqui?' Jay perguntou para Ruzek que estava dirigindo, Olivia estava no banco de trás respirando fundo e tentando manter a calma.

'Sim, diz que é por aqui.'

Olivia olhou para trás e viu as viaturas os seguindo, a adrenalina tomando conta do seu corpo e o nervosismo fazia-se presente naquele momento. A vida da filha do seu noivo estava em suas mãos e ela não iria desperdiçar. Ela retirou a foto do bolso, lá estava a pequena menina sorrindo para a foto, Erin e Noah do lado dela imitando o gesto, ela passou a mão sobre a foto e reprimiu um gemido, o choro entalado na sua garganta, as pupilas nadando no oceano de lágrimas que formaram-se em seus olhos mas ela engoliu o choro. Aquela não era hora nem momento. Ela estava ali para pegar Meredith, e ela o faria.

Os carros pararam e entre a luz da sirene e o embaçado das lágrimas, Hank pôde ver uma casa velha no meio do nada.

'Eu não sei como pega sinal aqui, isso aqui é no meio do nada.' Antônio disse olhando ao redor.

Olivia e Hank deixaram que os outros fossem na frente e ficaram apenas os dois um pouco afastado dos outros policiais.

'Obrigado.' Voight disse e puxou a mulher para ele, dando-lhe um beijo rápido nos lábios.

'De nada.' Olivia retribuiu o beijo. 'Eu te amo!'

'Eu te amo também.'

'Até o céu?'

'Indo e voltando.'

'Certo...' Ela sorriu. 'Vamos pegar sua filha agora.'

xXx

A porta de madeira foi chutada e caiu em pedaços no chão, o barulho fez-se presente na casa velha e empoeirada, Olivia e Ruzek entraram primeiro, ele checou uma porta próximo a entrada e Olivia caminhou até a sala, o salto tilintando sobre o chão de madeira.

'Surpresa, vadia!' Michelle disse e sorriu, a mulher estava sentada em uma poltrona branca no meio da sala, Meredith estava em seu colo; a menina tremia e suava, ela mal conseguia abrir o olho.

Hank, Erin e Antonio vieram pelos lados.

'Me dê a minha filha de volta!' Hank disse entre-dentes tentando se aproximar da mulher e tomar a menina dos braços da mulher mas a mulher apenas sorriu novamente e estendeu a menina para ele.

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'Ela é toda sua.' Michelle disse estendendo a menina para ele, havia fios espalhado por todo o corpo dela, na barriga tinha um contador marcando 2 horas e as várias dinamites grudadas ao corpo da pequena menina. A bomba estava presa ao corpo trêmulo de Meredith!

'Sua filha da puta!' Todos gritaram em uníssono e Michelle apenas riu, de novo.